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DOCUMENTOS OFICIAIS DA IGREJA
 
Comunicado sobre o projecto de lei que "reforça as garantias do direito à saúde reprodutiva" recentemente aprovado na Assembleia da República

Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa
16 de Julho de 1999


1. A Assembleia da República aprovou um Projecto de Lei com um título ambíguo – "garantias do direito à saúde reprodutiva – que se afasta ou desconhece, em vários pontos, a dimensão moral das matérias tratadas. É esse o motivo que nos leva a tomar posição, na linha da missão da Igreja de contribuir para o esclarecimento e recta formação da consciência dos cristãos e, mesmo, da população em geral.
 

Parece ser objectivo deste Projecto de Lei encontrar soluções para problemas graves e reais que existem na nossa sociedade. Os problemas existem e são efectivamente graves. Perante eles, a Lei agora aprovada, esquecendo lamentavelmente os males que estão na raiz, opta, mais uma vez pela via das soluções pragmáticas, aliás de efeito não garantido.

Ignora-se que, por mais graves que sejam os problemas, não há soluções humanamente dignas e válidas se são encontradas à custa do menosprezo pela dignidade da pessoa humana, que se deve exprimir na moralidade das soluções apresentadas.
 

Esquecidos os critérios éticos e culturais, resta a reacção, interveniente e positiva, da consciência dos cidadãos, sobretudo dos pais e dos educadores, aproveitando todos os meios e momentos de intervenção que o próprio texto legal prevê e permite.

 

2. No que à educação sexual diz respeito, é grave a equação feita do binómio educação / informação, reduzindo, praticamente, a primeira à segunda. Concordamos que há passos a dar na forma de inserir na educação, em todas as suas instâncias e níveis etários, a educação sexual enquanto descoberta da vida como relação generosa e comprometida, formação para o dom, generoso e gratuito, cultivo da delicadeza, da beleza e da ternura. A sexualidade é o dinamismo mais abrangente do homem; e se não há formação integral sem educação da sexualidade, esta não pode ser isolada da riqueza da personalidade, com as suas componentes somáticas, psicológicas, espirituais e morais.
 

A educação sexual supõe a informação sobre os ritmos da sexualidade humana, mas não se pode reduzir a ela. A informação tem de ser integrada na descoberta global do sentido humano e espiritual da sexualidade; ao contrário, a informação fisicista e mecânica dos ritmos da sexualidade, pode tornar-se degradante para o crescimento global da pessoa.

 

3. É por isso que a informação deve ser feita pelas entidades a quem compete garantir a educação na sua integralidade, com prioridade para a família, sem excluir a escola, os grupos ou movimentos em que as crianças e os jovens se integram, as Igrejas nas suas estruturas formativas.
 

O papel preponderante reservado à escola no texto legal é problemático e só se explica pela prioridade dada à informação. A família é relegada para a possível intervenção das associações de pais nas decisões da escola. A visão interdisciplinar da educação sexual é correcta, o que exige a qualidade formativa dos docentes, num horizonte global da personalidade do aluno e no respeito por um quadro cultural de valores sobre que assente um projecto educativo conhecido e aceite por todos. A informação sobre os mecanismos da sexualidade, no contexto da escola, isolada dessa perspectiva de formação global, pode levar a riscos na formação, que nenhum resultado prático justifica.
 

No futuro quadro legal instituído por esta Lei, os Pais, os Professores e responsáveis de escolas têm uma responsabilidade acrescida para garantir que a escola seja lugar de formação, em sintonia com a família e não lugar de agressão dos mais delicados sentimentos das nossas crianças e dos nossos jovens.

 

4. A doutrina exposta no texto legal sobre o planeamento familiar afasta-se da doutrina católica sobre este assunto. O planeamento familiar é uma necessidade e um direito. Mas a sua concepção não pode ser redutora. Só a consciência das pessoas, depois de rectamente informadas, pode assumir o caminho escolhido, aceitando, perante si mesmos, perante a comunidade e perante Deus, os riscos físicos, psicológicos e morais dessa escolha.
 

A preocupação mecanicista de resultados eficazes, menosprezou o enquadramento cultural e ético das questões, lacuna grave numa época dominada por um constante apelo ao sexo; isso é tanto mais grave quando sabemos que não é só a ignorância, mas, sobretudo, o desregramento dos costumes, que contribuem para a multiplicação de casos de aborto.

 

5. É lamentável que a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis quase se limite à distribuição gratuita de preservativos nos estabelecimentos de ensino e nos locais de trabalho. É a abdicação total da perspectiva educativa. As nossas famílias e os nossos jovens mereciam melhor.


 

 

 

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