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Registo video da homilia do Sr. Bispo de Coimbra, Dom Virgílio Antunes, na celebração da Solenidade de Santa Maria - Mãe de Deus, na Igreja da Sé Nova - Catedral de Coimbra1 de Janeiro de 2025
SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉSÉ NOVA - 2024ABERTURA DO JUBILEU “PEREGRINOS DA ESPERANÇA” “Peregrinos da esperança”. É o tema deste ano jubilar, num tempo especialmente carente da esperança humana e da esperança da fé, num tempo, por isso, profundamente necessitado da esperança maior, capaz de suportar a humanidade nos seus desencantos, falências e medos, mas também de fortalecer a sua alegria, a sua confiança e o seu futuro. O Papa Francisco inaugurou o Ano Jubilar na celebração do Natal do Senhor e pediu a todas as dioceses do mundo que o abrissem na Festa da Sagrada Família. Dois momentos significativos: o Natal a dar o sentido da esperança fundada em Jesus Cristo, o Filho de Deus que peregrina connosco; a Sagrada Família, imagem de todas as famílias e de toda a humanidade, que anda à procura e que encontra em Jesus Menino a luz para o seu caminho de peregrina. O Ano Santo é um ano de peregrinação. Ele pretende avivar em nós a certeza da fé em Deus, que vem ao nosso encontro como peregrino que procura a humanidade por meio de Jesus Cristo, Seu Filho. A Encarnação do Verbo de Deus é caminho de Deus em direção a nós e a sua vida na terra é uma contínua peregrinação com os homens: nos caminhos da Palestina, quando vai ao encontro de todos os que estão sedentos de Deus, de amor, de saúde, de misericórdia e de perdão; na Paixão, quando caminha para a cruz levando consigo todas as nossas dores e se oferece ao Pai para nossa salvação. A peregrinação de Jesus Ressuscitado continua pelos caminhos do nosso mundo como anúncio de libertação: de Jerusalém donde sai com os discípulos de Emaús e depois, com a Igreja que proclama a feliz notícia até aos confins da terra. O Ano Santo é um ano da nossa peregrinação pelos caminhos jubilares, em momentos significativos de celebração, que devem manifestar a nossa procura de Deus em resposta à iniciativa d’Aquele que se pôs a caminho para vir ao nosso encontro. É esse encontro, fruto da peregrinação de Deus e da nossa peregrinação, que é portador da esperança, da esperança que não engana, outrora proclamada pelo Apóstolo Paulo e agora proposta pela Igreja como graça do Jubileu. A nossa vida é peregrinação, porque o encontro com Deus está sempre a concretizar-se e propõe-nos sempre progredir na fé, na entrega da nossa vida, no amor aos irmãos, na comunhão da Igreja, na ação de graças ao Pai. A nossa vida é peregrinação porque a vida em Cristo é um percurso em profundidade; porque não temos aqui morada permanente e buscamos a Pátria Celeste para a qual fomos criados. “Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida”, diz-nos o Papa na Bula do Jubileu. Ponhamo-nos, por isso, a caminho como peregrinos, confiados em Deus que nos revela o sentido da vida e da esperança que não engana. A Segunda Leitura de hoje, tirada da Epístola de São Paulo aos Colossenses, oferece-nos as três palavras fundamentais do nosso caminho jubilar: misericórdia, perdão e caridade. São os desafios que Deus nos faz em todos os tempos e que devem constituir o nosso programa deste Jubileu. “Revesti-vos de sentimentos de misericórdia”. O Ano Jubilar na Sagrada Escritura constituiu sempre uma manifestação da misericórdia de Deus para com o Seu Povo e toda a humanidade. Ele está atento a todos os nossos passos e sofre com as nossas dores até à loucura da cruz, que se realiza na oferta da vida de Jesus por mim, por nós e por todos. Reconhecer a misericórdia de Deus é o primeiro caminho para a gratidão, para o louvor e para a fé, que nos anima. Somos pobres e fracos, somos pecadores e nada podemos sem a sua bondade, que se manifesta em gestos libertadores, que dão novo sentido à nossa peregrinação. Deixemos que a misericórdia de Deus nos reconstrua por dentro e disponhamo-nos a percorrer o caminho da fé agradecida por tão grande dom. “Perdoai-vos mutuamente se alguém tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também”. A consciência do pecado pessoal e comunitário faz parte das condições essenciais para a verdade do Jubileu. Havemos de tomar a sério a nossa condição de pecadores e a necessidade que temos do perdão de Deus, a quem ofendemos sempre que ofendemos os irmãos ou nos afastamos das fontes da vida que Ele nos concede. Segundo a Escritura, o Ano Jubilar é também o ano da remissão, do voltar ao princípio nas relações com Deus, nas relações com os irmãos, nas relações com os bens materiais e espirituais. Sendo o perdão uma das realidades mais difíceis de encarar, peçamos humildemente ao Senhor que nos perdoe e nos dê a graça de perdoar sem limites. Este é o tempo de refazermos todas as relações interrompidas ou degradadas pelo nosso pecado: no contexto familiar e social, com a nossa comunidade cristã e com a Igreja. Pode também ser o tempo da reconstrução das relações com Deus, caso andemos longe d’Ele pela indiferença ou pelo esvaziar da confiança no Seu amor e no seu perdão. O Ano Santo leva-nos a retomar o amor ao Sacramento da Penitência, leva-nos a abeirarmo-nos da confissão sacramental dos pecados e a ouvirmos alegres o anúncio: os teus pecados estão perdoados; vai em paz e não voltes a pecar. “Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição”. “A caridade cobre a multidão dos pecados” (1 Pd 4, 8), refere a Primeira Carta de Pedro, dando continuidade ao ensino de Jesus acerca do maior dos mandamentos da Lei. O Ano Santo é o tempo da manifestação do amor de Deus, expresso também por meio da caridade humana. Não faltam entre nós lugares e situações que clamam por justiça e caridade. O Papa elenca algumas na Bula do Ano Santo, a que havemos de dar mais atenção: os presos, os doentes, os jovens, os migrantes e refugiados, os idosos, os pobres... Mas há também os que clamam por caridade nas nossas casas, nos nossos lugares de trabalho e de ensino; os esposos, os pais e os filhos; os membros das comunidades cristãs, das comunidades religiosas, dos presbitérios; os que se dedicam aos serviços e ministérios na Igreja, seja na ação social, na evangelização e na catequese ou na liturgia. Não pode acolher-se a graça do Ano Santo sem a conversão à caridade de Deus transformada em caridade dos homens. Este é o tempo oportuno para refazermos todas as nossas relações a partir da caridade. Irmãos e irmãs, Deus bate à nossa porta com a oferta da graça transformadora do Jubileu e com a Sua misericórdia infinita, que nos abre à felicidade terrena e à bem-aventurança eterna. Respondamos com a conversão do coração e da vida a quem tanto nos ama e nos quer homens e mulheres felizes. Que a Virgem Maria e São José conduzam os passos da nossa peregrinação ao encontro de Jesus e nos acompanhem no início da nova etapa de fé e de vida que a Igreja nos oferece por meio do Jubileu. Como Maria e José, queremos voltar a casa com Jesus no meio de nós, queremos ser peregrinos da esperança que Ele nos dá. Coimbra,29 de dezembro de 2024Virgílio do Nascimento AntunesBispo de Coimbra  
NATAL DO SENHOR 2024MISSA DO DIA Caríssimos irmãos e irmãs! O Natal do Senhor é um dia muito especial. A pluralidade de sensações e de sentimentos que traz à nossa pessoa, à nossa família e à sociedade, torna-se muito benéfica, porque, apesar de todas as distrações, nos centra no essencial de nós mesmos, das sociedades e da vida. O mundo da interioridade pessoal, no Natal, abre-nos para o mundo das relações humanas e sociais e dificilmente deixa alguém na indiferença em relação ao seu próximo. Se alguém fica fechado em si e não consegue a abertura aos outros como irmãos, o Natal fica por acolher, mesmo que possa celebrar-se com muitas realizações padronizadas entre nós para este período do ano. O Natal é um tempo de interiorização, de reflexão, de procura do sentido mais profundo das pessoas e das coisas e dá-nos a oportunidade única de reacender as luzes frequentemente apagadas da nossa humanidade, as luzes do coração. É quase impossível passar o Natal sem o confronto interior com a fé, mesmo que os seus sinais sejam mais discretos do que nunca, dada a sobreposição de tantas outras manifestações culturais e sociais nascidas do secularismo acelerado. Mesmo para quem não professa a fé em Deus, este tempo chega carregado de interrogações, de desafios, de inquietações, que apontam para o desejo de superação, de infinito. A Pessoa de Jesus tal como a narram os Evangelhos, a Palavra ou o Verbo de Deus feito carne, desafia, inquieta, surpreende, inspira caminhos de descoberta interior, oferece possibilidade de um sentido para os nossos anseios do coração. O Evangelho apresenta-O como Verbo de Deus Criador, como vida do homem, como luz da humanidade, mostrando que não nascemos de nós, que não está tudo em nós, que não nos salvamos a nós mesmos, pois é d’Ele que recebemos graça sobre graça. A experiência do Natal tem sempre duas vertentes. Uma é a experiência da humildade diante do mistério que nos envolve. A humildade não nos diminui em nada, pois está ancorada na humildade de Deus que se faz Homem, assumindo a nossa pobreza e a nossa condição, segundo a narrativa evangélica do nascimento de Jesus no presépio de Belém. Outra é a experiência da glória a que somos chamados, pois abre-nos a porta para a participação na glória de Deus cantada pelos Anjos na noite do nascimento, prefigurando o canto da glória de Cristo Ressuscitado e elevado aos Céus. A experiência do Natal leva-nos a considerar na humildade a nossa condição humana com a esperança da glória a que somos chamados. Vemos em Belém a humildade de Deus que desce até nós, e vemos também os sinais da glória de que nos faz participantes.   “Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consola o seu povo, resgata Jerusalém”, dizia o profeta Isaías, no seu convite a um povo que, estando na ruína, deve alegrar-se com a ação libertadora que está a chegar. Esta palavra de Isaías leva-nos a pensar em todas as ruínas que povoam as cidades do nosso mundo. Em primeiro lugar, as ruínas físicas, fruto de guerras sem sentido, destruidoras e mortíferas, que ensombram pessoas, famílias e povos. Não há nenhuma explicação racional para tão grandes desastres, senão a falta de humanidade e a desorientação em que se encontra o mundo. Além da solidariedade como resposta à urgência da reconstrução e da redescoberta do amor como o caminho da humanidade, conhecemos o que é um mundo sem justiça, sem igualdade e sem fraternidade. A contemplação do Deus amor, do Deus Senhor da vida e da morte, do Deus salvador e libertador de todos os povos, oferece-se como vislumbre de uma nova realidade. A fé em Jesus Cristo nascido em Belém é dom que nos leva reconstruir a paz desejada para todos. A palavra de Isaías leva-nos também a pensar em todas as ruínas espirituais que povoam o coração de tantas pessoas no nosso mundo. Precisamos de reconstruir-nos por dentro e de ajudar os irmãos e irmãs nesse processo de se refazerem interiormente, por vezes o mais difícil, porque não se refaz com dinheiro nem com as pedras que edificam as cidades. Reconstruir a partir das relações renovadas e contando com a presença de Deus, que veio para consolar o seu povo e o resgatar das suas prisões de morte. O último Sínodo insistiu muito na urgência de refazermos as nossas relações, que consideramos condição para reconstruir o coração das pessoas, das instituições e da sociedade. As relações com Deus, que se aproximou de nós para estabelecer connosco laços de amor, são ponto de partida para muitos, agraciados pela fé; as relações com os outros, são para alguns o princípio de um caminho que pode levar a Deus: de Deus aos irmãos ou dos irmãos até Deus, consoante a diversidade dos percursos, mas sempre à procura do fortalecimento de relações, próprio de quem precisa de ser consolado e de consolar por meio do amor acolhido e partilhado. No presépio unido ao calvário, temos nós, cristãos, os grandes sinais do palpitar do coração do Pai unido ao coração de Jesus, o Filho, donde procede todo o amor do Espírito Santo. Contemplar este mistério conduz-nos a reconstruir o nosso próprio coração, a refazer todas as nossas ruínas pessoais e a refazer todas as ruínas da humanidade. Pela via da reconstrução do coração encontramos os caminhos da reconstrução de nós mesmos e das nossas relações com Deus e com os irmãos. Como escreveu o Papa Francisco, “o coração de Cristo é êxtase, é saída, é dom, é encontro. Nele tornamo-nos capazes de nos relacionarmos uns com os outros de forma saudável e feliz, e de construir neste mundo o Reino de amor e de justiça. O nosso coração unido ao de Cristo é capaz deste milagre social” (Dilexit nos, 28). O Natal de Jesus, contemplado, meditado, acolhido e tornado vida em nós, faz-nos irromper em brados de alegria, faz-nos sentir que há uma esperança que não confunde, nem morre, faz-nos estar com Ele na reconstrução de todas as ruínas, as físicas e as do coração. Feliz Natal! Coimbra, 25 de dezembro de 2024Virgílio do Nascimento AntunesBispo de Coimbra
NATAL DO SENHOR 2024MISSA DA NOITE Caríssimos irmãos e irmãs! “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz”. Em tempos diferentes dos nossos, os nossos antepassados na fé viveram tempos de obscuridade. Por meio da clarividência dos profetas, muitos puderam identificar as suas raízes e as suas manifestações, abrindo assim caminho para uma abertura aos raios de luz que permanecem sempre por detrás das trevas que se abatem sobre nós. Em nenhum momento da história tudo são trevas e tudo é luz, mas pode haver uma prevalência de uma realidade sobre a outra e, mais frequentemente, uma confusão entre uma e outra, entre a luz e as trevas. Fator decisivo para a humanidade é a capacidade de identificar uma e outra realidade, uma vez que a confusão é sempre perniciosa e nos impede de empreender os caminhos de libertação. Por sua vez, o conhecimento das situações de luz e de trevas na vida pessoal ou na vida da humanidade abre-nos à possibilidade de agir para mudar o rumo da nossa história. O Natal é uma das manifestações mais visíveis da imensa a luz, que irrompe no meio das trevas que nos envolvem por todos os lados. O Natal, por sua vez, está enfermo dessa confusão geral que atingiu a humanidade e a deixa refém de uma desorientação global, que já produz maus frutos para o mundo e não vislumbra forma de ser resgatado dela. A rejeição sistemática das origens da nossa civilização continua a crescer e até a palavra “Natal” corre o sério risco de desaparecer do nosso vocabulário para dar lugar a expressões aparentemente universalistas, sem conotação religiosa e sem passado, como as que já circulam abundantemente em regime de substituição: “festas”, “festas de inverno”, “tempo de festividades” ou “dia da fraternidade universal”. Corremos inclusivamente o risco de, em contexto social, o “pai Natal” vir a ser o único a preservar a palavra Natal; a não ser que numa repentina mudança de identidade e cedendo aos cânones do politicamente correto na modernidade, venha a chamar-se o “pai das festas de inverno”. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz”. De facto, o povo quer ver a luz, precisa de ver a luz e não pode prescindir do brilho da luz do Natal do Senhor, que a ditadura poderosa das ideologias com variados objetivos e motivações lhe vai discretamente subtraindo. Olhando para o mundo dos dias de hoje podemos identificar muitas sombras, e socorrendo-nos do ensino do Papa Francisco, elencamos algumas das mais nefastas para a humanidade, a que ele, de forma recorrente tem feito alusões. A mais visível é a sombra da guerra que impende sobre pessoas, etnias e povos. A guerra é sempre uma falência da humanidade, criada para viver na paz, alicerçada na fraternidade e no amor. As guerras não fazem parte do código da humanidade, constituída por homens e mulheres, todos irmãos iguais em dignidade e no direito a serem tratados com justiça e caridade. Ao atribuir a Jesus nascido em Belém o nome de Príncipe da Paz, o centro do Natal, estamos a receber a maior mensagem de paz para o mundo, pois ela que é empenho da humanidade é em primeiro lugar empenho do próprio Deus. Visível do mesmo modo é a imensa sombra da pobreza, que impende sobre grande parte dos cidadãos deste mundo. As assimetrias económicas e sociais, fruto de muitas decisões egoístas, deixam na pobreza irmãos e irmãs nossos, que, sem culpa alguma, se veem privados do acesso aos bens elementares para viver. O nascimento do Filho de Deus na pobreza do presépio de Belém é sinal maior e luz a iluminar todos os esforços humanos em favor da solidariedade na distribuição dos recursos da terra. Entre as sombras menos visíveis, mas igualmente presentes e perturbadoras da harmonia da humanidade, o Papa tem-se referido aos atentados contra a vida e à ideologia de género. A vida humana é sagrada e inviolável. Quando perdemos a noção desta realidade, derrubamos a última barreira da nossa civilização e ficamos entregues a toda a espécie de possibilidades que minam o fundamento primeiro daquilo que somos enquanto pessoas. “Encontrareis um Menino recém-nascido envolto em panos e deitado numa manjedoura” - anúncio do Anjo na noite de Natal, a dar nome à Luz que irrompe sobre a terra e a manifestar o valor da vida em todos os seus estádios e condições. O Natal de Jesus nunca se conjuga com os atentados à vida humana, mas é luz que a faz ver em toda a sua dignidade e beleza. Acerca de outra sombra da humanidade de hoje, o Papa Francisco referiu-se à “ideologia de género” como a mais perigosa das colonizações, pois “cancelar as diferenças é cancelar a humanidade quando, pelo contrário, homem e mulher estão numa tensão fecunda”. De facto, cancelar a humanidade é o perigo maior que podemos produzir e contradiz o desígnio de Deus, que consiste precisamente em promover harmoniosamente a humanidade que criou e sustenta com amor. O Natal traz luz ao mundo, precisamente por nos revelar Jesus, o Filho de Deus, a partilhar a nossa humanidade, criados como fomos, homem e mulher. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” e essa luz continua presente, porventura muito misturada ou mesmo escondida por detrás de muitas trevas. Ela está presente e quer iluminar os nossos caminhos, as nossas escolhas, o nosso futuro. Para além dos sinais sensíveis do Natal que fazem parte das nossas celebrações, temos a oportunidade de ir mais longe e em maior profundidade, discernindo as sombras e as luzes. Jesus é a Luz do mundo anunciada pelos profetas de outrora e a Luz do mundo a pedir vozes e ações proféticas na atualidade. Vamos ao presépio, entremos no coração de Deus, que nos criou, nos ama e nos sustenta. É a possibilidade do nosso presente e futuro; é a possibilidade da humanidade que somos. É a Luz do Natal de Jesus que quer iluminar o nosso mundo, acolher a todos e desfazer as trevas que há em nós com a luz do seu amor. Coimbra, 24 de dezembro de 2024Virgílio do Nascimento AntunesBispo de Coimbra
NATAL 2024 “Anuncio-vos uma grande alegria: nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2, 14).Esta foi a notícia do Natal de Jesus proclamada há dois mil anos e é a notícia proclamada hoje, causa da mesma alegria para todo o povo.É Natal! O Filho de Deus fez-se homem no seio da Virgem Maria para se aproximar de nós e nos dar a possibilidade de nos aproximarmos d’Ele, a graça de vencermos todos os nossos medos e alimentarmos a esperança que Ele nos dá.Ao aproximar-se o Jubileu da Esperança, que celebramos a partir do Natal de Jesus, reencontramo-nos com os sinais de esperança presentes nas nossas vidas e refazemos o caminho interior da fé que leva a olhar para tudo de maneira nova. Sozinhos não podemos percorrer esta estrada com a mesma alegria, nem debelar os medos que se instalam em nós.Deus que nos criou e que é cheio de bondade, não quereria deixar-nos entregues a uma condição de perdidos no meio do mundo por causa das nossas debilidades e dos nossos pecados. Deus tomou a iniciativa de enviar o Seu Filho para nós, para que a Sua bondade e o Seu amor fossem uma companhia que nos anima e liberta.Há, de facto, sinais de esperança no nosso mundo, desde o desejo de amor que nos habita até aos anseios de paz que povoam a face da terra. Felizmente são muitos os que sonham com um mundo melhor e trabalham por ele com honestidade e disponibilidade para dar a sua vida por ele. São muitos os gestos de amizade e solidariedade que exprimem a força do amor e que contribuem para que os outros sejam mais felizes. Abundam entre nós atitudes de verdadeira doação da vida, que tornam mais leve a vida das pessoas, das famílias e dos povos. A notícia do Natal de Jesus continua a ser proclamada com alegria e determinação, como proposta aberta a todos aqueles que Deus ama e Ele ama a todos.No Natal centramo-nos nos sinais de esperança que povoam o nosso mundo e procuramos que estejam presentes em todos os dias do ano, em todos os cantos do planeta e onde quer que haja uma pessoa, um irmão ou uma irmã, que é sempre digna apesar das circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis da sua existência.Não temais, é a palavra forte que escutamos no Natal. É difícil para muitas pessoas acolher este convite, quando estão envolvidas por situações verdadeiramente aflitivas: por causa das divisões familiares, da falta de saúde, de trabalho, de meios necessários para viver. É também difícil não temer quando o coração está vazio ou quando não se respira um ambiente de amor à sua volta. Como não temer quando se é migrante e refugiado e se veem negados os direitos em terra estrangeira ou se não encontram horizontes de futuro para as famílias? Como não temer quando falta a fé e não se conhece o Menino Deus nascido em Belém e se fica enredado nas esperanças oferecidas simplesmente pelos horizontes materiais e terrenos, sempre incapazes de nos projetar para a eternidade?Jesus, no Natal, vem sempre até nós com a oferta da Sua Pessoa e com a proposta de acolhimento que nos transforma por dentro, no coração. D’Ele não temos medo, porque é digno de toda a fé e de toda a confiança que nos impele a sairmos de nós para estarmos com Ele e como os irmãos.Gostaria de propor a todos os que escutarem a mensagem do Natal, que tomassem uma decisão: este é o meu Natal do coração, o meu Natal espiritual. Vou olhar para Jesus, vou centrar-me n’Ele, vou acolhê-l’O como nunca O acolhi e vou olhar para os outros de uma forma nova, vou estar com a minha família como lugar de festa e para a humanidade como lugar de encontro, vou pensar na minha vida como dom para todos e na dos outros como possibilidade de felicidade.Gostaria ainda de propor a todos os que escutam a mensagem do Natal, que pedissem a Jesus o dom de reatar a fé cristã ou de a acolher pela primeira vez, não como uma derrota para a sua humanidade, mas como uma relação com Deus, que renova em nós todas as coisas, que nos leva a refazer a esperança, a fortalecer o amor e a considerar a grandeza da nossa humanidade. “Nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo Senhor”. Notícia maior a dar sentido e esperança ao nosso mundo. Santo e feliz Natal! Virgílio AntunesBispo de Coimbra