VII SIMPÓSIO DO CLERO DE PORTUGAL - 4 A 7 DE SETEMBRO DE 2012 - CENTRO PASTORAL PAULO VI, SANTUÁRIO DE FÁTIMA

1. Estamos a iniciar o VII Simpósio do Clero, subordinado ao tema “O padre, homem de fé – do mistério ao mistério”, que decorre de 4 a 7 de Setembro, promovido pela Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.

Foi preparado pela Comissão Episcopal com a colaboração alargada dos Delegados Diocesanos e a colaboração mais restrita de um pequeno grupo de trabalho, constituído pelos delegados das dioceses de Braga, Lisboa e Portalegre-Castelo Branco, indicados na primeira reunião realizada para o efeito, no dia 24 de Janeiro, aqui em Fátima.

Das muitas temáticas possíveis e pertinentes que então emergiram, optou-se logo de início pela formulação que agora temos e que deu origem ao presente programa, pelos seguintes motivos:

- por querermos sintonizar com o Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI, e querermos, por isso, inserir-nos nos dinamismos da Igreja Universal e das Igrejas Locais;

- por estarmos conscientes de que a fé é uma caminhada que abrange todos os membros da Igreja, sendo os padres, de algum modo, um dos rostos mais visíveis dessa realidade;

- por sentirmos ser importante, na presente situação da vida da Igreja e dos sacerdotes, uma reflexão aprofundada sobre o mistério de fé que nos envolve e o ministério que somos chamados a exercer;

- por desejarmos que o Simpósio seja expressão assumida dos novos desafios que devemos perscrutar neste âmbito da fé que se vive e que se torna o objeto central de toda a ação pastoral que desenvolvemos.

 

2. Ao enunciar o tema deste modo, “O padre, homem de fé”, estamos a dizer algo de óbvio, que pode até parecer desnecessário no contexto eclesial em que nos encontramos. A mesma expressão se aplica a todo o membro da Igreja e discípulo de Jesus Cristo, a todo o cristão, homem/mulher de fé.

O próprio Papa Bento XVI, ao convidar-nos a celebrar um Ano da Fé, assume estar a centrar-nos no essencial do mistério que nos envolve e da missão que recebemos, quando diz: “Sucede, não poucas vezes, que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como pressuposto óbvio da sua vida diária” (PF 2).

Em todos os tempos, talvez mais ainda no nosso, a Igreja nos recorda, agora pela voz do Papa, “a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (PF 2). Esta necessidade abrange todo o Povo de Deus, ou, como diz o Papa, “a Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela” (PF 2).

Este Simpósio pretende, por isso, ajudar-nos a tomar consciência de que o apelo a uma fé assumida como resposta ao chamamento de Deus é o caminho que temos a percorrer. Se o considerarmos como “pressuposto óbvio” poderemos trair a própria verdade da nossa fé pessoal, que é sempre ser caminho de encontro com Cristo; poderemos perverter as legítimas expectativas e esperanças que o Povo de Deus deposita em nós e comprometeremos, sem dúvida, a vocação e missão que o Senhor amorosamente nos concedeu sem qualquer merecimento da nossa parte.

 

3. As últimas décadas ficaram marcadas por uma reflexão séria acerca da identidade do padre. Entre nós, em Portugal, caminhou-se muito na compreensão dos elementos fundamentais dessa identidade, à luz da Escritura, da Tradição e dos documentos do Concílio Vaticano II, bem como do Magistério pós-conciliar.

Se parece haver bastante tranquilidade no que respeita à questão da identidade do padre, estamos, porventura, numa fase em que há alguma inquietação e muitas interrogações no que respeita ao agir do padre.

Sente-se, hoje, uma certa fratura entre diferentes modos de estar na Igreja como padre, que se manifestam em diferentes formas de ação pastoral, diferentes modos de relação com o Povo de Deus, diferentes atitudes face à teologia, à liturgia ou à moral. Por trás estão, com certeza, correspondentes modos de ser, de se compreender a si mesmo e de pensar a Igreja.

Questão transversal é a da fé e do modo como é entendida, assumida e vivida pelos padres de hoje, mais novos ou mais velhos, mais ativistas ou mais intimistas, mais centrados no ser ou mais centrados no agir, numa relação de maior abertura à comunidade humana ou mais fechada no círculo da comunidade cristã.

Desejaria que o Simpósio nos trouxesse luzes sobre algumas destas questões, bem sentidas na Igreja em Portugal, e espero que assim aconteça.

 

4. Quero neste momento saudar fraternalmente todos os participantes no Simpósio: bispos, presbíteros, diáconos e alguns seminaristas maiores. Formulo os melhores votos de que possa constituir um bom momento de encontro e partilha da amizade e comunhão que nos une. Espero igualmente que seja um tempo bem aproveitado e se revele da maior utilidade para cada um e para as comunidades que servimos.

Agradeço aos meus colegas da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, e D. José Cordeiro, bispo de Bragança, a disponibilidade manifestada para este trabalho de equipa durante a preparação do Simpósio.

Agradeço, de um modo particular, ao P. Emanuel Silva, que assumiu a missão de Secretário da Comissão já com a programação a decorrer, o esforço suplementar que teve de fazer para que tudo estivesse preparado a tempo.

Agradeço também a todos os que se dispuseram a dar algum do seu tempo e da sua colaboração, tanto na fase preparatória como aqui no decorrer do Simpósio, para que ele seja proveitoso a todos nós: os conferencistas, os participantes nos painéis, os moderadores, os presidentes das celebrações, os que prepararam o guião litúrgico e outros materiais, os delegados das dioceses que se encarregaram de dinamizar o clero e organizaram a logística relativa à participação de cada uma das dioceses.

 

5. Caríssimos irmão e amigos, que as luzes do Espírito Santo, que há pouco invocámos, conduzam a nossa inteligência e o nosso coração durante estes dias e que nos acompanhe a proteção de Nossa senhora de Fátima, Mãe dos Sacerdotes.

 

Fátima, 4 de Setembro de 2012

Virgílio do Nascimento Antunes, bispo de Coimbra

Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios

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