SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR 2013 - MISSA DO DIA - SÉ NOVA

Irmãos e irmãs!

No natal os Anjos do Céu voltam a proclamar a boa nova de Deus para toda a humanidade. A Igreja, que recebeu esse solene anúncio, não se cansa de a repetir aos homens e mulheres de boa vontade. Deus falou antigamente aos nossos pais pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por Seu Filho; e, agora, fala-nos por meio dos profetas do Seu novo Povo.

A mensagem é sempre a mesma: Um Menino nos nasceu; um Filho nos foi dado; adorem-n’O todos os Anjos de Deus; Ele é o Salvador do Mundo, a Luz que brilhou nas trevas; Ele inaugura um reino de paz, de amor e de justiça.

 

Acolher o anúncio de Deus é a primeira condição para que seja natal. A humildade de cada um de nós abre as portas da nossa inteligência e do nosso coração à fé no Deus que envia o Seu Filho. São inúmeras as barreiras que dificultam ou impedem a escuta dessa voz que cala bem fundo na consciência e se exprime por meio dos acontecimentos da vida, dos alegres e dos tristes, dos que nos enchem de entusiasmo ou nos podem fazer desanimar.

A crescente arrogância, frequentemente apresentada como sinal do desenvolvimento e do progresso humanos, cerra os olhos à luz de Deus e cria ruídos ensurdecedores dos seus ouvidos à voz suave da mais bela notícia. A cultura do efémero, da alegria fácil e da felicidade momentânea levam-nos a agarrar o momento presente com as suas propostas e seduções, impedindo-nos de acolher os dons que são eternos.

Vemos e ouvimos como verdade tanto do que nos é transmitido sem rigor nem fundamento, tanta coisa que submete e escraviza e temos tanta dificuldade de acolher a palavra viva que liberta e que salva, o verbo que era no princípio, que estava com Deus e era Deus, como nos dizia o Prólogo do Evangelho segundo S. João. E, no entanto, o Verbo de Deus, Jesus Cristo, a Palavra Salvadora, foi-nos comunicada e está disponível para que a acolhamos como Palavra de vida eterna.

Acolher a mensagem do natal significa acolher com confiança o dom de amor que Deus nos quis conceder ao enviar-nos Jesus Cristo, Seu Filho, pois como diz o Apóstolo, “O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor 2, 9).

 

Viver como filhos de Deus e filhos da luz é a segunda condição para que seja natal. Como dizia o Evangelho que escutámos, “àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”.

Por meio da fé livremente aceite e do batismo acolhido com amor, tornamo-nos, de facto, filhos de Deus, o que nos faz ultrapassar infinitamente a nossa condição de homens nascidos da carne e do sangue. O nascimento natural pelo qual somos homens e criaturas, é enriquecido com o novo nascimento pelo qual nos tornamos filhos no Filho de Deus e membros da sua família, a Igreja, que escolheu como comunidade dos que aceitam ser filhos da luz.

O natal é para os cristãos esta indizível novidade de sermos chamados a nascer como filhos de Deus e de aceitarmos sê-lo por meio da fé. Daí brota um estilo de vida próprio de filhos, que ousam chamar a Deus seu Pai, adorá-l’O com toda a mente, com todo o coração e com todas as forças; que ousam sentir-se irmãos de todos os homens e impregnar o mundo do mais sincero e profundo sentido da fraternidade.

Os cristãos são, por isso, um povo de homens e mulheres que têm por missão impregnar a sociedade em que vivem desse espírito de fraternidade capaz de transformar a face da terra. Cabe-lhes exigir das instâncias investidas de autoridade e poder a condução da sociedade pelas vias da fraternidade, mas cabe-lhes igualmente trabalhar ativamente e com o sacrifício de si mesmos pela criação da cultura da fraternidade. Aliás, todas as exigências que fazemos em nome da verdade e da justiça só têm credibilidade se forem acompanhadas pelo testemunho pessoal, comunitário e eclesial da fraternidade cristã expresso por palavras e por obras.

 

Para que a boa notícia do natal seja de todos e para todos é urgente que ela seja comunicada por meio da evangelização. Os profetas não se cansaram de repetir, “como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que proclama a salvação”.

A Igreja de todos os tempos foi chamada a realizar esta missão evangelizadora como condição para que o Salvador seja conhecido, acolhido e amado por todos os povos da terra. Não basta, por isso, que celebremos na alegria e no aconchego familiar a festa do natal do Senhor; impõe-se que cada pessoa, cada família e cada comunidade cristã saiam e vão ao encontro dos homens e mulheres com o feliz anúncio de Jesus Cristo Salvador.

É chegado o momento de sairmos da zona de conforto da nossa condição de cristãos para as regiões da possível turbulência da afirmação da nossa fé. Não bastam os protestos relativos à mudança dos costumes da sociedade e, concretamente, aos relativos à celebração do natal. Precisa-se de famílias que mostrem outros costumes, outros valores e outra união, marcados pela fé no Menino Deus do Presépio, que faz de nós um povo de filhos a viver na fraternidade, na solidariedade e na paz.

Não basta criticar o que está a mais no natal, na vida das pessoas e na sociedade, é preciso dar-lhes o que ainda está a menos: a fé no Deus Amor que Jesus, o Seu Filho Unigénito, nos deu a conhecer.

Que, com Maria e José, continuemos a oferecer às nossas famílias e a todos os homens Jesus como dom do amor de Deus.

Em nome da Igreja que O acolhe como enviado de Deus, vive com Ele como o Deus connosco e O anuncia como Salvador, desejo-vos um feliz e santo natal.

 

Coimbra, 25 de dezembro de 2013

Virgílio do Nascimento Antunes

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