Jejum Intermitente
Jorge Bernardino
Comissão Diocesana Justiça e Paz
O jejum é uma prática comum a diversas religiões, manifestando-se de formas distintas em cada uma delas. Os muçulmanos, por exemplo, jejuam do amanhecer ao pôr do sol durante o mês do Ramadão, como forma de busca por perdão e purificação. Os judeus praticam o jejum no Yom Kippur, ou Dia da Expiação: do pôr do sol de um dia ao pôr do sol do dia seguinte, abstendo-se totalmente de alimentos e água.
Na Igreja Católica, a prática do jejum quaresmal remonta ao século IV, distinguindo-se entre jejum e abstinência. O jejum consiste na abstinência total de alimentos e bebidas (exceto água), enquanto a abstinência consiste em privar-se de algo considerado particularmente desejável. Na Quarta-feira de Cinzas, cuja celebração ocorreu recentemente, e na Sexta-feira Santa, é recomendado o jejum completo, do amanhecer ao anoitecer. Nos demais dias da Quaresma, não há obrigatoriedade, mas sim um convite à renúncia de algo considerado essencial, como forma de autocontrolo e aprofundamento da vida espiritual.
O que é o jejum intermitente? O jejum intermitente é uma estratégia alimentar muito popular nos dias de hoje, que alterna entre períodos de jejum e de alimentação. Ao contrário das dietas tradicionais, o foco não está nos alimentos específicos que se consomem, mas sim no momento em que se consomem. Existem várias abordagens ao jejum intermitente, cada uma com diferentes durações de jejum e janelas de alimentação:
- Método 16/8: Este é um dos métodos mais populares. Envolve jejuar durante 16 horas por dia e restringir a alimentação a uma janela de 8 horas. Por exemplo, pode-se optar por saltar o pequeno-almoço e concentrar as refeições entre o meio-dia e as 20 horas.
- Jejum em dias alternados: Esta modalidade envolve alternar dias de alimentação normal com dias de jejum ou de consumo muito baixo de calorias.
Vivemos rodeados por dispositivos tecnológicos que disputam constantemente a nossa atenção: smartphones, televisão, tablets, computadores, redes sociais... E se, assim como na alimentação, definíssemos períodos de uso e períodos de descanso digital?
Por exemplo, estabelecer horários sem tecnologia, como as primeiras horas da manhã ou antes de dormir. Ou ter um dia por semana de jejum de Internet, redes sociais ou uma janela de “alimentação” de 8 horas, como no jejum intermitente.
O mesmo pode ser aplicado ao nosso telemóvel ou smartphone. E que tal à televisão? E ao YouTube? E ao Facebook? E ao Instagram? E ao . . . ?
Assim, podíamos substituir as atividades “online” por atividades “offline,” dedicando tempo a atividades como leitura, exercício físico, meditação, hobbies, conviver com a família ou simplesmente desfrutar do silêncio e da presença.
Está comprovado que reservar momentos longe do mundo digital promove um maior equilíbrio e bem-estar. Que tal experimentar este jejum intermitente quaresmal como uma oportunidade para renovar hábitos e cultivar uma vida mais plena?
Desejo-lhe uma Santa Páscoa !