
OS MINISTÉRIOS LAICAIS INSTITUÍDOSNA DIOCESE D...
Notícias em Destaque
Virgílio do Nascimento AntunesBispo de Coimbra
DECRETO DE NOMEAÇÃO
Considerando que o Reverendo Cónego Luís Miguel Baptista Costa me manifestou a vontade de deixar o exercício de todo o serviço eclesial que lhe estava confiado;
Considerando que há necessidade de se prover, quanto antes, à nomeação de um novo Vigário Judicial para a nossa Diocese;
Considerando que concorrem no Reverendo Cónego Pedro Carlos Lopes de Miranda as qualidades necessárias para o bom desempenho deste cargo;
HAVEMOS POR BEM NOMEAR:
De harmonia com os cânones 1420 e ss., e por um período de cinco anos, o Reverendo Cónego PEDRO CARLOS LOPES DE MIRANDA, Vigário Judicial da Diocese de Coimbra.
Coimbra e Casa Episcopal, aos 21 de abril de 2025.Virgílio do Nascimento AntunesBispo de Coimbra
VIRGÍLIO DO NASCIMENTO ANTUNESBispo de Coimbra
Sendo necessário assegurar e dar continuidade interinamente aos cuidados pastorais e à representação legal das paróquias de Anobra, Belide, Bendafé, Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Ega, Furadouro, Sebal Grande, Vila Seca e Zambujal, constituídas em Unidade Pastoral (UP de Conimbriga),
HAVEMOS POR BEM:
- Nomear, com efeitos imediatos, o nosso Vigário-Geral, Padre Manuel António Pereira Ferrão, Administrador Paroquial de Anobra, Belide, Bendafé, Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Ega, Furadouro, Sebal Grande, Vila Seca e Zambujal com todos os poderes e jurisdição canónica próprios do pároco;
- Manter o Padre José António Afonso Pais como Vigário Paroquial das referidas paróquias, com as faculdades concedidas pelo Direito, designadamente com jurisdição para a celebração dos sacramentos;
- Nomear os Diáconos António Agostinho Fernandes de Sá e Joaquim Carlos Mendes Gonçalves, colaboradores do Administrador Paroquial.
Dado em Coimbra, Casa Episcopal, aos 22 de abril de 2025.VIRGÍLIO DO NASCIMENTO ANTUNESBispo de Coimbra
No dia 27 de abril de 2025, II Domingo da Páscoa, no Hospital Distrital da Figueira da Foz, faleceu o Rev.do Padre JOAQUIM DUARTE GOMES.
Nasceu a 15 de setembro de 1930, na freguesia de Paião, concelho da Figueira da Foz. Filho de António Duarte e de Rosa Gomes. Entrou no Seminário da Figueira da Foz em outubro de 1943 e, concluido o curso de Teologia no Seminário Maior de coimbra, foi ordenado presbítero no dia 15 de agosto de 1955 na igreja da Sé Nova de Coimbra por Dom Ernesto Sena de Oliveira.
O seu Ministério sacerdotal foi exercido nos seguintes Cargos:
- novembro de 1955 – colaborador da Câmara Eclesiástica- janeiro de 1956 – Pároco de Friúmes e São José de Lavegadas- setembro de 1958 – Pároco de Degracias e Tapéus- novembro de 1961 – Pároco de Pombalinho- outubro de 1974 – Pároco de Vila Verde- março de 1976 – Pároco da Carapinheira- outubro de 1981 – Pároco de São Paulo de Frades e Eiras- dezembro de 1995 – Pároco de Brasfemes e Torre de Vilela- setembro de 2002 – Pároco de Castanheira de Pera e Coentral
Tendo solicitado ao seu Bispo em 1956 autorização, obteve o Diploma de Ensino Particular. Foi durante muitos anos professor de Educação Religiosa e Moral Católica e também Notário do Tribunal Eclesiástico de Coimbra.
Foi dispensado dos serviços eclesiais em setembro de 2011, ficando a residir no seu apartamento em Coimbra.
Depois de uma breve passagem pela Casa do Clero, os seus últimos tempos foram vividos num lar de idosos em Borda do Campo, Paião.
Na próxima terça-feira, dia 29 de abril, pelas 11h na igreja paroquial do Paião, será celebrada a Missa Exequial, seguindo-se o sepultamento do seu corpo no cemitério de Calvino.
Paz à sua alma!
Coimbra, 28 de abril de 2025.
MISSA NA MORTE DO PAPA FRANCISCO
Caríssimos irmãos e irmãs!
Em profunda comunhão com a Igreja de Cristo, celebramos a missa de ação de graças pela vida e missão do Papa Francisco e para pedir a Deus que o acolha na glória da eternidade.
Somos agradecidos a Deus pelo dom que ofereceu à Igreja e à humanidade no Papa Francisco. Estávamos num tempo de grande perturbação na Igreja, com muita dificuldade de erguer a cabeça no meio de escândalos, afastamentos, dificuldades internas e externas que dificultavam a tarefa de levar por diante o projeto de Deus, o de sermos como Igreja peregrina unida a Cristo, o sinal da salvação de Deus para todos os povos da terra. Deus mostrou-nos de novo que não esquece o Seu povo e que nunca o deixa abandonado ou entregue às suas provações.
A novidade que irrompe com a pessoa, a palavra e a ação do Papa Francisco, precisa de ser lida à luz da fé na assistência contínua do Espírito Santo à Igreja. Não significa que tenham acabado as provações, mas temos a confiança necessária para continuar o caminho, animados pelo pastor que nos foi dado.
Rezamos pelo Papa Francisco, agora que terminou a sua peregrinação sobre a terra, porque acreditamos que toda a criatura humana só pode alcançar a vida eterna pela fé e pela misericórdia de Deus. Jesus Cristo ofereceu-se à morte de cruz para salvar todos os que estavam sujeitos ao pecado e à morte, e o Papa Francisco tinha plena consciência desse mistério da fé que nos envolve.
A nossa oração pelo Papa é, ao mesmo tempo, um sinal do nosso amor por ele, da comunhão que nos une e da obediência generosa e disponível que manifestamos em relação à sua pessoa e missão. O pedido mais frequente do Papa aos fiéis, tanto nas grandes assembleias como nos encontros pessoais, é este: rezem por mim; não vos esqueçais de rezar por mim. Não se tratava de uma fórmula ou de um refrão que se usam de ânimo leve ou por hábito adquirido; tratava-se de uma convicção, aliás manifestada logo quando compareceu no balcão da basílica de S. Pedro após a eleição e pediu à assembleia de fiéis que implorasse para ele a bênção de Deus. Significava a consciência de estar nas mãos de Deus, a disponibilidade para realizar exclusivamente a obra de Deus, a certeza de que não poderia realizar a sua missão sem a força de Deus.
Assim como rezámos por ele durante a vida, rezemos também por ele na morte; manifestamos o nosso amor filial, a nossa obediência ao seu magistério e a nossa fé segundo a qual a salvação da humanidade é a obra mais maravilhosa de Deus.
Além de agradecermos a Deus, agradecemos ao Papa Francisco porque nos deu um grande testemunho de submissão aos desígnios de Deus e nos ensina a incarnar o Evangelho na vida à maneira dos apóstolos e discípulos do Senhor.
A leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos, que escutámos, levam-nos a fazer uma releitura do Papa Francisco em chave bíblica e a ver nele a continuidade dos apóstolos do Senhor de quem é sucessor pela vocação a que foi chamado, mas também pelo modo como a viveu com a totalidade das suas forças.
A figura do coxo de nascença que pede esmola à Porta Formosa do Templo, leva-nos a evocar todos os pobres que se sentiram nomeados, queridos e amados pelo Papa Francisco. Como Pedro e João, ou seja, como fizera Jesus, olhou fixamente para eles, cruzou o seu olhar com eles que o fixavam atentamente, e ofereceu-lhes o que tinha para dar: a força do amor e da esperança que veem de Deus e fazem refazer a vida para o caminho.
Nesse cruzar de olhares e nessa relação nascida da misericórdia e da compaixão, Francisco gerou corações novos, vidas novas, esperanças novas em tantos homens e mulheres, que se reergueram nas situações difíceis em que se encontravam.
Muitos viram por meio dele o olhar de Jesus, que cura, que perdoa, que acolhe, que dá esperança, que salva. A admiração e o assombro diante da sua profunda humanidade e da sua imensa piedade foram caminho de encontro com Jesus, proclamado e acolhido na eloquência simples dos gestos, mais do que na arquitetura sumptuosa dos discursos. O Evangelho foi anunciado a todos por meio da força do testemunho autêntico: “não tenho ouro nem prata, mas dou-te o que tenho: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”, pois queremos fazer caminho juntos, a única forma bela e feliz de caminhar – juntos.
No gesto de Pedro, que toma a mão direita do coxo de nascença e o ajuda a levantar-se, vemos a atitude de Jesus que se curva diante de todo o homem que ajuda a erguer-se e ouvimos o eco das palavras de Francisco: a única vez que podemos olhar alguém de cima para baixo é quando nos curvamos para lhe dar a mão e o ajudar a erguer-se. Estas palavras ficarão a ressoar dentro de nós e a marcar para sempre o ritmo da nossa vida de discípulos de Jesus.
Em nome de toda a humanidade, queremos ainda agradecer ao Papa Francisco por nos ter ajudado a nós e a tantos outros a reconhecer Jesus nos caminhos desta vida.
O texto do Evangelista Lucas, intitulado “os discípulos de Emaús”, teve um significado muito particular no ensino do Papa Francisco e no modo como viu a Igreja e a humanidade.
Jesus abriu os olhos do entendimento aos discípulos de Emaús que peregrinavam sem ânimo à procura de esperança no meio das suas desilusões. Como discípulo e como pastor, o Papa levou a muitos a alegria de acreditar, o ardor do encontro com o Senhor, a possibilidade de renascer por meio da água e do Espírito, a força da fé, da esperança e do amor.
O convite a caminharmos juntos uns com os outros e com Cristo, na Igreja, a que chamou caminho de sinodalidade, fica para nós como proposta consistente, profundamente evangélica, que traz a força de renovação comunitária de que precisamos. Ao mesmo tempo, define a atitude a que é chamada a Igreja neste mundo – caminhar com todos os homens no meio das suas tristezas para os ajudar a reconhecer Cristo que caminha com eles.
“Caminhar juntos” é ainda um desafio para todos os povos, como único caminho para o encontro, a fraternidade e a paz – causas que o Papa Francisco trouxe no coração até ao fim, porque são causas da humanidade que Deus ama.
Nesta Páscoa, em que celebramos o triunfo de Jesus Cristo sobre a morte, o último inimigo a ser vencido, renovemos a esperança que o Papa Francisco nos incentivou a viver.
Renovemos a esperança com gestos sinceros de acolhimento da fé viva como dom de Deus, de enraizamento no Evangelho como Palavra que nos guia, de vivência em comunidade cristã onde todos são chamados a caminhar juntos.
Renovemos a esperança também no encontro fraterno com os irmãos e irmãs que Deus pôs no nosso caminho, no cuidado com os mais pobres e excluídos, no acolhimento de todos os que lutam na pobreza, na doença, na solidão e sem esperança – todos os que o Papa Francisco amou de verdade por serem os prediletos de Jesus.
Renovemos a esperança que o Papa Francisco proclamou entre nós na Jornada Mundial da Juventude, um momento de graça que nem nós nem os jovens de todo o mundo poderão esquecer.
Obrigado, Papa Francisco!
Coimbra 23 de abril de 2025Virgílio do Nascimento AntunesBispo de Coimbra
Ser Cristão
Num mundo em rápida mudança, onde ideias e tendências surgem e desaparecem rapidamente, ser cristão pode parecer um desafio. Mas o que realmente significa ser cristão hoje? Como é que a nossa fé nos define? Qual é a nossa identidade como discípulos de Cristo?
Ser cristão é ser filho de Deus pela graça da fé e do batismo. A nossa relação com Deus não é com um Ser distante, mas com um Pai amoroso para os seus filhos. Pelo batismo somos incorporados na família divina, que nos dá dignidade e valor infinitos. Deus chamou-nos a sermos filhos para vivermos com um propósito, que é ama-l’O e aos outros. Ser cristão significa viver com a consciência de que temos uma missão no mundo: sermos testemunhas do amor de Deus nos nossos relacionamentos, no nosso trabalho e nas nossas decisões. Ser cristão não é apenas respeitar regras ou viver uma ética correta, mas é o resultado de um encontro pessoal com Cristo. Quando nos encontramos com Cristo, não apenas mudamos a nossa maneira de ver o mundo, mas também descobrimos a verdadeira imagem de Deus. É através deste encontro com Jesus, que morreu e ressuscitou para nossa salvação, que vamos descobrir o amor incondicional que Deus tem por nós. Um cristão é alguém que foi amado primeiro por Deus e que, em resposta, escolhe amar a Deus e aos outros. Para vivermos como cristãos no mundo moderno, devemos lembrar-nos continuamente deste primeiro amor, a partir do momento em que descobrimos Jesus.
Então, a vida cristã organiza-se em torno de três grandes pilares: a fé que temos, os sacramentos que celebramos e a vida moral que vivemos.
Como cristãos, acreditamos num Deus que é um e é trino (três); em Jesus Cristo que incarnou, morreu e ressuscitou para nossa salvação, e no Espírito Santo que nos guia. Este credo não é simplesmente uma declaração intelectual, mas uma verdade que molda as nossas vidas. Quando cremos que Deus é nosso Pai, a fé dá-nos confiança e paz em relação às dificuldades da vida. Saber que somos redimidos por Cristo liberta-nos do desespero e dá-nos esperança relativamente ao sofrimento, através dos sacramentos.
Na Eucaristia, os cristãos são unidos a Cristo de uma maneira muito real. Cada sacramento é um encontro com Cristo vivo, que nos fortalece e transforma. A vida cristã, portanto, não consiste apenas num relacionamento privado e isolado com Deus, mas numa comunhão com Ele e com os outros. Os sacramentos, sinais da presença de Deus, ligam-nos à Igreja, ao Corpo de Cristo, e mostram-nos de que não estamos sozinhos na nossa jornada de fé.
A vida moral que vivemos não é apenas para acreditar ou celebrar os sacramentos, mas também para vivermos de uma maneira que reflita o amor de Deus.
Devemos viver segundo o mandamento do amor, que resume toda a lei de Deus: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e toda a tua alma e o próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37-39). Este mandamento tem implicações na nossa vida diária, na forma como tratamos a nossa família, amigos e a sociedade em geral.
Por fim, ser cristão significa viver com uma esperança que não dececiona (Rm 5,5). O mundo oferece-nos muitas promessas vazias, mas o cristianismo dá-nos como esperança firme, a vida eterna com Deus e essa esperança transforma a nossa perspetiva de vida.
Em suma, ser cristão, é viver como filhos amados de Deus, transformados pelo encontro com Cristo, fortalecidos pelos sacramentos e chamados a amarmo-nos uns aos outros com um coração como o de Jesus. É uma identidade que dá sentido à nossa existência e nos convida a sermos sinais vivos do amor de Deus num mundo que precisa desesperadamente dessa luz na forma como agimos no trabalho, ou como nos relacionamos com aqueles que pensam diferente.
José Aníbal BarreirosComissão Diocesana Justiça e Paz