Acolhimento Pastoral 9 - Rodolfo Leite

O «Acolhimento Pastoral» não pode esquecer um dos grandes traços mais característicos do amor cristão que é saber acudir a quem necessita de presença e de serviço. Aliás, este foi o primeiro gesto de Maria depois de acolher, com fé, a missão de ser mãe do Salvador. Pôr-se a caminho e andar apressadamente para junto de outra mulher que necessitava do seu serviço nesses momentos. Para que as comunidades vivam este «ministério do acolhimento» há de recuperar-se uma maneira de amar que consiste em «acompanhar a viver» a quem se encontra afundado na solidão., bloqueado pelas depressões, esmagado pelas doenças ou, simplesmente, vazio de alegrias e de esperanças.
Frequentemente, a validade da evangelização e até do acolhimento, nas nossas comunidades, pode estar erroneamente medido. Para tudo ser bem, parece que temos de ir buscar e trabalhar só com os fortes, os agraciados, os jovens, os sãos e os que são capazes de gozar e desfrutar a vida. Todos os outros como que são suportados, até dar! Aliás, certo tipo de pastoral está fomentar, em princípio, sem querer, o chamado “segregarismo” eclesial. Confiamos as crianças aos catequistas, os doentes e os idosos aos Centros Sociais… Para depois podermos dedicar-nos com mais tranquilidade a trabalhar e a disfrutar a «nossa pastoral» com os que «valem a pena», sem sermos incomodados. Para tudo «dar certo», procuramos rodearmo-nos de pessoas sem problemas, para que nunca ponham em perigo o nosso bem-estar celebrativo, a nossa eficiência administrativa e institucional. Pior! Ficamos simplesmente satisfeitos, gozando o êxito «desta nossa maneira de viver a missão», por poder apresentar estes «eleitos» como bandeira, por vezes, com os títulos que possuem!
Quem crê na incarnação de Deus, que quis partilhar a nossa vida e acompanhar-nos na nossa indigência, sente-se chamado a viver de outra maneira. Não se trata já de fazer «coisas grandes» com os «bons» e os «capazes», mas da exigência de assumir aqueles que estão e aqueles que há, para além de serem como são! A nível do «Acolhimento Pastoral», tudo começa por oferecer sabia e simplesmente a amizade aos que estão afundados na solidão, por estar próximo dos que sofrem depressão, de ter paciência com os que são idosos e procuram ser escutados por alguém, de estar junto a pais que têm os seus filhos nas prisões das dependências e dos vazios da vida, de alegrar os rostos de crianças tristes porque a vida não lhes dá oportunidade de sonhar e de brincar… Tudo isto, sem ousar recorrer a mecanismos legalistas, hierárquicos e dogmáticos!
Afinal, tudo se resume ao amor que o «Acolhimento Pastoral» exige e reclama. É como a pedra de toque que nos levará a partilhar as cargas e os pesos que, aqueles que se aproximam da comunidade suportam de forma sofrida. É um amor «salvador» que prepara o outro que sofre para acolher a Pessoa de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, viver liberto da solidão, introduzindo-a numa esperança nova! É um amor que gera a comunhão com quem sofre, pois passará a sentir-se acompanhado nas suas aflições.
Sem um «Acolhimento Pastoral» que seja, à partida, uma experiência de amor concreto e incarnado, continuarão muitos a pensar na Igreja como um estorvo para viver a vida de maneira intensa. Olharão para os nossos discursos, desde as homílias às catequeses, como algo que “empequenece” a pessoa e mata o gozo de viver. Perceberão as nossas celebrações e atividades como coisas terrivelmente fastidiosas! Pior que tudo é que verão a proposta da Igreja como uma renúncia à felicidade. Sim! Sem este amor, como ponto de partida da abordagem pastoral, no momento de acolher quem chega, continuará a sensação que as comunidades não parecem mostrar com a sua maneira de viver, a força decisiva que a fé possui para enfrentar a vida com determinação e plenitude interior.
A comunidade dos discípulos de Cristo parece estar a perder, atualmente, aquela experiência original que, no início, tudo vivificava. Ao esfriar-se essa experiência original de viver o amor, concreto e incarnado, substituindo-a por códigos e esquemas religiosos, por vezes até bastantes estranhos ao Evangelho, a alegria e a paixão de ser cristão está a apagar-se. Contudo, uma pessoa está ao ponto de tomar a sério ser discípula de Jesus Cristo, quando intui que n’Ele pode encontrar o que ainda lhe falta para viver uma alegria plena e verdadeira. O «Acolhimento Pastoral» exige um amor concreto e incarnado, no serviço ao outro, pois só é feliz o que acredita e experimenta, desde o fundo do seu coração, ser amado por Aquele que é Amor e que criou a Igreja, para ser instrumento desse mesmo Amor!

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