A Comissão Episcopal do Laicado e da Família
promoveu nos dias 5 e 6 de Novembro as XVII Jornadas
de Pastoral Familiar, este ano ano sob o tema:
“PÃO DE AMOR NO CORAÇÃO DA FAMÍLIA”.
MENSAGEM FINAL
Reunidos em Fátima, os cerca de 230
participantes das XVII Jornadas Nacionais da Pastoral
Familiar aprofundámos a nossa reflexão e a nossa partilha
sobre a Eucaristia “Pão de Amor no coração da Família”,
motivados pelo Ano da Eucaristia, há pouco solenemente
encerrado, e fazendo-nos eco do recente sínodo dos Bispos
sobre a Eucaristia.
Ao terminar estas Jornadas Nacionais, gostaríamos de deixar
a nossa Mensagem às Famílias, partilhando com elas os nossos
trabalhos e incentivando-as, ao mesmo tempo, para a (re)
descoberta da Eucaristia e da sua celebração no âmbito
familiar, em cujo coração ela é, verdadeiramente, Pão de
Amor, Pão de Vida e de União.
As várias abordagens temáticas das jornadas
permitiram-nos reflectir em diversas dimensões:
1. A compreensão da eucaristia em chave bíblica (Lucas
24,13-35) sublinhou o carácter progressivo da descoberta da
eucaristia, bem como da sua iniciação, e projectou-nos na
necessidade de ensaiarmos formas pedagógicas de descoberta da
mesma em contexto familiar. Este contexto é de facto
fundamental para a transmissão de valores que conduzam a
atitudes como a capacidade de receber, agradecer, partilhar e
dar gratuitamente e assim preparar a vivência mais completa da
eucaristia.
2. A Eucaristia reforça a comunhão familiar e é um elemento
próprio da sua espiritualidade que ajuda a viver tarefas e
responsabilidades específicas.
A íntima relação entre família e eucaristia entende-se pelo
facto de a família ser espaço de comunhão e participação,
escola de sociabilidade e humanismo, âmbito de comunicação e
vivência da fé. Além disso, os vários momentos da celebração
da eucaristia aparecem-nos com grande evidência como momentos
próprios da vida familiar.
3. A problemática da participação na Eucaristia dos casais
recasados, remete-nos para a responsabilidade pastoral de
encontrar caminhos novos, com criatividade e compaixão, na
fidelidade à doutrina da Igreja e na solidariedade para com o
sofrimento destas famílias.
Há 40 anos, o Concilio dizia, com toda a clareza, que a
Eucaristia é “fonte e cume” da vida e da missão da Igreja (LG
11) e integrava o matrimónio e a família entre as muitas
questões urgentes nos nossos dias (GS 46).
Com o recente Sínodo, partilhamos a convicção de que a “Santa
Eucaristia anima e transforma quer a vida das nossas igrejas
particulares […] quer as múltiplas actividades humanas nos
contextos mais diversos em que vivemos” (Mensagem Final do
Sínodo dos Bispos), sem esquecer, em particular, a vida
das nossas famílias, marcada pelo ritmo dominical da
celebração e da vivência da Eucaristia, autêntico Pão de Amor
a alimentar a partilha generosa da vida e dos dons, bem como a
sua missão de dar testemunho de vida autêntica no mundo de
hoje.
A nossa reflexão dá-se, inevitavelmente, conta das situações
dramáticas e de sofrimento por que passam não poucas famílias,
nos nossos dias e no nosso contexto geográfico e por todo o
mundo, por causa das guerras, da fome e das diferentes formas
de injustiça e de pobreza que ferem a sua vida quotidiana.
Além disso, o contexto cultural em que vivemos, cuja
secularização conduz à indiferença religiosa e às diversas
expressões de relativismo, reflecte-se de forma inegável na
concepção e na prática da vida das famílias do nosso tempo e
do nosso País.
Ao perder-se a identidade religiosa, perde-se,
inevitavelmente, a verdadeira noção da pessoa e da sua
dignidade bem como o valor inviolável da vida, desde a sua
concepção até à sua natural conclusão, ofuscando-se também a
compreensão da Família tal como ela é e se deve exprimir, quer
no plano sobrenatural da revelação quer no âmbito do direito
natural. Ora, a fidelidade à Eucaristia, no seu ritmo
litúrgico de Páscoa semanal, permitirá, sem sombra de dúvidas,
dissipar qualquer forma de relativismo e integrar, na
tessitura do quotidiano das nossas famílias, o absoluto do
amor e da verdade que elas são chamadas a espelhar.
O testemunho de numerosas famílias que celebram fielmente a
eucaristia, inserindo nela o ritmo e a sensibilidade familiar,
leva-nos a afirmar que vale a pena iniciar as nossas famílias
à celebração eucarística. |