Ministérios Laicais - III Domingo da Páscoa :: Homilia de Dom Virgílio

III DOMINGO DA PÁSCOA
 MINISTÉRIOS LAICAIS

 

Caríssimos irmãos e irmãs!

Neste tempo da Páscoa, voltamos ao contacto com a experiência originária dos apóstolos e discípulos de Jesus, o fundamento da sua e da nossa fé cristã. Acreditamos com base no relato das testemunhas oculares, que narraram o que viram e ouviram e que tocou de forma inesquecível os seus corações.

Os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho, e que só foi possível porque Jesus estava vivo e os surpreendera no meio da sua profunda desilusão. 

O acontecimento primeiro a originar a nossa fé cristã é a pessoa de Jesus Pascal, que morre e ressuscita, cumprindo as Escrituras e os desígnios do Pai. A sua peregrinação pelos caminhos dos discípulos dá-lhes a possibilidade de O encontrarem e de O reconhecerem, restaurando desse modo a alegria da sua presença e fazendo renascer uma esperança profundamente abalada.

O Evangelho de Lucas refere que os discípulos de Emaús contaram como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Esses discípulos mostram desse modo o lugar e a importância que teve para eles e que tem para nós aquele gesto de Jesus, que os remete para a Última Ceia e nos encaminha para a Eucaristia, memorial da Páscoa de Jesus. De facto, de entre os diferentes modos de presença de Jesus no meio de nós, sobressai o Sacramento da Eucaristia, presença real de Jesus a repartir-se por nós e a alimentar a Igreja.

Neste dia, o III Domingo do tempo da Páscoa, como fazemos anualmente e há décadas, a Igreja diocesana de Coimbra chama e envia cristãos leigos, homens e mulheres, nomeando-os para serviços e ministérios em ordem à edificação do Corpo de Cristo. 

Ao aceitarmos este chamamento, renovamos o nosso compromisso pessoal de serviço a Cristo; ao partirmos como enviados, tornamo-nos colaboradores do mesmo Cristo vivo dentro das nossas comunidades; nos serviços e ministérios que assumimos, unimo-nos a Jesus Cristo e partilhamos com Ele, na Igreja, o pão que a alimenta. 

Como aconteceu com os discípulos, chamados e enviados em missão, centramo-nos na Eucaristia, que é para nós não somente a escola da obediência à vontade do Pai, à semelhança de Jesus, mas é também a presença viva de amor, que nos leva a servir os irmãos por meio da entrega da nossa própria vida. Só como homens e mulheres eucarísticos temos a possibilidade de realizar a nossa missão cristã, pois para sermos testemunhas de todas as coisas que vimos e ouvimos, para sermos testemunhas de Jesus que se oferece à morte e ressuscita pelo poder de Deus, temos de estar com Ele e caminhar com Ele, temos de nos oferecer ao Pai com Ele, temos de O reconhecer ao partir do pão. 

A nossa missão consiste em contar com palavras e com gestos específicos de serviço aos irmãos a experiência de fé que diariamente fazemos. Se as palavras são necessárias, não há linguagem mais sincera e convincente do que a do serviço sacrificado e carregado de amor da nossa própria pessoa para com os irmãos e para com a comunidade cristã.

Irmãos e irmãs, Cristo quis contar com os seus discípulos como testemunhas da sua ressurreição e quer contar connosco como cooperadores na edificação da sua Igreja. A partir do batismo recebemos a vocação de vivermos em comunhão, participação e missão, como nos recorda o Sínodo sobre sinodalidade, convocado pelo Papa Francisco e que está a decorrer em toda a Igreja.

Um dos aspetos centrais em discernimento está o significado da Igreja ministerial. Pouco a pouco, com a nossa disponibilidade pessoal e tendo em conta os dons e carismas concedidos pelo Espírito Santo, a nossa Diocese tem dado provas de caminhar por esta via. Trata-se, agora, de darmos um novo impulso ao modo de sermos Igreja Diocesana mais rica de serviços e ministérios, ou seja, de cooperadores na sua edificação. 

Precisamos de mais vocações de ministros ordenados, sacerdotes e diáconos, e de mais vocações de ministros leigos. Uns e outros, alicerçados na comum vocação nascida no batismo, de acordo com o dom particular que recebemos, havemos de pôr a nossa vida ao serviço deste Povo Santo, que vive, que celebra, que anuncia, que testemunha, e que edifica a mesma obra de Deus, unida em comunhão e santa.

Vamos desde já trabalhar para que o próximo ano pastoral seja marcado por um forte incentivo ao crescimento dos ministérios eclesiais na nossa Diocese. As comunidades cristãs, nomeadamente as Unidades Pastorais, são chamadas a convidar homens e mulheres para o ministério dos leitores, dos acólitos e dos catequistas. Aqueles que forem instituídos no ministério dos leitores recebem a missão de formar e acompanhar no conhecimento, leitura e meditação da Sagrada Escritura como Palavra de Deus revelada aos homens; os que forem instituídos no ministério dos acólitos têm o encargo de formar e acompanhar os que servem ao altar no culto divino; os que que forem instituídos no ministério dos catequistas, ocupar se hão do anúncio da Boa Nova em ações de evangelização e catequese de crianças, jovens e adultos, bem na coordenação das catequeses paroquiais e na promoção da formação das comunidades em ordem a esse mandato do Senhor.

A nossa Igreja Diocesana sente também a urgência de mais ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, sobretudo em ordem à visita aos doentes e idosos nos lares e nas suas casas; de mais coordenadores das celebrações dominicais nas comunidades onde não é possível haver Eucaristia por falta de sacerdotes. Precisamos ainda de mais diáconos permanentes, especialmente como dinamizadores da caridade cristã, como é próprio da sua vocação e ministério, mas também como cooperadores da ordem do bispo e dos presbíteros.

Não podemos ainda esquecer a urgência de homens e mulheres que assumam como verdadeira vocação e missão a transformação evangélica das realidades humanas, sociais, culturais... por meio do testemunho e ação no mundo. Mesmo quem não pode colaborar ativamente nom interior da comunidade cristã, por falta de disponibilidade ou por não ter esse dom, está incluído na missão de Jesus e realiza no meio das realidades temporais a sua vocação de testemunha de Cristo.

A Escola de Teologia e Ministérios e os Secretariados e Serviços da nossa Diocese estão disponíveis para continuar a propor programas formativos em todas estas áreas e para nos ajudarem a percorrer estes caminhos da Igreja enriquecida pelos ministérios e Serviços, Igreja comunhão, participação e missão.

Convido toda a Diocese e, sobretudo, todos vós, chamados a um serviço ou ministério dentro dela, a rezar para que o Senhor nos conceda as vocações ao presbiterado e ao diaconado, para que o Senhor nos enriqueça com as vocações dos leigos, homens e mulheres disponíveis para servir, de acordo com o dom recebido e o discernimento verdadeiramente iluminado pelo Espírito Santo.

A Igreja Diocesana será mais viva e mais santa com a corresponsabilidade, participação e missão, que estamos disponíveis para assumir em atitude de gratidão ao Senhor que caminha connosco e se nos dá a conhecer ao partir do pão.

“Com Maria, seguimos juntos. O caminho continua”. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, a quem confiamos, mais uma vez esta porção do Povo de Deus, a Diocese de Coimbra.

 

Coimbra, 14 de abril de 2024
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

Oral

Genç

Milf

Masaj

Film

xhamster