Ordenação de Diáconos Permanentes - Homilia de Dom Virgílio no III domingo do advento

III DOMINGO DO ADVENTO

SÉ NOVA - 2024.12.15

ORDENAÇÃO DE DIÁCONOS PERMANENTES

 

 

Caríssimos irmãos e irmãs!

“Alegrai-vos sempre no Senhor”. Esta é a palavra que, hoje, nos é dirigida, não como um refrão ritual, mas como um convite para a vida toda. O Advento é tempo de espera e de esperança que não engana, porque enraizada no Senhor, que vem e que permanece em nós e no meio de nós.

A ordenação de quatro novos diáconos para a Igreja de Coimbra é um sinal bem visível de que o Senhor nunca abandona a Sua Igreja, mas a acompanha na sua peregrinação terrena, mesmo que no meio de algumas tribulações.

“Novamente vos digo: alegrai-vos!” para que ninguém esqueça que Jesus Cristo Ressuscitado é a nossa esperança. Havemos de olhar ainda mais para Ele com fé, por conhecermos a sua bondade e o seu amor por nós, pela Igreja e por toda a humanidade, sem excluir ninguém da possibilidade de n’Ele se alegrar.

Quando pensamos na vocação cristã em geral e na vocação para o ministério ordenado, nomeadamente na vocação dos diáconos, temos presente que somos chamados por amor a estar com Jesus, a permanecer n’Ele de forma feliz. Ninguém tem maiores razões para ser feliz do que aqueles que reconhecem esse amor de Deus presente nas suas vidas, do que aqueles que acreditam que mesmo os caminhos de morte, com Cristo, conduzem à vida.

É extremamente redutor pensar-se qualquer vocação dentro da Igreja a partir do que se pode fazer ou se está impedido de fazer. É que, em primeiro lugar, uma vocação cristã fundada no batismo em Cristo morto e ressuscitado, é uma vocação para estar com Ele e, por Ele, com Ele e n’Ele louvar a Deus Pai. Não é por acaso que Paulo, na Epístola aos Filipenses, exorta todos os irmãos a apresentarem os seus pedidos a Deus, com orações, súplicas e ações de graças. Sim, a oração cristã é sinal da confiança que depositamos no Senhor e constitui uma graça para todos os cristãos, tornando-se uma verdadeira vocação para os ministros ordenados. Somos chamados a estar com Cristo e a testemunhar no meio dos homens a alegria de permanecer no Seu amor, que nos fortalece e nos envia aos homens e mulheres, nossos irmãos.

Conhecemos a tentação do ativismo, hoje potenciado pela escassez de operários para a Messe e pelas inúmeras solicitações das comunidades cristãs. Trabalhar na Messe é muito bom, mas não pode fazer-se adequadamente sem essa convivência quotidiana com o Senhor, o que poderia tornar-nos especialistas ou técnicos em muitas matérias de caráter pastoral ou social deixando-nos vazios de Deus e do Seu amor, como os sinos que tinem sem mensagem e sem alma.

Conhecemos também a tentação do mundanismo espiritual de que falou o Papa Francisco. Trata-se de ação marcada mais por objetivos e valores do mundo do que por verdadeiras motivações de ordem espiritual, tornando-se aparentemente espiritualidade aquilo que é apenas desejo de sucesso humano. Caríssimos cristãos, leigos e consagrados, diáconos e presbíteros, a verdadeira espiritualidade cristã é a da comunhão com Deus por meio do Espírito Santo e tem apenas como objetivo o crescimento do Reino e como motivação a glória de Deus.

“Que devemos fazer?” Esta pergunta dos discípulos de João Batista, que é também a dos discípulos de Jesus, a nossa pergunta, não contradiz em nada o que acabamos de dizer. Pelo contrário, é a pergunta mais lógica e esperada feita por todos os que estão em Cristo e se deixam iluminar pelo Espírito na comunidade que é a Igreja. A ação cristã, a vida dos discípulos, decorre da fé, nasce do amor de Deus presente em nós e manifestado no testemunho vivo e feliz da comunidade cristã.

Antecipando o ensino de Jesus, o Profeta João Batista responde aludindo a três dimensões essenciais da missão dos chamados e enviados em missão e que neste dia tem como primeiros destinatários os que foram escolhidos para o ministério dos diáconos.

Primeiro fala da justiça e da caridade, que deve sobressair na ação cristã. O amor ao próximo segundo o estilo das bem-aventuranças exprime a atitude cristã no melhor que ela tem. O amor, sob a forma de serviço aos irmãos, ao Povo de Deus e a toda a humanidade constitui o distintivo daqueles que estão em comunhão com Deus. Os diáconos são chamados à caridade cristã nas suas diferentes modalidades, em nome de Deus e segundo o mandato da Igreja.

Depois, o Profeta alude ao batismo na água e no Espírito Santo trazido por Jesus e que nos faz sepultar com Ele na morte para com Ele nascermos para uma vida nova.  Juntamente com o batismo está toda a liturgia e oração cristã que o diácono é convidado a celebrar com fé e com amor. Ela é um dom inestimável que a Igreja celebra e vive e que se torna alimento da sua vida espiritual e da vida de toda a comunidade que o diácono serve de coração sincero e com a disponibilidade que lhe vem de Jesus Cristo, Servo de Deus e Servo do Seu Povo Santo.

Finalmente, mas não por ser menos relevante, o texto conclui afirmando que João anunciava ao povo a Boa Nova. Mais tarde, o próprio Jesus confia aos Apóstolos e Discípulos a missão de anunciar o Evangelho da Salvação a todos os povos da terra. Também o diácono assume a missão de anunciar a Boa Nova por meio da evangelização, da catequese, da pregação e do testemunho feliz de uma vida em Cristo Salvador.

Irmãos e irmãs, queremos continuar a viver na alegria o dom da fé que recebemos e o dom da vocação a que fomos chamados na Igreja. Entreguemo-nos de coração ao Senhor e procuremos aprofundar a comunhão com Ele, que vem sempre ao nosso encontro com coração divino e cheio de bondade. Digamos-lhe o nosso obrigado na oração de cada dia e perguntemos-lhe sempre o que havemos de fazer. A Sua resposta faz-se ouvir e encontraremos a alegria no serviço – a diaconia da caridade, da liturgia e da evangelização, inscrita na nossa vocação comum e batismal para estar com Ele e para O levarmos aos irmãos.

 

Coimbra, 15 de dezembro de 2024
 Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

 

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