Tempo de Férias
Por esta altura do ano grande parte do país está de férias e muito dele, sobretudo as nossas aldeias, em festa. Muitos de nós estaremos também a gozar uns dias de praia, a aproveitar para participar nos muitos festivais de verão, nas festas e romarias da nossa aldeia (essas certamente) ou a fazer viagem turística planeada ao longo de todo o ano.
É um descanso merecido, até previsto na lei para quem é trabalhador por conta de outrem. A legislação refere que o “direito a férias é irrenunciável” e que este “deve ser exercido de modo a proporcionar ao trabalhador a recuperação física e psíquica, condições de disponibilidade pessoal, integração na vida familiar e participação social e cultural.”
A legislação portuguesa olha assim para as férias numa dupla perspetiva – descanso do trabalhador com as férias a permitirem aliviar o stress do trabalho e “recarregar as baterias” e maior produtividade , pois ao regressar espera-se que as pessoas se encontrem mais dinâmicas, concentradas, dedicadas e criativas, desempenhando assim de forma mais eficaz as suas funções.
As férias constituem uma pausa no ritmo de trabalho, correspondendo à necessidade do nosso organismo ter uma pausa periódica para recuperação do desgaste físico e mental. Ajudam a relaxar e a aumentar os níveis de energia e de criatividade.
Se isto é necessário, é importante, contudo aproveitar com a maior qualidade possível este tempo.
Desde logo nas relações familiares. Nas férias, pais e filhos têm a oportunidade de passar mais tempo juntos e de desfrutar da companhia uns dos outros, o que é importante para reforçar os laços afetivos e viver experiências e que vão gerar memórias positivas, sentimentos de pertença e de bem-estar.
Por outro lado, é importante termos este tempo disponível para atividades sociais, culturais ou desportivas, para organizarmos tudo aquilo que não conseguimos com a azafama do ritmo de trabalho e quem sabe, descobrir novas relações e vivencias, pois as rotinas muitas vezes limitam a criatividade e a amizade.
Nestes dias de repouso, imersos na tranquilidade das nossas férias, podemos permitir-nos “o luxo” de desfrutar do prazer simples e enriquecedor de ler um livro ou apenas um jornal. A leitura, seja do jornal ou de um livro, proporciona uma valiosa distância da rotina diária, essencial para refletir sobre os assuntos com a perspetiva necessária que só o distanciamento pode oferecer.
Que o tempo das férias nos permita esta sensação inigualável de poder abrandar o ritmo frenético da vida quotidiana e saborear momentos de lazer, onde o tempo parece dilatar-se, permitindo-nos "perder tempo" de forma produtiva.
O tempo de férias é pois, de descanso, de repouso, de conviver com a família, com os amigos, de ler um livro, de retomar uma atividade ou aquela viagem para a qual nunca tivemos tempo.
Mas é um tempo que, por escasso e nobre, deve ser muito bem aproveitado. Cada dia, deve ser vivido com sentido, em paz, amor e alegria. Sigamos as sugestões do Papa Francisco para as pessoas que se encontram a gozar férias, recomendando que encontrem tempo para a oração e a partilha- “Desejo que o período de férias seja para vós um tempo de descanso e também uma oportunidade para reavivar os laços com Deus e os homens. Não descureis a oração diária, a participação na Eucaristia dominical e a partilha do tempo com os outros”,
Que as energias que vamos carregar sejam de tempos bem vividos, de tempo de qualidade já que ele é um bem tão escasso, de tempo de paz e de esperança neste mundo onde tanta falta faz, de tempo de celebração e de felicidade. Que a pausa, longe das pressões diárias, não seja apenas um descanso físico, mas uma oportunidade para recarregar a alma e reencontrar o equilíbrio.
Que as oportunidades que as férias nos proporcionam sejam ocasião de conviver, de confraternizar, de construir, de dignificar e de amar.
Boas férias
Luís Rocha – Comissão Diocesana Justiça e Paz