Bento XVI é o Pastor que Deus pôs à frente da
Igreja.
Joseph Ratzinger era dos cardeais mais conhecidos. A exigente
responsabilidade da missão que exerceu, à frente da
Congregação da Doutrina da Fé, pô-lo no centro de todas as
questões vivas da criatividade teológica, sempre à busca da
síntese entre a fé da Igreja e as culturas e problemas do
mundo contemporâneo. Nessa missão, soube conciliar a abertura
dialogante com a firmeza na afirmação da fé da Igreja. Não foi
poupado a apreciações críticas que, unilateralmente
mediatizadas, tendiam a definir-lhe uma imagem.
A sua eleição põe à Igreja e ao mundo um dilema: vamos
classificar um pontificado, apenas iniciado, a partir de uma
imagem mediatizada, não completa e nem sempre exacta, ou vamos
acolher a mudança, no início de um pontificado, que só o
Espírito de Deus desenvolverá? Essa mudança fizemo-la
comovidamente, nós os cardeais eleitores, naquele momento com
que passámos de um acto eleitoral, em que ele era um de nós,
para nos inclinarmos diante dele, com reverência e fé,
prometendo-lhe fidelidade e obediência, porque ele era o
Pastor que, através do nosso voto, Deus acabava de pôr à
frente da sua Igreja.
A sua capacidade de nos surpreender, revelou-se logo no nome
que escolheu: Bento. No dia da morte de João Paulo II tinha
estado em Subiaco, santuário de S. Bento, padroeiro e grande
evangelizador da Europa. Na grande crise de civilização que se
seguiu à queda do Império Romano, a Igreja mostrou que, em
termos de evangelização da Europa, é sempre possível começar
de novo, porque Jesus Cristo encerra uma esperança que acaba
por traçar o sentido último da vida e da civilização. E a
vontade de desenvolver a dimensão missionária da Igreja é um
traço histórico do pontificado de Bento XV, no início do
século XX, que inspirou a escolha deste nome.
O desafio da Evangelização! É, certamente, o contributo
decisivo da Igreja para o futuro da história da humanidade. Na
sua primeira homilia, no dia a seguir à sua eleição, o novo
Papa traçou decididamente o caminho a percorrer, nestes novos
tempos de missão: aprofundamento do Concílio Vaticano II;
unidade dos cristãos, caminho a percorrer porventura com
“gestos concretos que penetrem nos espíritos e movam as
consciências”; diálogo inter-religioso e inter-cultural;
colaboração com quantos conduzem os destinos do mundo, na
busca da paz e da edificação de um mundo de rosto humano;
predilecta atenção dedicada aos jovens; sempre fortalecido
pela presença de Cristo vivo na Sua Igreja, que a conduz com a
força do Espírito. Bento XVI deixa escancaradas todas as
portas abertas por João Paulo II, dizendo ao mundo que a
Igreja existe para bem da humanidade.
S. Bento, padroeiro da Europa e a inspiração nesse grande Papa
que foi Bento XV, levaram o novo Pontífice a escolher um nome
que significa um projecto de Igreja, servidora do homem e
mestra da humanidade, porque sacramento de Jesus Cristo.
† José, Cardeal Patriarca
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