II DOMINGO COMUM B - 1.100 ANOS DA FUNDAÇÃO DA IGREJA PAROQUIAL DE S. PEDRO DE LOUROSA

A celebração dos 1.100 anos desta Igreja Paroquial de S. Pedro, de Lourosa, constitui um acontecimento relevante da história da fé cristã nesta região de Oliveira do Hospital, de toda a diocese de Coimbra e do nosso país.

Damos graças a Deus pela graça da fé que concedeu aos nossos antepassados e pelo testemunho vivo que nos legaram, bem presente nas comunidades cristãs que formamos e simbolizado nas pedras desta igreja milenar.

Quiseram os organizadores destas festividades dar um especial relevo aos sacramentos da iniciação cristã, o baptismo, a confirmação e a eucaristia, fundadores da comunidade cristã. Em etapas sucessivas, tal como acontece na nossa vida, serão solenemente celebrados a marcar o ritmo tripartido destas comemorações. Hoje centramo-nos no baptismo, o sacramento do acolhimento da fé e da entrada na Igreja de Jesus Cristo, o sinal universal da salvação.

Esta celebração na qual incluímos o baptismo de uma criança, transporta-nos ao chamamento de Deus, que está na origem da vida nova que em nós existe. O Primeiro Livro de Samuel oferecia-nos o paradigma do chamamento de Deus a todos e a cada um dos seres humanos que criou e, ao mesmo tempo, o modelo da resposta que permite o início de um caminho de fé. “Samuel, Samuel!”, chamou o Senhor; “Falai, Senhor, que o vosso servo escuta”, respondeu Samuel. Trata-se da iniciativa de Deus, que nos conhece e trata pelo nome, e da única resposta possível de cada um de nós, que se sente maravilhado pelo chamamento misericordioso do Senhor.

No Evangelho Segundo S. João, encontramos a vocação particular de André e Simão. Aquele encontro pessoal, seguido de uma permanência na casa e na escola do Messias e Mestre, fez deles dois dos doze Apóstolos do Senhor. Esta é a história de todos os cristãos e de cada um de nós: um apelo de Deus conduziu-nos à fé; um encontro demorado com Jesus Cristo conduziu-nos à vocação particular que assumimos na sua Igreja.

Chamados à fé e ao baptismo, passámos a ser membros de Cristo na totalidade do que somos, corpo e espírito; passámos a ser templos do Espírito Santo, que habita em nós e nos foi dado por Deus, como dizia Paulo na Primeira Epístola aos Coríntios. Assumimos a altíssima dignidade de filhos de Deus e fomos ligados a Ele por meio de laços invisíveis de comunhão. Agora que somos de Cristo, cumpre-nos viver de acordo com a vocação a que fomos chamados, percorrer o caminho da santidade, próprio das nossa condição de batizados e em tudo glorificar a Deus.

Esta celebração dos 1.100 anos da fundação da igreja moçárabe de Lourosa, leva-nos ao encontro dos fundamentos da fé cristã, alicerçada em Cristo Pedra Angular e testemunhada por Pedro, o Apóstolo ao qual é dedicado este templo e aquele a quem Jesus chamou e deu o nome de Cefas. Somos herdeiros da tradição contínua de uma fé autêntica transmitida pelos Apóstolos e seus sucessores; recebemos a palavra santa das Escrituras, que remontam à era apostólica sem interregnos nem deturpações.

Estamos, por isso, seguros de que a fé católica e apostólica que professamos está ancorada em Cristo e remonta à fé acolhida e transmitida pelos Apóstolos à frente dos quais o Senhor colocou Pedro, a rocha sobre a qual edificou a sua Igreja. Sentimo-nos ainda hoje verdadeira Igreja de Jesus Cristo, verdadeiro Povo de Deus, conduzido pelo Espírito Santo, guiado pelas Escrituras, alimentado pelo Corpo e Sangue do Senhor, apascentado pelos pastores em comunhão com o Sucessor de Pedro.

Esta celebração leva-nos a renovar o sentido da fé e o empenho na sua transmissão às novas gerações. Conscientes de que Jesus Cristo é o Salvador do Mundo e de que a Igreja é o Sacramento Universal da Salvação, temos pela frente a imensa tarefa da evangelização, apesar de estarmos numa região tradicionalmente cristã. Precisamos de passar da tradição à convicção; das manifestações religiosas e culturais de matriz cristã à fé viva; das igrejas, porventura antigas e belas, às comunidades ou igrejas de pessoas, pedras vivas.

Ao olhar para este templo cristão, cheio das marcas dos longos tempos passados, contemplamos os elementos fundamentais da nossa identidade, que corremos o risco de menosprezar ou mesmo de perder. A nossa identidade fica truncada sem a referência à fé cristã e aos valores de que é portadora, pois fazem parte de uma história que não podemos apagar e que fez de nós o povo que agora somos.

Peçamos ao Senhor que nos dê a firmeza da fé, que animou os construtores desta igreja, que nos confirme na fé de Pedro, o seu o patrono, e que que faça de nós testemunhas credíveis diante dos homens.

 

Lourosa, 14 de Janeiro de 2012

Virgílio do Nascimento Antunes

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