Missa da Memória dos Santos Francisco e Jacinta Marto - Homilia de Dom Virgílio

MISSA DA MEMÓRIA DOS SANTOS FRANCISCO E JACINTA MARTO
SZCZECIN – POLÓNIA – 2022.09.10

Caríssimos meninos e meninas!

Venho de Fátima, onde nasci e toda a minha vida tem sido passada em contato com aquele lugar abençoado por Deus, na devoção à Virgem Maria que lá apareceu aos três Pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. Comecei a ir aos lugares das aparições quando tinha cinco ou seis anos. Íamos a pé, em peregrinação, com os pais, com o pároco e com a professora da escola primária.

Sou, por isso, uma pessoa que cresceu a conhecer Deus e Nossa Senhora a partir do conhecimento das aparições de Fátima. Quando era criança, falavam-nos de Deus a partir de Nossa Senhora e dos Pastorinhos, pois eles é que nos diziam como Ele é bom, por meio das histórias que nos contavam.

Quero, hoje, contar-vos a história da minha infância, quando ia aos lugares das aparições de Nossa Senhora e como isso me fazia crescer na fé e no amor a Deus.

Gostava de estar ali silencioso no monte a contemplar as árvores, as pedras, o céu, e a imaginar ali o Anjo da Paz, Nossa Senhora, os Pastorinhos com o coração a arder no amor de Deus.

O lugar mais bonito e inspirador para mim era o lugar da aparição do Anjo, a Loca do Cabeço, porque não tinha construções, era a natureza em estado selvagem, apenas com as figuras brancas da escultura do Anjo e dos Pastorinhos.

Aquele lugar fazia pensar na oração que o Anjo ensinou: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos; peço-vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam”.

E, depois, a outra oração, que não entendia bem, mas que me falava do mistério de Deus: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente”. De joelhos, com o rosto por terra como eles, adorávamos e rezávamos aquela oração, na fé em Deus Santíssima Trindade. Naquele lugar, compreendia o que o Francisco dissera por meio das “Memórias da Irmã Lúcia”: “Nós estávamos a arder naquela luz que é Deus e não nos queimávamos”.

Continuávamos depois a caminho da Cova da Iria, do Santuário de Fátima, onde nos espantava a grandeza da Basílica e amplitude do Recinto. Do lugar grande e largo confluíamos para a Capelinha das Aparições que, então era uma pequenina capela com um telhado mais largo por cima e uma varanda com um altar.

A imagem branca de Nossa Senhora comovia-nos. Representava a Senhora mais brilhante que o sol, que tinha dito palavras tão bonitas aos Pastorinhos: “Não tenham medo... sou do Céu... Sim, tu também vais para o Céu... rezai, rezai muito e sacrificai-vos pela conversão dos pecadores”.

Ao sairmos daquela Capelinha e depois de fixarmos o olhar na imagem de Nossa Senhora, branca e bela, com o terço na mão, com um rosto cheio de bondade, parecia que saímos dum sonho e no caminho para casa, também a pé, não tínhamos a mesma vontade e brincar, porque muitos pensamentos nos tornavam mais silenciosos.

Não sabíamos o que era a guerra, mas imaginávamos que era uma coisa terrível: homens a matar muitas pessoas com as suas armas e a fazer sofrer outras com o medo que causavam; pensávamos no horror dos pecados cometido por tantos, que conduzem à perdição e ao inferno; pensávamos que é preciso rezar muito e sacrificar-se para que a guerra acabe e os pecadores se convertam a Deus e se salvem.

Dava-nos uma imensa consolação e felicidade repetir baixinho pelo caminho as palavras de Nossa Senhora: “não tenhas medo; não desanimes; a graça de Deus será o vosso conforto; eu nunca te deixarei; o Meu Coração Imaculado será o teu refúgio...”

Ao chegar a casa, contávamos o que tinha acontecido e grande paz vinha ao coração só por recordar tanta coisa bonita que continuava presente no coração. Dormíamos muito bem naquela noite, por causa do cansaço, sem dúvida, mas sobretudo por causa da confiança sem limites que tínhamos em Nossa Senhora e nas suas palavras consoladoras.

Apesar das mensagens terríveis que também ouvíamos acerca dos males que existem no mundo e até depois da história da visão do inferno, desapareciam os medos, porque acreditávamos que Nossa Senhora, a nossa Mãe do Céu, com um coração tão bom e tão puro, nos havia de guardar e que Jesus nos havia de perdoar e livrar do fogo do inferno, como sempre lhe pedíamos no Rosário.

Ao longo da vida penso muitas vezes como Nossa Senhora levou os Pastorinhos a sentirem o amor de Deus por eles. Penso que é o mesmo amor que tem por vocês e por mim, mas, de modo especial, por todas as crianças do mundo.

Na aparição do mês de agosto, Nossa senhora abriu as mãos e comunicou aos Pastorinhos uma luz intensa que lhes penetrou no peito e no mais íntimo da alma e viram-se dentro dessa luz, que era Deus. Caindo de joelhos, rezavam: “Meu Deus, meu Deus, eu vos amo no Santíssimo Sacramento”.

Quando Nossa Senhora lhes mostrou que Deus gostava deles, que os amava, brotou neles um amor muito intenso pelo mesmo Deus, a ponto de repetirem muitas vezes: “meu, Deus, meu Deus, eu vos amo”.

Aquelas crianças recordam-nos o texto do Evangelho segundo São Mateus, que ouvimos. Jesus, mais uma vez, colocou as crianças no meio de toda a multidão e disse: quem for humilde como as crianças será o maior no Reino dos Céus. Sabem porquê? Porque elas veem o rosto do Pai que está nos Céus, porque elas amam a Deus.

Gostaria de vos pedir uma coisa neste dia: sede como a criança que Jesus colocou no meio da multidão; sede como os Santos Francisco e Jacinta Marto, as duas candeias que Deus acendeu no meio da escuridão do mundo.

Nossa Senhora de Fátima diz-vos, hoje: Filhos, amai a Deus, vivei como cristãos!

Com humildade e com fé, repeti muitas vezes a oração dos Pastorinhos: “Meu Deus, meu Deus, eu vos amo!”

Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

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