III Domingo do Advento - Ordenação de Diáconos - Homilia de Dom Virgílio

III DOMINGO DO ADVENTO (A)
ORDENAÇÃO DE DIÁCONOS PERMANENTES – SÉ NOVA, 2022.12.11

Caríssimos irmãos e irmãs!

A alegria deste terceiro domingo do Advento que a liturgia da Igreja nos propõe é hoje reforçada pela alegria da ordenação de quatro diáconos para o serviço da nossa Diocese de Coimbra. Agradeço-lhes a eles, às suas famílias e às suas comunidades paroquiais o sim que disseram a Deus e que permitiu que se fizesse o caminho que nos trouxe até este momento celebrativo e festivo. Rezamos a Deus pela sua fidelidade ao ministério ordenado que hoje recebem e para que, no exercício do serviço da evangelização, da liturgia e da caridade, sejam servos de Deus e da Igreja, exprimam sempre a alegria e o amor que Deus lhes concedeu.

A ordenação dos diáconos juntamente com a abertura da nossa Diocesana a outros ministérios e serviços dentro das comunidades cristãs, constitui um sinal de esperança para a Igreja. Vemos, assim, concretizar-se a eclesiologia do Novo Testamento, trazida à atualidade pelo Concílio Vaticano II e pelo magistério pontifício do nosso tempo. Se Deus quiser teremos dentro de algum tempo, a instituição de leigos, homens e mulheres, no ministério dos leitores, dos acólitos e dos catequistas e seremos uma Igreja mais ministerial e mais capaz de envolver a todos e de todas as vocações na sua missão voltada para dentro e voltada para fora, ou seja, para a evangelização do mundo.

Dentro do contexto do nosso plano pastoral, pedimos este ano às comunidades um trabalho mais consistente no sentido de discernirem na oração, na escuta do Espírito Santo e no consenso da comunidade cristã, quem são as pessoas mais aptas para animarem as comunidades e poderem vir a exercer ministérios e serviços em ordem ao crescimento das mesmas e à realização da missão da Igreja no mundo.

Os párocos, juntamente com as Equipas de Animação Pastoral e com os Conselhos Pastorais, são convidados em nome da Igreja a conduzir este trabalho e a convidar os leigos que possam vir a entrar em processos de formação e que possam vir a ser enviadas em missão dentro da sua comunidade. “Chamar, formar e enviar”, são os três momentos deste caminho que, reproduzindo a dinâmica do Evangelho, nos deve ajudar a ser uma Igreja mais ativa, mais evangelizadora, mais participada, mais ministerial e mais mistério de comunhão.

A alegria da nossa comunidade diocesana encontra também uma forte motivação no facto de terem vindo a surgir algumas novas vocações sacerdotais e terem entrado no seminário novos candidatos ao presbiterado. A vocação sacerdotal de configuração com Cristo Cabeça e Pastor da Igreja, essencial à realização da mesma Igreja, pode seduzir cada vez mais, pois, no plano da fé, podemos compreender sempre melhor o seu lugar decisivo para a realização da missão de Jesus Cristo junto da humanidade. Também neste campo é urgente que as comunidades tenham a coragem de chamar, para que possam ser formados na escola de Jesus, e venham a ser enviados mais presbíteros para servir a Igreja com amor e com fé.

Alimentamos a esperança de que a Jornada Mundial da Juventude venha a tocar muitos jovens e desperte em alguns uma vocação de consagração e ao sacerdócio, uma vez que Cristo continua a tocar vidas e corações, que hão de dizer sim ao seu amor e ao seu chamamento.

Segundo a profecia de Isaías que escutámos na primeira leitura, o povo de Deus exilado na Babilónia pôde alimentar a sua esperança de libertação e de salvação a partir da sua fé. Animados pela voz dos profetas, não desanimaram no meio das tribulações do exílio, antes, fortaleceram-se interiormente, confiados no Senhor, e lançaram-se na aventura de colaborar com Ele. As expressões de Isaías manifestam como, nas piores situações, Deus pode sempre fazer surgir a esperança por meio da fé, que nos garante como garantiu ao antigo povo: “aí está o vosso Deus... Ele próprio vem salvar-nos”.

A nossa reflexão de hoje, marcados como estamos pela alegria destes pequenos sinais de esperança a que aludi, leva-nos, porém, a considerar que a palavra “exílio” que marca a vida do Povo de Deus do Antigo Testamento, tem muitas outras contextualizações ao longo da história e nomeadamente na história da Igreja dos nossos dias. Salvas as devidas diferenças, podemos considerar a Igreja de hoje em “estado de exílio”, porque tem uma expressão numérica menor, porque não tem a força de influenciar ética, social e culturalmente a comunidade, porque a própria missão espiritual é menos relevante, porque é objeto de críticas fortes.

Podemos considerar que esta situação de “exílio” tem duas raízes: uma interna, fomos nós que a criámos, fechando-nos sobre nós mesmos e deixando arrefecer o calor da fé e do amor de Deus nos nossos coração, ficando assim na sombra a força vital do Evangelho de Jesus Cristo e fazendo caminho o processo de desagregação da comunhão íntima da comunidade cristã; a outra raiz, é fruto da atitude externa, ou seja, da sociedade que empurra a comunidade cristã para as margens, em virtude do acelerado processo de afirmação do secularismo.

De uma forma ou de outra, queremos, hoje, reafirmar a nossa esperança, assente na fé no Deus que está aqui connosco, na certeza de que Ele vem salvar-nos, como ouvimos. Acreditamos que este “exílio” em que o Povo de Deus se encontra, já vislumbra sinais de libertação e salvação.

O texto do Evangelho ajudava-nos a reforçar esta certeza, quando nos repetia as palavras de Jesus, que deviam ser levadas a João Batista pelos mensageiros. Ele já estava a atuar no meio do seu povo e continua a atuar no meio de nós: as suas palavras e gestos, o que vemos e ouvimos da sua parte, asseguram-nos que a sua presença é transformadora e liberta cada um dos aprisionados pela sua debilidade, como liberta o seu povo ávido de salvação nesta situação de “exílio” em que se encontra.

Neste tempo de Advento que agora vivemos queremos encontrar a inspiração para o nosso caminho pessoal de renovação e libertação, mas também para o caminho da Igreja, na figura mais relevante da esperança em tempo de espera, a Virgem Maria. Ela é a mulher que confia e espera de forma única a partir da grandeza da sua fé. Pela ação do Espírito Santo, que acolhe, vive a alegria de ver realizada a promessa de Deus. O seu povo conhece definitivamente a libertação que anseia.

Aos novos diáconos aponto neste dia feliz a Virgem Maria como a sua mãe e protetora no exercício do seu ministério e da sua vocação de serviço a Deus e à Igreja. Entregai-lhe a vossa vida, confiai-lhe a vossa família, ponde nas suas mãos o ministério diaconal que o Senhor vos concede e ela vos auxiliará a proclamar com alegria o que vistes e ouvistes, ou seja as maravilhas realizadas na vossa vida e entre nós pelo Senhor Jesus Cristo.

Coimbra, 11 de dezembro de 2022
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

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