Abertura Ano Pastoral - Homilia de Dom Virgílio

XXVII DOMINGO COMUM C
SÉ NOVA DE COIMBRA, 2022.10.02

Caríssimos irmãos e irmãs!

Abrimos hoje solenemente o novo ano pastoral, o segundo subordinado ao tema: “Jovem, levanta-te! Cristo vive”. Continuamos, por isso, a trabalhar em ordem à evangelização dos jovens e à sua inserção mais plena na Igreja. Desejamos ser fiéis à graça de que é portadora a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e ao desejo de Jesus, sempre disponível para chegar ao coração e à vida dos jovens e de todos os que queiram aceitar o encontro com Ele como novidade estruturante das suas vidas.

Este ano centramo-nos no tema: “Transmitir e viver a fé. Acompanhar em todas as idades”. Alargamos, por isso, o nosso olhar diocesano para a realidade mais vasta da evangelização de todas as gerações, procurando os métodos e meios mais adequados ao nosso tempo e aos destinatários a quem a mensagem há de chegar. Havemos de valorizar cada pessoa, de todas as idades, e privilegiaremos a presença, a amizade e o acompanhamento como método.

Sabemos que para transmitir a fé é preciso vivê-la como uma bênção que transforma a nossa vida; sabemos também que o discurso dirigido à inteligência e à razão têm a sua importância, porque há um conteúdo a comunicar, a Pessoa de Jesus Cristo; mas sabemos ainda que a via do testemunho alegre e feliz de acreditar no Senhor e de viver em Igreja, é portadora de uma força que arrasta e seduz.

São precisos homens e mulheres, cristãos impregnados de Cristo, felizes por O terem presente na sua vida e disponíveis para se gastarem por Ele em favor dos irmãos. As comunidades cristãs são convidadas a gerar no seu seio verdadeiros discípulos-missionários, homens e mulheres, que além de se enraizarem em Cristo, assumam a vocação de animar a fé dos outros, de maneira informal ou institucional.

Como aconteceu na Igreja das origens, quando Jesus chamou alguns para O seguirem de perto, a quem Jesus formou na Sua escola de vida e a quem Jesus enviou em missão, assim há de acontecer na nossa Igreja de Coimbra da atualidade. As comunidades locais, a partir dos seus órgãos de comunhão e corresponsabilidade coordenados pelos sacerdotes – equipas de animação pastoral e conselhos pastorais – são convidadas a chamar alguns dos seus membros em quem reconhecem os dons espirituais necessários; são convidadas a proporcionarem-lhes os elementos adequados para uma formação mais profunda na escola da fé e do Evangelho; e a nossa Igreja Diocesana de Coimbra assumirá a responsabilidade de os enviar em missão.

A nossa Diocese de Coimbra sente-se impelida a acolher os carismas que o Espírito Santo nela quer suscitar e que, na oração, havemos de discernir. Ela sente-se impelida a crescer com o auxílio dos ministérios e serviços muito variados que o Novo Testamento e a Tradição nos legaram: os ministros ordenados, presbíteros e diáconos; os ministérios instituídos dos leitores, acólitos e catequistas; os serviços vocacionados para a evangelização, liturgia e caridade, para a participação e corresponsabilidade e para a administração dos bens materiais.

 Acreditamos que a Igreja, verdadeiro Povo de Deus e comunidade de salvação querida pelo Seu Fundador, Jesus Cristo, o Senhor, é chamada a crescer nesta porção a que nos alegramos por pertencer. Acreditamos que o Espírito Santo nos concede a fortaleza prometida e a capacidade de discernimento, sempre na fidelidade à Revelação e à Tradição, as grandes âncoras que temos para caminhar seguros e fiéis na missão que nos foi confiada e que o Concílio Vaticano II nos propõe.

A liturgia de hoje convida-nos a duas atitudes fundamentais, que havemos de desenvolver como discípulos-missionários: suplicar pelo dom da fé e reanimar o dom de Deus que recebemos.

Segundo o Evangelho que hoje proclamámos, os Apóstolos disseram ao Senhor: “aumenta a nossa fé”. E o Senhor ajudou-os a compreender que a sua fé era demasiado pequena para acolher a realização da obra de Deus. No entanto, apesar de a sua fé ser pequena, a obra de Deus cresceu porque o Espírito estava presente e encontrou neles disponibilidade para darem a sua vida.

Os Apóstolos do Senhor fizeram o que deviam fazer, sempre na certeza de que eram servos inúteis, uma vez que a obra era de Deus. Assumiram-se como servos e nunca quiseram ser mais do que servos, pois bem conheciam a sua pobreza e pequenez, mas, ao mesmo tempo, deram-se na totalidade, sem olhar a renúncias e sacrifícios. Como aconteceu com Maria, também neles o Senhor fez grandes coisas, autênticas maravilhas, que cantaram com as suas palavras e com a sua entrega até ao fim.

“Senhor, aumenta a nossa fé”, é a oração confiante que havemos de ter sempre nos lábios e no coração, acreditando que a obra é de Deus e que, também em nós, o mesmo Senhor fará grandes coisas, apesar de sermos servos inúteis e de nem sempre fazermos o que devemos e podemos fazer.

O Apóstolo Paulo exorta Timóteo, de acordo com a segunda leitura que escutámos, a reanimar o dom de Deus que recebeu. Esta é uma exortação que vem também ao nosso encontro, cristãos de hoje, tentados a sucumbir diante da falta de fé e da timidez que nos assaltam no processo de evangelização a que somos chamados.

Em vez da enunciação das dificuldades que sentimos enquanto comunidade cristã, somos chamados a crescer na fortaleza e na caridade, a guardar “a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós”, tal como o Apóstolo também refere, estando na prisão.

Irmãos e irmãs, a obra é grande, mas o Espírito Santo habita em nós e fortalece-nos para a realizar connosco. Reanimemos, pois, o dom de Deus que recebemos no batismo e que a Igreja renova em nós por meio da Palavra, da Eucaristia e dos sacramentos da fé. Para quem crê não pode haver lugar para pessimismo nem para desânimo: o Espírito já nos foi dado e Jesus Cristo, que é fiel, prometeu estar connosco todos os dias até ao fim dos tempos.

Nesta abertura solene do ano pastoral, agradecemos ao Senhor a fé e a caridade de tantos irmãos e irmãs que, na nossa Diocese de Coimbra, têm dado a sua vida no anúncio do Evangelho e na edificação da comunidade cristã. Refiro-me, hoje, de modo especial, aos catequistas das crianças e adolescentes, aos animadores dos jovens e dos adultos. Muitos deles são jovens, outros gastaram largas décadas da sua vida, dia após dia, semana após semana, ano após ano, numa doação feliz, que nos comove.

Obrigado, em nome do Povo de Deus, pelo vosso testemunho de fé e caridade. Oferecemos o sacrifício do altar por vós, pelas vossas intenções e pedimos ao Senhor que continue a aumentar a vossa fé e a reanimar em vós o dom que recebestes.

Coimbra, 02 de outubro de 2022
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

 

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