Advento 2024 - Mensagem de Dom Virgílio

Mensagem para o
Advento de 2024
de Dom Virgílio Antunes

Chegámos ao tempo do Advento. Toda a humanidade precisa de renovação: os cristãos, dispõem-se a um forte aprofundamento da sua relação de fé em Deus e do seu amor aos irmãos; os que ainda não chegaram à fé e ainda não se sentem tocados pelo conhecimento do amor de Deus, podem dispor-se à realização de um caminho de procura das verdadeiras razões de viver, de esperar e de amar. O testemunho dos crentes, quando autêntico e sincero, pode ser uma grande ajuda para todos os homens e mulheres do nosso tempo, marcado por tantos anseios e dramas sem resposta. 

O início do novo ano litúrgico é um tempo favorável para a conversão da mente, do coração e da vida. O Senhor está connosco, pois já veio na humildade da nossa carne, e continua a bater à nossa porta com palavras e gestos de bondade, que nos oferecem um novo futuro e com o nosso testemunho quer dar um futuro novo a toda humanidade.

Somos convidados a celebrar este Advento na alegria, na oração e na esperança, seguindo os passos da Virgem Maria, a mulher e mãe feliz e orante, cuja esperança nunca desfalece, porque ancorada em Jesus Cristo, o Senhor e Salvador.

A alegria íntima da Virgem Maria nasce da sua memória agradecida pelos dons que Deus concedeu ao seu povo. “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador!” (Lc 1, 47), canta ela no Magnificat, quando recorda todos os acontecimentos do passado distante do povo a que pertence e do passado recente da sua própria história.

Após o drama da perda e encontro de Jesus no Templo de Jerusalém, depois de O ouvir dizer que tinha de estar na casa de Seu Pai, diz o evangelista que “Maria conservava todos estes acontecimentos no seu coração” (Lc 2, 51). Era um misto de contemplação do mistério de Jesus, unido à perplexidade do momento, mas sempre vivido na alegria da fé e da disponibilidade para quere o que Deus quer.

Acolher o mistério de Jesus na contemplação, com todas as surpresas que a vida nos oferece, na alegria da fé, é um dom de Deus, que havemos de cultivar no tempo do Advento, que é imagem de toda a nossa peregrinação de cristãos.

Somos chamados a olhar para a nossa própria vida e para a vida de toda a humanidade com Maria, que encontra na fé as razões para a alegria quando para acompanha Jesus da incarnação à ressurreição, passando pelo percurso do anúncio da Boa Nova até ao calvário e à morte na cruz.

Maria encontra na oração bíblica e na oração da sua vida o caminho da união com Deus e de aceitação da Sua vontade. Quando pronuncia as palavras do Magnificat “A minha alma glorifica o Senhor” (Lc 1, 46), está a resumir toda o seu louvor e gratidão a Deus pelas maravilhas que realizou nela e em todos os seus filhos.

Vivemos este Advento ainda no Ano da Oração e na preparação para o Jubileu que se aproxima. Com o escreveu o Papa Francisco, “a oração é a respiração da fé, é a sua expressão mais apropriada, qual grito silencioso que brota do coração de quem crê e se abandona a Deus” (Rezar hoje, um desafio a vencer, Paulinas, p. 7).

Jesus ensinou os seus discípulos a rezar em todos os momentos e Ele mesmo, manteve uma relação de amor orante com o Pai. Nós recebemos esse tesouro por meio da Igreja e a nossa vida cristã não subsiste sem essa resposta amorosa constituída por palavras, silêncios e ações através dos quais manifestamos a nossa gratidão, o nosso louvor e as nossas súplicas.

Neste Advento, somos convidados a intensificar a nossa relação orante com Deus. Participamos na liturgia dominical, mas procuramos também as formas de oração pessoal, familiar e comunitária que a Igreja nos oferece. A nossa Diocese preparou a lectio divina para o Advento, ou seja, um roteiro de oração bíblica, que nos leva às fontes da revelação e do encontro com Jesus na Palavra Sagrada, que podemos aproveitar.

Convido especialmente as famílias a reunirem-se muitas vezes à volta dos símbolos do Advento e, sobretudo do Presépio, símbolo do Natal, para os momentos orantes que fortalecem na fé e dão sentido às festividades.

O Advento é, por excelência, o tempo em que exercitamos a esperança. Deus que foi fiel às promessas ao Povo de Israel, enviando Jesus, Seu Filho, o Messias e Salvador, continua a ser sempre fiel e a oferecer-Se como a única esperança que não engana (cf Rm 5, 5).

A Virgem Maria como Mãe de Jesus põe n’Ele toda a sua esperança. Neste tempo do Advento olhamos sobretudo para a sua confiança inabalável em Deus que lhe anuncia a incarnação do Verbo no seu seio imaculado. Acolhe esse anúncio na esperança que vê fortalecida em todos os momentos da sua relação com Jesus e que culminará na fé nascida na Páscoa de morte e ressurreição de seu Filho.

Somos convidados a deixar que Deus fortaleça a nossa esperança em todo o percurso da nossa vida e a dar testemunho de esperança a uma humanidade, por vezes, desanimada, desiludida ou mesmo desesperada. Ao acolhermos a esperança que Jesus nos dá neste Advento, estamos já a alimentar a onda da esperança que não engana e que contrasta com as muitas esperanças fugazes e enganadoras.

Em casa, no trabalho, na escola ou na comunidade cristã, podemos falar de esperança uns com os outros. Ajudará cada um a tomar consciência da esperança que o move ou que lhe falta; ajudará também os outros a considerarem com mais profundidade os alicerces sobres os quais edificam a sua vida.

Invoco para todos a bênção amorosa de Deus e peço à Virgem Maria que guie o caminho do nosso Advento, numa esperança semelhante à sua.

Virgílio Antunes
Bispo de Coimbra

 

Oral

Genç

Milf

Masaj

Film

xhamster