MENSAGEM PARA O DIA DA IGREJA DIOCESANA
Caríssimos irmãos e irmãs
Saúdo com muita estima toda comunidade diocesana, nesta fase especial da nossa vida, em que estamos a viver com apreensão, mas ao mesmo tempo com esperança o retomar de muitas atividades.
Todos estamos a braços com muitas mudanças que se operaram na nossa vida quotidiana e que afetaram de modo especial as famílias, com as crianças, os idosos e os doentes mais afastados das suas rotinas habituais bem como das manifestações de afeto diretas e físicas. Esperamos que a ninguém esteja a faltar o carinho e a consolação expressos, porém, de outras formas.
A ausência das assembleias litúrgicas presenciais e a falta dos sacramentos, especialmente da Eucaristia, tem limitado a nossa vivência da fé, pois ali encontramos sempre a força sacramental para encarar a vida com todos as suas situações de forma diferente. A oração pessoal ou familiar e a participação na liturgia através dos meios de comunicação têm ajudado as famílias a sentirem-se Igreja Doméstica e a unirem-se pelos laços da fé. Após este tempo de distância e ausência física, fica-nos um desejo maior de vivência comunitária da fé e de celebrarmos juntos os mistérios em que acreditamos. Aguardamos com paciência, responsabilidade e amor, o regresso à normalidade plena, sem pormos em causa as medidas de segurança que têm vindo a ser veiculadas pelas autoridades públicas e pela Igreja, mas voltemos com ânimo e confiança à celebração comunitária da fé.
Aproxima-se a data da celebração do Dia da Igreja Diocesana, a Solenidade da Santíssima Trindade, que ocorre a 07 de junho. Este ano a celebração será ao nível da unidade pastoral, da forma possível e considerada localmente mais adequada.
Realço a importância deste dia para a nossa Diocese, pois precisamos de sinais visíveis de unidade de todo o Povo de Deus, com o bispo, os sacerdotes e diáconos, os consagrados e a multidão de fiéis leigos. Além de darmos graças a Deus por nos ter chamado a ser membros desta porção do Seu Povo, procuraremos crescer em sintonia com as orientações pastorais que nos movem. Que ninguém fique de fora, pois a fraqueza da comunhão eclesial é também debilidade na missão que nos foi confiada.
Esta é também uma grande oportunidade para valorizarmos ainda mais a realidade da Igreja Doméstica e o lugar de cada família na celebração e na vivência da fé cristã, sem que isso signifique diminuir a importância essencial da dimensão comunitária da nossa condição de cristãos e membros da Igreja.
Os párocos juntamente com a equipa de animação pastoral e o conselho pastoral encontrarão as formas melhores para ajudar todos os fiéis a sentirem-se membros do Corpo de Cristo e a aprofundarem a fé na comunhão que nos une enquanto Igreja Diocesana. Procuraremos realçar os laços invisíveis e espirituais e, ao mesmo tempo, a dimensão social e visível das comunidades cristãs.
Nesta situação de pandemia, quando a comunidade não pode ter as suas realizações normais, sentimos que Deus está igualmente presente nas nossas vidas e é fonte de esperança por meio de Jesus Cristo, morto e ressuscitado. A fé no Espírito Santo, que é Espírito de Comunhão e o nosso Consolador, leva-nos a ver mais longe, a discernir o que Deus nos diz por meio destes sinais dos tempos e a não desanimar no meio das tribulações.
A fé cristã tem muitas dimensões irrenunciáveis e, entre as maiores, está, certamente a caridade ou o amor ao próximo. Peço a cada comunidade que na celebração do Dia da Igreja Diocesana pense muito seriamente nos seus pobres e promova ações de solidariedade humana, espiritual e material em seu favor, pois a caridade é o distintivo da fé. Que ninguém seja esquecido particularmente neste tempo de crise económica. Este é o tempo de olhar para os pobres, este é o tempo da caridade.
Estamos a terminar a execução de um plano pastoral de três anos, intitulado “Aproximai-vos do Senhor”, ao longo dos quais houve muita coisa boa e muitos progressos na vida da nossa Igreja Diocesana. Damos graças a Deus. Houve também aspetos menos conseguidos, sinal das nossas limitações ou até da nossa fraqueza. Estamos disponíveis para fazer mais e melhor no futuro.
Brevemente o Secretariado da Coordenação Pastoral irá propor um caminho sinodal de avaliação do triénio que termina e a indicação de novos caminhos para a elaboração do plano pastoral para os próximos anos. Iremos centrar-nos num tema que temos bem no coração: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional.
Desejo muito que esta reflexão seja catequética, frutuosa e o motor para uma nova etapa da edificação da Igreja Diocesana. O Papa Francisco já nos ofereceu a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Cristo Vive”, que será o documento base para o nosso trabalho. Que os cristãos não deixem de dar o seu contributo para juntos delinearmos caminho. De um modo muito especial, peço aos jovens a quem o Papa chamou o “agora da Igreja”, que se tornem participativos na reflexão e proposição em ordem ao Plano Pastoral, uma vez que sentem e conhecem na primeira pessoa a realidade na qual Cristo Vivo, quer entrar.
Desejo a todas as unidades pastorais um feliz Dia da Igreja Diocesana. Que todos sejamos protagonistas de uma Igreja e de uma sociedade melhores; que sejamos arautos da esperança e que levemos ao mundo a notícia feliz de Cristo Ressuscitado, Aquele que venceu o mal, o pecado e a morte.
O Secretariado da Coordenação Pastoral preparou uma catequese sobre a Igreja, um momento de oração familiar, algumas preces para a oração dos fiéis e um vídeo, que usaremos e divulgaremos de forma adequada e generosa. Tudo nos ajudará a fazer crescer uma onda de alegria, de gratidão e de disponibilidade para a missão que nos cabe, segundo a vocação que recebemos.
À Virgem Maria, Senhora da Alegria e da Esperança pedimos que nos ampare e que guie a nossa Igreja Diocesana de Coimbra ao encontro de Cristo Vivo.
Coimbra, 21 de maio de 2020
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra