Ódio e Violência

Ódio e Violência

 Sim, a paz é possível, se escolhermos “romper a espiral da violência”. Assim proclamava o Papa Francisco na visita ao Congo em 01/02/2023.

Porquê a falar de ódio e de violência neste tempo de Natal?

É em tempo de trevas que urge sonhar a aurora. Podemos ter piedosos discursos natalícios, mas ódio explode nas nossas ruas, nos dramas da violência doméstica, na virulência do discurso desavergonhado de políticos, na perigosa disseminação das «falsas notícias». Dramático é esse ódio alimentar dramas e conflitos.

«Não posso respirar» é o sussurro lancinante de George Floyd pronunciado 13 vezes nos 8 minutos e 56 segundos de asfixia. Esse sussurro tornou-se grito e protesto de todas as vítimas de racismo, xenofobia, aporofobia, etc. Dramático é esse ódio não ser acontecimento isolado, mas disseminado internacionalmente através dos campos de cultura privilegiados: fundamentalismo religioso e cultural, rejeição de emigrantes e dos diferentes, machismos, etc. Dramático é transformar-se numa rede internacional a que José Tamayo chama a internacional do ódio. Dramático é que setores integristas da Igreja católica e das Igrejas evangélicas sejam cobertura religiosa dessa corrente desumanizadora… Deus e a Bíblia passaram a fazer parte da propaganda política dos líderes «populistas» e o «providencialismo religioso» tornou-se forma de autenticidade das suas propostas. Veja-se Trump com a sua Bíblia: «Feliz Semana Santa! Vamos fazer a América orar novamente. À medida que avançamos para a Sexta-feira Santa e a Páscoa, encorajo-vos a obter uma cópia da Bíblia God Bless the USA». Esta Bíblia apresenta uma bandeira americana e as palavras “Deus abençoe os EUA” impressas na capa e, no interior, a Declaração de Independência, o Juramento de Fidelidade e outros documentos americanos. A zona integrista da Igreja católica também navega por essas águas. Veja-se a presença de padres envolvidos na tentativa de golpe de estado no Brasil, recentemente posta a descoberto, ou a declaração dos padres em 'La Sacristia de la Vendée' a desejar a morte do Papa Francisco.

Como se desconstrói o discurso do ódio?

Eis algumas observações de Tamayo: ‘Não legitimar o discurso e as práticas do ódio com o silêncio. Não é natural o ódio. É algo que se incuba, programa, cultiva e fomenta. Não se pode normalizar. É necessário eliminar as causas que o podem provocar. Não responder ao ódio com mais ódio. Tentar descobrir as causas para agir aí. Reconhecer os outros como iguais e diferentes. Prever as situações provocadoras de ódio. Defender a democracia. Ter uma visão aberta da sociedade respeitando o pluralismo a nível político, religioso, social, cultural, étnico, etc,’ (Cf. Juan José Gil Tamayo, La internacional del odio, Icaria ed., Barcelona, 2022, Pp. 181-184).

«A escuridão não pode expulsar a escuridão: só a luz o pode fazer. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso» Luther King.

Um santo Natal. Paz aos homens (todos) por Deus amados…

Idalino Simões

 

 

 

 

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