250 anos do Seminário Maior - Homilia da Missa - S. Simão e S. Judas

S. SIMÃO E S. JUDAS, APÓSTOLOS
FESTA DOS 250 ANOS DO SEMINÁRIO DE COIMBRA

Caríssimos irmãos e irmãs!

Deus não cessa de abrir-nos os caminhos do anúncio do Evangelho pelo qual chega ao mundo a salvação por meio de Jesus Cristo. Em cada tempo da história suscita na Igreja os meios necessários para a realização do seu plano de misericórdia, pois não quer que se perca nenhum daqueles que criou. Nas coisas grandes e nas pequenas vemos os sinais de um coração de pai e pastor que não abandona o seu rebanho, mas cuida dele com amor eterno.
Hoje, somos convidados a ver na história do Seminário de Coimbra um desses acontecimentos que poderiam ser considerados simplesmente como um momento da história humana vocacionados para o crescimento teológico e cultural de uma comunidade, mas que, à luz da fé, lemos como um verdadeiro lugar de ação do Espírito Santo.
Independentemente da avaliação que possamos fazer dos resultados alcançados, cremos ser uma iniciativa de Deus, bem enquadrada na caminhada da Igreja, cuja realização histórica a leva a suscitar no seu seio os lugares e meios mais oportunos para realizar a sua missão. Ressoa aos nossos ouvidos a palavra do Apóstolo S. Paulo na Epístola aos Efésios que nos lembra: “Em Cristo, toda a construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo do Senhor”. Uma vez que se trata de uma obra da Igreja, trata-se de uma participação em Cristo, no qual cada pessoa e cada obra devem ter o seu lugar bem adequado, devem crescer com o único objetivo de formar o templo santo do Senhor. Como que a dizer-nos que, na Igreja não podem ter lugar obras ou ações supérfluas, mas tudo deve encontrar em Cristo o seu sentido e a sua razão de ser, tudo deve concorrer para o fim último que é a concretização da vocação à santidade universal de todos os membros do seu corpo.
Quando alguém responde aos apelos da Igreja e decide empreender o caminho proposto, está certamente a manifestar a docilidade aos planos de Deus, que na sua bondade infinita orienta tudo para o bem dos seus filhos. O simples facto de iniciar a fundação de um seminário, o que poderia parecer uma obra humana, insere-se nesta longa iniciativa divina e tem um alcance eclesial que agradecemos de coração Àquele que renova todas as coisas e aos que, na atitude de docilidade e serviço se dispuseram a torná-las realidade.

Na leitura cristã que fazemos do Salmo responsorial que cantámos sublinhava-se a finalidade evangelizadora de toda a obra da Igreja: A sua mensagem estendeu-se a toda a terra. O mandato missionário de Jesus é para todos os tempos e é para toda a Igreja, pois ela tem por vocação o anúncio do Evangelho da salvação, ao serviço da qual estão todos os seus membros e todas as suas estruturas.
Temos de interrogar-nos muitas vezes acerca do nosso empenho missionário e acerca da finalidade evangelizadora das nossas iniciativas pastorais, litúrgicas, catequéticas, espirituais e sócio-caritativas, sob pena de podermos andar ocupados e mesmo atarefados, mas desviados do verdadeiro mandato do Senhor.
Quando na introdução ao nosso Plano Pastoral Diocesano nos definimos como “Comunidade que anuncia o Evangelho”, pretendemos que a comunidade diocesana nunca perca o verdadeiro sentido de tudo aquilo que hão de ser os seus empreendimentos, tanto materiais como espirituais, tanto pastorais como sociais ou culturais. No dia em que perdemos a consciência desta orientação e desta motivação, perde-se a identidade específica dos nossos planos e projetos, perde-se a identidade cristã e passamos a ser uma obra entre as outras, uma escola, uma instituição de solidariedade, uma comunidade ou um projeto entre os outros.
A nossa verdadeira identidade está em Cristo onde queremos ser construção bem ajustada, onde crescemos para formar um templo santo, onde nos tornamos, no Espírito Santo, morada de Deus, onde assumimos a missão de anunciar a Boa Nova a toda a terra.

O texto do Evangelho segundo S. Lucas apresentava-nos o chamamento dos apóstolos como ação orientada para a realização do plano de Deus acerca da Igreja. Toda ela está ao serviço da misericórdia de Deus que se manifesta na atenção aos que precisam do feliz anúncio da salvação: os que querem ouvir Jesus e ser curados das suas doenças, os que procuram tocar-lhe porque acreditam que encontram n’Ele uma força que a todos cura.
Como Igreja apostólica, fomos constituídos em Povo pelo Deus que nos envia como sinal da sua misericórdia em favor da multidão dos homens. Como leigos, consagrados ou ministros ordenados, somos membros deste Povo Santo que não vive para si mesmo, mas para os outros a quem servimos com Cristo e em nome de Cristo. 

Caríssimos seminaristas, candidatos ao ministério dos leitores e dos acólitos, encontrareis a razão de ser da vossa caminhada em ordem ao sacerdócio ministerial no serviço humilde e alegre que sois chamados a prestar à humanidade enquanto membros desta Igreja Apostólica. Não sois para vós, mas para os irmãos, não recebeis a Palavra para a esconder, mas para a anunciar; não vos abeirais da eucaristia para ficar saciados, mas para alimentardes com ela o povo faminto; não sois somente olhados com misericórdia, mas portadores dos sinais da misericórdia de Deus aos homens necessitados dela.
Agradecei a Deus a grandeza da vossa vocação e continuai a deixar que Ele entre nas vossas vidas para que, por vós, possa entrar na vida daqueles a quem sois enviados e aí permaneça e faça a sua morada.

Irmãos e irmãs, que esta festa da celebração da fundação do nosso Seminário Diocesano seja portadora de um novo ardor missionário para a nossa Igreja. Precisamos urgentemente de passar da monotonia das nossas vidas e instituições para o entusiasmo de acolher Cristo e O anunciar pelos caminhos do nosso mundo.
Que esta festa nos ajude a intensificar a oração e a ação em favor das vocações sacerdotais, essenciais à vida da comunidade diocesana e sinal da vitalidade da nossa fé. Que, como Cristo, passemos longo tempo em oração, manifestando que tudo esperamos como dom da sua misericórdia; que, como Cristo, chamemos de forma direta e ousada, aqueles que Ele quer como servidores do seu povo. Que, como Cristo, acolhamos o convite para deixar tudo e partir como sinais da força de Deus que a todos quer curar e salvar.

À Sagrada Família, padroeira do nosso Seminário, peçamos a força do amor que tudo suporta, tudo crê e tudo espera, para que não desanimemos nas adversidades, acreditemos de todo o coração no poder de Deus e esperemos confiadamente um futuro feliz de bênção e de graça. Ámen.

Coimbra, 28 de outubro de 2015

 

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