SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE - DIA DA IGREJA DIOCESANA - MISSA NA SÉ NOVA

Caríssimos irmãos e irmãs!

“Como sois grande em toda a terra, Senhor, nosso Deus!”, era o salmo de alegria que cantávamos há pouco, em louvor da Santíssima Trindade. Movidos pela fé, olhamos para a natureza, céus e terra, plantas e animais, mas acima de tudo, para o ser humano, e vemos a Criação de Deus, a obra das Suas mãos.

O deslumbramento diante da realidade que vemos e que somos faz sempre parte integrante do processo de acreditar; o louvor e a ação de graças são sempre sinais da fé; a esperança e a caridade são sempre consequências da presença de Deus acolhida e aceite por cada cristão.

Na Solenidade da Santíssima Trindade, renovamos esta admiração e espanto diante do Deus Criador, louvamo-lo com a Eucaristia, grande memorial de ação de graças e reafirmamos a nossa decisão de viver a fé e a esperança, dons do Deus três vezes santo.

A fé em Deus, Santíssima Trindade, que se nos deu a conhecer por Jesus Cristo, o Filho, constitui um imenso motivo de esperança, que nunca agradeceremos suficientemente a Deus. Esta convicção de que conhecer Deus e acreditar n’Ele é uma grande graça , imerecida e gratuita, fruto do amor que Deus nos tem, precisa de estar mais consciente em nós.

Precisamos de passar de uma fé, entendida como um dado adquirido, a uma fé que se entende como um dom de Deus, como um tesouro que nos foi dado encontrar e que transforma toda a nossa vida, porque nos dá acesso às fontes da salvação.

Como nos dizia S. Paulo na Epístola aos Romanos, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, temos acesso à graça da salvação, chegamos a Jesus Cristo, o Único Salvador. Mais ainda, por meio do Espírito Santo que nos foi dado, temos acesso à única esperança que não engana e que nos faz olhar para a vida, para o mundo e para o futuro de forma tranquila.

 

Estamos a celebrar o Dia da Igreja Diocesana, porque acreditamos que o Senhor Jesus, chamou os doze Apóstolos, que O seguiram, foram por Ele enviados a evangelizar o mundo e foram colocados à frente das Igrejas que fundavam.

Estamos, por isso, a celebrar o mistério da Igreja, como comunidade intimamente ligada à Pessoa de Jesus Cristo, assente no dom da fé que lhe foi comunicada, animada pelo Espírito Santo que lhe foi dado. Não estamos a celebrar uma qualquer realidade humana de âmbito social, nem uma organização que procura cumprir um ideário elaborado pelo seu fundador e pelos seus mestres. Celebramos a assembleia do Povo de Deus, os santos que, pelo Batismo foram ligados indelevelmente a Cristo, morto e ressuscitado; celebramos como Corpo Místico de Cristo, comunidade de homens em comunhão com Deus.

Não podemos entender nada do que faz a Igreja sem entrarmos na compreensão desta sua identidade fundamental, isto é, sem acreditarmos naquilo que ela é e no que nós somos nela a partir da fé. “Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora”, dizia Jesus no Evangelho, enquanto afirmava que “o Espírito da verdade” nos guiará para a verdade plena. Esperamos do Espírito Santo de Deus a ajuda necessária para entrar no conhecimento deste mistério da Igreja e da sua missão no mundo.

Ao olhar para a Igreja da Diocese e para este Arciprestado de Coimbra, sentimos muitas inquietações e vemos uma seara muito vasta que é preciso cultivar. Olhando para dentro, sentimos o grande desafio de desenvolver no Povo de Deus a alegria de acreditar no Senhor, como esse grande tesouro que nos foi oferecido; sentimos que é preciso trabalhar muito para que todos os batizados se sintam membros deste Corpo, assumam a comunidade cristã como algo que é seu e ao qual pertencem; se sintam responsáveis pela sua vida e pelo seu crescimento.

A comunidade cristã que nós somos carece de um grande trabalho pessoal e comunitário de aprofundamento da fé, de momentos intensos de espiritualidade que provoquem o encontro sério e comprometedor com Deus, de atividades e meios de partilha da vida, de sinais evidentes da alegria de crer por parte dos seus membros.

Ao olhar para o mundo grande e vasto de pessoas que não se identificam com a fé cristã, que se desinteressaram ou que nunca acreditaram, percebemos a urgência da evangelização, por meio das palavras e do testemunho de vida. Há, de facto, uma grande distância entre a multidão das cidades e a fé em Cristo; há uma grande distância entre o que move o mundo e a mensagem do Evangelho.

A Igreja de Coimbra, concretamente neste Arciprestado Urbano, tem de lançar-se na aventura da evangelização, tem de levar o primeiro anúncio da fé em Jesus Cristo aos vários lugares onde se passa a vida das pessoas, desde os lugares mais centrais até às mais distantes periferias geográficas e humanas.

A condição fundamental para que esta missão aconteça é a comunhão com Deus e a paixão pela humanidade. A paixão de Deus Pai pela humanidade fê-l’O dar-nos tudo, incluído o Seu próprio Filho; a paixão de Jesus, o Filho, pela humanidade, levou-O a dar-se na totalidade até à morte; a Igreja, com todos e cada um de nós, é chamada a dar-se completamente no serviço à humanidade.

As circunstâncias presentes convidam-nos ao entusiasmo do anúncio do Evangelho, como novos métodos e novo ardor, como nos recordaram os últimos papas, quando nos convocaram para a nova evangelização.

Peço, por isso, às paróquias, aos serviços e movimentos, às estruturas eclesiais que não se contentem com a pastoral passiva, também chamada entre nós, de manutenção, que se limita a fazer somente aquilo que a tradição nos legou ou a usar somente os métodos e meios provenientes do passado, quando o mundo era diferente. Pedi ao Espírito Santo que vos ajude a ser ousados nas propostas e fiéis no testemunho, confiados na fé em Deus e na grande paixão pela humanidade, que precisa de encontrar-se na fé, com o único Salvador.

Dou graças a Deus pela Igreja Diocesana que somos, por todos os que nela vivem a fé e a comunhão com Deus, pelos que realizam a missão de construir a comunidade cristã com muita dedicação e sacrifício e pelos belos testemunhos que diariamente conhecemos.

Que a Mãe de Deus e Mãe da Igreja, Modelo de Fé e Estrela da Evangelização, nos ampare e acompanhe ao encontro do Deus, Santíssima Trindade, que adoramos. Ámen.

 

Coimbra, 26 de maio de 2013

Virgílio do Nascimento Antunes

Bispo de Coimbra

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