Homilia de Domingo de Páscoa - Sé Nova - 05-04-2015

Caríssimos irmãos e irmãs!

Cada domingo ressoa aos nossos ouvidos o anúncio da boa nova pascal: Ressuscitou, não está aqui. Neste domingo, a mesma proclamação de sempre reveste-se de uma maior solenidade, porque é a celebração anual da Páscoa do Senhor, no culminar de um caminho de liturgia e vida, pessoal e comunitário, que nos faz acolher e incarnar essa novidade com renovada alegria e fé. 
Esta celebração anual, atualizada semana a semana na Eucaristia dominical, faz-nos sempre voltar ao acontecimento fundante da nossa fé cristã, ao lugar onde nascemos como Igreja, como filhos de Deus e como Povo da Nova Aliança. Viver de novo a Páscoa faz-nos não só voltar às raízes históricas da fé cristã, mas sobretudo fortalecer a realidade que agora somos em Cristo. Trata-se de um acontecimento do passado, que se recorda pela memória histórica; e trata-se de um acontecimento do presente, que se atualiza por meio do Sacramento da Eucaristia, o Memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor, que nos salva. 
Se hoje somos Igreja que caminha no tempo e vive da fé em Cristo é porque continuamos a acreditar na verdade do acontecimento narrado pelo Evangelho que escutámos; se formamos comunidades cristãs que vivem e partilham a esperança da salvação, é porque continuamos alicerçados numa notícia que, apesar dos seus dois mil anos, é portadora da força de Deus para o presente; se anunciamos e testemunhamos com palavras e obras uma esperança acima de todas as esperanças humanas, é porque já experimentamos na fé os efeitos do acontecimento salvador. 

A narração do Evangelho de João, que hoje escutámos, dá-nos conta do desejo incontido tanto das mulheres como dos discípulos de Jesus, que querem ver e acreditar que o seu Senhor não podia ficar refém das cadeias da morte. Como não suportam ficar mais tempo sem conhecer a feliz notícia, vão ao sepulcro de manhã cedo, ainda escuro, e correm, na certeza de que não encontrarão uma desilusão, mas a confirmação do que esperavam: Jesus devia ressuscitar dos mortos. 
A atitude das mulheres e dos discípulos que correm animados pelo desejo e pela esperança de encontrar uma feliz notícia, inspira a atitude dos cristãos e constitui, ao mesmo tempo, a sua característica específica no meio dos outros homens e mulheres que não partilham da mesma fé.
O cristão vive na esperança fundada na fé em Cristo morto e ressuscitado, o Senhor, que dá vida e salva. Em todas as situações, as felizes e as dramáticas, encontra sempre motivo para correr e se encontrar com a mais bela notícia, a da salvação em Jesus Cristo.
Mesmo diante da morte, o último inimigo as ser aniquilado, o cristão acredita que se abrem horizontes de eternidade, graças Àquele que por nós morreu e ressuscitou. Os dois discípulos corriam em direção ao sepulcro de Jesus, o lugar onde à luz da verdade humana se encontraria o anúncio de um fim irremediável, e ali, no lugar da morte, encontram os sinais de que, à luz da verdade de Deus, a vida continua a ser possível. 
Diante desta descoberta e desta verdade de fé ali revelada, resta aos discípulos continuar a correr, mas agora desfrutando da novidade conhecida, deixando que ela ilumine o sentido de tudo o que sonham, de tudo o que fazem e de tudo o que são. Não deixam que a vida passe por eles, não ficam à espera dos acontecimentos como sujeitos passivos, mas tornam-se protagonistas ativos e lançam-se na construção de si mesmos e do mundo com um entusiasmo renovado. Aqueles homens chamados discípulos tornam-se, em verdade, seguidores do Mestre, porque acreditam que lhes abre novos caminhos de vida.
O livro dos Atos dos Apóstolos, contando os efeitos da fé na ressurreição do Senhor nos seus discípulos, diz-nos que Ele os mandou pregar ao povo e dar testemunho daquele em quem acreditaram. Esta foi a sua última corrida, a do anúncio do Evangelho: correram a proclamar e correram a dar um testemunho fiel, que os levou ao martírio, pois o discípulo não é mais do que o Mestre. Ainda hoje, se somos discípulos e vivemos na fé em Jesus Cristo, o devemos à corrida dos Apóstolos que levaram o nome do Salvador a todos os povos da terra.

Cristãos e discípulos que celebram a Páscoa do Senhor no tempo presente, procuraremos atualizar em nós a experiência fundante dos primeiros discípulos:
Em primeiro lugar, procuraremos centrar-nos no mistério pascal de Jesus Cristo, apesar de tantos hábitos enraizados entre nós que, frequentemente, misturam a tradição cristã com muitas tradições de proveniências várias. A liturgia, a oração cristã, a leitura da Escritura, a piedade popular, a reflexão e o estudo, a catequese, nos ajudarão a fazer esta corrida em direção a Cristo. 
Em segundo lugar, procuraremos estar na vida animados pela fé e bem alicerçados na esperança, própria de quem confia mais em Deus do que nos homens. Trata-se da corrida da vida, como incarnação dos valores evangélicos da bondade, da verdade, da paz, da solidariedade e do amor. A Páscoa de Cristo torna-nos entusiastas da vida e colaboradores ativos na construção da Igreja e na transformação das realidades da sociedade e do mundo. 
Em terceiro lugar, procuraremos ser discípulos missionários, pois a alegria do Evangelho que irrompeu nas nossas vidas tem de ser comunicada. A fé em Cristo Salvador faz-nos acolher o envio solene: ide por todo o mundo. Se acreditamos que a salvação vem pelo conhecimento do Nome do Filho de Deus, impõe-se a corrida da Evangelização.

Caríssimos irmãos e irmãs, celebremos a festa do Senhor, de acordo com o convite feito pela liturgia, alegremo-nos porque o Senhor ressuscitou e corramos a dar ao mundo as razões da nossa fé e da nossa esperança.

 

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