Família e Regulação da Fertilidade
Cada casal tem o direito de
conceber naturalmente o número de filhos que desejar e
o dever de discernir o momento oportuno para os trazer ao mundo.
Os cônjuges devem ter em consideração as obrigações
para consigo mesmos, para com os filhos que já têm, para com a
família e a sociedade, numa justa hierarquia de valores e
respeitando a ordem moral objectiva que recusa o recurso à
contracepção, à esterilização e ao aborto.
Ninguém, nem mesmo o Estado, se pode substituir ao
casal nesta decisão. Na verdade, as actividades dos
poderes públicos ou das organizações privadas que procuram
limitar de algum modo a liberdade dos esposos nas suas
decisões relativas aos filhos constituem uma ofensa
intolerável à dignidade humana e à justiça.
Os esposos dispõem
de duas alternativas muito distintas para regular o
intervalo entre os nascimentos e o número de filhos que
desejam: os métodos naturais de regulação da fertilidade e os
métodos artificiais de planeamento familiar.
Os métodos artificiais de planeamento familiar
são, por exemplo, os produtos
químicos contendo hormonas
que, administrados sob a forma
de pílulas, injecções ou implantes, alteram profundamente a
fisiologia da mulher e estão associados a diversos riscos para
a sua saúde.
São habitualmente designados como "anticonceptivos",
muito embora, na realidade,
alguns actuem como abortivos. Os anticonceptivos são usados, em geral, com
a finalidade de evitar todo e qualquer nascimento e, por isso,
acabam por induzir uma
atitude negativa de desprezo pela vida com toda a carga de
egoísmo e de falta de amor que isso significa.
A
melhor alternativa é a regulação natural da fertilidade que promove o conhecimento
da fertilidade e da natureza feminina, de maneira a que os
próprios esposos possam agir, seja para conseguir seja para evitar a gravidez, de forma fácil
e segura. Pelo facto de ajudar os esposos a permanecer numa atitude de
acolhimento à nova vida que podem gerar, esta alternativa aprofunda o amor entre
o casal, promove o amor para com os seus filhos e está de acordo
com a visão da sexualidade proposta pela Igreja Católica.
Os
métodos naturais de regulação da fertilidade podem ser utilizados por qualquer
mulher que o deseje, que prefira o natural ao artificial, que não
queira
introduzir objectos ou produtos estranhos no seu organismo, que tenha qualquer
tipo de problemas com sua fertilidade e, em geral, por todos quantos acreditam que o planeamento familiar
não é uma responsabilidade exclusiva da mulher.
Os
métodos naturais podem ser utilizados em qualquer momento, desde a menarca
(primeira menstruação) até a menopausa, por serem aplicáveis a todas as
fases da vida reprodutiva da mulher, quer esta tenha ciclos regulares ou
ciclos irregulares, esteja amamentado seu filho, esteja no período
de pré-menopausa ou em qualquer outra situação.
Conheça as vantagens da
Regulação Natural da Fertilidade
Os métodos naturais de regulação da fertilidade consistem,
muito simplesmente, em tornar o casal apto a fazer uma
auto-observação para reconhecer em que fases é fértil ou
infértil, de modo a adequar as suas relações sexuais a uma ou
outra situação, conforme desejam conseguir ou adiar uma
gravidez.
Ou seja, não são métodos contraceptivos mas métodos de
auto-observação que permitem ao casal ter um estilo de
vida saudável, fortalecendo a relação dos esposos e criando
condições para que, de forma livre e responsável, constituam a
sua família. A fertilidade do casal é entendida como um bem a
conservar e não é tratada como se fosse uma doença a temer e a
anular com medicamentos.
Uma vez que observam as leis biológicas da
procriação humana, os métodos naturais de regulação da fertilidade
respeitam a vida no seu início e em todas as etapas de seu
desenvolvimento, promovendo uma atitude positiva em relação à criança.
Para além disso:
- são fáceis de aprender
-
são seguros e não provocam doenças nem efeitos indesejados uma vez que
não alteram os processos naturais do organismo da mulher
- são muito eficazes
quando bem aplicados
- aumentam
o auto-conhecimento e a capacidade de auto-controle
- não
submetem a mulher a fármacos, dispositivos, medicamentos ou
cirurgias
- constituem um valioso
guia sobre a saúde ginecológica da mulher pois alertam para problemas ou
perturbações do ciclo
- são aplicáveis em todas
as condições e circunstâncias sócio-culturais, inclusive por mulheres
cegas ou analfabetas
- ajudam
o homem e a mulher a assumir, conjuntamente, a responsabilidade da
fertilidade, o que favorece e fortalece o amor conjugal
- não implicam despesas.
Os recentes avanços do
conhecimento científico sobre a fertilidade permitiram desenvolver métodos
naturais extremamente eficazes para regular a fertilidade, tornando
desnecessário submeter a mulher ao uso de produtos químicos, hormonas ou
cirurgias.
Foram cientificamente
fundamentados vários métodos que permitem o auto-conhecimento da
fertilidade feminina, pois, enquanto o homem sadio é fértil em qualquer
momento de sua vida adulta, a fertilidade da mulher é cíclica. O óvulo
libertado em cada ciclo pela mulher só
permanece fertilizável durante cerca de 12 a 24 horas, que correspondem ao
tempo de vida do óvulo depois da sua saída do ovário. De notar que, após
uma relação sexual, os espermatozóides podem permanecer entre 3 e 5 dias
no corpo da mulher em condições de fertilizar o óvulo.
Métodos de auto-observação
A fertilidade
é a potencialidade biológica de gerar seres da mesma
espécie. Nos seres humanos exprime-se na capacidade para procriar. Ser
fértil é
sempre um bem e um sinal de saúde, nunca é uma enfermidade.
A fertilidade humana
há-de estar sempre unida à liberdade e à responsabilidade, por isso a
sua regulação deverá resultar de um processo de escolha
livre e responsável.
Existem vários sinais biológicos de
fertilidade que a mulher pode detectar:
-
as alterações do muco cervical (que na fase fértil se torna mais abundante
e filante),
- as alterações da temperatura basal (que aumenta após a
ovulação),
- as alterações das características do colo uterino (quando
a mulher está no período fértil o colo está alto, macio e com o orifício
central entreaberto, enquanto que na fase infértil o colo está baixo,
encontrando-se muito facilmente quando se introduz os dedos na vagina, e
está duro com o orifício externo fechado).
O
Método da Ovulação ou Billings
O Método Billings (ou Método da Ovulação) foi desenvolvido pelo Dr. John
Billings e pela sua esposa, Drª Evelyn Billings, um casal de médicos
australianos.
O Dr.
John Billings foi o primeiro a reconhecer e a confirmar cientificamente a
importância do muco cervical para a fertilidade da mulher. Este muco é
produzido nas criptas do colo do útero e, na fase do ciclo menstrual em
que o aparelho reprodutor se prepara para a ovulação, é essencial para a
sobrevivência dos espermatozóides no corpo da mulher. Os espermatozóides
não sobrevivem sem muco fértil.
A
mulher pode aprender a reconhecer o aparecimento do muco fértil que, pela
força da gravidade, desce na vagina para o exterior, de forma cada vez
mais abundante, com características bem-definidas (muco transparente,
elástico, filante, semelhante a clara de ovo, dando sensação de humidade e
de lubrificação), e assim detectar a fase do ciclo menstrual em que é
fértil.
O método Billings consiste na determinação, por parte da
própria mulher, das fases férteis ou inférteis do seu ciclo
menstrual, reconhecidas pela observação diária do muco
cervical. A mulher anota, diariamente, num gráfico, as
observações e as sensações relacionadas com o muco cervical de
modo a registar as mudanças que ocorrem ao longo do tempo. É
um método muito seguro desde que ensinado por formadores
qualificados e disponíveis para esclarecer qualquer
dúvida que a mulher tenha sobre as observações que faz ao
longo de, pelo menos,
três ciclos.
Este tempo mínimo de aprendizagem é necessário para a mulher
conhecer o seu Padrão Básico de Infertilidade (PBI),
típico dos dias em que é infértil, e que pode ser
caracterizado por:
1. ausência de muco com sensação de secura – PBI
seco
2. corrimento constante de
muco não fértil, espesso e pegajoso – PBI mucoso
O
Método tem quatro regras muito simples:
Regra 1:
não ter relações sexuais nos dias de sangramento menstrual.
Regra 2:
após a menstruação e enquanto durar o Padrão Básico de
Infertilidade (PBI) o casal pode ter relações sexuais em
noites alternadas.
Regra 3:
o casal deve suspender a actividade sexual se ocorrerem
alterações que interrompam o Padrão Básico de Infertilidade
(como sangramento ou aparecimento de muco – se a mulher tiver
PBI seco – ou aparecimento de muco fértil – se a mulher tiver
PBI mucoso). Se após esta alteração (por exemplo, depois do
desaparecimento do sangramento) ocorrerem quatro dias
consecutivos com Padrão Básico de Infertilidade o casal pode
retomar as relações sexuais na noite do quarto dia e voltar a
aplicar a regra 2. Caso contrário, o casal não deve ter
relações sexuais (a não ser que deseje engravidar).
Regra 4:
O casal pode voltar a ter relações sexuais na noite do 4º dia
após o último dia com muco fértil (denominado dia pico) e,
depois, quando e quantas vezes o casal queira até à
menstruação seguinte.
Para a
correcta compreensão e aplicação destas regras e, em
particular, para que cada mulher aprenda a conhecer o seu
Padrão Básico de Infertilidade e a reconhecer o muco fértil, é
fundamental a frequência presencial de um curso do método
Billings.
É um método muito seguro
e eficaz mas deve ser
ensinado por pessoal qualificado pelo menos durante três ciclos.
A larga experiência mundial demonstra que o método Billings é
muito eficaz quando se pretende evitar a gravidez (mas,
curiosamente, também pode ajudar casais com problemas de
infertilidade a conseguir engravidar).
A eficácia reconhecida para este método é superior a 98%.
Por exemplo, recentemente um grupo de cientistas, coordenado
pelo Professor Qian, demonstrou que a taxa de gravidez numa
população de casais a seguir o método Billings é muito baixa
(0,5%) e que a gravidez só sucede quando as regras do método
não são aplicadas correctamente.
Este índice de eficácia é excelente e não só alcança como
supera os níveis de eficácia dos métodos artificiais.
Os casais que escolheram o método Billings revelaram estar
satisfeitos com a frequência de relações sexuais permitidas
por este método que, para além do mais, é o mais económico de
todos.
Para
conhecer com maiores detalhes o método Billings,
clique
aqui
O
método da temperatura basal
Este método baseia-se no aumento da temperatura que a progesterona
provoca na mulher. Esta hormona começa a circular na segunda fase do
ciclo menstrual, ou seja, após a ovulação,
logo que o folículo se converte no
corpo lúteo. Quando a temperatura da mulher
sobe é sinal de que ovulou. Normalmente a temperatura sobe 2 décimos de
grau centígrados. Para notar esse aumento de temperatura é necessário
registar, diariamente, a temperatura basal com o mesmo termómetro,
nas mesmas condições e às mesmas horas, após um mínimo de duas horas de repouso. Para adiar uma gravidez pelo Método da Temperatura Basal, deve-se
guardar abstinência sexual desde a menstruação até três dias após o aumento
da temperatura. Este método tem uma eficácia de 99% mas implica uma abstinência
muito prolongada.
O
Método Sintotérmico
Resulta de uma combinação de vários métodos uma
vez que combina o cálculo pré-ovular de Ogino, as alterações do muco cervical
do Método Billings, o registro da Temperatura Basal, a auto-palpação do
colo e a dor inter-menstrual da ovulação. Pode-se utilizar a combinação
de todos estes sinais ou apenas alguns deles. Quando se deseja adiar
uma gravidez usa-se para começar a abstinência no primeiro dos sinais ou
cálculos da fertilidade que apareçam e termina-se a abstinência no último
dia do último método.
Eficácia dos métodos de auto-observação
De acordo
com
estudos realizados pela própria Organização Mundial de Saúde os
métodos naturais de regulação da fertilidade demonstraram possuir
uma ampla superioridade em diversos aspectos sobre os métodos artificiais (anticoncepcionais).
Estes
estudos demonstraram:
-
que são
fáceis de aprender e de aplicar pela mulher qualquer que
fosse o seu nível cultural (ficou demonstrado que podem ser
aprendidos e aplicados com sucesso até por mulheres carentes
de instrução mínima),
-
que são
aceites de preferência aos métodos artificiais
A todas
estas vantagens acresce que respeitam a integridade e a
dignidade da pessoa humana sem lesar os seus direitos e, mais
importante ainda, provaram ser sumamente eficazes a evitar a
gravidez.
A elevada eficácia dos métodos
de auto-observação é amplamente desconhecida pela maioria das
pessoas. Além da eficácia teórica ser semelhante à dos métodos
artificiais, a eficácia prática, aquela que se obtém realmente
quando os métodos são usados, é bastante superior.
A tabela seguinte mostra alguns dados obtidos com base em diversos estudos científicos.
MÉTODO |
EFICÁCIA TEÓRICA
|
EFICÁCIA PRÁTICA
|
Billings
|
98,8 a 99,5% |
92,8 a 96,8% |
Pílula |
94,1 a 97% |
91,7% |
DIU |
96,6 a 98% |
86,7% |
Preservativo |
98% |
64 a 88% |
Recentemente um grupo de cientistas fez algumas descobertas
que permitiram melhorar a eficácia do método Billings. Os
resultados estão publicados em Hilgers et al., Journal of
Reproductive Medicine, Junho de 1998. A
eficácia teórica do método Billings é 99.5% e a eficácia prática 96.8%.
Embora esta tabela não o refira,
a eficácia prática do método Sintotérmico é, ainda
mais eficaz do que a do método de Billings, pelo que é o método
mais fiável.
O índice para o Método Sintotérmico em casais altamente motivados
para evitar a gravidez é de 97,2% (Cf. Guia para a prestação
de serviços de PFN. OMS. Genebra, 1989).
Estes índices
de eficácia são excelentes e não só alcançam como superam
largamente os níveis de eficácia dos métodos artificiais.
Lamentavelmente, as campanhas de descrédito dos métodos
naturais reflectem os preconceitos ideológicos e os interesses económicos
de alguns grupos que desprezam os dados do progresso
científico.
Um estudo
multicêntrico, realizado em cidades importantes de diferentes
lugares do mundo e distantes entre si (Auckland, Bangalore,
Manila e El Salvador), demonstrou que 93% de mulheres férteis
estava em condições de reconhecer e interpretar o momento de
fertilidade desde o seu primeiro ciclo menstrual (de salientar que o
grupo de El Salvador incluía 48% de analfabetas). O estudo
concluiu que as probabilidades de engravidar nos períodos
determinados como inférteis eram extremamente baixas (0,004%).
Um
estudo realizado em Calcutá, Índia, revelou a notável eficácia do Método
de Ovulação (ou método Billings), pois a taxa de gravidez foi
cerca de zero numa população total de 19.843 mulheres
pobres e de diferentes crenças religiosas (hindus, islâmicas, cristãs).
As
conclusões do estudo da Organização Mundial de Saúde sobre a
eficácia do Método da Ovulação foram as seguintes:
- Por meio
de ecografia ovárica determinou-se que os sintomas do muco
cervical identificam com precisão do momento da ovulação.
- Todas as
mulheres, de qualquer nível cultural e educacional podem
aprender a usar o método da observação do muco cervical para
reconhecer quando ocorre a ovulação.
- A
experiência mundial sugere que os métodos de controle natural,
abstendo-se da relação sexual na fase fértil identificada
pelos sintomas de ovulação, são equivalentes àqueles dos
anticoncepcionais artificiais.
O estudo
realizado entre cerca de 20.000 mulheres pobres em Calcutá,
com uma percentagem de gravidez perto de zero, confirmado por
diversos outros estudos,
demonstram a efectividade do Planeamento Familiar com Métodos
Naturais.
Os
casais estavam satisfeitos com a frequência da
relação sexual sugerida por este método de planeamento
familiar, que é económico.
Aprenda a usar o Método de
Ovulação (Método Billings)
O Método de Ovulação ou
Método Billings é um método de auto-observação extremamente
simples de aprender e de aplicar. Por isso o recomendamos
vivamente.
Para isso necessita de
frequentar um curso de formação muito simples.
Se quiser ler uma breve
introdução à fertilidade feminina clique
aqui!
Se quiser ler uma breve
introdução ao Método Billings clique
aqui!
Contacto de formadores
Pode contactar as seguintes
instituições para obter formação específica no uso dos métodos
de auto-observação.
Movimento de Defesa da Vida
Rua da Beneficência, 7 -1º, Lisboa
Tel. 21 799 4530
Fax: 21 799 45 31
Email:
geral@mdvida.pt
Associação
Família e Sociedade
Rua do Lumiar,
78
1750-164 LISBOA
Tel:
21 314 95 85
Horário: 9h-13h
Email:
familiasociedade@sapo.pt
Sites dedicados aos métodos
de auto-observação
www.woomb.org
www.billings-centre.ab.ca
billings.free.fr
www.fertilitycare.com.au
www.ccli.org
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