V. A PEDAGOGIA DA FÉ IMPULSIONA A LIBERDADE
A pedagogia da fé entende-se à luz da acção educativa de Deus com o homem. Mas para além disso, compreende-se também como potenciadora de um traço distintivo do ser humano: a liberdade.
Aprender a eleger optando por Deus não é algo congénito; requer um processo educativo. Quando nos exercitamos nele descobrimos a verdadeira sabedoria. Sabedoria que provém do exercício ascético da “exercitação”.
O homem tem a tarefa de ir descobrindo que o acto mais profundo da sua liberdade é a entrega à vontade de Deus. Entrega que se confirma numa obediência que requer escuta, discernimento e confiança.
Quando nos aproximamos do homem Cristo Jesus, contemplamos a sua semelhança connosco em tudo menos no pecado (Hb 2,17; 4, 15). Não nos resta nenhuma dúvida de que n’Ele, nas suas palavras, nas suas atitudes e nos seus gestos, ficou patente o modelo do homem perfeito. “Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a grandeza da sua vocação.” (GS, 22)
Deus cumpriu a sua promessa e revelou a sua acção salvífica em Cristo chamando o homem à salvação, pela sua livre decisão ante Jesus Cristo e n’Ele ante o amor salvífico de Deus. A presença do Reino inaugurado na sua pessoa traz consigo a salvação do homem no amor de Deus. (cf Jo 3,16; 1 Jo 4, 7-21; Rm 5,8; 8, 1-3ª; EF. 1,7).
O seu desenvolvimento humano abriu um caminho possível para qualquer homem (cf. Lc 2,52). A sua primeira lição centrou-se na necessidade de acolher livremente o Espírito.
Contemplar a vida e a obra de Jesus, em sincero cumprimento da vontade do Pai, configura um estilo de vida novo, segundo a vontade de Deus ao qual temos que nos entregar livremente.
Qualquer processo catequético tem que incidir sobre a pessoa nesse clima de vida que supõe descobrir nos acontecimentos da via a presença de Deus, isto, não é, sem dúvida, um acto contínuo de discernimento que supõe a conjugação entre a liberdade humana e o acolhimento ou a recusa da graça. (cont.)
