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ARTIGO
 
Feminismo de género e promoção da mulher

Dale O’LEARY
in «L'Osservatore Romano», 13 de Novembro, 2004


A recente Carta da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo começa com uma breve análise de «algumas correntes de pensamento, cujas teses muitas vezes não coincidem com as finalidades genuínas da promoção da mulher».

Ao longo dos últimos cinquenta anos, a sociedade tem-se esforçado por encontrar o modo de reconciliar a igualdade fundamental dos homens e das mulheres com as suas inegáveis diferenças biológicas. Durante os anos 60, as mulheres protestavam contra leis e costumes que lhes reservavam um tratamento discriminatório. Os governos respondiam emanando normas que garantissem às mulheres iguais direitos legais, igual acesso à educação e iguais oportunidades económicas, de que as mulheres se apressaram a aproveitar. Aumentou o número daquelas que continuaram os seus estudos, chegando até à educação superior, inclusivamente o número de mulheres comprometidas em actividades profissionais e em cargos públicos eleitos ou por nomeação.

Durante os anos 70 o movimento feminista, que tinha encorajado estas transformações, foi capturado pelos radicais, que viam nas mulheres o protótipo da classe oprimida e indicavam como mecanismos de opressão o matrimónio e a «heterossexualidade obrigatória». Esta corrente de pensamento hauria da análise das origens da família feita por Frederick Engels. Em 1884, Engels escreveu: «O primeiro antagonismo de classe da história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher no âmbito do matrimónio monogâmico, e a primeira opressão de classe coincide com a opressão do sexo feminino por parte do sexo masculino». [1]

No seu livro The Dialectic of Sex, escrito em 1970, Shulamith Firestone modificou a análise da luta de classe levada a cabo por Frederick Engels, indicando como necessária uma revolução das classes sexuais: «Para garantir a eliminação das classes sexuais, é necessário que a classe oprimida (as mulheres) se revolte e assuma o controle da função reprodutiva: … pelo que, a finalidade final da revolução feminina deve ser diversa do objetivo do primeiro movimento feminista, não exclusivamente a eliminação do privilégio masculino, mas sim da própria distinção entre os sexos; as diferenças genitais entre os seres humanos já não teriam qualquer importância».[2]

Segundo Shulamith Firestone, «o núcleo da opressão das mulheres encontra-se precisamente no seu papel de gestação e de educação dos filhos».[3] Os promotores desta análise consideravam o aborto livre, a contracepção, a completa liberdade sexual, o trabalho feminino e a presença de estruturas públicas diurnas a que confiar os seus filhos, como condições necessárias para a libertação da mulher.

No seu livro The Reproduction of Mothering, Nancy Chodorow afirmava que, enquanto o papel de cuidar dos filhos permanecer uma prerrogativa da mulher, as crianças crescerão considerando a humanidade dividida em duas classes diferentes e desiguais e, na opinião dessa mesma autora, esta visão é a causa da aceitação da opressão «de classe».[4]

No contexto de um manual para os programas de estudos sobre a questão feminina, Alison Jagger expôs os resultados desejados pela revolução das classes sexuais: «O desaparecimento da família biológica terminará por eliminar também a exigência da repressão sexual. A homossexualidade masculina, o lesbianismo e os relacionamentos extraconjugais já não serão considerados de forma liberal, como opções alternativas… desaparecerá precisamente a "instituição do relacionamento sexual", em que o homem e a mulher desempenham, cada qual à sua maneira, um papel bem definido. Em última análise, a humanidade poderia voltar a apropriar-se da sua sexualidade natural, caracterizada por uma diversidade polimorfa».[5]

Porém, um ataque frontal à família comportava certos riscos. Na opinião de Christine Riddiough, «a cultura "gay"/lésbica pode ser também considerada como uma força subversiva, capaz de desafiar a hegemonia do conceito de família. Todavia, esta interpretação pode adquirir formas, por si só, como contrapostas à família… A fim de que a índole subversiva da cultura "gay" seja utilizada de maneira eficaz, devemos ser capazes de apresentar modalidades alternativas de interpretação dos relacionamentos humanos».[8]

Sexo ou género?

O problema que encontram aqueles que encorajam a revolução no que se refere à família é a modalidade de eliminação da classes sexuais, dado que estas mergulham as suas raízes nas diferenças biológicas entre o homem e a mulher. Uma solução vem da actividade do Dr. John Money, da Universidade «John Hopkins» de Baltimore, nos Estados Unidos da América. Até aos anos 50, a palavra género era um termo gramatical, usado para indicar se uma palavra era masculina, feminina ou neutra. O Dr. John Money começou a utilizar esta palavra num contexto novo, cunhando assim a expressão «identidade de género», para descrever a consciência individual dele mesmo ou dela mesma como homem ou como mulher.[7] Na opinião de John Money, a identidade do género de uma determinada pessoa dependia do modo como a criança tinha sido educada e podia resultar diferente do seu sexo biológico. John Money afirmava que seria possível mudar o sexo de uma pessoa e que as crianças nascidas com órgãos genitais ambíguos poderiam ser modificadas cirurgicamente e ser atribuídas a um sexo diferente do genético.

As teorias de John Money alcançaram muito êxito e, em 1972, ele apresentou aquela que parecia ser uma prova irrefutável do facto de que a identidade de género dependia da educação recebida. No seu livro Man & Woman, Boy & Girl, John Money explicou o caso de um gémeo monozigoto, cujo pénis tinha sido destruído durante uma operação de circuncisão.[8] Os pais do menino pediram ajuda ao Dr. John Money, que lhes aconselhou que castrassem a criança e a educassem como se fosse uma menina. A existência do gémeo monozigótico permitiu ao Dr. John Money comparar o gémeo educado como menina com o outro, educado como menino. O autor dessa investigação afirmou que a mudança de sexo tinha obtido bom êxito e explicou que o menino se adaptou perfeitamente a uma identidade feminina. O caso parecia resolver a questão da «natureza versus educação», em favor da educação.

Ainda antes de anunciar o seu famoso caso, as teorias do Dr. John Money já encontravam o apoio das feministas. No seu livro Sexual Politics, escrito em 1969, Kate Millet, comentando o referido trabalho do Dr. John Money, escreveu: «… no instante do nascimento não há qualquer diferenciação entre os sexos. Por conseguinte, a personalidade psicossexual forma-se numa fase pós-natal e constitui um fruto da aprendizagem».[9]

O conceito de género como um produto social começou a fazer parte da teoria feminista, Susan Moller Okin, autora do livro Justice, Gender and the Family (1989), formulava votos de «um futuro desprovido de género. Não haveria nada pré-definido nas funções masculinas e femininas; a gravidez seria tão conceitualmente separada da educação, que causaria admiração se os homens e as mulheres não fossem igualmente responsáveis pelas incumbências domésticas».[10]

Ao longo dos anos 80, o termo género tornou-se omnipresente no âmbito dos programas de estudos da questão feminina. Com a introdução do conceito de género como um produto social, o interesse do movimento feminista passou da eliminação das políticas desvantajosas para a mulher, à atenção a tudo aquilo que admitia a existência de diferenças entre o homem e a mulher, de forma particular tudo aquilo que se realizava em benefício da mulher, enquanto principal fonte de assistência no âmbito doméstico. Um futuro desprovido de género pressupunha uma sociedade que examinasse de maneira meticulosa todos os aspectos da cultura, para assim relevar provas da socialização de género.

Antes de 1990, os documentos publicados pela Organização das Nações Unidas tinham ressaltado a eliminação da discriminação em relação às mulheres, mas por volta do ano de 1990 o género tornou-se um fulcral ponto de interesse. Um opúsculo da agência INSTRAW, da Organização das Nações Unidas, intitulado Gender Concepts in Development and Planning: A Basic Approach, definia o género com as seguintes expressões: «É um sistema de funções e relações entre homens e mulheres, determinado não pela biologia, mas pelo contexto social, político e económico. O sexo biológico constitui um dado natural: o género é construído».[11]

Todavia, a linha de separação entre sexo e género permanecia incerta. Muitos daqueles que adoptavam o termo género não tinham ideia das suas raízes ideológicas. Não obstante, a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre a Mulher, realizada em 1995 em Pequim (China), convidou as nações do mundo a «adoptar uma perspectiva de género». Como recita o texto definitivo da sua Plataforma de Acção: «Em muitos países, as diferenças entre as actividades e os resultados alcançados pela mulher e pelo homem ainda não são reconhecidas como consequências de funções de género, socialmente construídos, mas sim como diferenças biológicas imutáveis».[12]

O problema levantado por esta declaração é que algumas das diferenças entre as actividades desempenhadas pela mulher e as que são levadas a cabo pelo homem estão claramente vinculadas a diferenças biológicas imutáveis, que a mencionada Plataforma de Acção não tem em consideração. Por exemplo, somente as mulheres podem trazer um filho no seu seio e amamentá-lo. Enquanto uma elevada percentagem de mulheres fizer da maternidade a sua própria vocação primária, decidindo não trabalhar fora do âmbito doméstico, deixando o trabalho por períodos prolongados, de modo a ir ao encontro das exigências familiares, e escolhendo ocupações com horários ou funções que sejam compatíveis com as suas responsabilidades familiares, as actividades e os resultados alcançados pelo homem e pela mulher serão notavelmente diferentes.[13] A perspectiva de género não apoiava as mulheres que escolhiam a maternidade como a vocação primordial. Durante uma entrevista realizada em 1975, com Betty Friedan, Simone de Beauvoir resumia esta orientação. À pergunta se as mulheres deviam ser livres de decidir se queriam permanecer em casa e educar os seus filhos, ela respondeu: «As mulheres não deveriam ter esta possibilidade de escolha, precisamente por se tal opção existisse, demasiadas mulheres a adoptariam».[14]

Não se tratava simplesmente do facto de que o género era construído, mas de que, segundo esta perspectiva, a construção do género era realizada pelo homem, em detrimento da mulher. A própria palavra «mulher» era vista como uma etiqueta que criava «um ser fictício» e «perpetuava a desigualdade».[15]

A unidade do ser humano

Enquanto se revigorava a perspectiva do género, o seu fundamento teórico ia-se debilitando. Em 1997, um artigo do Dr. Milton Diamond, perito em efeitos pré-natais da testosterona sobre a organização cerebral, revelou que o Dr. John Money não tinha divulgado fielmente o resultado do caso dos gémeos.[16] O Dr. Milton Diamond nunca tinha aceite a teoria do Dr. John Money, segundo a qual a socialização podia prevalecer sobre a identidade biológica. Ao longo dos anos, o Dr. Milton Diamond realizou diversas tentativas para localizar o gémeo citado como exemplo pelo Dr. John Money, para verificar como foi que o menino enfrentou a sua adolescência. Por fim, o Dr. Milton Diamond conseguiu entrar em contacto com um terapeuta do lugar, que tinha acompanhado o gémeo, e descobriu que a experiência se revelara um falhanço completo. O gémeo nunca aceitou ser uma mulher e jamais se adaptou ao seu papel feminino. Com a idade de 14 anos, começou a ter tendências suicidas. Um dos numerosos terapeutas destinados à sua assistência psicológica encorajou os pais do menino a revelar-lhe a sua verdadeira identidade. No momento em que soube que era um menino, decidiu levar uma vida de homem. Submeteu-se a algumas intervenções cirúrgicas reconstrutivas, extremamente complicadas e casou. Sucessivamente, toda a história do caso dos gémeos foi documentada no livro, escrito por John Colapinto, As Nature Made Him.

As teorias do Dr. John Money foram ulteriormente desacreditadas pelas sucessivas investigações sobre o desenvolvimento cerebral. A pesquisa acerca da exposição pré-natal das hormonas demonstrou que, já antes do nascimento, os cérebros masculinos e femininos são notavelmente diferentes, o que influi, entre outras coisas, sobre o modo em que o recém-nascido compreende visivelmente os movimentos, as cores e as formas. O resultado é uma «predisposição biológica» dos meninos para brinquedos tipicamente masculinos e das meninas para brinquedos tipicamente femininos.[18] Já no seio materno, as mulheres são dotadas da sensibilidades pelo ser humano, necessária para a maternidade. Esta investigação e outras informações novas acerca da estrutura do cérebro humano indicam que as influências biológicas e a experiência concorrem para criar conexões cerebrais e, desta forma, estão tão inseparavelmente entrelaçadas que é impossível separá-las.

As crianças nascem no seio da sociedade, criada por homens e mulheres cuja percepção daquilo que é natural é influenciada pela própria combinação entre a biologia e a experiência. Os meninos crescerão para se tornarem pais, e as meninas para se tornarem mães. Esconder este facto por intermédio da socialização neutra do género não mudará a realidade da diferença sexual.

Outras investigações sobre o desenvolvimento cerebral demonstraram a importância do relacionamento entre a mãe e o filho, durante o primeiro mês de vida. A criança que ouviu a voz materna durante a gestação vem ao mundo procurando a luz nos olhos da mãe. Assim, um sólido vínculo entre a mãe e o filho é fundamental para o desenvolvimento emotivo. Os estudiosos que analisam a questão do desenvolvimento neonatal e do desenvolvimento do cérebro humano preocupam-se pelo facto de que as próprias descobertas acerca da importância do vínculo entre a mãe e o filho são ignoradas por aqueles que encorajam o trabalho feminino e a entrega das crianças a estruturas de assistência diurna.[19]

Se as mulheres são mais sensíveis às exigências do ser humano e as crianças têm necessidade de mães sensíveis às suas exigências, então apresentar a maternidade numa perspectiva positiva não quer dizer perpetuar um estereótipo negativo, mas reconhecer a realidade. Não há injustiça quando as mulheres não são impedidas de decidir se querem trabalhar fora de casa. É precisamente porque os dois sexos são diferentes que a mulher pode oferecer uma contribuição singular para a sociedade em geral. O facto de a mulher ter uma possibilidade de escolha faz com que as próprias mulheres se sintam confusas, mas este é o preço da liberdade.

A falta de provas para as teorias sobre a discriminação de género

Os promotores da perspectiva de género citaram numerosos exemplos do modo como a socialização de género termina no abuso da mulher. O problema é que muitos destes exemplos não resistem a um exame mais atento. Christina Hoff Sommers, autora da obra intitulada Who Stole Feminism?, descobriu que, enquanto os meios de informação davam espaço às teorias feministas, em conformidade com as quais a socialização negativa de género provocava a morte por anorexia de cento e cinquenta mil mulheres norte-americanas por ano, as estatísticas no campo da saúde demonstram que, em 1983, foram enumeradas cento e uma mortes por anorexia. E no ano de 1991 o número de tais mortes desceu para cinquenta e quatro.

Em 1991, A American Association of University Women publicou um estudo intitulado: A Call to Action: Shortchanging Girls, Shortchanging America, em que se afirmava que a discriminação de género no âmbito escolar provocava uma devastadora perda de auto-estima nas adolescentes.[20] Tal estudo foi amplamente divulgado pelos meios de comunicação e foram instituídos numerosos programas para resolver esta problemática. Com grande dificuldade, Christina Hoff Sommers obteve uma cópia dos resultados dessa investigação e descobriu que a avaliação da auto-estima não tinha sido efectuada segundo métodos científicos e que as adolescentes, na maior parte das avaliações realizadas, apresentavam resultados escolares melhores, em relação aos estudantes coetâneos do sexo masculino.[21]

A problemática suscitada pelas acusações de opressão não comprovadas levantadas por parte das feministas é que elas desviam os limitados recursos da resolução dos problemas concretos que as mulheres se encontram a enfrentar e debilitam a credibilidade daqueles que estão comprometidos em favorecer os verdadeiros interesses da mulher.

Considerando a confiança depositada no passado nas investigações desprovidas de validade, é importante examinar atentamente todas as provas a favor da perspectiva de género. E isto vale de maneira particular para os temas do aborto e da homossexualidade. Por exemplo, aqueles que são favoráveis a uma renovada definição do matrimónio, que tenha em consideração as uniões homossexuais, citaram numerosos estudos que prometem demonstrar a ausência de diferenças significativas entre as crianças educadas por uniões homossexuais e as crianças educadas pelos pais naturais, no âmbito do matrimónio. Quando foram analisados, estes estudos resultaram desprovidos de uma validade tanto interna como externa.[22] Na opinião do Prof. Lynn Wardle, «a maior parte dos estudos realizados sobre os pais homossexuais está fundamentada em investigações quantitativas não confiáveis, viciadas tanto sob o ponto de vista metodológico como analítico (algumas são de qualidade pouco mais do que anedótica) e oferecem uma base empírica demasiado frágil para determinar as políticas públicas».[23]

Por outro lado, numerosos estudos confirmam as modalidades em que a presença de um pai e de uma mãe melhoram o bem-estar dos filhos. A importância do amor paterno é um facto consolidado, mas inúmeros estudos demonstram que o amor paterno tem uma influência positiva. A este propósito, uma resenha da literatura confirmou que «a influência do amor paterno sobre o desenvolvimento dos filhos é igual e, por vezes, até mesmo maior do que a do amor materno. Determinados estudos concluem que o amor paterno é o único indicador significativo de resultados positivos específicos».[24]

O futuro está nas mãos dos jovens e, por conseguinte, a sociedade tem a obrigação de dar prioridade ao seu bem-estar. As mulheres desejam aquilo que é melhor para os seus próprios filhos e cada criança tem necessidade de um pai e de uma mãe. Somente o matrimónio assegura o compromisso dos pais, um em relação ao outro e ambos em relação aos seus filhos e, portanto, qualquer outra forma de união comporta riscos para as crianças e para as mulheres.

Patrick Fagan, da Heritage Foundation, reuniu uma enorme quantidade de provas em benefício da importância dos filhos terem um pai e uma mãe que permaneçam unidos no matrimónio: «Os filhos que nascem fora do matrimónio ou com pais divorciados têm uma probabilidade muito mais elevada de cair na pobreza, nos maus-tratos e nos problemas comportamentais e emotivos; obtêm resultados piores na escola e usam drogas com maior frequência. As mães não casadas têm uma probabilidade muito maior de se tornarem vítimas da violência. De qualquer forma, os filhos cujos pais permanecem casados têm vantagens concretas. Verificou-se que os adolescentes provenientes de tais famílias apresentam um estado de saúde melhor, têm menores probabilidades de sofrer devido a depressão e de repetir o ano escolar, e encontram menores problemas de desenvolvimento».[25]

Em defesa da mulher

A Igreja Católica não pode permanecer neutra quando, em nome das mulheres, são atacados a família, o matrimónio, a maternidade, a paternidade e a moral sexual ou a vida do feto. A Igreja condena incondicionalmente todos os abusos perpetrados em detrimento da mulher no âmbito familiar, mas a solução não é a destruição da família. Quando as sociedades encorajam o sexo fora do matrimónio, o aborto, a mentalidade contraceptiva e o divórcio, quem fica prejudicada é a mulher. Quando o matrimónio é respeitado e a castidade é promovida, a dignidade da mulher é salvaguardada.

A solidariedade entre o marido e a esposa dentro da família, e entre o homem e a mulher no seio da sociedade, é necessária para que a sua colaboração seja fecunda. Uma luta interminável entre as classes sexuais não levará à libertação da mulher. Uma antropologia desviada, que não reconhece as diferenças entre os sexos, deixa a mulher na nada invejável posição de procurar imitar o comportamento masculino ou de desperdiçar a sua energia na vã tentativa de transformar o homem numa pseudo-mulher. Uma mulher que compreende e aceita as diferenças entre os sexos é livre de colaborar com o homem, sem comprometer a sua originalidade pessoal.

A perspectiva de género é um beco sem saída. Dissipam-se recursos preciosos para contrariar o desejo natural de maternidade, ínsito na mulher. Favorecer a paternidade, a maternidade, a família e o matrimónio não compromete de forma alguma a igualdade essencial, os direitos e a dignidade da mulher. Somente o reconhecimento das diferenças entre o homem e a mulher, e da centralidade da família na sociedade oferece os parâmetros válidos para começar um diálogo. Será ainda necessário distinguir entre as diferenças concretas e os estereótipos humilhantes, e permanecerá importante salvaguardar o direito da mulher e do homem, a escolherem carreiras atípicas e proteger a mulher contra a injustiça e os maus-tratos. Neste diálogo, a Igreja tem muito a oferecer. O reiterado convite do Santo Padre à solidariedade oferece a alternativa a uma luta de classe sem fim. Aqueles que estiverem interessados em criar uma sociedade verdadeiramente favorável à mulher acharão útil o livro Amor e Responsabilidade, escrito pelo Santo Padre João Paulo II, quando ainda era Bispo. A condenação, pelo Sumo Pontífice, de todos os comportamentos que tratam as pessoas como objectos, encontrará um eco entre todas as mulheres que, justamente, sentem o peso do fardo do utilitarismo sexual e económico.

A colaboração frutuosa entre o homem e a mulher deve fundamentar-se sobre a verdade acerca da pessoa humana. Os dois sexos, diferentes e de igual dignidade, constituem uma revelação da imagem e da semelhança de Deus, e participam da bondade da criação. Deus, que criou o ser humano, homem e mulher os criou, e que instituiu o matrimónio e a família, definindo as leis que governam a moral, é incapaz de injustiça. Por conseguinte, as mulheres nada têm a temer de uma cultura que compreende e que respeita as diferenças entre os homens e as mulheres.

 

Notas

1 Frederick Engels, The Origin of The Family, Property and the State, International Publishers, Nova Iorque 1972, pp. 65-66.

2 Shulamith Firestone, The Dialectics of Sex, Bantam Books, Nova Iorque 1970, pág. 12.

3 Ibid., pág. 72.

4 Nancy Chodorow, The Reproduction of Mothering, University of California Press, Berkeley 1978.

5 Alison Jagger, «Political Philosophies of Women's Liberation», em: Feminism and Philosophy, Littelefield, Adams & Co., Totowa, Nova Jérsei 1977, pág. 13.

6 Christine Riddiough, «Socialism, Feminism and Gay/Lesbian Liberation», em: Women and Revolution, Ed. by Sargent, South End Press, Boston 1981, pág. 87.

7 John Colapinto, As Nature Made Him, Harper Collins, Nova Iorque 2000, pág. 69.

8 John Money & Anke Ehrhardt, Man & Woman, Boy & Girl, John Hopkins University Press, Baltimore, MD 1972.

9 Kate Millet, Sexual Politics, Avon Books, Nova Iorque 1971, pág. 54.

10 Susan Moller Okin, Justice, Gender and the Family, Basic Books, Nova Iorque 1989, pág. 170.

11 Gender Concepts in Development and Planning: A Basic Approach, INSTRAW, 1995, pág. 11.

12 Platform of Action, Beijing Conference on Women, 1995, parágrafo 27 do texto final.

13 Esta é a opinião expressa pelo Presidente da Islândia, Sua Ex.cia o Senhor Vigdis Finnbogadottir: «Enquanto o campo particular permanecer de maneira prevalecente uma prerrogativa das mulheres, as mesmas serão muito menos disponíveis do que os homens para as tarefas de responsabilidade na vida económica e política», em: Intervenção no Conselho da Europa, Estrasburgo, Fevereiro de 1995.

14 Simone de Beauvoir, «Sex, Society and the Female Dilemma: a dialogue between Betty Friedan and Simone de Beauvoir», em: Saturday Review, 14 de Junho de 1975, pág. 18.

15 Peter Beckman & Francine D'Amico, Women, Gender and the World Politics, Bergim & Garvey, Westport, CT, 1994, pág. 7.

16 Milton Diamond & H.K. Sigmundson, «Sex Reassignment at Birth: ALong Term Review and Clinical Implications», em: Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine (151), Março de 1997, pp. 298-304.

17 John Colapinto, As Nature Made Him, Harper Collins, Nova Iorque, 2000.

18 Geriane Alexander, «An Evolutionary Perspective of Sex-Typed Toy Preference: Pink, Blue, and ther Brain», em: Achives of Sexual Behavior, Vol. 32, 1, Fevereiro de 2003, pp. 7-14.

19 Shore, Affect Regulation and the Origin of Self: The Neurobiology of Emotional Development, pág. 540.

20 A Call to Action: Shortchanging Girls, Shortchanging America, American Association of University Women, District of Columbia, 1991.

21 Christina Hoff Sommers, Who Stole Feminism?, pp. 137-156.

22 Philip Belcastro et. al., «A Review of Data Based Studies Addressing the Affects of Homosexual Parenting on Children's Sexual and Social Functioning», em: Journal of Divorce and Remarriage, 1993, Vol. 20, nn. 1-2, pp. 105-122; Robert Lerner and Althea Nagai, No Basis: What the studies don't tell us about same-sex pareting, Marriage Law Project, Washington DC, 2001.

23 Lynn Wardle, «The Potential Impact of Homosexual Parenting on Children», em: University of Illinois Law Review (833), 1997.

24 Ronald Rohner & Robert Veneziano, «The Importance of Father Love: History and Contemporary Evidence», em: Review of General Psychology, Dezembro de 2001, Vol. 5, n. 4, pp. 382-405.

25 http://www.heritage.org/Research/Features/Marriage/index.cfm#q1

 

 

 

 

 

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