Um catecismo
deve apresentar, com fidelidade e de modo orgânico, os
ensinamentos da Sagrada Escritura, da Tradição viva da Igreja
e do Magistério autêntico, bem como a herança espiritual dos
Padres, dos santos e santas da Igreja, para permitir conhecer
melhor o mistério cristão e reavivar a fé do Povo de Deus.
Deve ter em conta as explicitações da doutrina que, no decurso
dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja. É também
necessário que ajude a esclarecer, com a luz da fé, as novas
situações e os problemas que no passado ainda não tinham
surgido.
O Catecismo
incluirá, portanto, coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52)
porque a fé, sendo sempre a mesma é, simultaneamente, fonte de
luzes sempre novas.
(Constituição
Apostólica "Fidei Depositum")
A CONFIANÇA DOS CRISTÃOS:
A PROFISSÃO DE FÉ APOSTÓLICA
1. Creio em Deus, Pai
Todo-Poderoso
"Ide por todo
o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc
16,15). "Ide, pois, e ensinai todas as gentes,
baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-as a observar tudo o que vos mandei" (Mt
28,19-20). Eis a missão que Jesus confiou aos seus apóstolos.
A mesma que os apóstolos transmitiram aos seus seguidores: a
missão da Igreja, hoje. A Igreja testemunha e anuncia para que
todos possam crer e esperar, viver e amar como Jesus acreditou
e esperou, viveu e amou. Ela guarda a tradição sagrada e
protege-a da falsificação e do erro.
A profissão de
fé nasceu na Igreja como recapitulação válida da mensagem
transmitida pelos apóstolos. Todos aqueles que, por ocasião do
seu Baptismo, são interrogados sobre a sua fé, confessam com
as mesmas palavras a sua pertença a Deus Pai, a Jesus Cristo,
seu Filho e ao Espírito Santo.
A profissão de
fé (Credo) de todos os cristãos começa pela palavra "Eu".
Porque no seio da comunidade, cada pessoa tem a sua própria
história com Deus. Ninguém pode dizer "eu" pelo outro.
Quem diz "sim" a
Deus deve saber a que se compromete. Por isso, é importante
que cada cristão aprenda a conhecer e a compreender o texto
fundamental da sua fé.
1.1 Eu
creio
Eu sou uma
pessoa e nasci rapaz ou rapariga. Tenho um pai e uma mãe,
irmãos, irmãs e familiares. Vivo em sociedade com muitas
pessoas, animais e plantas, e com tudo o que cresce na terra.
Os homens podem
ver e ouvir, aprender e reter, pensar e fazer projectos. Podem
construir casas, domesticar animais, curar doenças, transmitir
a vida. Investigam o universo e são capazes de viajar até à
lua, atravessar os mares e inventar bombas que destroem a vida
sobre a terra. São capazes de observar e estabelecer
comparações.
Os homens
comunicam, aprendem uns com os outros, necessitam mutuamente
uns dos outros. O que é difícil torna-se fácil quando há
alguém a quem posso dizer: conto contigo e sei que tens boas
intenções para comigo. Escuto o que me dizes: confio em ti. Tu
ajudas-me sempre a levantar-me e dás-me esperança. Quero
apoiar-me em ti. Acredito em ti.
|
"Um amigo fiel é uma poderosa
protecção:
quem o encontrou, descobriu um tesouro."
ECLESIÁSTICO
6,14
|
1.2 Creio em Deus
As pessoas
acreditam em si mesmas. Mas muitas acreditam também em algo
que as ultrapassa. Acreditam em Deus. Esperam d'Ele uma
resposta que ultrapassa toda a capacidade de conhecimento.
Porque estou na terra? Porque temos de morrer? Donde procede a
diversidade da vida? Existe uma causa última que dê sentido à
vida e também ao sofrimento?
Em todas as
épocas e em todos os povos, os homens procuraram e procuram
Deus. Procuram-n'O para aprender d'Ele a compreenderem-se e a
compreender o mundo. Todo o homem pode
reconhecer
a mão eficiente de Deus na maravilhosa ordem da criação com
toda a sua diversidade.
As obras são o
reflexo d'Aquele que as criou. Existe uma maneira mais directa
de encontrar Deus e de estar seguro da Sua existência.
Testemunham-no os profetas da Primeira Aliança, enviados por
Deus. Um mestre da Igreja primitiva escreve: "Muitas vezes
e de muitos modos falou Deus a nossos pais, nos tempos
antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os
últimos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1).
Os cristãos
confiam no testemunho da
Bíblia.
Acreditamos que Deus escolheu o pequeno povo de Israel, entre
todos os povos da terra, para estabelecer com ele uma
aliança.
Através deste povo, todos os povos da terra aprenderão que
Deus existe e que Ele tem um plano para os homens. A história
desta aliança divina com Israel encontra-se nos livros do
Antigo Testamento.
Através das
histórias bíblicas que relatam os encontros com Deus,
aprendemos a conhecer o Deus que se vai revelando. Aprendemos
quem é Deus e o que Ele quer do homem e para o homem.
Moisés
pastoreava o seu rebanho no deserto. Vê então uma sarça que
ardia sem se consumir pelo fogo. Ouve uma voz que lhe diz:
"Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e
o Deus de Jacob... Eu bem vi a opressão do Meu povo que está
no Egipto, e ouvi o seu clamor...; conheço, na verdade, os
seus sofrimentos" (Ex 3,6-7).
O Deus
transcendente e Todo-Poderoso permanece próximo dos homens.
Sofre com eles. Através de Moisés quer conduzi-los à
liberdade. Moisés estremece, não quer aceitar essa missão.
Pede que, do meio do fogo, lhe diga o Seu nome. Deus diz-lhe:
"Eu sou aquele que é". Não é um nome habitual. Deus
está aí para o homem. Deus está aí! E isto é válido para todos
os homens e para todos os tempos.
|
"E agora, eis o que diz o Senhor,
o que te criou...
Nada temas, porque Eu te resgatei,
e te chamei pelo teu nome; tu és Meu.
Se tiveres de atravessar as águas, estarei contigo,
e os rios não te submergirão.
Se caminhares pelo fogo, não te queimarás,
e as chamas não te consumirão.
Porque Eu, o Senhor, sou o teu Deus;
Eu, o Santo de Israel, sou o teu Salvador."
ISAÍAS
43,1-3
|
Job, um homem
piedoso que confiou a sua vida a Deus, descobre-O de outra
maneira: a desgraça cai sobre ele. Bandos de ladrões
roubam-lhe os seus rebanhos e matam os seus pastores. Os seus
filhos, sete varões e três filhas, ficam sepultados sob as
ruínas da sua casa, que desabou sobre eles. Ele próprio
contrai lepra: o seu corpo cobre-se de chagas. Permanece
sentado sobre um monte de cinzas e raspa-se com um caco de
telha.
Não é possível
que Deus envie tantas desgraças ao piedoso Job! A mulher e os
amigos tentam convencê-lo a separar-se de Deus, visto que lhe
paga tão mal o bem que Lhe faz. Mas Job está certo disto: se
aceitamos de Deus o bem que Ele nos envia, não devemos aceitar
também o mal que Ele permite que nos aconteça?
Acreditar
significa:
-
Confiar em Deus, saber que Ele é Deus para todos os homens e
mulheres, que Ele os conhece e os ama.
-
Estar certo de que Deus é Deus para mim, me conhece e me
ama.
-
Amar a Deus com todo o meu coração, com todas as minhas
forças e com todas as minhas capacidades.
-
Dizer sim a Deus, escutar a Sua palavra, fazer a Sua
vontade.
|
Numa cidade em ruínas, foi encontrada, na parede dum
refúgio, a profissão de fé dum perseguido:
Creio no sol,
mesmo quando este não brilha.
Creio no amor,
mesmo que não o sinta.
Creio em Deus,
mesmo quando Ele Se cala.
|
Conhecimento de Deus:
"As faculdades do homem tornam-no capaz de conhecer a
existência de um Deus pessoal. Mas para que o homem possa
entrar na Sua intimidade, Deus quis revelar-Se ao homem e
conceder-lhe a graça de poder acolher essa revelação na fé.
Contudo, as provações sobre a existência de Deus podem dispor
à fé e ajudar a ver que a fé não se opõe à razão humana"
(Catecismo da Igreja Católica 35).
Bíblia significa "livro". Designa-se assim o livro que reúne
os escritos que a Igreja reconhece como "Sagrada Escritura". A
primeira parte, a mais extensa, o Antigo Testamento, contém os
livros nos quais o povo de Israel testemunha as grandes obras
de Deus na sua própria história. Contém três partes distintas:
A Lei (ou Pentateuco = os cinco livros de Moisés), os Livros
Proféticos, e os "Escritos" (históricos, poéticos e
sapienciais). Os escritos do Antigo Testamento foram redigidos
durante o milénio que precedeu o nascimento de Jesus. A
segunda parte da Bíblia, mais pequena, constitui o "Novo
Testamento" (cf. 3.4).
Aliança:
a palavra significa o pacto que Deus fez com Noé, com Abraão,
e com todo o povo no Monte Sinai. A aliança é para Israel o
penhor da eleição. "Eu serei o vosso Deus, e vós sereis o
Meu povo". Os "Dez Mandamentos" constituem as regras da
aliança. Todos os anos, Israel celebra a festa da aliança.
Dado que o Deus fiel concluiu esta aliança, os homens podem
confiar n'Ele. Mesmo no meio das maiores adversidades, os
homens piedosos não perdem a esperança. Aguardam uma nova
aliança que Deus oferecerá ao seu povo. A Igreja proclama
Jesus como o Cristo, o Messias através do qual Deus realiza
essa esperança.
1.3 Creio em Deus, Pai Todo-Poderoso
Os que crêem
falam com Deus. Procuram palavras que exprimam a grandeza de
Deus e manifestem que Ele é diferente: Tu és Santo, Tu és
Glorioso, Tu és o Altíssimo. Prostram-se a Seus pés e
adoram-n'O.
Muitos justos,
dos quais fala o Antigo Testamento, acreditam que aquele que
vir a Deus face a face morrerá necessariamente. Mas o Antigo
Testamento conhece homens cujo maior desejo é contemplar o
rosto de Deus. São homens que tudo o que desejam é estar com
Deus, porque acreditam, com fé, que o homem não pode ser feliz
se não estiver junto de Deus. Acreditam que Deus castiga o
pecado, mas sabem igualmente que o Seu amor e a Sua
misericórdia se inclinam para salvar o pecador e são
imensamente maiores do que a Sua ira.
Eles dizem: Deus
não quer humilhar-nos. Deus não amedronta as pessoas. Ele
ama-as e quer ser amado. Ele diz de Si mesmo: "Como uma mãe
consola o seu filho, assim Eu vos consolarei" (Is 66,13).
E também: "Chamar-Me-ás 'Meu Pai' e não te afastarás de
Mim" (Jr 3,19). Um justo que conhece bem a Deus, diz:
"Tal como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor
Se compadece dos que O temem" (Sl 103,13).
Que Deus nos
pareça, por vezes, afastado, estranho e inacessível, faz parte
do mistério do Seu amor. É também uma forma de nos fazer ver
que os Seus pensamentos e os Seus caminhos não são os nossos
(cf. Is 55,8).
Quando os
poderes do mal prevalecem, Deus pode parecer-nos, por vezes,
impotente. E, no entanto, quando sentimos faltar-nos as
forças, ainda é válida a palavra que o enviado de Deus dirigiu
a Abraão que duvidava - sendo ancião de noventa anos de idade
- que fosse possível nascer-lhe um filho: "A Deus nada é
impossível". É a mesma palavra que o anjo diz a Maria na
Anunciação.
Aos que estão
cansados de tanto trabalho, Deus sai ao seu encontro
tomando-os nos Seus braços. Procura os que estão sós e
senta-Se a seu lado, como uma mãe. Enxuga as lágrimas dos que
já perderam a esperança. Tranquiliza os que têm dúvidas. O Seu
sorriso anima os desencorajados. Nada nem ninguém é capaz de
resistir a Deus. O Seu braço nunca é demasiado curto para
ajudar. É isto principalmente o que queremos dizer quando
afirmamos: Deus é todo-poderoso. Todo-poderoso para ajudar,
para perdoar e para fazer o bem. Todo o mal é estranho à Sua
natureza.
|
O amor de Deus é como uma mão
à qual nos podemos agarrar,
como um luz que brilha na noite
e nos indica o caminho. |
2. Creio em Deus,
Criador do Céu e da Terra
Os homens
perguntam admirados: donde vem o mundo? Donde procede esta
diversidade da vida? Quem decidiu sobre o curso dos astros que
determinam o tempo do Verão e do Inverno, as sementeiras e as
colheitas, o dia e a noite? Quem proporcionou a ordem às
plantas e aos animais e concedeu a fertilidade à terra? Quem
faz brotar a vida no seio das mães? O que é que existiu no
princípio e qual será o fim?
Os homens que
sofrem, queixam-se: Quem faz estremecer a terra e provoca as
inundações? Quem retém as águas para secar a terra? Donde vem
a desgraça, a doença, a morte? Donde vem o mal e quem lhe dá o
poder de encher o coração humano? Acabará o mal por vencer o
bem? Será a morte mais forte que a vida?
Em todo o mundo
se ouvem as mesmas interrogações que angustiam os homens. Os
mais sábios de entre todos os povos buscam uma resposta. Falam
do mistério dos começos, das obras da divindade e da sua
história com a humanidade: são os
relatos das origens.
Os sacerdotes de
Israel, iluminados pelo Espírito de Deus, formulam a sua fé em
Deus, "criador do céu e da terra". Esta confissão de fé
é tão importante que eles a situam no princípio da Bíblia.
Relatos das origens:
fala-se, por vezes, do "relato da criação" no princípio da
Bíblia correndo o risco de interpretar o capítulo inicial do
primeiro livro bíblico como a descrição, mais ou menos exacta,
dos acontecimentos relatados nesse primeiro capítulo. Quando
se diz, por exemplo, que Deus criou o mundo em seis "dias"
(fala-se dos seis dias de "trabalho" divino), a palavra "dia"
não significa as vinte e quatro horas do dia. A imagem
pretende sublinhar que com a criação de Deus, o tempo começa o
seu percurso, e também que as diferentes criaturas ficam
ligadas umas às outras. O texto que a Bíblia nos transmite não
nos diz como é que o universo começou, mas quem é que o fez. O
povo de Israel professa neste hino a sua fé em Deus, o qual
existia antes do começo e que permanece fiel à Sua criação até
à Sua consumação.
2.1 Tudo procede de Deus
"No princípio
Deus
criou o céu e a terra" (Gn 1,1). Com
esta frase começa a Bíblia. "No princípio" significa: quando
ainda não havia nenhum ser humano na terra, nenhum homem,
nenhuma mulher, nenhuma criança, nenhum animal para deixar o
seu rasto na floresta e nos campos, nenhum pássaro para
cantar, nenhum peixe para nadar nas águas, nenhum raio de sol
para anunciar o dia nem a lua a iluminar o céu, nem uma
estrela a iluminar a noite, nenhum mar, nem altura nem
profundidade, nem direita nem esquerda. No princípio havia
Deus: "O Seu Espírito pairava sobre as águas" (Gn 1,2).
-
Nós dizemos: "Creio em Deus, criador do céu e da terra",
e queremos dizer com isto que o mundo e tudo o que este
contém não surgiu de si mesmo nem do acaso, mas surgiu
porque Deus assim o quis; sem Ele não haveria vida.
-
Nós dizemos: Ele criou o mundo do "nada" - o mais pequeno
átomo, a galáxia mais distante. Por isso os homens podem
reconhecer o rasto de Deus nas suas criaturas mesmo
desconhecendo-O. "Pois, na grandeza e formosura das
criaturas podemos ver, por analogia, o seu autor" (Sb
13,5).
Os homens partem
à descoberta do seu meio vital, a "Terra". Explicam como a
diversidade da vida evoluiu ao longo dos milénios. A nossa
imagem do mundo
é diferente da imagem bíblica. Acerca dos começos, da causa
última da vida, existem várias respostas: nós não acreditamos
no acaso, mas sim que o Deus vivo é a causa original de todos
os começos.
Através da fé
neste Deus, podemos adoptar um ponto de vista que nos permita
compreender o mundo e a nós mesmos. E porque acreditamos,
podemos confiar que o mundo e o homem estão seguros n'Aquele
que existia já no princípio.
Deus é cheio de
bondade para connosco. O povo de Israel experimentou-o muitas
vezes, e cada crente experimenta-o na sua própria vida.
|
Alguém que reflectiu muito, louva a Deus assim:
"Tu tens compaixão de todos, pois
tudo podes e desvias os olhos dos pecados dos homens a fim
de os levar à conversão. E como subsistiria uma coisa se
Tu a não quisesses? Ou como se conservaria, se não tivesse
sido chamada por Ti? Mas Tu poupas a todos, porque todos
são Teus, ó Senhor, que amas a vida!"
SABEDORIA
11,23.25-26
|
Deus: Pai, Filho e Espírito
Santo: Os cristãos louvam
Deus-Pai que criou o céu e a terra. Louvamos Jesus Cristo,
Filho de Deus, que desde sempre está unido ao Pai, porque é o
Verbo (ou a Palavra), pelo qual todas as coisas foram feitas (Jo
1, 1-3). Louvamos o Espírito Santo de Deus, o qual pairava
sobre as águas, no princípio (Gn 1,2), que dá a vida e a
preserva ao longo dos tempos. Rezamos assim: Glória ao Pai, ao
Filho e ao Espírito Santo.
Imagem do mundo:
na época em que foram escritos os livros bíblicos,
acreditava-se que a terra era um disco redondo suportado por
colunas assentes no fundo do mar. Debaixo dela estaria o reino
dos mortos: acima dela, a abóbada celeste separando as águas
superiores das águas inferiores. A chuva cai de cima sobre a
terra seca. "Céu e terra" significa, pois, todo o universo.
2.2 O homem procede de Deus
O homem chegou
tardiamente à terra. Os oceanos e os continentes, as plantas e
os animais existiam muito antes dele. Israel proclama: no
sexto dia, no último dia da sua obra, Deus criou o homem. O
homem que vive com as plantas e os animais e que, contudo, é
diferente e "bem mais" do que eles. É o que querem dizer-nos
os sacerdotes de Israel quando afirmam que Deus criou o homem
à Sua imagem.
Deus criou o ser
humano, homem e mulher, para que sejam companheiros um do
outro e se ajudem mutuamente. É no amor de um pelo outro que
chegam a ser plenamente humanos. É juntos que transmitem a
vida, a sua sabedoria, a sua experiência, o seu amor. Porque o
ser humano, homem e mulher, é semelhante a Deus, é capaz de
conhecer e amar a Deus, os outros homens e os animais.
O ser humano
pode descobrir e investigar a terra, servir-se dela e
transformá-la. Mas pode também poluí-la e destruí-la.
Considera-se a si mesmo, e com razão, "senhor" da terra. A sua
grandeza, porém, não vem dele mesmo. Deus destinou as últimas
criaturas para que sejam as primeiras, a fim de cuidarem não
só de si mesmas e dos filhos, mas também de tudo o que cresce
sobre a terra.
Deus confia ao
homem a tarefa de ser companheiro fiel dos animais e das
plantas, a fim de que ele proteja e defenda a vida, que não
explore a terra, mas a preserve, que proporcione a cada
criatura o que ela necessita. O homem e a mulher,
conjuntamente, são responsáveis pela terra. O homem e a mulher
são ambos semelhantes a Deus.
|
Senhor, a nossa
terra é apenas um pequeno astro no grande universo.
Depende de nós fazer dela um planeta cujas criaturas não
sejam atormentadas pela guerra, torturadas pela fome e
pelo medo, divididas pela absurda separação de raças, de
cores e de ideologias.
Concede-nos a
coragem e a lucidez de começar já hoje esta tarefa, a fim
de que os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos
possam, um dia, usar com orgulho o nome de homens.
ORAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS
|
2.3 O bem ou o mal - a vida ou a morte
Louvamos a Deus.
Ele criou a terra. Toda a vida procede d'Ele. E toda a vida é
boa. Assim o acreditamos com fé e, no entanto, experimentamos
que no nosso mundo, mesmo dentro de nós, o mal tem muito
poder. Em todo o lado podemos encontrar vestígios de Deus e
também do mal, mesmo dentro do nosso coração.
Há pessoas que
acreditam na existência de dois deuses: um deus bom e um deus
mau. Nós porém acreditamos, com o povo de Israel, num único
Deus. Ele criou toda a vida e quer que as Suas criaturas O
sirvam em liberdade. Mas elas abusam dessa liberdade e não
querem servi-l'O. Israel conta que, entre os anjos que Deus
criou para estarem junto d'Ele contemplando a Sua glória,
alguns rebelaram-se contra o próprio Deus. Não podendo já
permanecer junto de Deus, andam pelo mundo dos homens
espalhando o mal. Dentre eles, existe um ao qual chamamos "demónio",
que procura separar os homens de Deus e arrastá-los para si.
S. Pedro aconselha-nos a estarmos atentos às tentações do mal
e à fraqueza humana. Por isso diz-nos: "Sede sóbrios, estai
vigilantes: o vosso inimigo, o demónio, anda à vossa volta
como um leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe
firmes na fé" (1 Pd 5,8-9).
Acreditamos que
Deus destruirá as forças do mal, no último Dia, quando Ele
fizer acabar o mundo. Então começará uma nova vida, definitiva
(cf. Ap 20,7-14).
Mas enquanto
decorre o tempo histórico, o mal continua prejudicando os
homens. O homem é livre: pode colocar-se do lado de Deus,
escutar a Sua Palavra e colaborar com Ele. Mas pode também
pôr-se do lado do demónio, ser seu interlocutor e fazer mal a
si próprio e ao mundo.
A Bíblia
conta-nos uma história-chave sobre Adão e Eva, o "primeiro
homem". Uma história que se refere a todos os homens, qualquer
que seja o momento e o lugar em que vieram ao mundo.
Eva conhece
perfeitamente o mandamento de Deus. Sabe que se trata de vida
ou morte.
E, contudo, ela
escuta a voz do tentador: "ser como Deus", "conhecer o bem e o
mal", parece-lhe apetecível. Eva come do fruto da árvore
proibida e dá-o também a comer a Adão. Abrem-se-lhes os olhos,
reconhecem a sua própria miséria, a sua própria debilidade.
Escondem-se de Deus e receiam Aquele que é seu amigo.
Através de Eva,
a mãe de todos os viventes, todos os seres humanos participam
dessa mesma culpa (o
pecado original).
Uma dura herança. Os homens estariam perdidos se Deus não os
amasse e não lhes permanecesse fiel.
|
"Donde me virá o auxílio?
O meu auxílio vem do Senhor,
que fez o céu e a terra.
Não permitirá que vacilem os teus passos,
não dormirá Aquele que te guarda.
Não há de dormir nem adormecer
Aquele que guarda Israel.
O Senhor é quem te guarda,
o Senhor está a teu lado,
Ele é o teu abrigo.
O Senhor te defende de todo o mal,
o Senhor vela pela tua vida.
Ele te protege quando vais e quando vens,
agora e para sempre."
SALMO
121,2-5,7-8
|
Anjos:
são seres espirituais que rodeiam o trono de Deus, O louvam e
adoram. Eles cumprem a missão divina de proteger e guardar os
homens. Por isso são designados por "anjos da guarda" (SI
91,11). Deus envia os seus anjos à terra como mensageiros.
Gabriel diz a Maria que ela foi escolhida para ser a Mãe de
Jesus. Durante a noite santa, os anjos cantam louvores a Deus
nos campos de Belém.
Demónio:
a Bíblia aplica ao adversário de Deus muitos nomes que indicam
a sua acção maléfica - Satanás, Belzebu, Tentador, Príncipe
das Trevas, Pai da Mentira, Príncipe deste Mundo.
Pecado original ou falta
original: esta expressão
significa a acção continuada daquele pecado que, desde o
princípio, pesa sobre a história da humanidade na sua relação
com Deus. Todos os homens são herdeiros desta falta. "Como
consequência do pecado original, a natureza humana ficou
enfraquecida nas suas forças, sujeita à ignorância, ao
sofrimento, ao domínio da morte e inclinada ao pecado"
(Catecismo da Igreja Católica 418).
3. E em Jesus Cristo, seu único
Filho, Nosso Senhor
Quando Jesus
atingiu a idade de trinta anos, saiu de Nazaré, a Sua aldeia,
e foi ao encontro de
João Baptista, nas
margens do Jordão. Depois, levou uma vida de pregador
itinerante nas aldeias e vilas dos arredores do lago de
Tiberíades. Começou ali a pregar a Boa Nova de Deus, dizendo:
"Completou-se o tempo e está próximo o Reino de Deus.
Convertei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1,14-15). As
pessoas que o contactam percebem logo que Ele não é como os
outros. Juntam-se à Sua volta, querem estar perto. Escutar o
que Ele diz e ver o que Ele faz. Admiram-n'O porque Ele fala
sobre Deus e a natureza humana de modo distinto dos mestres
das sinagogas.
-
Aos que a Ele vêm, Jesus diz: Deus deseja o vosso bem, quer
facilitar-vos a vida. Ele não despreza os pobres e quer
perdoar o pecado dos que fizeram o mal.
-
Jesus diz: Não temais a Deus, amai-O. Ele deseja uma só
coisa: que acrediteis na mensagem que nos traz.
|
Jesus disse:
"O Filho do homem veio procurar e
salvar o que estava perdido."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO LUCAS 19,10
|
João Baptista:
filho do sacerdote Zacarias e de sua esposa Isabel que haviam
envelhecido sem terem filhos. O anjo Gabriel anuncia a
Zacarias, no templo de Jerusalém, o nascimento de um filho que
se chamará João - que significa "Deus é clemente". João
Baptista é um eleito. Vive no deserto. Aos que a ele vêm, diz:
"O Reino dos Céus está próximo, arrependei-vos". Ele
baptiza no Jordão o arrependimento dos pecados. É o último
profeta de Israel e o precursor de Jesus.
Sinagoga:
é a casa de oração dos judeus. Naquele tempo os sacrifícios
eram oferecidos unicamente no templo de Jerusalém. Mas, em
todas as aldeias e vilas, havia lugares de oração: as
sinagogas.
3.1 Jesus, o Cristo
O povo judeu tem
uma longa história com Deus. Tem também uma história com a
humanidade e, neste contexto, sofreu as provações de qualquer
outro pequeno povo que tem vizinhos poderosos. Acabou por ser
conquistado e ocupado pelos romanos. Muitos perderam a
esperança. E questionavam: Deus esqueceu-nos? A Sua aliança já
não é válida? Não Se lembra de que, por meio dos profetas, nos
prometeu um salvador? Um salvador que nos devolverá a
liberdade e a alegria de viver. Que expulsará do nosso país os
estrangeiros. Que estimará mais a justiça do que os bens e que
as origens sociais. Que restituirá ao povo a sua dignidade
humana e aos escravos o seu nome. Que servirá a Deus e nos
mostrará como podemos viver honrando a Deus.
-
Nós os cristãos acreditamos e proclamamos:
Jesus
é esse
Cristo,
o Messias. Deus enviou-O e ungiu-O com o seu Espírito (cf.
Is 61,1; Lc 4,18). Ele é o salvador que Deus havia prometido
ao Seu povo e a todos os outros. Ele redimirá os pecados do
Seu povo (cf. Mt 1,21). Ele é Aquele que todos os homens
piedosos esperam: o Seu nome é Jesus Cristo.
|
Jesus de Nazaré, na Galiléia:
Alguém que Deus nos envia
Alguém que vive humanamente
Alguém que defende os "humildes"
Alguém que não receia os "poderosos"
Alguém a quem querem calar.
Ele não
oferece resistência,
Não Se defende,
Abandona-Se.
Porque Ele sofreu, o sofrimento tem sentido.
Porque Ele confiou, os que duvidam refugiam-se n'Ele.
Porque Ele morreu, nós esperamos,
Porque Ele ressuscitou, nós bendizemos o Pai e cantamos:
Aleluia!
|
Jesus:
o nome de Jesus (abreviação de Jehoshua, Josué) era bastante
corrente em Israel. Significa Deus (Javé) salva. Jesus cumpre
a promessa do seu nome: Ele é o salvador, traz a salvação. Eis
porque Lhe chamamos Salvador e Redentor.
Cristo:
é a tradução grega da palavra hebraica "Messias", "Ungido". Um
título atribuído aos reis de Israel. Reis e sacerdotes, ao
serem entronizados nos seus cargos, eram ungidos com óleo
sagrado, sinal de que tinham o direito de agir em nome de
Deus. Quando Israel fala do "Ungido", do "Messias", trata-se
do rei que, enviado e protegido por Deus, deverá libertar o
povo da dominação romana e reinar em Jerusalém, sobre o trono
de David. Os cristãos confessam que Jesus de Nazaré é esse
Messias, o Filho de Deus. No Baptismo, na Confirmação, na
Ordenação, são ungidos com o óleo sagrado, sinal eficaz da Sua
presença na comunidade.
3.2 Jesus Cristo, Filho de Deus
Jesus Cristo, o
Messias, fala de Deus como mais ninguém o fez. Fala de um modo
único: directo e íntimo. Em tudo o que diz ou faz, é um com o
Pai. Ele conhece a vontade do Pai. Não necessita dos Livros
Sagrados nem de mestres para aprender. Por isso Jesus pode
contradizer os doutores da Lei quando estes, em nome de Deus,
restringem a liberdade das pessoas que lhes estão confiadas,
dificultando-lhes a vida.
Jesus aproxima
os homens de Deus e traz Deus aos homens. Cura os doentes ao
sábado. Come com os
publicanos e não
evita os excluídos da sociedade e das cerimónias religiosas.
Perdoa em nome de Deus aos que cometeram pecados e encoraja-os
a mudar o seu modo de viver.
Muitos homens e
mulheres encontram-se com Jesus. Alguns perguntam: quem é este
homem? Um profeta de Deus, talvez? Outros enchem-se de espanto
e confiam n'Ele. Outros perguntam com desconfiança: quem Lhe
terá dado tão grande poder? Outros dizem Ele blasfema. Outros,
ainda, comentam: Cristo, quando vier, fará milagres maiores do
que o que este faz? (Jo 7,31).
Mas todos,
qualquer que seja a sua opinião, sentem que o mistério do ser
de Jesus está relacionado intimamente com Deus.
Em Israel,
quando se queria dizer que uma pessoa estava particularmente
unida a Deus, dizia-se: é um "filho de Deus". Ao povo de
Israel, por ser o eleito, chamamos-lhe "filho de Deus" (Ex
4,22). Aos reis que governam o povo em representação de Deus,
que é o Rei, é-lhes dado no dia da sua entronização e da sua
unção, o título honorífico de: "Tu és meu filho" (SI 2,7).
Quando dizemos: "Jesus é o
Filho de Deus", queremos dizer
mais do que isso. Jesus está unido a Deus de um modo muito
mais íntimo que o rei ou o povo de Israel. Nada no mundo dos
humanos é comparável à relação de Jesus com o Pai. Os
evangelistas sublinham este fato quando testemunham que Deus
mesmo, em dois momentos cruciais da vida terrestre de Jesus, O
proclamou seu "Filho muito amado": por ocasião do seu Baptismo
no Jordão, antes de Jesus iniciar a sua missão de pregador
itinerante, e no Monte da Transfiguração, antes de Jesus subir
a Jerusalém para aí sofrer e morrer.
Quando Pedro, o
primeiro dos
apóstolos, confessa: "Tu és o
Cristo. O Filho do Deus vivo" (Mt 16,16), Jesus
responde-lhe: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas,
porque não foi a carne e o sangue que to revelou, mas Meu Pai
que está nos céus".
|
Jesus disse a Nicodemos:
"Deus amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho unigénito,
para que todo aquele que acredita n'Ele não se perca,
mas tenha a vida eterna."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 3,16
|
Publicanos:
cobram os impostos por conta do ocupante romano, assegurando
assim os seus rendimentos. Por vezes exigem em excesso. São
desprezados por todos e ninguém deseja relacionar-se com eles.
Filho de Deus:
Jesus está unido a Deus de um modo diferente e mais íntimo do
que o povo de Israel com os seus reis. Ele é, como dizem os
Padres da Igreja, "Deus de Deus, luz de Luz, gerado não
criado, da mesma natureza que o Pai".
Apóstolos:
Apóstolo significa "enviado", "mensageiro". Simão Pedro, Tiago
e João, os filhos de Zebedeu, André, Filipe, Bartolomeu,
Mateus, Tomé, Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simão o Cananeu
e Judas Iscariotes que O entregou (Mc 3,16-19). Doze homens
que Jesus escolheu entre todos os seus discípulos. Pedro é o
primeiro dentre eles.
3.3 Jesus Cristo, Nosso Senhor
O primeiro povo
de Deus vive na Sua aliança. Os reis reinam em Seu nome. É
para O glorificar que os sacerdotes oferecem sacrifícios. Os
Seus mandamentos não são postos em dúvida. Eles são a única
lei que obriga a todos, poderosos e humildes. Nas suas
orações, os judeus crentes dirigem-se ao seu "Senhor". O nome
de Javé, "Eu sou Aquele que sou" ou "Eu sou Aquele que está",
é-lhes tão sagrado que eles não o pronunciam nem escrevem, com
receio de o profanar. Dão graças a Deus, o "Senhor", que está
próximo do seu povo, clemente e misericordioso, e que não
exige mais do que ser amado "com todo o coração e com todas as
forças".
Quando os
cristãos chamam "Senhor" não só a Deus Pai mas também a Jesus
Cristo ressuscitado dentre os mortos, confessam que Ele é o
Filho de Deus, proclamam ao mesmo tempo a sua confiança e
manifestam a sua vontade de estar ao serviço uns dos outros
como Jesus lhes pediu, na véspera da Sua Paixão:
|
"Vós chamais-Me Mestre e Senhor,
e dizeis bem, porque o sou.
Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também
vós vos deveis lavar os pés uns aos outros."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 13,13-14
|
Para os
primeiros cristãos, confessar Jesus, o Senhor, poderia ter
consequências fatais, pois os imperadores romanos, os
"senhores do mundo", reivindicavam também este título
honorífico. Muitos cristãos (os mártires), homens e mulheres,
deram a sua vida não se deixando afastar da profissão de fé em
Cristo Jesus, único Senhor.
A Igreja de
Cristo começa a celebração da Eucaristia pela invocação grega
"Kyrie eleison": Senhor, tem piedade. E no Glória, o cântico
de louvor, confessa: "Pois só Vós sois o Santo, só Vós o
Senhor, só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo
na glória de Deus Pai".
|
Nisto se reconhecem os cristãos:
"Se confessares com a tua boca: "Jesus é o Senhor", e
acreditares no teu coração que Deus O ressuscitou dentre
os mortos, serás salvo."
EPÍSTOLA AOS
ROMANOS 10,9 |
3.4 A Bíblia: O Novo Testamento
O Novo
Testamento é a parte da Bíblia (cf. 1.2) que nasceu na Igreja
de Cristo. É composto de vinte e sete livros escritos pelos
apóstolos, missionários e mestres, entre os anos 50 e 100
depois do nascimento de Cristo. Encontramos nele 21 epístolas
(cartas) - 13 são de São Paulo dirigidas a diferentes
comunidades. Estes livros foram rapidamente considerados uma
instrução
apostólica normativa para a
Igreja.
Os quatro
evangelistas
(São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João) testemunham,
cada um a seu modo, os factos, gestos e palavras de Jesus
Cristo, Nosso Senhor, assim como a sua Paixão e Ressurreição.
Nos Actos dos Apóstolos, o evangelista São Lucas descreve a
história da Igreja primitiva, que se constitui sob a direcção
de São Pedro em Jerusalém, e o trabalho dos primeiros
missionários, em particular São Paulo. O último livro do Novo
Testamento, o Apocalipse de São João, contém as imagens
proféticas e o anúncio da vitória definitiva de Deus sobre os
poderes do mal.
A Bíblia é
constituída pelo Antigo e Novo Testamento. A Igreja acredita
que o Espírito
Santo de Deus preservou do erro
os homens que escreveram estes livros e que o seu testemunho é
digno de fé, verídico e fiel. Como os autores da Sagrada
Escritura redigiram na língua do seu tempo, eles devem ser
reinterpretados em cada época, para cada comunidade. Mas como
o Espírito Santo de Deus é o garante dessa autenticidade,
resultam válidos para todos os tempos. Os escritos bíblicos
reconhecidos como verdadeiros e autênticos pela Igreja formam
o cânon
da Escritura Santa. São lidos na Missa e constituem o
fundamento da fé.
|
"Muitos outros milagres realizou
ainda Jesus, na presença dos discípulos, que não estão
escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para
crerdes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, crendo,
tenhais a vida n'Ele."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 20,30-31
|
Colégio Apostólico:
os apóstolos transmitem aos seus sucessores, os bispos, o
ministério que Jesus mesmo lhes confiou. A cadeia da tradição
une-nos aos começos.
Evangelho:
"A Santa Mãe igreja defendeu sempre e continua firmemente a
defender e com a maior constância, que os quatro Evangelhos,
dos quais ela afirma sem hesitar a historicidade, transmitem
fielmente o que Jesus, Filho de Deus, durante a sua vida entre
os homens, fez realmente e ensinou para a sua salvação eterna,
até ao dia em que foi elevado ao céu".
(Concílio Vaticano II, Dei
Verbum 19).
Espírito Santo:
à assistência do Espírito Santo na composição dos livros
bíblicos chamamos "inspiração".
Cânon:
Significa "regra". Chamamos assim ao conjunto dos textos
reconhecidos pela comunidade dos crentes como inspirados. Só
estes podem ser lidos durante o culto divino.
4. Concebido pelo poder do
Espírito Santo, Nasceu da Virgem Maria
Nós acreditamos
e confessamos que Jesus de Nazaré é o Messias, Filho de Deus.
Desde todos os tempos Ele vive na glória do Pai. Veio ao
mundo, tornando-Se semelhante a nós, manifestação do amor do
Pai feita carne. Um amor que ultrapassa tudo o que os homens
podem imaginar e dizer.
Os teólogos e os
discípulos de Jesus têm, cada um, a sua própria maneira de
falar do mistério da encarnação. São João começa o seu
Evangelho por um hino a Cristo: "E o Verbo fez-se carne
(quer dizer "homem") e habitou entre nós, e nós contemplamos a
Sua glória." (cf. Jo 1,1-18).
Na epístola aos
Filipenses, São Paulo cita um hino baptismal que descreve a
encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo, como um movimento
do "céu" em direcção à "terra" (de Deus para os homens) que
volta para o "céu": "Ele, de condição divina... Tornou-Se
semelhante aos homens... Humilhou-Se e foi obediente até à
morte, e morte de cruz! Por isso Deus O exaltou... Para que
todos, no céu, na terra e nos abismos, proclamem que Jesus
Cristo é o Senhor." (Fil 2,6-11).
Na sua epístola
aos Gálatas, São Paulo descreve a "vida de Jesus" numa só
frase: "Quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou o
seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob o domínio da
Lei... A fim de nos conferir a adopção filial." (Gal
4,4-5).
São João
dirige-se à sua comunidade de maneira ainda mais directa:
"Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que vivamos por
Ele... E nós contemplamos e testemunhamos que o Pai enviou o
seu Filho como Salvador do mundo" (1Jo 4,9.14).
Dois dos
evangelistas, São Mateus e São Lucas, escolheram uma forma
familiar às comunidades para as quais escrevem o seu
Evangelho. Contam como Jesus veio ao mundo e o que significa
esta vinda para os homens que, segundo a vontade de Deus,
desempenham um papel na história do seu Filho. Começam o seu
livro pelo "Evangelho da infância" (Mt 1-2, Lc 1-2).
4.1 O Filho de Deus vem ao mundo
Com o nascimento
de Jesus começa uma nova era na história da relação de Deus
com os homens. É por isso que o nosso calendário conta os anos
"depois de Jesus Cristo". No homem Jesus de Nazaré, é o
próprio Deus - como nosso irmão - que vem ao mundo. É por isso
que não podemos evocar o Seu nascimento sem evocar Deus. São
Mateus e São Lucas também não podem relatar o nascimento de
Jesus como o de uma criança qualquer. No seu Evangelho, não
apenas se narra o que aconteceu, mas também - para dizer
plenamente a verdade - o que os acontecimentos significam no
projecto divino.
-
São Lucas narra como é que Deus enviou a Nazaré o anjo
Gabriel à Virgem Maria. Ele saúda-a assim:
"Alegra-te, ó cheia de
graça",
e diz-lhe que o poder do Espírito de Deus a tornará mãe:
"O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te
cobrirá com a Sua sombra" (Lc 1,35).
São Lucas atesta que Maria diz sim ao projecto de Deus e
acredita firmemente que a Deus nada é impossível. Conta como
Maria e José se dirigem a Belém e como a cidade do rei David
se tornou o lugar do nascimento de Jesus; fala dos pastores,
sobre os quais o céu se abriu na noite do cumprimento, do
cântico de louvor dos anjos que ecoa sobre a terra, e de
novo são os pastores saídos do povo judeu os que encontram
Maria, José e o menino (Lc 2,1-20).
-
São Mateus conta como José - o carpinteiro de quem Maria
está noiva conhece em sonhos o que Deus espera dele: ele que
é um descendente do grande rei David vai dar o seu nome ao
Filho de Deus, abrir-lhe o acesso à família de David e,
através da sua atenção e dos seus cuidados, desempenhar a
sua tarefa de pai (Mt 1,18-24). Mateus viu que a maioria do
seu próprio povo não acreditou em Jesus. Mas viu,
igualmente, que existem em todos os povos da terra homens
que se metem a caminho em busca de Jesus e que O encontram.
E não apenas depois da Sua morte e da Sua ressurreição! É
por isso que falam da estrela que conduz os magos de muito
longe até Belém para que eles tragam as sua ofertas a Jesus,
o rei dos judeus. São Mateus narra também que Herodes, que
reina em Jerusalém, quer matar o menino Jesus. Por isso
Maria e José fogem para o Egipto, com o menino (Mt 2).
|
O anúncio dos anjos na Noite Santa:
"Hoje, na cidade de David,
nasceu-vos um Salvador".
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO LUCAS 2,11
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Graça:
Deus é santo, é eterno, é perfeito em Si próprio. O homem é
mortal, pecador, imperfeito - mas ele está aberto a Deus.
Contudo, não haveria história de Deus com os homens se o Deus
eterno e santo não oferecesse ao homem a oportunidade duma
redenção e, através desta, não Se oferecesse a Ele próprio. É
este Dom de Deus que evocamos quando falamos de "graça".
Nenhum homem pode merecer a "graça"; trata-se de um dom livre
e gratuito do Deus livre. O homem pode refugiar-se nela. A
graça de Deus torna-nos semelhantes a Ele: enquanto
co-herdeiros de Cristo, tornamo-nos filhos e filhas de Deus,
chamados à vida eterna, num face a face com Deus. "É pela
graça de Deus que eu sou o que sou." (1Cor 15,10). Nenhum
olho humano viu o que seremos. Há pessoas a quem Deus confia
uma tarefa particular, para a qual concede uma graça
particular.
4.2 Maria, a Mãe de Jesus
Na vida de cada
um de nós a mãe desempenha um papel determinante. Deveria ter
sido diferente para Jesus? É verdade que Ele fala com mais
frequência do Pai que está nos céus. E mesmo nos escritos do
Novo Testamento, Maria raramente é evocada. No entanto,
podemos e devemos perguntar: quem era aquela mulher que deu a
vida a Jesus e O acompanhou?
-
Uma jovem de Nazaré, prometida em casamento ao carpinteiro
José. Provavelmente não teria mais de 14 anos de idade,
quando do noivado, segundo os costumes da época. Uma jovem
que estremece quando o anjo do Senhor vem a ela e lhe fala.
Ela escuta a saudação, as palavras que exprimem a sua
eleição. Ela não pronuncia o seu "Fiat" (o sim) cegamente.
Põe as suas objecções: "Como será isso?" Depois
aceita a sua vocação, porque "nada é impossível a Deus".
É por isso que acrescenta: "Faça-se em mim segundo a tua
palavra". (Lc 1,35.37-38).
-
A Virgem Maria, que espera um filho, põe-se a caminho com o
seu esposo. O seu filho vem ao mundo "longe de casa", em
condições muito pobres, ignorado por todos. Quando chegam os
pastores - também eles gente pobre - e louvam a Deus pelo o
que Ele fez pelo seu povo, Maria escuta atentamente.
Conserva com cuidado todas estas coisas, meditando-as no seu
coração (Lc 2,15-19).
-
Quarenta dias mais tarde, Maria e José levaram o menino a
Jerusalém para O consagrar ao Senhor, segundo as prescrições
rituais. É aí que Simeão e Ana, duas pessoas que esperam a
vinda do Messias, O reconhecem. Simeão louva a Deus por
tê-lo deixado ver "a salvação" com os seus próprios olhos. E
acrescenta, dirigindo-se a Maria: "...este menino será
sinal de contradição, e uma espada trespassará a tua alma!"
(Lc 2,22-29).
-
Aos doze anos, Jesus encontra-Se em Jerusalém com os pais
para a festa da Páscoa. No regresso, Maria e José dão conta
de que Jesus não está com eles. Procuram-n'O durante três
dias, como quaisquer pais procuram o filho perdido.
Encontram-n'O no Templo e ouvem-n'O falar da "casa do Pai".
E o evangelista repete: "Sua mãe conservava todas estas
coisas no seu coração" (Lc 2,51).
-
Jesus tem trinta anos. Leva vida itinerante com os
discípulos. Em Caná, na Galileia, é convidado para um
casamento. Maria está também entre os convidados.
Apercebe-se de que não há mais vinho e pede indirectamente a
Jesus: "Eles não têm vinho." (Jo 2,3). Confia que
Jesus resolverá a situação, embora a tenha afastado: "A
minha hora ainda não chegou". Mas Maria não confiou em
vão: havia seis jarras de pedra de cem litros cada. Jesus
diz aos criados para encherem de água essas jarras. Eles
fazem o que Jesus pede. Quando o mestre de cerimónias
provou, viu que a água estava transformada em vinho. Este
foi - diz-nos o evangelista São João - o primeiro "milagre"
que Jesus fez. Os discípulos compreendem quem é Jesus e
acreditam n'Ele (Jo 2,1-11).
-
Jesus deixou a sua casa em Nazaré e fundou a sua própria
"família". Um dia, quando a multidão se apertava à sua
volta, disseram-Lhe: "Tua mãe e Teus irmãos estão lá fora
e querem falar contigo". Então Jesus, estendendo a mão
para os seus discípulos, responde: "Aqui estão Minha mãe
e Meus irmãos, pois todo aquele que fizer a vontade do Meu
Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha
mãe" (Mt 12,46-50).
-
Para o evangelista São João, tudo o que Jesus diz e faz tem
um sentido profundo. Assim acontece quando narra que Maria e
o evangelista que Jesus amava se encontravam junto à cruz.
Jesus diz a sua mãe: "Mulher, eis o teu filho", e ao
discípulo: "Eis a tua mãe" (Jo 19,26.27). A partir
desse momento, o discípulo levou-a para sua casa. E a Mãe de
Jesus converte-se na Mãe de todos os cristãos.
-
Fala-se de Maria, pela última vez, na festa de Pentecostes.
Os discípulos de Jesus encontram-se reunidos em Jerusalém.
Rezam enquanto esperam que o Espírito Santo os envie em
missão. Maria, a Mãe de Jesus, está com eles no momento em
que nasce a Igreja do seu Filho (At 1,12-14).
|
Maria proclama:
"A minha
alma glorifica ao Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,
porque pôs os olhos na humildade da Sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as
gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o Seu nome.
A Sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do Seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de Seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, Seu servo,
lembrado da Sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à Sua descendência para sempre."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO LUCAS 1,46-55
|
4.3 Maria, Mãe da Igreja
Os cristãos
veneram Maria, a mãe do seu Senhor: em todas as igrejas
encontramos a sua imagem. Muitas mulheres têm o seu nome.
Recordamos e celebramos Maria principalmente em quatro
solenidades:
1 de Janeiro: |
No primeiro dia do ano celebramos a
solenidade de "Santa Maria, Mãe de Deus". Festejamos a
"Santa Mãe que deu à luz o Rei do céu e da terra"
(antífona de entrada) e a "Mãe da Igreja" (oração final). |
25 de Março: |
Na solenidade da "Anunciação do Senhor"
(nove meses antes do Natal), a Igreja celebra ao mesmo
tempo o Senhor e Sua Mãe, ela que no momento da sua
eleição, afirma: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se em
mim segundo a tua palavra!" (Lc 1,38). |
15 de Agosto: |
A Assunção de Maria, o dia em que ela foi
elevada ao céu. Celebramos este dia, embora não se saiba
quando Maria morreu nem em que circunstâncias. Mas
acreditamos que ela foi "elevada à glória do céu em corpo
e alma". Maria já se encontra onde nós estaremos também um
dia. Possui já a vida que nos está destinada. |
8 de Dezembro: |
É o dia em que celebramos a "Solenidade da
Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria". Estas palavras
parecem complicadas, e no entanto são simples de
compreender: Deus escolheu Maria. Concedeu-lhe os dons do
Espírito Santo. O "poder do Altíssimo" cobriu-a com a Sua
sombra. São palavras e imagens que traduzem o mistério
duma eleição que preservou Maria do pecado original, com o
qual todos nascemos: é esta a nossa fé. |
Os cristãos
veneram a santíssima Virgem de muitas maneiras. Cantam os seus
louvores e pedem à Mãe de Jesus a sua intercessão. Em todo o
mundo, os cristãos rezam e cantam o Magnificat de Maria e
saúdam-na com as palavras do anjo.
|
Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora da nossa morte.
Amem.
|
5. Padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado
-
Jesus diz:
"Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem
vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da lei.
Estes condena-l'O-ão à morte e entrega-l'O-ão aos pagãos.
Vão escarnecê-l'O, cuspir n'Ele, vão torturá-l'O e matá-l'O.
E depois de três dias Ele ressuscitará."
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS 10,33-34
-
São Pedro declara na sua pregação de Pentecostes:
"Jesus de Nazaré foi um homem que Deus confirmou entre vós,
realizando por meio d'Ele os milagres, prodígios e sinais
que bem conheceis. E Deus, com a Sua vontade e presciência,
permitiu que Jesus vos fosse entregue, e vós, através de
ímpios, mataste-l'O, pregando-O numa cruz."
ACTOS DOS APÓSTOLOS 2,22-23
5.1 A favor ou contra Jesus
O Credo nada diz
do tempo que vai do nascimento de Jesus à Sua morte violenta
(no ano 30). Quem quiser compreender como é que Jesus pôde
chegar a um fim tão ignominioso terá de recorrer ao testemunho
dos evangelistas. Estes falam dos sinais, dos milagres e
prodígios de Jesus, para que as pessoas dêem conta de que o
Reino de Deus está próximo: Jesus cura os doentes, toca os
leprosos e estes ficam sãos, liberta os possessos do poder do
demónio, numa palavra, realiza acções que em Israel se esperam
do Messias. Jesus fala de Deus duma maneira nova. Conta
parábolas e ensina de tal modo que as pessoas simples
compreendem o que Ele diz do Pai.
Jesus encontra
discípulos que lhe confiam a sua vida. Mas há também pessoas
que duvidam e O rejeitam. Os Seus adeptos são quase sempre
gente modesta, com pouca influência: entre os Seus seguidores
mais próximos, os apóstolos, não há sequer um doutor da Lei.
Os dirigentes
religiosos, os
sumos sacerdotes e os doutores da
Lei, procuram evitar o aparecimento de heresias em Israel.
Desde o princípio observam, com desconfiança, Jesus e o
movimento que Ele suscita.
Num
sábado,
ao curar a mão atrofiada dum homem, protestaram: Jesus não
respeita as prescrições de Moisés. É um pecador. Não é
permitido curar ao sábado.
Quando exorciza
um possesso, exclamam: Ele também é possesso, de contrário não
teria poder sobre os demónios.
Até em Naim,
quando encontra um cortejo fúnebre, Jesus não fica
indiferente. Não olha como simples espectador para o
sofrimento da mãe em lágrimas. Não diz aos que sofrem: "A vida
é assim", ou então: "É a vontade de Deus, tens de aceitá-la".
Aproxima-se do caixão e reanima o morto. Onde quer que Jesus
Se encontre, os que sofrem são consolados, a morte dá lugar à
vida. Esta experiência vale enquanto houver mães que choram e
amigos que estão de luto.
Alguns dizem:
Jesus é bom. Outros: Não, manipula as multidões, é um falso
profeta.
Os
fariseus
e os doutores da Lei procuram levar Jesus a cair numa
armadilha. Enviam mensageiros encarregados de espiá-l'O, mas
estes nada encontram de negativo contra Ele. Uma vez que os
fariseus e os doutores da Lei não acreditam que Jesus é o
Messias, põem-se contra Ele e decidem levantar-Lhe um
processo, acusando-O de blasfémia, para assim poderem
condená-l'O à morte.
Quando o Sumo
Sacerdote pergunta a Jesus: "És tu o Messias, o Filho de
Deus?", Jesus responde: "Sou. E vereis o Filho do Homem
sentado à direita do Todo-Poderoso, e vir sobre as nuvens do
céu". Então o Sumo Sacerdote rasga as vestes e diz:
"Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a
blasfémia! Que vos parece?". Todos se pronunciaram dizendo
que Jesus era réu de morte (Mc 14,61-64).
|
Estar junto d'Aquele
que faz falar os mudos,
que Se dirige aos surdos de tal maneira
que os ouvidos se abrem;
ser
testemunha de que
os perseguidos respiram aliviados
e os oprimidos levantam a cabeça.
Ver como os
extraviados reencontram o caminho,
como são acolhidos de braços abertos
os que regressam
e encontram com alegria
o seu lugar à mesa.
|
Sumo Sacerdote:
O sacerdote mais importante, o presidente do Sinédrio, o
intermediário entre os judeus e o ocupante romano ao qual deve
a sua entronização. Desde o ano 6 ao 15 depois de Cristo era
Anás o sumo sacerdote em Jerusalém; do 18 ao 36 d.C., ocuparam
este cargo os seus cinco filhos e o seu genro Caifás.
Sábado:
O sétimo dia da semana é, para os judeus, um dia de festa e de
culto religioso. Ao longo dos séculos numerosos preceitos
regulamentaram o que era permitido e proibido neste dia de
repouso.
Fariseus:
Significa "os separados". Um partido político e religioso
composto por homens piedosos que defendiam a rigorosa
observância das prescrições de Moisés e viviam de acordo com
elas.
5.2 A Nova Aliança
Os Evangelhos da
Paixão, da morte e da ressurreição de Jesus são os textos mais
antigos e mais sagrados da Igreja. Todos os anos a Igreja
celebra na "Semana Santa" os últimos dias de Jesus em
Jerusalém.
No
Domingo de Ramos,
Jesus chega a Jerusalém em companhia dos Seus discípulos para
celebrar a festa da
Páscoa. Entra na
cidade montado num jumento; vem como rei da paz. As pessoas
aclamam-n'O. Jesus ensina no Templo. Judas, um dos doze
apóstolos, deixa-se corromper e dispõe-se a entregar Jesus.
Na
Quinta-Feira Santa
Jesus celebra com os seus discípulos a Ceia pascal. Tomou o
pão, partiu-o e deu-o dizendo: "Isto é o Meu Corpo que será
entregue por vós". Depois tomou o cálice, deu-o aos Seus
discípulos dizendo: "Tomai, todos, e bebei: este é o cálice
do Meu Sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será
derramado por vós e por todos, para remissão dos pecados.
Fazei isto em memória de Mim".
Jesus dá um novo
sentido à Páscoa judaica: dá-Se a Ele próprio aos seus
discípulos sob as espécies do pão e do vinho. Deste modo
estabelece a Nova Aliança que Ele sela com o seu sangue.
O evangelista
São João conta que Jesus, na última Ceia, na véspera da sua
morte, ajoelhou-Se diante dos discípulos para lhes lavar os
pés. Procede assim para que, com o seu exemplo, compreendam a
ordem da Nova Aliança: o "maior" deve fazer-se "pequeno" como
Jesus, para servir os seus irmãos e irmãs.
|
Porque Ele Se dá,
nós podemos dar.
Porque Ele partilha,
nós podemos partilhar.
Porque Ele renuncia ao poder,
nós podemos servir.
Porque Ele morre,
nós podemos viver.
Porque Ele sela a Aliança com o Seu sangue,
convertemo-nos em irmãos e irmãs.
|
Domingo de Ramos:
A Igreja comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Em
muitas paróquias organizam-se procissões.
Páscoa:
Era outrora e continua a ser a maior festa judaica. Comemora a
primeira noite de Páscoa quando Deus libertou o seu povo
Israel da escravidão do Egipto e o conduziu à liberdade.
Quinta-Feira Santa:
De manhã, o bispo consagra o óleo santo que se utiliza nos
sacramentos do Baptismo, Confirmação, Unção dos doentes e
Ordem. De tarde, as paróquias celebram o memorial da Ceia
pascal. Recebemos o Corpo e o Sangue de Cristo, a Eucaristia,
que nos converte em irmãos e irmãs uns dos outros e nos
compromete a amar com o amor do próprio Cristo.
5.3 Entregue nas mãos dos homens
Depois da Ceia,
Jesus dirigiu-Se para o jardim de Getsémani, situado sobre o
Monte das Oliveiras. Os discípulos acompanham-n'O. Chegados ao
jardim, Jesus diz-lhes: "Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou
rezar". Tomando consigo Pedro, Tiago e João, disse-lhes:
"A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e
vigiai". Indo um pouco mais longe, prosta-Se com o rosto
por terra e reza: "Pai, se queres afasta de Mim este
cálice. Contudo, não se faça a minha vontade mas a tua".
Depois volta para junto dos seus discípulos e encontra-os a
dormir. Acorda-os e diz a Pedro: "Não pudestes vigiar
comigo nem sequer uma hora?" Afastou-Se deles, pela
segunda vez, para ir rezar sozinho. Depois volta e encontra-os
de novo adormecidos. Afasta-Se uma terceira vez para orar no
meio da noite. Em seguida, acorda os discípulos e diz-lhes:
"Continuais a dormir? Chegou a hora: eis que o Filho do Homem
vai ser entregue nas mãos dos pecadores". Vistas as coisas
superficialmente, Jesus fracassou e, com Ele, a Sua mensagem.
No entanto, Ele permanece fiel à Sua missão e Àquele que O
enviou. Não procura escapar, não Se furta a nada. Arrisca a
Sua vida e aceita a morte.
E não tem que
esperar muito tempo. Nesse momento chega Judas, um dos doze
apóstolos, ao Jardim das Oliveiras, com um grupo de homens
armados. Arrastam Jesus conduzindo-O à presença do sumo
sacerdote para ser interrogado. Quando os membros do
Sinédrio
Lhe perguntam: "Tu és, portanto, o Filho de Deus?",
Jesus responde: "Vós dizeis que Eu sou". Pela manhã
levam Jesus a Pôncio Pilatos que, desde o ano 26 ao 36 d.C.,
era o prefeito romano da Judéia. Acusam Jesus: "Este homem
blasfema contra Deus!" e "diz ser Ele mesmo rei!"
Pilatos manda flagelar Jesus. Os soldados colocam-Lhe na
cabeça uma coroa de espinhos, vestem-Lhe um manto vermelho,
ultrajam-n'O e batem-Lhe. Pilatos acaba por pronunciar a
sentença: Jesus deve morrer crucificado.
Jesus leva a Sua cruz até ao Monte do Gólgota, fora dos muros
de Jerusalém. Ao meio dia de
Sexta-Feira Santa,
Jesus é crucificado entre dois criminosos que são executados
ao mesmo tempo que Ele. Por volta da hora nona (15h da tarde),
expira.
Os evangelistas
atestam o acontecimento. Testemunham que tudo isto faz parte
do plano de Deus para a redenção: Jesus foi entregue aos
homens permanecendo, apesar disso, nas mãos de Deus. Sofre e
morre para nos salvar. Com a Sua morte é uma nova vida que
começa. O amor de Deus por nós, homens, manifesta-se na Paixão
e morte de Cristo: Mistério da fé.
Os mensageiros
de Cristo dão testemunho de que:
-
Ele é nosso Mediador: entregou-Se a Si mesmo em resgate por
nós (1Tm 2,6).
-
Ele é o Cordeiro de Deus: tira o pecado do mundo (Jo 1,29).
-
Ele é o Filho de Deus: pela Sua morte reconciliou-nos com
Deus (Rm 5,10).
-
Ele é o servo de Deus: para todos os que Lhe obedecem,
tornou-Se fonte de salvação eterna (Hb 5,9).
-
Ele é o Redentor: Deus anulou o documento da nossa dívida,
fê-lo desaparecer pregando-o na cruz (Cl 2,14).
-
Ele é o Salvador: pelas Suas chagas fomos curados (1 Pd
2,24).
|
Jesus disse:
"Ninguém tem maior amor
do que aquele que dá a vida pelos amigos."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 15,13
|
Sinédrio:
a suprema autoridade judaica integrada por setenta e um
membros (anciãos, sacerdotes, doutores da lei) sob a
presidência do Sumo Sacerdote.
Sexta-Feira Santa:
a Igreja celebra este dia duma maneira muito especial. Ao
entardecer, os fiéis reúnem-se para comemorar a Paixão e morte
do Senhor. Na liturgia da Palavra, ouvimos o hino profético do
Servo sofredor, um extracto da epístola aos Hebreus e o
testemunho do evangelista São João sobre a crucifixão de
Jesus. Na "oração universal", os cristãos apresentam a Deus -
em nome de toda a humanidade - os grandes sofrimentos do nosso
tempo. Depois, veneramos a cruz, sinal de salvação. Durante a
comunhão recebemos o Pão da vida.
5.4 Foi sepultado
José de
Arimateia não pode aceitar que Jesus permaneça na cruz durante
a noite. É um homem influente, que até ao momento receou
mostrar-se como discípulo de Jesus.
Agora atreve-se
a fazê-lo. Vai procurar Pilatos e pede-lhe autorização para
retirar Jesus da cruz e sepultá-l'O. Pilatos acede ao seu
pedido. José envolve o corpo de Jesus com um sudário e
deposita-O num túmulo novo escavado na rocha, digno de um
mestre de Israel. Fecha-o com uma grande pedra redonda.
Algumas mulheres, que acompanharam Jesus até Jerusalém,
observam de longe.
|
Nós Vos louvamos, ó Deus,
e Vos bendizemos, nós Vos damos graças
por Jesus, vosso Filho.
Ele partilhou connosco a vida,
Ele partilhou connosco a morte,
Ele partilhou connosco o túmulo:
De que havemos de ter medo?
|
6. Desceu à mansão dos mortos e
Ressuscitou ao terceiro dia
Deus criou o
homem - Adão e Eva - à Sua imagem: criou-os homem e mulher. E
abençoa-os. Ama-os: a eles e a todos os seus filhos e aos
filhos dos seus filhos, a quem confiou a terra. O seu amor
abarca não só os que Lhe são fiéis e respeitam os Seus
mandamentos, mas também todos os que nunca ouviram falar d'Ele
e que, por isso, não O procuram, não O encontram e ignoram
como viver para Lhe agradar. Deus quer partilhar a Sua vida
com todos.
O tempo passa.
Os homens morrem. Morrem os que vivem sem Deus ou contra Ele,
mas também todos os que O amam: Adão e Eva, Abraão e Moisés,
Sara, Rebeca e Miriam, David e Salomão, Elias e Amós, Zacarias
e Isabel, Simeão e Ana, João Baptista e toda a multidão de
pessoas das quais só Deus conhece o nome e o amor.
Terão eles
esperado em vão? Esquece Deus a sua fidelidade? Nós
acreditamos que Deus não levou a Boa Nova só aos vivos.
Acreditamos que Jesus desceu à
mansão dos mortos
e que ali proclamou também: Completou-se o tempo. O Reino de
Deus está a chegar. Estais resgatados. Deus é misericordioso
com todos os que O amam. Isto quer dizer que a morte perdeu o
seu poder: não pode reter os que amam a Deus. Jesus Cristo, o
Senhor, morreu por todos. Todos pertencem à comunidade dos
vivos fundada por Ele.
|
Celebrando agora, Senhor,
o memorial da nossa redenção,
recordamos a morte de Cristo
e a Sua descida à mansão dos mortos,
proclamamos a Sua ressurreição e ascensão aos céus,
e, esperando a Sua vinda gloriosa,
nós Vos oferecemos o Seu Corpo e Sangue,
o sacrifício do Vosso agrado
e de salvação para todo o mundo.
EXTRACTO DA
ORAÇÃO EUCARÍSTICA IV
|
Mansão dos mortos:
Mundo inferior, império da morte. As histórias da Bíblia
transmitem-nos a "palavra de Deus expressa em línguas
humanas". Isto significa que os homens que testemunham a sua
experiência de Deus, o fazem com as representações e as
imagens do seu tempo. Imaginam a terra como um disco. Sobre
ela, encontra-se a abóbada celeste, o "domínio" onde Deus
reina sobre os viventes. Em baixo o mundo subterrâneo (sheol),
a região onde reina a morte sobre os defuntos. Por isso se
diz: Jesus "desceu" à mansão dos mortos.
6.1 Jesus está vivo
O Filho de Deus
fez-Se homem. Um homem que nasceu e que morreu sobre a cruz. O
Seu corpo foi sepultado. Existem testemunhas disso. Não só os
homens e as mulheres que O tinham seguido em Jerusalém, mas
também os acusadores, os servos dos carrascos, Pôncio Pilatos
e os soldados romanos...
Os quatro
evangelistas referem que pela manhã cedo, no dia de Páscoa,
algumas mulheres foram ao túmulo de Jesus levando perfumes. Ao
chegar à sepultura, encontram retirada a grande pedra que a
fechava. Entraram no túmulo e viram um jovem vestido de
branco, sentado à direita. Assustam-se. Mas o anjo diz-lhes:
"Não vos assusteis. Procurais Jesus de Nazaré que foi
crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde
O puseram. Agora deveis ir dizer aos Seus discípulos e a Pedro
que Ele vai à vossa frente para a Galileia" (Mc 16,1-7). São
João conta como Maria Madalena encontra o Ressuscitado na
manhã de Páscoa. Estava a chorar junto ao túmulo vazio. Nisto,
vê Jesus sem O reconhecer. Só quando Jesus a chama pelo seu
nome "Maria" é que ela O reconhece. Diz-Lhe em hebraico: "Rabuni",
que significa "Mestre". O Ressuscitado responde-lhe: "Vai
procurar os Meus irmãos e diz-lhes: Subo para Meu Pai e vosso
Pai, para o Meu Deus e vosso Deus". Maria Madalena foi
anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor (Jo
20,11-18).
Os discípulos
dizem: Jesus não está morto. Ele vive: apareceu-nos. Nós
vimo-l'O. A nossa história com Ele, a Sua história connosco,
não terminou. Os homens e mulheres que proclamam esta incrível
mensagem são testemunhas. Na sua primeira epístola aos
Coríntios (1Cor 15,5-8), São Paulo enumera-os: em primeiro
lugar Pedro, a pedra sobre a qual Jesus edificou a Sua Igreja.
Depois, os Doze que Ele escolheu como apóstolos. A seguir,
quinhentos irmãos dos quais alguns já morreram. Posteriormente
Jesus apareceu a Tiago, que preside à comunidade cristã de
Jerusalém e ainda a todos os discípulos. Por último apareceu
igualmente a São Paulo no caminho de Damasco, quando este
perseguia os cristãos.
Depois deste
encontro, Saulo, ardente perseguidor dos cristãos,
converteu-se num não menos ardente pregador de Cristo. Para
todas estas testemunhas, o sepulcro vazio constituiu um sinal
essencial. O encontro com o Ressuscitado converteu-se, para
eles, na sua vocação: devem transmitir aos outros o que viram.
A sua fé é tão firme que estão prontos a morrer por ela. É na
fé destes discípulos que a nossa se enraíza.
O que teve lugar
entre a Sexta-Feira Santa e a manhã de Páscoa é o mistério de
Deus, ao qual nos referimos dizendo: "Ressuscitou dos mortos",
ou então, "Deus ressuscitou-O".
Os homens e
mulheres que viram Jesus ressuscitado, conheceram-n'O durante
a sua vida terrena. Agora reconhecem-n'O: sim, é Ele, contudo,
bem diferente. Assustam-se quando Jesus entra através das
portas fechadas. Enchem-se de alegria quando Jesus lhes fala.
Confia-lhes a missão de irem por todo o mundo levar a Boa Nova
aos homens, perdoar os seus pecados e fazer deles seus
discípulos. E acrescenta: "Eu estarei sempre convosco até ao
fim do mundo".
|
Senhor, nosso Deus, nós Vos bendizemos:
Nesta noite de todas as noites,
fazeis brilhar a Vossa luz:
Num sepulcro vazio infundis em nós a esperança.
Jesus, nosso
irmão, nós Vos bendizemos.
Nesta nossa noite de todas as noites,
apagais em nós o medo da vida e da morte:
A confiança é possível.
Deus,
Espírito Santo,
nós Vos bendizemos:
Nesta noite de todas as noites,
fazei-nos entrever que a morte não
é razão de ser da condição humana,
mas sim o amor.
|
6.2 Nós viveremos
A ressurreição
de Jesus Cristo é o centro e o coração da nossa fé. A
celebração da
Vigília Pascal é a solenidade
mais sagrada do ano litúrgico. E cada Domingo é memorial e
louvor de Deus que ressuscitou o seu Filho dos mortos. Numa
das comunidades da Igreja primitiva, havia pessoas que
duvidavam da ressurreição do Senhor. É a elas que São Paulo se
dirige por carta nestes termos: "Se Cristo não ressuscitou, é
vã a nossa pregação, e vã também a vossa fé... Permaneceis
ainda nos vossos pecados... Deste modo, os que morreram em
Cristo também pereceram. Se a nossa esperança em Cristo é
somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos
os homens" (1Cor 15,14-19).
-
Acreditamos que Jesus, nosso Senhor, está vivo. Que Ele
partilhará a Sua vida com todos os que confiam n'Ele.
-
Acreditamos que o Ressuscitado é causa de esperança para
todos: no fim da nossa vida, não é o nada o que nos espera,
mas a plenitude de Deus; não são as trevas, mas a luz.
-
Acreditamos que com Jesus começou a transformação, a
redenção do mundo.
-
Acreditamos que o Espírito Santo de Jesus vive e actua no
nosso mundo.
-
Acreditamos que Jesus Cristo voltará no dia do Juízo. Que
Ele há de libertar os homens e as criaturas de todo o mal e
de todo o sofrimento que os oprime, que os levará à
plenitude e lhes dará uma vida sem fim.
|
Rezamos assim:
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. Dar-me-eis
a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita.
SALMO
16,10-11
|
Vigília Pascal:
A celebração da noite de Páscoa consta de quatro partes:
Liturgia da Luz ou Lucernário, durante a qual se benze o fogo
novo e se acende o círio pascal. O sacerdote, em solene
procissão, introduz o círio na igreja que deve estar às
escuras: Luz de Cristo!
Liturgia da Palavra: nela têm lugar sete leituras do Antigo
Testamento e duas do Novo Testamento, textos que nos lembram a
longa história de Deus com os homens.
Liturgia baptismal: a água do Baptismo é benzida. Adultos e
crianças recebem o Baptismo; todos renovam as promessas
baptismais.
Liturgia eucarística: nela damos graças Àquele que está
connosco até ao fim dos tempos.
7. Subiu aos Céus; está sentado
à direita de Deus Pai Todo-Poderoso
Os discípulos de
Jesus viveram a experiência da Sexta-Feira Santa: Jesus,
indefeso e abandonado, pendia da cruz. A Sua vida extinguiu-se
na morte. Depositaram o Seu corpo num túmulo e fecharam a
entrada com uma grande pedra: sinal de que, no fim, a morte
tem poder sobre a vida. No encontro com o Senhor ressuscitado,
vivem a experiência que acaba com tudo o que julgavam saber
sobre a vida e a morte. Jesus vem ao seu encontro. Eles
reconhecem-n'O - sim, é Ele, o Crucificado. É-lhes familiar e,
ao mesmo tempo, estranho. Entra, mesmo com as portas fechadas.
Está presente e desaparece. Não podemos detê-l'O. Entre o medo
e a dúvida, os discípulos começam a pensar e a acreditar no
que está para além da morte: Deus ressuscitou o seu Filho dos
mortos e recebeu-O na glória com a Sua condição humana. Os
discípulos afirmam: Jesus subiu ao céu e Deus deu-Lhe o lugar
de honra, à Sua direita.
7.1 Deus exaltou-O acima de todos
Jesus fracassou
entre os homens. "Os Seus não O receberam." (Jo 1,11). Mas
Deus ressuscitou-O e acolheu-O. Dá a Seu Filho o lugar de
honra à Sua direita, constituindo-O deste modo Senhor de toda
a criação.
A expressão
"sentado à direita do Pai" tem um significado especial, para
os cristãos de então que, tal como Jesus, procedem do
judaísmo: Deus, o Senhor e Rei, escolheu Israel como Seu povo.
Os reis que governam em Jerusalém são considerados
representantes de Deus. Não governam a título pessoal, mas em
nome de Deus. Enquanto não esquecerem isto, Deus estará com
eles.
Sabemos por um
salmo o que era dito ao rei no dia da sua entronização:
"Senta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos
escabelo de teus pés" (SI 110,1).
Muitos homens
piedosos, quando rezam este salmo, pensam no Salvador
prometido, o Messias.
Numa das
primeiras profissões de fé, os cristãos proclamam: "Ele é o
Senhor, maior e mais poderoso que todos os senhores do mundo".
Esta confissão é uma afirmação essencial da nossa fé.
|
A comunidade louva num hino o Senhor a Quem Deus exaltou:
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu o nome que está acima de
todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se
ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua
proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus
Pai.
EPÍSTOLA AOS
FILIPENSES 2,9-11 |
7.2 Subiu ao céu
Quando os
primeiros cristãos confessam que o seu Senhor "subiu
ao céu", referem-se ao Antigo
Testamento. No livro dos Génesis fala-se do patriarca Henoc,
que andou com Deus e, depois, foi por Ele elevado ao céu (Gn
5,24). Acreditamos também que o grande profeta Elias foi
arrebatado ao céu num carro de fogo no meio de um turbilhão
(2Rs 2,11). Eliseu, seu discípulo, fica só e compreende que
lhe é pedido continuar a obra de Elias.
São Lucas
descreve, no fim do seu Evangelho, como Jesus Se despede dos
seus discípulos: Vai com eles a Betânia, ergue as mãos e
abençoa-os enquanto eles se prostram diante d'Ele. E é nesta
atitude de bênção que Ele Se eleva ao céu (Lc 24,50-52). No
início do seu segundo livro, os
Actos dos Apóstolos,
narra de novo a ascensão de Jesus a fim de mostrar claramente
como a história terrena de Jesus desemboca na história da
Igreja: durante
quarenta dias - um período de
tempo sagrado - o Senhor ressuscitado aparece aos seus
discípulos e fala com eles do Reino de Deus. Depois eleva-Se a
seus olhos e uma nuvem - o próprio Deus - O oculta. Atónitos e
fascinados, os apóstolos fixam os olhos no céu. É então que
dois mensageiros divinos perguntam: "Porque estais aí
parados a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi tirado e
levado para o céu, virá do mesmo modo como O vistes partir
para o céu" (Act 1,9-11).
Os apóstolos
compreendem que lhes cabe agora a eles, mandatados por Jesus,
proclamar o Evangelho, curar os doentes, perdoar os pecados,
exorcizar os espíritos malignos, despertar a esperança.
|
Na terra
não tendes outro corpo senão o nosso,
nem outros pés senão os nossos,
nem outras mãos senão as nossas.
Os nossos olhos revelam a Vossa misericórdia para com o
mundo,
os nossos pés levam-Vos a fazer o bem.
É com as nossas mãos que, agora, podeis abençoar.
SANTA TERESA
DE JESUS
|
Subiu ao céu (Ascensão):
Não se trata duma mudança de lugar no domínio do nosso mundo,
mas da entrada do homem Jesus de Nazaré no domínio celeste,
donde há de vir.
Actos dos Apóstolos:
O segundo livro do evangelista São Lucas relata as obras dos
apóstolos que preenchem a missão do Ressuscitado. Eles
anunciam-n'O como o Messias, o Crucificado, o Ressuscitado.
Fundam as comunidades, obtêm êxito, são perseguidos. A
primeira parte (cap. 1-12) fala sobretudo de Pedro, o primeiro
dos apóstolos, e de João. Actuam sobretudo na comunidade
cristã de Jerusalém. A segunda parte (cap. 13-28) é consagrada
a Paulo de Tarso, o evangelizador dos gentios (três viagens
missionárias). É ele quem traz o Evangelho à Europa. O livro
dos Actos dos Apóstolos termina com a pregação de São Paulo em
Roma. Segundo o testemunho da tradição, ele e São Pedro
sofreram o martírio em Roma. Desde modo, Roma a cidade dos
apóstolos, passou a ser o centro da Igreja.
Quarenta dias:
Um número sagrado. Durante os quarenta anos de peregrinação
pelo deserto, o povo de Israel aprende a confiar em Deus.
Depois de ser baptizado por João Baptista, Jesus jejua durante
quarenta dias no deserto. Depois, seguro da sua missão, começa
a sua vida pública. - A Igreja atém-se ao testemunho de São
Lucas: celebra a "Ascensão" quarenta dias depois da Páscoa.
7.3 A partida e a nova comunidade
É pela fé que
nós compreendemos o que São Lucas - que era um fiel da sua e
nossa Igreja - atesta como Evangelho de Jesus Cristo: Jesus
fez-Se homem a fim de nos libertar de tudo o que nos separa de
Deus. Foi por nós, homens, que Ele viveu e morreu. Deus
ressuscitou-O e colocou-O à sua direita. Isto significa que
Jesus deixou de estar visível e palpável junto dos Seus.
Já não podem
vê-l'O directamente nem tocá-l'O nem interrogá-l'O como quando
estava entre eles. A separação significa também despedida. São
João transmite-nos no seu Evangelho "discursos de despedida":
são palavras do Senhor que parte, nas quais os discípulos
encontram respostas e consolação.
-
Não se perturbe o vosso coração! Acreditai em Deus e
acreditai também em Mim. Na casa de Meu Pai existem muitas
moradas; se não fosse assim, Eu vos teria dito, porque vou
preparar-vos um lugar. E, quando Eu for e vos tiver
preparado um lugar, voltarei e levar-vos-ei comigo, para
que, onde Eu estiver, vós estejais também (Jo 14,1-3).
-
Se Me amais, obedecereis aos Meus mandamentos. Então, Eu
pedirei ao Pai e Ele dar-vos-á outro Consolador para que
permaneça convosco para sempre: o Espírito da Verdade (Jo
14,15-17).
-
É melhor para vós que Eu vá, porque, se não for, o
Consolador não virá a vós. Mas, se Eu for, Eu vos enviarei (Jo
16,7).
-
Eu saí de junto do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e
volto para o Pai (Jo 16,28).
A Igreja de
Cristo continua à espera da segunda vinda do seu Senhor. Pela
fé temos a certeza de que Ele nos prepara uma morada e uma
pátria junto do Pai. Jesus quer que estejamos com Ele. Por
isso o céu, para onde "erguemos os olhos", já não é só o
"lugar" de Deus e de Jesus Cristo, mas também o símbolo do
nosso refúgio.
Enquanto
vivermos no mundo dos homens, não podemos falar do mundo de
Deus senão por imagens. Só quando tivermos percorrido o
caminho de Jesus passando pela morte e pelo túmulo - é que se
nos abrirão os olhos, na nossa própria manhã de Páscoa. Então
nós veremos a Ele, Nosso Senhor.
|
Rezamos assim:
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte.
Porque o Senhor Jesus Cristo, Rei da glória
subiu ao mais alto dos céus,
ante a admiração dos anjos...
Ele não abandonou a nossa condição humana,
mas, subindo aos céus, como cabeça e primogénito,
deu-nos a esperança de irmos ao Seu encontro,
como membros do Seu Corpo,
para nos unir à Sua glória imortal.
Por isso, na plenitude da alegria pascal,
exultam os homens por toda a terra
e com os Anjos e os Santos proclamam a Vossa glória...
EXTRACTO DO
PREFÁCIO
DA ASCENSÃO DE CRISTO |
8. De onde há de vir a julgar
os vivos e os mortos
Jesus está junto
do Pai. Os homens e as mulheres que põem n'Ele a sua confiança
permanecem no meio da fragilidade da vida e da imperfeição do
mundo. No entanto, a luz que Jesus veio acender no mundo não
está apagada. A esperança que as suas palavras e acções
suscitaram no coração dos homens, não está morta.
8.1 Jesus voltará
Os primeiros
discípulos crêem que o Senhor voltará brevemente. Já não como
um homem entre os homens - de quem não se pode duvidar nem
rejeitar - mas, desta vez, com o poder e a glória de Deus.
Isto significa que nunca mais ninguém poderá duvidar da Sua
autoridade nem contestar os Seus plenos poderes. Todos
reconhecerão n'Ele o Enviado de Deus, o Messias, o Salvador, o
Juiz que, com plena autoridade de Deus, pronuncia a sentença
final sobre os homens, e leva a criação à sua plenitude: o
Reino e o Reinado de Deus tornam-se realidade.
Os primeiros
cristãos não tardaram em dar conta de que a sua impaciência os
levava a um impasse. Compreendem que o tempo de Deus não é à
medida do tempo do homem. E que é sempre válida a palavra de
Jesus que anuncia o seu retorno: "Quanto a esse dia e a essa
hora, ninguém sabe nada, nem os anjos no céu nem o Filho, mas
unicamente o Pai" (Mc 13,32).
Compreendem
também que, com a "ascensão" de Jesus, começou uma nova era: a
sua e nossa era, a da Igreja. Por isso, eles não podem
continuar na "montanha" a olhar para o Senhor que sobe ao céu.
A sua missão são os homens, em qualquer lugar onde se
encontrem, seja qual for o seu modo de vida. A sua missão é a
terra - até aos seus confins. São responsáveis pela luz: para
que ela não se extinga; responsáveis pela esperança: para que,
enraizada em Jesus Cristo, não morra. Que todos tenham o mesmo
direito a aderir, pela fé, a Jesus Cristo. Só a Deus pertence
decidir quando acabará, com a
segunda vinda de
seu Filho, a terra que Ele criou no princípio.
Enquanto dura o
tempo, a expectativa pode deter-se. Os crentes podem sentir-se
inseguros e duvidar: Cumprirá Deus a Sua palavra? Voltará o
Senhor? Vale a pena esperar? Podem extraviar-se nos seus
afazeres temporais, esquecer que este mundo não é o definitivo
e as grandes coisas que os esperam. É a eles que se dirigem as
exortações dos apóstolos e dos evangelistas: permanecei
vigilantes pois não sabeis quando voltará o Senhor.
A Igreja de
Jesus Cristo define-se como uma comunidade que espera o
regresso do seu Senhor e Lhe prepara o caminho. Todos os anos
celebra o Advento: uma assembleia preparada a ir ao encontro
d'Aquele que vem - e a deixá-l'O vir.
|
Anunciamos a Vossa morte,
proclamamos a Vossa ressurreição,
esperamos a Vossa vinda gloriosa.
Marana tha - Vem Senhor Jesus!
|
A segunda vinda do Senhor:
Desde o princípio houve e continua a haver grupos particulares
(seitas) que pretendem calcular o fim do mundo e o momento da
segunda vinda do Senhor. Encontram nos acontecimentos do seu
tempo sinais que - segundo eles - anunciam o "fim do mundo".
Exigem de todos os que querem ser salvos, uma fé e uma
obediência cegas. Algumas destas seitas causam muitas
confusões. Mas todos estes movimentos estão destinados ao
fracasso, pois os planos de Deus não estão sujeitos aos
cálculos dos homens. Deus, no seu devido tempo, dará
cumprimento e concederá a plenitude a quem, com confiança,
permaneça atento e espere.
8.2 Ele julgará os vivos e os mortos
No seu discurso
em casa de Cornélio, o centurião romano, São Pedro declara:
"Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Deus O
constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Sobre Ele os profetas
dão o seguinte testemunho: todo aquele que acredita em Jesus
recebe, em Seu nome, o perdão dos pecados" (Act 10,42-43).
As palavras
sobre o julgamento inspiram-nos medo: somos apenas homens. E
qual é o homem que pode subsistir diante de Deus?
As palavras
sobre o Juiz infundem-nos coragem: porque conhecemos Jesus.
Não temos por que temê-l'O. A Sua mensagem é uma Boa Nova. Ele
sabe como os homens se esforçam por fazer a vontade de Deus,
respeitar os preceitos de Moisés, os "Dez Mandamentos" e todas
as prescrições particulares que os mestres de Israel foram
acrescentando ao longo dos séculos. Jesus diz: "Vinde a Mim
todos os que estais afadigados e sobrecarregados e Eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que
sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para
as vossas almas, pois o Meu jugo é suave, e a Minha carga
leve" (Mt 11,28-30).
Numa outra
ocasião, Jesus diz o que será tido em conta no Juízo Final:
amar a Deus, viver para Lhe agradar e dar aos irmãos e irmãs o
que necessitam: pão aos famintos, água aos que têm sede, um
teto aos que não têm lar, roupa aos nus, visitar os doentes e
os prisioneiros. Todos os que fizeram isto, fizeram-no por
Jesus mesmo sem o saber. O Senhor dir-lhes-á então: Vinde, o
Pai está à vossa espera! Ireis ver como os homens podem ser
felizes. Ireis viver, com Ele, nessa comunhão a que chamamos
céu.
Os outros, os
que detestam Deus, não vivem no Seu espírito, não dão aos
irmãos e irmãs o que precisam: não socorrem os famintos, não
dão água aos que têm sede, nem teto aos estrangeiros, nem
roupa aos nus, nem visitam os doentes e os prisioneiros - foi
a Jesus a quem recusaram todas estas coisas, mesmo sem o
saber. Vão dar conta de como os homens podem ser infelizes.
Eles próprios se excluíram da comunhão definitiva com Deus
(cf. Mt 25).
Senhor, Tu virás
no fim dos tempos. O fim do meu tempo é a morte. Senhor, vem
ao meu encontro! Acolhe-me junto de Ti! Sê para mim um juiz
clemente e faz do dia da minha morte o dia da minha
ressurreição! Concede-me ser feliz junto de Ti, entre os que
são benditos de teu Pai!
Céu:
A vida em comunhão definitiva com Jesus. A felicidade de estar
junto de Deus. O "inferno" é a exclusão definitiva da comunhão
com Jesus, a desgraça e a miséria dos que se separaram de
Deus. O "purgatório" significa que há pessoas que, no dia da
sua morte, ainda não estão preparadas para um encontro com
Deus e uma plena comunhão com Ele. Cremos que Deus é
misericordioso e magnânimo no perdão. Rezamos pelos nossos
mortos.
9. Creio no Espírito Santo
O Espírito Santo
de Deus: não O podemos ver, reter nem mostrar. Não podemos
dispor d'Ele. Mas podemos sentir a Sua existência e a Sua
acção, por exemplo: quando um homem ou uma mulher fala de
Deus, de tal modo que outros abraçam a fé; quando duas pessoas
põem fim a uma discórdia e se reconciliam; quando alguém que
agiu mal repara as suas faltas; quando uma pessoa amargurada
pelo ódio começa a amar; quando alguém, que só pensava em si,
abre os olhos para o sofrimento dos outros; quando uma pessoa
sai em defesa das plantas e dos animais, da água e do ar - da
vida posta em perigo pelo homem.
9.1 O Espírito que dá a vida
A Bíblia começa
pelas origens. Então - antes de Deus ter pronunciado a Sua
primeira palavra - não havia mais do que desolação e vazio,
águas impetuosas e trevas: a morte. Mas o
Espírito de Deus
paira sobre as águas: a vida.
Com estas
imagens, os mestres de Israel afirmam que Deus está em tudo e
sobre tudo o que vive, se desenvolve e cresce sobre a terra. O
Seu Espírito é a prova de que a criação nunca está desligada
de Deus: não está abandonada ao acaso, à mercê da mente humana
ou mesmo de espíritos maléficos.
-
Rezamos assim:
Enviais o vosso Espírito... e renovais a face da terra (SI
104,30). Um dos mestres bíblicos narra como começou a
história de Adão, "o homem": O próprio Deus insuflou nas
suas narinas um hálito de vida e o homem converteu-se em ser
vivo. Isto quer dizer: o ser humano - homens, mulheres e
crianças - vivem da vida de Deus. Por isso são capazes de
compreender Deus, fazer a sua vontade, tornar-se homens à
sua imagem.
-
Fazemos o sinal da cruz: Em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.
Amém.
-
O Espírito Santo é o Dom supremo que Deus concede ao homem.
Sopra onde quer. Mas o homem pode recusar o Espírito,
fechar-se a Ele.
|
Rezamos assim:
Respira em mim, Espírito Santo, para que eu pense coisas
santas.
Impulsiona-me, Espírito Santo, para que eu faça coisas
santas.
Atrai-me, Espírito Santo, para que eu ame o que é santo.
Conforta-me, Espírito Santo, para que eu guarde o que é
santo.
Guarda-me, Espírito Santo, para que eu nunca perca o que é
santo.
ATRIBUÍDO A
SANTO AGOSTINHO (354-430)
|
O Espírito
de Deus é invisível. Procede do Pai e do Filho como os
raios quentes que emanam do sol. Ele é Deus: consubstancial ao
Pai e ao Filho. A sua acção é perceptível através das acções
dos homens a quem Ele Se dá. Os seus símbolos são: a água, o
fogo, a tempestade, a nuvem, o sopro e o vento. Por vezes é
comparado a uma pomba e representado dessa maneira. Para os
homens dos tempos bíblicos - e mesmo para os de hoje - a pomba
é imagem da paz e do amor que se tornou visível.
9.2 Ele falou pelas profetisas e pelos
profetas
A Bíblia fala de
homens e de mulheres a quem Deus dá o Seu Espírito: os reis
recebem-n'O pela unção do óleo sagrado. Graças a Ele, os
eleitos podem realizar uma determinada missão. Atrevem-se, com
coragem, a contradizer os reis, a acusar os falsos profetas e
os sacerdotes infiéis, a denunciar a heresia e o pecado. O seu
entusiasmo é contagioso, a sua convicção persuasiva. As
pessoas que se relacionam com eles sentem que Deus actua
neles, que o Espírito Santo fala através desses homens.
Por isso, os
homens inspirados são credíveis e dignos de confiança. Israel
tem um modo especial de falar do Espírito quando se trata do
Messias, o rei de justiça saído da casa de David, que instaura
sobre a terra a paz de Deus. Um dos profetas diz d'Ele: Deus
dá-Lhe o espírito de sabedoria e inteligência, espírito de
conselho e fortaleza, espírito de conhecimento, de piedade e
temor de Deus (Is 11,2). É a esta palavra profética que nós
temos presente quando evocamos os "sete dons" do Espírito
Santo.
Do servo que -
enviado de Deus, rejeitado pelos homens - dá a sua vida pelo
povo, Deus diz: "Eis o Meu servo a quem Eu amparo, o Meu
eleito em quem a Minha alma se alegra. Eu coloquei sobre Ele o
Meu espírito para que promova o direito entre as nações" (Is
42,1).
O Espírito de
Deus não é um dom só para alguns eleitos. O Ressuscitado
enviou aos apóstolos e a todos os seus discípulos o dom do
Espírito Santo (Jo 20,22). No
Juízo Final,
quando a fraqueza e a maldade dos homens forem julgadas e
restar apenas o amor e a bondade de Deus pelos homens, o
Espírito será dado a todos: "Derramarei o meu espírito
sobre os teus filhos e a minha bênção sobre a tua
descendência" (Is 44,3). Depois disto, "os vossos
filhos e filhas tornar-se-ão profetas, os vossos anciãos terão
sonhos e os vossos jovens terão visões. Nesses dias, até sobre
os escravos e escravas, derramarei o Meu espírito" (JI
3,12).
|
No dia de Pentecostes rezamos assim:
Vinde, Espírito Santo,
enchei o coração dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor. Aleluia!
|
Juízo Final:
O dia de Deus. O último dia que Deus fixou ao velho mundo dos
homens. Deus criará um novo céu e uma nova terra.
9.3 Jesus Cristo, cheio do Espírito
Santo
Jesus vive e
actua na unidade com o Espírito Santo. Foi pela acção do
Espírito Santo que Maria O concebeu. Por isso a celebramos com
as palavras: "Ave Maria, cheia de graça". Movido pelo
Espírito, João Baptista declara: "Quanto a mim, eu
baptizo-vos com água... mas Aquele que vem depois de mim...
baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo" (Mt 3,11).
Quando Jesus vai ao Jordão para Se fazer baptizar por João
Baptista, os céus abrem-se. E eis que uma voz vinda dos céus
diz: "Tu és o Meu Filho muito amado, no qual pus as minhas
complacências." É pela força do Espírito Santo que Jesus
resiste a Satanás,
que quer tentá-l'O no deserto para O desviar da Sua missão (Mc
1,11-13).
Jesus sabe
porque é enviado. Em Nazaré, a Sua cidade, vai à sinagoga, ao
Sábado e lê uma passagem do profeta Isaías: "O Espírito do
Senhor está sobre Mim, porque Ele Me consagrou com a unção,
para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-Me para proclamar
a libertação aos presos, e aos cegos a recuperação da vista;
para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça do
Senhor" (Lc 4,18-19). E todos compreendem o que Jesus quer
dizer quando afirma: "Hoje cumpriu-se esta passagem da
Escritura, que acabais de ouvir" (Lc 4,21).
Pela força do
Espírito, Jesus expulsa os demónios e cura os doentes. Diz aos
pobres e aos oprimidos que Deus os ama. Não tem medo dos
doutores da lei nem dos poderosos.
Jesus observa
como estes não se deixam convencer e dá conta de que a Sua
vida corre perigo. Então, prepara os Seus discípulos para o
tempo em que já não estará com eles. O evangelista São João
conta como Jesus Se despede dos apóstolos. Encoraja-os e
diz-lhes como poderão permanecer seus amigos. Promete-lhes um
Consolador, um Paráclito. Alguém que reze por eles quando as
palavras lhes faltarem. Alguém que lhes diga como defender-se
quando forem acusados e perseguidos por sua causa.
Promete-lhes o Seu Espírito Santo.
|
Rezamos:
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo,
como era no princípio, agora e sempre. Amém.
|
Satanás:
Chamamos-lhe também, algumas vezes, "diabo" ou "inimigo": um
anjo que, assim o cremos, se converteu em adversário de Deus.
É o Mal por excelência, que tenta separar de Deus os homens
para os conduzir ao pecado. Os crentes têm que escolher a quem
querem servir: Deus ou Satanás. Jesus resistiu a Satanás: isto
significa que este perdeu o seu poder. Quando Jesus voltar na
sua glória, o diabo será definitivamente vencido.
10. A Santa Igreja Católica
A Igreja do
nosso tempo é uma comunidade com dimensões mundiais. Comunica
a fé aos que a ela se incorporam pelo Baptismo e ensina-os a
viver como cristãos. Cumpre assim a missão que lhe foi
conferida por Jesus Cristo, até que Ele volte na sua glória.
10.1 No começo era o Espírito Santo
Os cristãos
perguntam: quando, onde e como começou a
igreja?
A resposta é nos dada na "história da fundação" que São Lucas
nos relata nos Actos dos Apóstolos:
Começou em
Jerusalém, a cidade da morte e da ressurreição de Jesus. Os
apóstolos e os discípulos de Jesus encontravam-se reunidos
numa casa. Maria, a Mãe de Jesus, estava presente, assim como
outras mulheres. Esperavam o Paráclito que Jesus tinha
prometido e oravam juntos. E aconteceu que,
cinquenta dias
depois, o sopro do Espírito de Deus desceu do céu sobre eles
como um vendaval, encheu a casa e acendeu uma chama nos
corações. Já não sentem medo dos que perseguiram e condenaram
Jesus. Os discípulos ficaram repletos de entusiasmo. Não
podiam ficar fechados por mais tempo, tinham de sair para
anunciar a Boa Nova.
Diante da casa
reunira-se uma multidão de gente vinda de todos os cantos do
mundo, que tinha sentido o poderoso sopro do Espírito.
Contagiados pelo entusiasmo dos apóstolos, ouviam o que estes
testemunhavam acerca de Jesus, o Filho de Deus, e cada um
ouvia a mensagem na sua própria língua.
As pessoas nas
quais vive o Espírito de Jesus, compreendem-se umas às outras,
mesmo que não falem a mesma língua. Não se sentem estranhas
entre si, qualquer que seja a sua nação ou raça.
Nesse mesmo dia
de Pentecostes, São Pedro, o primeiro dos apóstolos, pronuncia
o discurso que inaugura a missão em favor de Cristo. A sua
pregação foi tão convincente que todos os que o escutavam
sentiram-se tocados no coração. Nesse dia - diz-nos São Lucas
- vários milhares de pessoas abraçaram a fé, receberam o
Baptismo e entraram na comunidade de Jesus Cristo: irmãos e
irmãs, a Igreja de Cristo.
Todos eram
assíduos ao ensinamento dos Apóstolos e à fracção do pão.
Mantinham-se fiéis à comunhão fraterna e davam a cada um
segundo a sua necessidade.
|
Dizemos São Pedro e pensamos no Papa que dirige a Igreja
como seu sucessor.
Dizemos São Paulo ou São Tiago e pensamos em todos os que
transmitem o Evangelho.
Dizemos São Bernardo ou Santa Teresa e pensamos em todos
os que consagram a sua vida a Deus.
Dizemos Santa Clara ou São Francisco e pensamos em todos
os que são pobres com os pobres.
Dizemos São Martinho ou Santa Isabel e pensamos em todos
os que partilham.
Dizemos São Vicente de Paula e pensamos em todos os que
vivem para os outros.
Dizemos São Maximiliano Kolbe e pensamos em todos os que
dão a vida pelos irmãos.
Dizemos Santa Joana D'Arc ou o bispo Romero e pensamos em
todos os que são vítimas da violência.
Dizemos "cristãos" e pensamos em todos os que são
vivificados pelo Espírito.
|
Igreja:
É assim que designamos as nossas casas de oração, a paróquia,
a comunidade de todos os fiéis no seu conjunto. A Igreja é
regida pelo Papa, sucessor do apóstolo São Pedro, e pelos
bispos, sucessores dos Apóstolos. Originalmente, "Igreja"
significa "aqueles que pertencem ao Senhor": nome das
assembleias do povo convocadas por Deus.
Quinquagésimo dia
(Pentecostes): O dia em que a
comunidade judaica celebra o memorial da aliança concluída por
Deus com o seu povo no Monte Sinai. A Igreja celebra este dia
como o Pentecostes, ou seja, a efusão do Espírito Santo sobre
a Igreja primitiva de Jerusalém, por ocasião das festas
judaicas, cinquenta dias depois da Páscoa.
10.2 A Igreja: una, santa, católica e
apostólica
O Espírito Santo
não agiu somente no começo da Igreja. Continua a vivificá-la e
a Sua acção torna-se nela perceptível. Por isso a Igreja só
pode ser "una": tem um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo;
forma um só corpo movido por um só Espírito, orientado para
uma única esperança.
Não há dúvida de
que, numa comunidade que agrupa indivíduos muito diferentes,
se discuta e haja desavenças: alguns seguem um mestre, outros
obedecem a outro (1Cor 3,4-8). Alguns consideram os usos e
costumes judaicos como muito importantes, enquanto outros os
acham secundários e estranhos (Act 16,21). Uns são fiéis às
prescrições de Jesus de modo radical, separando-se dos outros
(2Cor 6,17). A diversidade de carismas e de modos de vida,
constitui um enriquecimento para a comunidade - e para toda a
Igreja - enquanto os cristãos não esquecem que há um só
Senhor, uma só fé, um só Baptismo e um só Deus e Pai de todos
(Ef 4,5-6).
Toda a Igreja
sofre quando algumas pessoas ou grupos discutem sobre
interpretações doutrinais e normas de vida, provocando
divisões no seio da comunidade.
Resulta grave
que algumas pessoas ou grupos se separem da comunidade para se
proclamarem "Igreja" à sua maneira. E não é menos grave quando
a Igreja tem de excluir da sua comunidade um mestre ou um
grupo, por causa das suas heresias.
Por amor à
unidade e a Jesus, a Igreja não deve deixar jamais de procurar
a reconciliação, nem de implorar o perdão das suas próprias
faltas e dos outros. Se assim não fosse, Jesus teria rezado em
vão: "Peço-Te, Pai, que todos sejam um" (Jo 17,21).
|
É esta a oração duma comunidade do primeiro século depois
de Cristo:
Lembra-Te, Senhor, da Tua Igreja,
livra-a de todo o mal,
e aperfeiçoa-a no Teu amor.
Reúne-a dos quatro cantos do mundo,
e santifica-a no reino que Tu lhe preparaste.
Porque Teu é o poder e a glória
pelos séculos dos séculos. Amem!
Que venha a graça e passe este mundo! Amem!
Hossana, ó Filho de David!
Aquele que é santo, que venha!
Aquele que não o é, que mude o seu coração!
Marana tha. Vem Senhor Jesus! Amem!
DIDAQUÊ
10,5-6
|
• A Igreja, una,
é santa
Santa, mas não
por si mesma, pois só Deus é Santo. Ele ama a Igreja, a
comunidade de homens e mulheres que confessam o seu Filho
Jesus Cristo como Senhor, que transmitem a Boa Nova e dão
testemunho dela com a própria vida.
Nem sempre
conseguem isto. É por esta razão que a Igreja de Jesus Cristo
é também uma Igreja de pecadores: comunidade de homens que se
extraviam no caminho, que atraiçoam o amor, que quebram a
aliança, que permitem o mal e até o fazem. Homens que
necessitam de perdão e de misericórdia para serem, por sua
vez, misericordiosos com os outros. Deus santifica a Igreja
apesar das limitações humanas e deficiências dos seus
dirigentes e fiéis. Por isso a Igreja é e continua a ser para
o mundo o sinal visível da santidade de Deus. Porque Deus a
santifica, ela consegue resistir aos poderes do mundo. Sim,
nem sequer as Portas do Inferno poderão vencê-la.
|
Rezamos:
Vós, Senhor, sois verdadeiramente Santo
e todas as criaturas cantam os Vossos louvores,
porque dais a vida e santificais todas as coisas,
por Jesus Cristo, Vosso Filho, Nosso Senhor,
com o poder do Espírito Santo.
EXTRACTO DA
ORAÇÃO EUCARÍSTICA III
|
Santo:
Deus não é como os homens. Ele é inteiramente Outro:
transcendente, Todo-Poderoso, omnisciente, omnipresente. Ele é
mais do que aquilo que podemos dizer, pensar e representar.
Esta alteridade de Deus, o mistério do seu ser, é o que
podemos dizer quando afirmamos: Ele é Santo. A Igreja canoniza
(proclama santos) certas pessoas - homens e mulheres - pelo
testemunho que eles deram de Cristo. Os santos - e em primeiro
lugar a Virgem Santa - são nossos modelos e intercessores
junto de Deus.
"A Igreja é santa: é seu autor o Deus santíssimo; Cristo,
seu Esposo, por ela Se entregou para a santificar; vivifica-a
o Espírito de santidade. Embora conte no seu seio pecadores,
ela é "a sem-pecado feita de pecadores". Nos santos brilha a
sua santidade; em Maria ela é já toda santa" (Catecismo da
Igreja Católica 867).
• A Igreja, una,
é católica
O Deus único é o
Deus de todos os homens. Olha para eles com benevolência e
deseja conduzi-los, onde quer que se encontrem e em todos os
tempos, à salvação, de que Ele mesmo é o centro.
A Igreja de
Jesus Cristo é a depositária da herança do Senhor e anuncia
Cristo como a esperança de todos os homens. Ela é sinal e
penhor do Seu amor redentor. Não só para aqueles que são
baptizados no seio da Igreja católica romana, mas para todos
os que vivem reconciliados com Deus. Também as pessoas que
servem a Deus noutras confissões cristãs e noutras religiões e
até as pessoas que não sabem nada de Deus, participam do amor
de Deus e da esperança, da qual Jesus Cristo é o garante.
Todas estas pessoas estão de certo modo relacionadas com a
Igreja una. Por isso a Igreja está - em virtude da sua própria
natureza - aberta a todos: Católica (= universal).
|
Ó Deus, Pai de todos os homens,
Tu pedes a cada um de nós
que levemos o amor
onde os pobres são oprimidos,
que levemos a alegria
onde a Igreja se encontra em desalento,
que levemos a reconciliação
onde há pessoas que vivem separadas entre si:
o pai e o filho,
a mãe e a filha,
o marido e a mulher,
o crente e aquele que não acredita,
o cristão e o seu irmão cristão a quem não ama.
Nós Te suplicamos: abre-nos este caminho
do amor, da alegria e da reconciliação,
a fim de que o Corpo ferido de Cristo, a Tua Igreja,
seja fermento de comunhão para os pobres da Terra
e para toda a família humana.
MADRE TERESA
E IRMÃO ROGER SCHUTZ
|
Católica
significa: "A Igreja anuncia a totalidade da fé; guarda e
administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada a
todos os povos, dirige-se a todos os homens; abrange todos os
tempos; "é, por sua própria natureza, missionária" (Ad
Gentes 2; Catecismo da igreja Católica 868). "A Igreja
vê-se ainda unida por muitos títulos, com os baptizados que
têm o nome de cristãos, embora não professem integralmente a
fé ou não guardem a unidade de comunhão com o sucessor de
Pedro" (Lumen Gentium 15). "Aqueles que crêem em Cristo
e receberam validamente o Baptismo encontram-se numa certa
comunhão, embora imperfeita, com a Igreja Católica" (Unitatis
Redintegratio 3). Quanto às Igrejas Ortodoxas esta comunhão é
tão profunda "que bem pouco lhes falta para que ela atinja
a plenitude, autorizando uma celebração comum da Eucaristia do
Senhor" (Paulo VI, discurso de 14 de Dezembro de 1975 -
Catecismo da Igreja Católica 838).
• A Igreja, una,
santa, católica, é
apostólica
Desde o início
do seu ministério público, Jesus chama e reúne discípulos para
que O acompanhem, escutem o que diz e vejam o que faz. Dentre
eles, escolhe doze homens para que sejam Suas testemunhas,
desde o Baptismo no Jordão até à Sua ressurreição. Envia os
Doze, os apóstolos, para que possam ir, em Seu nome, aonde Ele
não vai pessoalmente, anunciem a Boa Nova e curem os enfermos.
O Ressuscitado
confiou a São Pedro, o primeiro entre os apóstolos, uma
responsabilidade especial na Igreja. Os doze apóstolos são o
fundamento da Igreja. Proclamam o Evangelho. Conservam os
ensinamentos de Jesus e, com o auxílio do Espírito Santo,
defendem a verdade plena e não falsificada.
Os apóstolos
transmitem a sua missão e o seu mandato a outros. A sucessão
dos bispos de Roma remonta, sem interrupção, a São Pedro. Em
comunhão com os bispos, sucessores dos apóstolos, o Papa, como
sucessor de São Pedro, guia a Igreja no seu caminho através do
tempo.
|
Um dos mestres da Igreja primitiva, preocupado com a
unidade da Igreja, exorta-nos: Comportai-vos de modo digno
da vocação que recebestes. Sede humildes, amáveis,
pacientes e suportai-vos uns aos outros no amor. Mantende
entre vós a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um
só corpo e um só Espírito, assim como fostes chamados a
uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só
Baptismo; há um só Deus e Pai de todos.
EPÍSTOLA AOS
EFÉSIOS 4, 1-6
|
Apóstolo, apostólico:
O apóstolo é "o enviado" e fala com a autoridade de quem o
envia. O número de doze apóstolos corresponde às doze tribos
de Israel e indica que Jesus congrega o novo povo de Deus, o
definitivo. A Igreja é apostólica porque os seus bispos
descendem em linha directa dos apóstolos.
10.3 Hierarquia e ministérios
O Ressuscitado
envia doze homens, Seus apóstolos, a todas as nações da terra.
Poderá ter êxito esta missão? Os apóstolos começam em
Jerusalém. Anunciam, baptizam, celebram a Eucaristia em
memória do Seu Senhor. Mesmo quando são perseguidos e
impedidos de falar, não se deixam intimidar. Desde Jerusalém,
espalham-se por aldeias e vilas. Colocam à frente das
comunidades homens experimentados impondo-lhes as mãos, e
enviam missionários e pregadores itinerantes.
Conhecemos
melhor São Paulo, a quem o Senhor ressuscitado institui
apóstolo dos pagãos. São Paulo vai de cidade em cidade, de
país em país e finalmente chega - como prisioneiro - a Roma.
Em toda a parte, funda comunidades e nomeia como dirigentes
homens de piedade provada. É a eles e às suas comunidades que
São Paulo envia as suas epístolas. Estas cartas informam-nos
sobre questões importantes para as comunidades nascentes e as
dificuldades com as quais são confrontadas. Quando surge um
problema que São Paulo não pode resolver por si próprio,
dirige-se a Jerusalém. É aí que se reúnem os apóstolos.
Confiando plenamente no Espírito Santo, deliberam sobre o que
têm a fazer e decidem o que se há de aplicar na Igreja de
Jesus Cristo.
|
A todos aqueles a quem é confiado um ministério na Igreja,
é-lhes aplicada a palavra do Senhor:
"Sabeis como aqueles que se dizem governadores das
nações têm poder sobre elas, e os seus dirigentes exercem
sobre elas a sua autoridade. Mas entre vós não deve ser
assim: quem de vós quiser ser grande deve tornar-se o
vosso servidor"
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO MARCOS 10,42-43
|
A Igreja cresce
e o tempo passa. Os homens e mulheres que acompanharam Jesus a
Jerusalém, vão desaparecendo. Para que nada se perca da
tradição sagrada nem se falsifique a sua transmissão, começa a
pôr-se por escrito o que a tradição diz acerca de Jesus.
Acreditamos que o Espírito Santo presidiu a esta redacção e
que os que escreveram os textos sagrados, são testemunhas
autênticas e fiéis.
A Igreja vê
nascer no seu seio uma hierarquia e ministérios bem definidos;
o primeiro e supremo mestre da Igreja é o bispo de Roma: o
Papa. Os bispos, sucessores dos apóstolos, velam nas Igrejas
locais para que a fé se conserve intacta. Ordenam sacerdotes
para que dirijam as comunidades paroquiais. Os sacerdotes
presidem à oração e actuam como intercessores, anunciam o
Evangelho às suas respectivas comunidades, administram os
sacramentos e celebram a Eucaristia. Prestam assistência aos
que lhes são confiados e acompanham-nos no seu caminho para
Deus.
"No grau
inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foram
impostas as mãos, 'não em vista do sacerdócio, mas do serviço'"
(Lumen Gentium 29)... "Entre outros serviços, pertence aos
diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos
divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la,
assistir ao Matrimónio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e
pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos
serviços da caridade" (Catecismo da Igreja Católica
1569-1570).
|
Creio no Espírito Santo,
que vivifica a Igreja de Jesus Cristo
e cada um de nós
fazendo-nos suas testemunhas.
Creio no
Espírito Santo,
que permite à Igreja de Jesus Cristo
e a cada um de nós
perdoar ao próximo,
escutá-lo e amá-lo.
Creio no
Espírito Santo,
que acompanha a Igreja de Jesus Cristo
e cada um de nós
e nos conduz até à meta.
|
10.4 A vida consagrada a Deus
O homem foi
criado para a mulher e a mulher para o homem. Contudo, sempre
houve e continua a haver, na Igreja, homens e mulheres que
vivem voluntariamente o celibato. Deu confiou ao homem a terra
para que desenvolva nela as suas capacidades, assegure a sua
subsistência e se alegre com o fruto do seu trabalho. Mas
sempre houve e continua a haver, na Igreja, homens e mulheres
que vivem voluntariamente pobres e carentes de bens. Deus deu
ao homem liberdade e imaginação. O desejo de procurar na vida
o seu próprio caminho e percorrê-lo. Mas sempre houve e
continua a haver, na Igreja, homens e mulheres que prometem
voluntariamente obedecer a um superior ou a uma superiora.
Fazem isso porque a palavra de Jesus dirigida aos pescadores
do lago de Tiberíades: "Vem, e segue-Me", é para eles
mais importante que tudo o demais. São homens e mulheres que
descobrem a sua felicidade - e se encontram a si mesmos - na
ausência de bens e de família, e na obediência a outra pessoa.
Muitos homens e
mulheres vivem segundo estas regras. Querem estar disponíveis
para Deus, sinal de que Ele está presente no mundo dos homens.
Esses homens e mulheres, que se sabem chamados por Deus,
agrupam-se em comunidades de vida e serviço. Ao longo da
história da Igreja, apareceram - e continuam ainda a aparecer
- esses institutos religiosos, quase sempre para responder a
uma necessidade do seu tempo: para uns o mais importante são
os ofícios divinos e a adoração; outros levam uma vida ritmada
pela oração e o trabalho. Outros dedicam-se a ensinar e
proclamam o Evangelho; outros ainda, ocupam-se dos pobres, das
crianças que ninguém quer, dos doentes, deficientes e
moribundos. Distinguimos entre institutos de vida
"contemplativa" e institutos de vida "activa". Nos nossos
dias, há ainda comunidades chamadas institutos seculares,
cujos membros não se distinguem, exteriormente, das pessoas
entre as quais vivem.
As ordens e
congregações religiosas denominam-se, frequentemente, segundo
o nome do seu fundador: São Bento, São Francisco, São Vicente
de Paula. Outras, têm o nome referente à sua missão: Filhas da
Caridade, Missionárias da Caridade, Irmãos das Escolas
Cristãs. Cada instituto segue uma "Regra" que lhe dá uma
orientação própria. Mas todos têm em comum a obrigação da
pobreza, da castidade e da obediência: três preceitos que
marcam uma vida de fidelidade a Jesus. São chamados "conselhos
evangélicos".
Viver segundo os conselhos evangélicos não é fácil. Quem se
decide por eles necessita de anos de provação e exercício
antes de se comprometer por um tempo (profissão de "votos
temporários") ou para toda a vida (profissão de "votos
perpétuos").
|
Santa Teresa de Jesus diz às suas irmãs:
Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa,
Deus não muda.
A paciência
tudo alcança;
Quem a Deus tem
Nada lhe falta:
Só Deus basta.
|
11. A comunhão dos santos
Acreditar na
"Santa Igreja Católica" e na "comunhão dos santos" está
intimamente ligado. A Igreja é a pátria daqueles que, por meio
de Jesus Cristo, participam do que é santo: do sacramento do
Corpo e do Sangue de Cristo, do perdão dos pecados, do amor de
Deus pelos homens.
A Igreja
comunica a fé; com o pleno poder de Jesus administra os
sacramentos e funda assim a "comunhão dos santos".
11.1 Jesus funda a comunidade
Por vezes
dizemos: "Uma pessoa sozinha não é nada" ou, referindo-nos à
igreja: "Um cristão sozinho, não é nada". Só no interior duma
comunidade o homem pode chegar a ser o que realmente é. Só em
sociedade pode desenvolver os seus dons, pôr em acção o mais
peculiar do seu ser e, deste modo, realizar-se a si mesmo.
Sabemos que a comunidade é vital para nós - e no entanto, só
com muitas dificuldades aprendemos a viver em sociedade.
Escutando a
palavra de Jesus, aprendemos a natureza da comunidade que Ele
funda.
-
Nesta comunidade, os pequenos são grandes. Jesus toma nos
braços as crianças e diz aos adultos: Sede como elas. Jesus
escolhe pescadores do lago de Tiberíades para apóstolos e
confia-lhes a missão de congregar e dirigir a sua Igreja.
-
Nesta comunidade todos têm uma oportunidade: Jesus deixa-Se
convidar pelos publicanos e come com eles; fala do Reino de
Deus com uma mulher. E diz aos pecadores: Deus perdoou-vos.
E aos ricos: Dai aos pobres.
-
Nesta comunidade, os desanimados e os desfavorecidos
encontram o que esperam: Jesus cura os doentes e os
deficientes; devolve a liberdade aos que estão possuídos e
oprimidos pelo mal.
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Quando Jesus lavou os pés aos Seus discípulos...
disse-lhes: "compreendestes o que vos fiz? Vós
chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou.
Se, portanto, Eu, sendo Senhor e Mestre, vos lavei os pés,
também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Eu dei-vos
o exemplo para que, assim como vos fiz, vós façais
também."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 13,12-15
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11.2 Aprendizagem da vida comunitária
Nas comunidades
cristãs reúnem-se pessoas de todo o género e origem que, na
vida quotidiana pouco têm em comum: judeus e pagãos, ricos e
pobres, homens e mulheres, comerciantes e lavradores, mestres
e artesãos, jovens e idosos, pessoas de êxito e fracassados,
sãos e doentes, proprietários de terras e trabalhadores
assalariados. Todos partilham o que para eles é importante: a
fé em Jesus, a confiança na sua palavra, o lugar à mesa, a
esperança na vida que Ele promete aos que O seguem. Quando
rezam, fazem-no como Ele lhes ensinou: "Pai Nosso...".
Chamam-se uns aos outros "irmãos" e "irmãs".
Esta atitude
fraterna não é evidente num mundo que mede o prestígio dum
homem ou duma mulher segundo o modo como se impõem aos outros.
Os cristãos não recebem automaticamente esta capacidade com o
Baptismo. Cada pessoa, no seio da comunidade, pode cometer
erros, pecar contra o próximo, falhar. Já as primeiras
comunidades tiveram esta experiência. Podemos aprender delas
como viver com os nossos erros e as nossas faltas.
A comunidade de
Corinto, fundada por São Paulo, é um bom exemplo, pois
conhecemos os seus problemas e também as exortações que São
Paulo lhe dirigiu. Nessa comunidade, são cristãos, "santos",
os que têm conflitos uns com os outros e que levam aos
tribunais dos "injustos", ou seja, dos pagãos (1Cor 6,1-11).
São Paulo incita-os com firmeza a fazer a paz e a
reconciliar-se.
Outros hesitam
comprar no mercado a carne destinada a ser imolada aos ídolos
ou a comê-la quando são convidados. São Paulo reafirma-os na
sua liberdade de cristãos. Mas, ao mesmo tempo, exorta-os a
ter em consideração os "débeis" que há no seio da comunidade e
a não lhes dar "ocasião de escândalo" (1Cor 8,1-13).
Há também
discussões sobre qual dos diversos ministérios no seio da
comunidade é o mais agradável a Deus (1Cor 12,12-31). São
Paulo resolve este problema recorrendo a uma comparação que
demonstra bem o que ele entende por "comunidade". Escreve:
sucede com a comunidade o mesmo que com o nosso corpo. Tem
diferentes membros: olhos para ver, ouvidos para ouvir, mãos
para agarrar, pés para andar. Nenhum membro pode ser
substituído por outro na sua função. E quando um membro sofre,
é todo o corpo que sofre. Pois o corpo é uma unidade. Acontece
o mesmo com a comunidade. Cada um tem a sua função: Um como
apóstolo, outro como profeta, o terceiro como médico. É a
diversidade de ministérios que edifica a comunidade.
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O que nos une:
Somos baptizados em nome do mesmo Deus.
Partimos o mesmo pão.
Partilhamos a mesma esperança.
Respeitamos o mesmo mandamento.
Acreditamos na mesma palavra.
Celebramos o mesmo Deus único.
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11.3 Os santos em Jesus Cristo
"Vós sois
raça eleita, sacerdócio real, nação santa..." (1 Pd 2,9).
Através destes
títulos honoríficos, São Pedro exalta a sua comunidade de
homens e de mulheres, que se reconhecem pecadores diante de
Deus e dos seus semelhantes. Encoraja-os a converterem-se no
que Deus quer que sejam.
O povo de Deus
não é constituído só por pessoas que vivem contemporaneamente
na Igreja visível. Dela fazem parte, também, os mortos que
estão ainda a caminho para a comunhão plena com Deus, assim
como numerosos bem-aventurados que contemplam Deus face a
face.
A Igreja celebra
anualmente a comunhão dos Santos na solenidade de Todos os
Santos e na Comemoração dos fiéis defuntos (dias 1 e 2 de
Novembro, respectivamente).
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Senhor, nosso Deus,
lembra-Te de todos aqueles que,
neste mundo,
caminham para Ti:
os que não têm nada para dar e os que se entregam a si
mesmos;
os que estão tristes
e os que lhes dizem palavras de esperança;
os que estão magoados
e não magoam à sua volta;
os famintos
e aqueles que lhes enchem o prato;
os privados de seus direitos e os que se comprometem em
seu favor;
os que falharam
e os que lhes perdoaram.
Lembra-Te daqueles que, neste mundo,
Caminham para Ti: os Teus santos.
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12. A remissão dos pecados
Nós, os
cristãos, confessamos a nossa fé no Espírito Santo, na santa
Igreja católica, na comunhão dos santos e na remissão dos
pecados. Estas verdades estão intimamente ligadas entre si;
cada uma delas faz referência às restantes e todas elas têm a
ver com o encargo que o Senhor ressuscitado confiou aos Seus
apóstolos quando os enviou em missão: "Ide pelo mundo
inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Todo aquele
que acreditar e for baptizado, será salvo; aquele que não
acreditar, será condenado" (Mc 16,15-16).
Aquele que sela
a sua fé em Jesus Cristo pelo Baptismo, está reconciliado com
Deus pela morte de Jesus: os pecados são-lhe perdoados. Por
isso o Baptismo é o primeiro sacramento e o mais importante
para o perdão dos pecados.
12.1 A missão do Senhor
O Senhor
ressuscitado deu aos Seus apóstolos uma missão e pleno poder
para administrar o Baptismo aos que crêem e incorporá-los
assim na Sua Igreja.
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São João atesta, no Seu Evangelho, esta missão. Descreve-a
deste modo: na tarde de Páscoa, os discípulos encontravam-se
reunidos. Tinham as portas fechadas por medo dos judeus.
"Jesus veio e colocou-Se no meio deles e disse-lhes: "A
paz esteja convosco!" Os discípulos ficaram cheios de
alegria ao verem o Senhor. Jesus então disse-lhes de novo: "A
paz esteja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu
vos envio a vós". Dito isto, soprou sobre eles e
disse-lhes: "Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem
perdoardes os pecados, ficar-lhes-ão perdoados; àqueles a
quem os retiverdes, ficar-lhes-ão retidos" (Jo
20,19-23).
Na Igreja, o poder conferido por Jesus aos
apóstolos, tem sido transmitido até aos nossos dias: aos
bispos e aos sacerdotes. E é bom que assim seja. Porque somos
humanos, cometemos falhas e erros. São Paulo descreve isto
admiravelmente na Carta aos Romanos: "Eu sou humano e
fraco, vendido como escravo ao pecado. Realmente não consigo
entender nem mesmo o que faço; pois não faço aquilo que quero,
mas aquilo que mais detesto" (Rom 7,14-15). Nós, os
baptizados, estaríamos perdidos se não pudéssemos recorrer
constantemente ao perdão: no sacramento da Penitência, Jesus
concede a reconciliação e o perdão a quem se converte, se
arrepende da sua culpa e se confessa.
O cristão pode também obter o perdão dos
pecados através de actos práticos de arrependimento,
participando na celebração da Eucaristia, pela leitura da
Sagrada Escritura, e pela misericórdia de Deus e das pessoas
que nos amam.
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Como seria o nosso mundo
se a palavra "perdão" não existisse?
Se o que ela significa
não fizesse parte das experiências
que cada qual pode fazer?
Se já não houvesse mãos estendidas
oferecendo a reconciliação?
Se aquele que peca
tivesse que continuar pecador para sempre?
Se toda a gente tivesse de ficar
a sós com o seu pecado?
Se só existisse a vingança
e não o perdão?
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12.2 Eu não te condeno
O evangelista
São João fala-nos dos escribas e fariseus que trouxeram uma
mulher a Jesus, dizendo-Lhe: "Mestre, esta mulher foi
apanhada em flagrante delito de adultério. Ora Moisés, na lei,
mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes? Jesus ficou
em silêncio. Como eles persistissem em interrogá-l'O,
disse-lhes: "Aquele de entre vós que estiver sem pecado seja o
primeiro a atirar-lhe uma pedra". Os acusadores ouvem a
resposta e compreendem-na.
Um após outro
foram-se embora e Jesus ficou a sós com a mulher. Então
perguntou-lhe: "Mulher, onde estão os outros? Ninguém te
condenou?" Ela respondeu: "Ninguém, Senhor".
Disse-lhe Jesus: "Eu também não te condeno; vai e não
voltes a pecar" (Jo 8,1-10).
A história do
encontro de Jesus com a mulher adúltera é um exemplo. Jesus
não evita os pecadores. Come com eles. Entre os Seus apóstolos
há um antigo publicano. E na sua hora suprema Jesus diz ao
ladrão que está crucificado à Sua direita: "Em verdade, te
digo, hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23,43).
Jesus não culpa
ninguém pelas suas falhas. Alivia os que se sentem oprimidos
pelo peso das suas faltas e levanta-os. Não procura que os
culpados sejam condenados e punidos, mas que, absolvidos,
vivam uma vida nova, não esquecendo que Deus os ama. Assim,
poderão aceitar-se a si próprios porque Deus os aceita.
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Não podemos comprar o perdão nem podemos merecê-lo;
ninguém tem direito ao perdão. O perdão, podemos pedi-lo
humildemente para nós e para os outros: a bondade de Deus
é sem limites. Aquele que recebeu gratuitamente o perdão
pode viver com a sua falta e crescer com ela; pode
tornar-se bom e misericordioso num mundo que condena e
castiga.
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12.3 Assim como nós perdoamos
Quando um homem
comete uma falta que não pode reparar, facilmente está
disposto a pedir perdão. Mas quando lhe é pedido a ele que
perdoe ao seu próximo, dificilmente está disposto a renunciar
aos seus "direitos". É a isso que Jesus Se refere na parábola
seguinte:
Dois homens
servem o mesmo senhor. Um deles deve-lhe tanto dinheiro que
toda a sua vida não seria suficiente para pagar a dívida.
Então este servo vai ter com o senhor suplicando-lhe
misericórdia. E o senhor, compadecido, manda-o embora
perdoando-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou-se com um
dos seus companheiros que lhe deve uma pequena quantia.
Agarrando-o pelo pescoço, aperta-o, dizendo: Paga o que me
deves. De joelhos, o companheiro suplica-lhe compreensão. Ele,
porém, manda-o para a prisão.
Quando o senhor
tem conhecimento do que se passou, fica indignado. Convoca o
servo impiedoso e manda-o, por sua vez, para a prisão, até que
pague toda a dívida.
E Jesus
acrescenta: "É assim que vos fará também o meu Pai celeste,
se cada um não perdoar ao seu irmão de todo o coração"
(cf. Mt 18,23-35).
A parábola não é
difícil de compreender. Pelo contrário, é bem mais difícil
fazer o que Jesus pede.
Perdoar, não
guardar rancor, não se aproveitar da sua superioridade, nem do
seu poder sobre os devedores - são atitudes que exigem muito
do homem. Vão contra as suas inclinações naturais.
São Pedro queria
sabê-lo com exactidão. Pergunta a Jesus: "Senhor, quantas
vezes deverei perdoar ao irmão que me ofende? Sete vezes?"
A oferta que São Pedro faz está longe de ser mesquinha. Mas
quando ouve a resposta de Jesus, compreende que o perdão
requer uma outra medida: "Setenta vezes sete", o que
significa: sem conta, cada vez que um irmão necessitar de
perdão (Mt 18,21-22).
Não é certamente
por acaso que seja São Pedro a fazer a pergunta e obter a
resposta. Uma resposta que compromete. Porque é a Pedro que
Jesus confia as chaves do Reino dos Céus, para que tudo o que
ele ligar ou desligar (perdoar ou não perdoar) sobre a terra,
o seja também no céu, perante de Deus (Mt 16,19).
-
Ir ao encontro do outro, estender-lhe a mão, dizer a
primeira palavra, dar o primeiro passo, aceitar o outro com
as suas faltas, fazer triunfar o amor sobre o rancor e a
vingança, romper o círculo vicioso da culpabilidade e do
castigo, continuar o caminho juntos.
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Jesus diz aos seus discípulos: "Sim, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos
perdoará a vós."
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO MATEUS 6,14
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13. A ressurreição dos mortos e
a vida eterna
Há pessoas que
morrem em idade avançada depois de uma vida bem preenchida.
Mas há também crianças e jovens que morrem de doença, de fome
e de frio, de acidentes ou catástrofes. Só Deus sabe quantos
morrem devido à indiferença dos que os rodeiam, que não querem
partilhar o pão, os medicamentos, as terras e a casa. Ou ainda
por causa da violência dos poderosos que preferem fazer a
guerra a manter a paz.
-
Quando os cristãos dizem que crêem na ressurreição dos
mortos e na vida eterna, não significa que eles pretendam
escapar à morte e ao sofrimento.
-
Não pretendem consolar os seus semelhantes desfavorecidos e
marginalizados, com a esperança duma vida melhor.
-
Quando os cristãos dizem que crêem na ressurreição dos
mortos e na vida eterna, querem dizer: acreditamos que nós -
os seres humanos -, a terra e tudo o que nela cresce, tem um
futuro melhor. Cremos com fé, que esse futuro será bom.
Melhor do que tudo o que podemos imaginar e sonhar. Pois é
Deus quem no-lo concederá.
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Nós cremos firmemente, e assim o esperamos, que, tal como
Cristo ressuscitou dentre os mortos e que vive para
sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão
para sempre com Cristo Ressuscitado, e que Ele os
ressuscitará no último dia.
(Catecismo da Igreja Católica 989).
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13.1 Ele não é um Deus de mortos
Os livros da
Bíblia estão cheios de histórias. As personagens falam dos
seus projectos e objectivos. Da sua alegria quando a vida lhes
sorri. Da sua tristeza e desilusão quando a desgraça os
atinge. Do mal que elas fazem e do mal que suportam. E também
da morte que põe termo a tudo quanto projectaram: porque
existimos? Para que servem todos os esforços, se todos sabem
que hão de morrer? Porque é que a uns se concede uma longa
vida, enquanto outros morrem antes que a vida tenha realmente
começado para eles? O homem é incapaz de encontrar uma
resposta válida, para todas estas questões.
As pessoas cuja
história nos é contada na Bíblia conhecem os seus limites. Mas
experimentam também que, para além desses limites, é possível
uma esperança. Sentem que estão abertos a Deus. N'Ele põem a
sua esperança. E Deus é fiel para com eles. Em Jesus,
mostrou-nos que é mais forte que a morte. Desde a Páscoa da
sua ressurreição, Ele consola cada mulher e cada homem que
chora junto da sepultura duma irmã ou dum irmão:
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Eu sou a ressurreição.
Aquele que acredita em Mim,
ainda que tenha morrido, viverá.
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 11,25
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13.2 Como ressuscitarão os mortos?
A nossa
linguagem, as nossas palavras, referem-se a este mundo e à sua
realidade. Para o mundo e realidade de Deus, as palavras
faltam-nos. Os primeiros cristãos já dão conta disto, quando
perguntam: como será a ressurreição dos mortos? Que acontece
ao corpo que se decompõe na sepultura? Uma pessoa
incapacitada, continuará a sê-lo depois de ressuscitar? Quando
uma criança morre, tornar-se-á adulta no céu? O que acontece a
todos os que morreram e morrem na esperança em Deus e na fé em
Jesus Cristo? Onde se encontram eles enquanto esperam que
passe a última noite deste tempo e que brilhe o dia de Deus
sobre uma nova terra? Perante todas estas questões - e ainda
outras - nós não temos melhor resposta do que aquela que São
Paulo dirige aos Coríntios:
|
Nós anunciamos o que os olhos não viram, os ouvidos não
ouviram e o coração do homem não percebeu, tudo o que Deus
preparou para aqueles que O amam.
PRIMEIRA
EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 2,9
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13.3 Os cristãos e a morte
A
morte
inspira medo aos homens - mesmo àqueles que confiam em Deus.
Porque a morte significa despedida e separação. Tudo o que
fazia parte da vida de um homem - coisas e pessoas - ficam
para trás. Cada um vive a sua própria morte, e de mãos vazias.
Nenhum moribundo
deve envergonhar-se do seu medo. Também Jesus, na cruz, chamou
o Pai. Todo o moribundo pode clamar com Jesus, quando se
aproxima a sua hora. Com Jesus, todo o moribundo pode estar
seguro que o Deus de misericórdia transformará todo o medo em
júbilo e encherá as suas mãos vazias.
Cremos que, na
morte, Deus vem ao nosso encontro. Abrem-se os olhos que a
morte fechou. Encontramo-nos diante de Deus: cada um com a sua
própria história, o seu amor e a sua culpa. Com tudo o que fez
de bem e de mal: por amor de Deus e do próximo ou então em seu
detrimento. Cremos que este encontro tem uma importância
vital.
Os profetas de
Israel e também Jesus falam desta experiência como dum
julgamento.
Os olhos de Deus penetram-nos até ao mais profundo. Nada
podemos esconder-Lhe. Nesse julgamento é pronunciada a
sentença:
recompensa ou punição, salvação ou condenação, seio de Abraão
ou lago de fogo, cânticos de louvor ou choro e ranger de
dentes (Mt 8,12), a dança na sala do banquete ou o bater
inútil às portas que permanecem fechadas. São imagens
impressionantes. São ditas aos que estão a caminho, para que
se convertam, mudem de vida, se afirmem no amor de Cristo: na
fé, na esperança e na caridade.
|
Para os que crêem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas
se transforma; e, desfeita a morada deste exílio
terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna.
PREFÁCIO DA
MISSA DOS DEFUNTOS
|
A morte marca o fim da vida
terrestre, o começo da vida eterna: a alma separa-se do corpo
em decomposição. Encontra Deus no juízo particular. No dia de
Deus, quando Jesus voltar na sua glória, todos os mortos
ressuscitarão, as suas almas unir-se-ão ao corpo
"transfigurado".
Juízo:
distinguimos entre juízo particular (= pessoal) e juízo final.
O juízo particular está ligado à morte, e decide sobre a
pertença eterna à comunidade dos eleitos ou da exclusão
definitiva desta. A sentença é pronunciada segundo a medida em
que cada um viveu a sua vida fazendo a vontade de Deus e
acreditando em Jesus Cristo. Esta sentença é definitiva. O
juízo final (o do mundo) está ligado ao dia de Deus, o dia em
que Jesus virá de novo para instaurar o Reinado de Deus e o
seu Reino. Nesse dia todos os mortos ressuscitarão.
Sentença:
a sentença ajusta-se à decisão livre do homem durante a sua
vida terrestre. Aquele que, deliberada e voluntariamente, se
separou de Deus, não tem lugar entre os escolhidos: o seu
lugar é entre os excluídos, no "inferno". Aqueles que
confessam Deus e Jesus Cristo, mas não estão preparados e não
são dignos de O encontrar no momento da Sua morte, é-lhes
concedido um tempo de purificação, de espera e de maturação
que costumamos designar pela imagem do "purgatório". Esses
esperam aí a sua entrada na plenitude da comunhão com Deus. A
oração dos fiéis ajuda-os. Aos eleitos é dirigida a palavra de
Cristo: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o
Reino que vos foi preparado desde a fundação do mundo" (Mt
25,34). Eles vêem Deus tal como Ele é (1 Jn 3,2) e vivem
eternamente em comunhão com Ele. Estão no "céu".
13.4 A vida eterna
Viver
plenamente, viver para sempre, não num repouso eterno mas numa
plenitude inconcebível, não temer nada nem ninguém, nem mesmo
a sua própria fraqueza; ser a pessoa que Deus imaginou quando
a chamou pelo seu nome. Viver com Deus, celebrar a festa da
vida - quem poderá dizer exactamente o que isso será?
-
Um dos grandes padres da Igreja, Santo Agostinho, escreveu:
"Então seremos livres e veremos,
veremos e amaremos, amaremos e daremos graças.
Eis o que acontecerá no fim, sem fim."
Os profetas de Israel e o
vidente São João,
o profeta cristão do fim dos tempos, fala-nos, em imagens, do
que será esta nova vida para nós. Não fala do céu como um
lugar indefinido que existe nalgum lugar acima das nuvens. O
céu é onde está Deus, onde as pessoas vivem com Ele como Seu
povo. O mundo antigo, carregado de pecado e corrompido pelo
homem, desapareceu. Uma nova terra, tal como Deus a quis desde
o início, serve de pátria ao homem. Um mundo onde Deus está,
sendo a sua luz e vida. Por isso esse mundo não necessita de
sol nem de lua. E, na nova Jerusalém, já não há casas de
pedra, nem templo onde encontrar Deus. Deus está lá, habitando
entre os homens.
Uma nova terra, fértil, onde as fontes jorram
no deserto, as árvores crescem e dão frutos doze vezes por
ano. Um mundo onde nenhum ser vivo ameaça o outro: o lobo
habita com o cordeiro; podem viver sem se agredir. A criança
mete a mão na cova da víbora sem que ela a morda (Is 11,6-8).
Os homens descobrem o que significa uma
humanidade feita de plenitude e de integridade: sem doença,
sem solidão, sem luto, sem lágrimas, sem ódio, sem inimizade,
sem opressão.
Os olhos dos cegos abrir-se-ão e os ouvidos dos
surdos ouvirão. O coxo saltará como o cervo e a língua do mudo
cantará canções de alegria (Is 35,5-6). As espadas e as lanças
serão supérfluas; far-se-ão com elas arados e foices. Não se
pensará mais na guerra. Todos poderão ficar sentados na sua
vinha ou debaixo da sua figueira, porque ninguém os incomodará
(Miq 4,3-4). O próprio Deus enxugará as lágrimas dos que
choram. Sim, tudo o que era, passará.
|
Verão a sua face,
e o seu nome estará escrito sobre as suas frontes.
APOCALIPSE
DE SÃO JOÃO 22,4
|
O Vidente
São João escreveu o último livro do Novo Testamento: o
"Apocalipse de São João", quer dizer a Revelação. Trata-se de
segredos que Deus "revelou" a São João através de visões: o
triunfo de Deus e a derrota das forças que Lhe são contrárias;
a salvação eterna: a felicidade das pessoas que vivem para
sempre com Deus.
14. Amem - Sim, assim seja
A profissão de
fé apostólica (Credo) é um dos textos fundamentais da fé
cristã. Nasceu nos primeiros séculos da Igreja, quando se quis
conservar por escrito o essencial da fé dos cristãos.
Cada frase, cada
enunciado, foram formulados de tal modo - muitas vezes depois
de longos debates - que os cristãos podem encontrar neles a
diferença entre a fé e a heresia.
O Credo ou
Símbolo dos Apóstolos é válido para toda a Igreja. Quem é
baptizado na Igreja de Jesus Cristo, tem que aderir a ele.
Durante a Vigília Pascal, a assembleia dos fiéis renova as
promessas do seu Baptismo.
Esta profissão
de fé de toda a Igreja deve pronunciá-la e repeti-la cada um
conjuntamente e para si mesmo. Não é em vão que ela começa
pelas palavras "Eu creio" e termina por "Amem".
Quem diz "Amem"
confirma a sua decisão. Amem - sim, assim seja, eu adiro,
aceito. Este Evangelho é válido para mim. Agradeço ao Senhor
por isto.
|
Alegrai-vos, porque Jesus morreu na cruz!
Amem.
Alegrai-vos, porque Ele ressuscitou dos mortos!
Amem.
Alegrai-vos, porque no Baptismo, Ele lavou-nos dos nossos
pecados!
Amem.
Alegrai-vos, porque Jesus veio libertar-nos!
Amem.
E alegrai-vos, porque Ele é o Senhor da nossa vida!
Amem.
Aleluia!
PAPA JOÃO
PAULO II
|
Amem:
o termo hebraico exprime a solidez, a fidelidade, a
constância. Mas as palavras "fé", "verdade", "fidelidade",
também se encontram intimamente relacionadas com ela. Quando
cristãos e judeus terminam a sua oração por "Amem", trata-se
da resposta pessoal de cada um: Sim, assim seja, aceito
firmemente.
OS CRISTÃOS CELEBRAM:
A IGREJA E OS SACRAMENTOS
15. Viver em Cristo: os
sacramentos
"Eu estou
convosco para sempre até ao fim do mundo": assim prometeu
o Ressuscitado aos Seus discípulos. No dia de Pentecostes,
apercebem-se do modo como Jesus cumpre a Sua promessa.
Entusiasmados, descem a rua e proclamam: Que todos o
saibam! Jesus de Nazaré, que foi suspenso numa cruz e morreu,
é o Senhor, o Messias. Ressuscitou! Deus exaltou-O e deu-Lhe o
lugar de honra à Sua direita. E voltará na sua glória.
Acreditai n'Ele e tende confiança no Evangelho que nós vos
anunciamos.
Assim vai
crescendo a comunidade dos fiéis em toda a parte onde o
Evangelho é proclamado como Boa Nova. Constituem-se
comunidades. Um novo povo de Deus: a Igreja de Jesus Cristo.
Está unida ao seu Senhor como os membros ao corpo, como o ramo
à videira. Ele age através dela e nela.
O Senhor
destinou a Sua Igreja para dar testemunho - através da Sua
presença em favor dos homens e do culto celebrado com eles -
de que Deus é bom para com todos e quer oferecer-lhes a
salvação. A Igreja, em si, é sinal do amor e da proximidade do
Deus escondido. É o sacramento inaugural sobre o qual se
fundam todos os sacramentos que ela oferece aos que proclamam
e vivem a fé tal como a Igreja a transmite desde a época dos
apóstolos.
|
A Igreja, em Cristo, é como que o sacramento ou sinal, e o
instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo
o género humano.
CONCÍLIO
VATICANO II, LUMEN GENTIUM 1 |
15.1 Sete sacramentos
A Igreja celebra
- como legado sagrado do seu Senhor - sete
sacramentos.
Estes são ordenados à vida e à fé de cada pessoa. Neles e
através deles, Jesus oferece-Se aos homens. Por este dom
gratuito, o homem pode estar seguro da sua fé e da sua
esperança, do seu ato de amar e ser amado.
Administrar os
sacramentos não é unicamente falar da pertença a Deus e da
redenção. Os sacramentos são disso sinais eficazes e
transmitem verdadeiramente essa pertença a Deus e essa
redenção.
|
Sim, da Sua plenitude todos nós recebemos, graça sobre
graça.
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 1,16
|
Sacramentos:
Sinais da salvação que Jesus instituiu na sua igreja. Penhor
da sua existência na e com a Igreja. O Baptismo é o fundamento
da nossa entrada na Igreja de Jesus Cristo no começo da vida.
Pela Confirmação, os jovens são fortalecidos e santificados
pelo dom do Espírito. A Eucaristia concede aos fiéis a
participação na vida do seu Senhor e faz deles uma comunidade.
O sacramento da Penitência oferece ao pecador reconciliação e
perdão. O doente recebe da unção esperança e consolação. No
sacramento da Ordem, confere-se aos diáconos, sacerdotes e
bispos, um serviço particular na Igreja. No sacramento do
Matrimónio, os esposos prometem mutuamente amor e fidelidade;
a comunidade que eles formam é imagem da comunhão dos crentes
instituída por Deus. Os sacramentos são os sinais visíveis da
realidade invisível da salvação. Porque são dom de Deus
realizam o que significam.
Sacramentais:
"A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes
são, à imitação dos sacramentos, sinais sagrados que
significam realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se
obtêm pela oração da Igreja. Por meio deles dispõem-se os
homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e
santificam as várias circunstâncias da vida" (Concílio
Vaticano li, Sacrosanctum Concilium 60). A Igreja institui os
sacramentais para santificar certos ministérios, certas
circunstâncias da vida cristã, assim como o uso de certos
objectos. Para isso pronuncia-se uma oração, frequentemente
acompanhada dum sinal particular (por exemplo: a imposição das
mãos, o sinal da cruz, a aspersão de água benta). Dizemos
"consagração" quando se trata de uma pessoa (por exemplo, a
abadessa dum mosteiro) ou quando um objecto (altar, igreja,
sino) é destinado exclusivamente ao uso litúrgico. Diz-se
"bênção" quando os homens (crianças, viajantes, peregrinos) ou
coisas (casas, alimentos, automóvel, animais) são confiados à
protecção de Deus.
15.2 O Baptismo
A pregação de
São Pedro em Jerusalém, no dia de Pentecostes, chega ao
coração de muitos ouvintes. Perguntaram a Pedro e aos outros
apóstolos: "Que devemos fazer?" E São Pedro responde:
"Arrependei-vos e cada um de vós seja baptizado em nome de
Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois recebereis do
Pai o dom do Espírito Santo" (At 2,37-38). Mas a nova
comunidade de Deus, a Igreja, não cresce apenas entre os
judeus.
Nos Actos dos
Apóstolos (8,26-40), São Lucas narra a história de Filipe, um
dos sete diáconos. Inspirado por Deus, vai pela estrada que
conduz a Gaza, encontra um homem importante vindo da Etiópia,
que regressa a casa depois de ter ido rezar ao templo de
Jerusalém. Nesse momento lê a profecia de Isaías. Filipe ouve
o que este estrangeiro lê e pergunta-lhe: "Compreendes o
que estás a ler? - "E como poderei eu compreender, diz ele, se
ninguém mo explica?" Filipe explica-lhe, então, como a
palavra do profeta se realiza em Jesus Cristo: Ele quis
reconciliar os homens com Deus, mas foi rejeitado. Aceitou o
sofrimento; não Se defendeu contra a morte na cruz. Foi morto
como um cordeiro levado ao sacrifício. Mas Deus ressuscitou-O.
Ele está vivo e nós somos testemunhas. Ele é o Salvador e
Redentor. Aquele que acredita que Jesus é o Messias, o Senhor,
e se faz baptizar, torna-se um homem novo, um cristão.
Mais adiante
chegam a um lugar onde havia uma fonte de água. O etíope
pergunta: "Aqui há água. Que é que impede que eu seja
baptizado?" Descem os dois à água e Filipe baptiza-o:
"Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Este
homem foi o primeiro cristão de África.
-
O
Baptismo
é o sacramento comum a todos os cristãos. A Igreja
administra-o segundo a missão que o Senhor lhe confiou:
"De todos os povos fazei discípulos, baptizando-os em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19).
-
O Baptismo estabelece uma relação pessoal com Jesus.
Significa também a inserção na comunidade dos fiéis, a
Igreja. Realiza o perdão dos pecados e marca o início duma
nova vida como irmão ou irmã de Jesus Cristo, filho ou filha
de Deus. Os baptizados rezam: "Pai nosso que estais nos
céus".
-
O Baptismo é um começo, primícias de Deus que é preciso
fazer frutificar ao longo de toda a vida: "Sepultados com
Cristo no Batismo, estais também ressuscitados com Ele,
porque acreditastes na força de Deus que O ressuscitou dos
mortos" (Cl 2,12).
Qualquer pessoa pode receber o Baptismo e pode
administrá-lo - ainda que ela própria não esteja baptizada -,
desde que o faça com a intenção da Igreja. O Baptismo é válido
para sempre. Não é possível anulá-lo. Nenhum pecado suprime a
aliança selada pelo Baptismo.
As pessoas que se fazem baptizarem idade adulta
passam por uma fase de aprendizagem da fé. Incorporam-se na
Igreja de forma orgânica. Quando os pais e padrinhos trazem
uma criança junto à água do Baptismo, querem transmitir-lhe
não apenas a vida mas também a fé, e prometem conduzir e
acompanhar essa criança no caminho da fé. Durante a Vigília
Pascal, os fiéis - adultos e crianças -renovam as promessas
baptismais.
|
Durante a Vigília Pascal, a água baptismal é consagrada:
Olhai agora, Senhor, para a Vossa Igreja
e dignai-Vos abrir para ela a fonte do Baptismo.
Receba esta água, pelo Espírito Santo,
a graça do vosso Filho Unigénito,
para que o homem, criado à Vossa imagem,
no sacramento do Baptismo seja purificado das velhas
impurezas
e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo.
|
Baptismo: Significa "mergulhar na
água", elemento da vida.
Quando uma pessoa não baptizada dá a sua vida por Jesus Cristo
(martírio), recebe o "baptismo de sangue". Falamos também de
"baptismo de desejo" quando os não baptizados que praticam o
bem, se comprometem pelo próximo e deste modo - às vezes sem o
saberem - seguem a Cristo.
Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, acreditamos que a
misericórdia de Deus as acolhe.
O Baptismo administra-se do seguinte modo: o celebrante
derrama água três vezes sobre a cabeça do baptizando enquanto
diz: "Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo".
15.3 A Confirmação
O sacramento da
Confirmação
é administrado nos nossos dias ainda um pouco como no tempo
dos apóstolos. O bispo - ou o seu representante autorizado
-estende as mãos sobre o confirmando e invoca para ele o dom
do Espírito Santo. Depois impõe a cada um as mãos, chama-o
pelo seu nome e diz: "Recebe por este sinal o dom do Espírito
Santo." Ao mesmo tempo unge a fronte do confirmando com o
santo crisma, marcando-o assim com o sinal do Espírito Santo,
a fim de que se conheça a quem pertence, do mesmo modo como se
conheciam os servos com a marca do seu Senhor. Os confirmandos
renovam as suas promessas baptismais e recitam a profissão de
fé da Igreja.
Na Igreja
ocidental, a Confirmação é administrada aos jovens como
"sacramento da maturidade cristã", dado que, ao serem
baptizados em crianças, foram os pais e padrinhos que
pronunciaram a profissão de fé. Agora que começam a viver e a
agir de forma independente, pronunciam eles próprios o seu
"sim" à comunidade de fé que os integrou pelo Baptismo.
-
Dizem sim a Cristo e proclamam a sua disponibilidade para
com Ele, assim como a vontade de não negar a sua fé.
-
Declaram o seu consentimento para se comprometerem em favor
da Igreja e para ajudarem os seus irmãos e irmãs.
Tal como o Baptismo, a Confirmação imprime
também à alma um carácter espiritual, um selo indelével; é por
isso que não podemos receber este sacramento mais do que uma
vez. O dom do Espírito Santo torna aquele que o recebe capaz
de converter-se em "sal da terra e luz do mundo" (Mt 5,13-14),
de testemunhar Jesus Cristo, através da sua vida e dos seus
actos, de tal modo que todos pensem: é um cristão que fala e
age como tal.
|
Cremos no Espírito Santo
que nos capacita
a viver sem violência,
a ir junto dos pobres,
a comprometer-nos com os fracos,
a servir a Deus.
Cremos no Espírito de Jesus Cristo
que nos impulsiona a viver como irmãos,
a mudar os nossos hábitos,
a reparar os prejuízos
e a criar a esperança até
que todos compreendam
que somos filhos e filhas de Deus.
|
Confirmação: "A Confirmação
completa a graça baptismal; ela é o sacramento que dá o
Espírito Santo, para nos enraizar mais profundamente na
filiação divina, incorporar-nos mais solidamente em Cristo,
tornar mais firme o laço que nos prende à Igreja, associar-nos
mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã
pela palavra, acompanhada de obras" (Catecismo da Igreja
Católica 1316). Os adultos recebem a Confirmação juntamente
com a Eucaristia. Quando o Baptismo é administrado
habitualmente às crianças, a Confirmação é administrada na
adolescência, como sinal de capacidade de assumir as suas
próprias decisões. Na Igreja oriental, a Confirmação tem lugar
não muito após o Baptismo, em ligação com .a comunhão.
15.4 A Eucaristia
O sacramento da
Eucaristia
é o centro e o coração de toda a liturgia da Igreja de Jesus
Cristo. Pois é nela que se cumpre - dia após dia, em toda a
terra - a missão confiada aos apóstolos por Jesus, na vigília
da sua Paixão. Ele disse-lhes: "Fazei isto em memória de
Mim". Por isso a nossa celebração está fundada no memorial
da última Ceia de Jesus, tal como São Paulo relata no seu
testemunho desta sagrada tradição:
Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti:
na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e,
depois de dar graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo,
que será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim". Do
mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo:
"Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; todas as vezes
que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim".
PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 11,23-25
A Igreja - cada paróquia - celebra a Eucaristia
como comunidade de louvor e de acção de graças, como
comunidade que participa na Santa Ceia e também como
comunidade chamada a comprometer-se como sacrifício de Jesus
Cristo. Deste modo, faz mais do que conservar unicamente a
memória do que Deus fez por nós por meio de Jesus Cristo.
Nesta celebração o próprio Cristo está verdadeiramente
presente. E nós participando na Eucaristia assumimos a nossa
condição cristã.
|
Partirmos o pão
uns para os outros,
partilharmos uns com os outros,
ouvirmo-nos uns aos outros,
aproximarmo-nos uns dos outros,
darmos as mãos,
abraçarmo-nos mutuamente:
fazermos o que Ele nos fez.
|
A Santa Missa consta de quatro partes:
1) Início da celebração, com a saudação mútua,
a preparação penitencial, a litânia do Kyrie, o Glória e a
oração de abertura.
2) Durante a
liturgia da palavra
são lidos três passagens da Bíblia: o primeiro, do Antigo
Testamento ou dos Actos dos Apóstolos; o segundo, de uma das
epístolas (cartas) apostólicas; o terceiro, dos Evangelhos. O
celebrante, tendo recebido o mandato pela Igreja, explica a
palavra de Deus a fim de que cada um compreenda como se pode
ser cristão, hoje. Ao Domingo e nas celebrações solenes,
reza-se o Credo (profissão de fé). Na oração universal, a
assembleia apresenta a Deus as necessidades da Igreja e do
mundo.
3) Na liturgia eucarística, a assembleia
celebra a Ceia do Senhor. Reúne-se à volta do altar. O
sacerdote, actuando em nome de Cristo, diz então a oração
eucarística. Esta começa pelo prefácio (grande oração de acção
de graças) e acaba pelo "Amem" dos fiéis. Em nome de Jesus
Cristo e investido de pleno poder no seu ministério, o
sacerdote diz e faz o que Jesus disse e fez. Assim,
consagra
os dons que levamos ao altar, pão e vinho, no Corpo e no
Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo: este é o mistério da
nossa fé.
-
O sacerdote, tomando o pão, diz:
"Tomai, todos, e comei:
isto é o Meu Corpo
que será entregue por vós".
-
O sacerdote, tomando o cálice, diz:
"Tomai, todos, e bebei:
este é o cálice do Meu Sangue,
o Sangue da nova e eterna aliança,
que será derramado por vós e por todos,
para remissão dos pecados.
Fazei isto em memória de Mim".
Os fiéis recitam a Oração do Senhor (Pai Nosso)
e recebem o pão consagrado: o Corpo de Cristo. A comunhão
aumenta a nossa união com o Senhor exaltado. Desde agora,
participamos no Seu
sacrifício: na
cruz, Jesus realizou para nós a reconciliação e o perdão dos
pecados. Ele mesmo Se oferece e estabelece assim, no seu
Sangue, a Nova Aliança. Quem vive nesta Aliança é chamado a
viver para Deus e para o seu próximo como o Senhor, a dar-se
como Ele.
4) A celebração eucarística termina com a
bênção final e a despedida da assembleia.
|
Senhor Jesus Cristo,
Tu és o Pão que vivifica,
Tu és o Pão que nos faz irmãos,
Tu és o Pão que nos dá o Pai.
Tu és o
Caminho que nós escolhemos,
Tu és o Caminho que conduz através do sofrimento,
Tu és o Caminho que conduz à alegria.
É digno e
justo dar-Te graças, louvar-Te,
bendizer-Te e adorar-Te
em toda a terra.
São João
Crisóstomo († 407)
|
Eucaristia: significa "Acção de
Graças". Designa-se assim o conjunto da celebração. Mas
aplica-se, também, por oposição à liturgia da Palavra - à
segunda parte da Missa com a oração eucarística. Chamamos
igualmente Eucaristia, ao pão consagrado que recebemos na
Missa e que adoramos a todo o momento. Quando queremos dizer
que o sacrifício de Jesus se torna presente na celebração
eucarística, falamos de "Santo Sacrifício". O nome de "Santa
Missa" está ligado ao fim da celebração, o envio (missio) dos
fiéis, a fim de que todos testemunhem Jesus Cristo, na vida
quotidiana, onde quer que vivam.
Liturgia da Palavra: Nome da
primeira parte da celebração eucarística, mas também de outros
actos do culto divino, ao longo dos quais é lido e comentado
um texto da Sagrada Escritura.
Consagração: As palavras de Jesus
"Isto é o Meu Corpo, isto é o Meu Sangue", não são
simples metáfora ou comparação. Acreditamos que ao longo da
celebração eucarística, o pão e o vinho - as nossas ofertas -
são transformadas em Corpo e Sangue de nosso Senhor, sem
contudo perder o seu aspecto visível. Acreditamos que no
sacramento da Eucaristia estão "verdadeiramente contidos,
real e substancialmente, o Corpo e o Sangue, juntamente com a
alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo" (Concílio
de Trento, 1545-1563). É a este mistério da fé que nós fazemos
referência quando falamos de "consagração".
Sacrifício: "O nosso Salvador
instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o
Sacrifício Eucarístico do Seu Corpo e do Seu Sangue, para
perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o
Sacrifício da Cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o
memorial da Sua morte e ressurreição" (Concílio Vaticano
li, Sacrosanctum Concilium 47).
15.5 Penitência e Reconciliação
No início de
cada celebração eucarística, dizemos todos juntos:
"Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei
muitas vezes por pensamentos e palavras, actos e omissões, por
minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria,
aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis, por mim a
Deus, nosso Senhor."
Rezamos assim
porque sabemos que somos humanos. Podemos fazer e pensar o
mal. Podemos tornar-nos culpados diante de Deus, dos nossos
irmãos, das criaturas que nos são confiadas. Rezamos assim,
colocando a nossa confiança no Senhor Jesus Cristo, que diz de
Si mesmo: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores"
(Mt 9,13). Ele começa o seu ministério público pelo
mandamento: "Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está
próximo" (Mt 4,17). Aos que se escandalizam por Ele andar
com pecadores, responde: "Há mais alegria no céu por um só
pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que
não necessitam de
arrependimento."
(Lc 15,7).
Nestas
parábolas, Jesus fala de Deus que ama os homens como um pai ou
uma mãe ama o filho ou a filha. O Seu amor não se cansa.
Mantém-se mesmo quando as pessoas seguem outro caminho,
desprezando as palavras e os mandamentos divinos.
Jesus fala do
Pai. Exorta o povo - cada um em particular - a converter-se e
a voltar ao Pai, que é lento na cólera e pronto para o perdão.
Investido de pleno poder pelo Pai, Jesus oferece aos pecadores
reconciliação e
perdão: uma nova vida. A sua
Igreja, comunidade de irmãos e irmãs de Jesus, é o lugar onde
o filho pródigo e a filha perdida, experimentam - quando se
arrependem - os braços estendidos do Pai e a Sua alegria de
ter reencontrado um irmão ou um filho, uma irmã ou uma filha.
É nesta missão
da Igreja que o evangelista São João pensa quando conta que
Jesus está entre os apóstolos na tarde de Páscoa, sopra sobre
eles o Espírito Santo, e dá-lhes o poder de perdoar os
pecados. Também São Mateus pensa neste ministério de
reconciliação quando testemunha o que Jesus promete a São
Pedro, a pedra fundamental da sua Igreja: "O que ligares na
terra ficará ligado nos céus, e o que desligares na terra
ficará desligado nos céus" (Mt 16,19).
A remissão dos
pecados, que proclamamos no Credo, é possível a cada um de
nós, de modo concreto no sacramento da penitência. Cada
baptizado pode receber o sacramento da reconciliação por meio
dum sacerdote que obteve da Igreja a autoridade para o fazer.
Quem, depois do Baptismo, cometeu uma falta grave, deve
reconciliar-se com Deus e com a assembleia dos fiéis, antes de
poder comungar. Exige-se do pecador que ele reconheça a sua
falta tendo a firme resolução de mudar de vida; confesse a sua
falta estando disposto a reparar, na medida do possível, a
injustiça cometida, e a aceitar a penitência que lhe é imposta
pelo confessor.
Em caso de
necessidade grave, quando a confissão pessoal dos pecados não
é possível, o sacerdote pode dar a um grupo, o perdão e a
reconciliação: trata-se da "absolvição geral". Mas cada um
está obrigado a fazer, posteriormente e logo que possível, a
confissão individual das suas culpas.
|
A absolvição:
Deus, Pai misericórdia, que, pela morte e ressurreição de
Seu Filho, reconciliou o mundo consigo e infundiu o
Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo
ministério da Igreja, o perdão e a paz.
E eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo.
|
Arrependimento:
Significa afastar-se do mal e dispor-se decididamente a um
novo começo. Quando falamos do sacramento da Penitência,
insistimos em que o pecador tem a firme vontade de reparar a
sua culpa. Falamos de confissão quando se trata da confissão
individual dos pecados; costumamos dizer também sacramento da
Reconciliação.
Perdão:
"A confissão individual e integral dos pecados graves,
seguida da absolvição, continua a ser o único meio ordinário
para a reconciliação com Deus e com a Igreja" (Catecismo
da Igreja Católica 1497).
Pecado:
"Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. Já
perceptível na Escritura, a distinção entre pecado mortal e
pecado venial, impôs-se na tradição da Igreja. A experiência
dos homens corrobora-a" (Catecismo da Igreja Católica
1854). "Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em
simultâneo, três condições: 'É pecado mortal o que tem por
objecto uma matéria grave, é cometido com plena consciência e
de propósito deliberado' (Reconciliatio et poenitentia 17)"
(Catecismo da Igreja Católica 1857).
"Comete-se um pecado venial quando, em matéria leve, não se
observa a medida prescrita pela lei moral ou quando, em
matéria grave, se desobedece à lei moral, mas sem pleno
conhecimento ou sem total consentimento" (Catecismo da
Igreja Católica 1862).
15.6 A Unção dos doentes
Quando as
pessoas adoecem, a sua vida muda. Com frequência deixam de
poder cuidar de si mesmas e dependem da ajuda de outros. Já
não podem ir ao encontro dos outros, apenas podem esperar que
outros venham ao seu encontro. Deixam de ser "rentáveis". Para
alguns já não valem nada para a sociedade. Com frequência caem
no isolamento, perdem a coragem e a esperança.
Jesus não evitou
os doentes. Fez-lhes ver que Deus os ama. Curou muitos deles.
Porque a Sua Igreja não é somente uma comunidade de fé mas
também de vida, cada um deve poder sentir que tem nela um
irmão, uma irmã: visitar os doentes é uma obra de
misericórdia.
-
Desde o princípio, a Igreja tem uma solicitude muito
particular para com os doentes: "Alguém dentre vós está
doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem
sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração
feita com fé salvará o doente e o Senhor o restabelecerá e,
se tiver cometido pecados, estes lhe serão perdoados" (Tg
5,14-15).
Ainda hoje, o sacramento é administrado da
mesma maneira. O sacerdote reza pelo doente e com o doente.
Unge-lhe a fronte e as mãos com o óleo sagrado.
-
Por esta santa unção e pela Sua infinita misericórdia, o
Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo;
para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na Sua
bondade, alivie os teus sofrimentos.
Depois da unção, o doente recebe a santa
comunhão, o "viático" (pão para o caminho).
Quem confia a sua vida a Jesus, quem vive com
Jesus, pode ter a certeza de que não será afastado desta
comunhão, mesmo em caso de doença ou de perigo de morte. Os
fiéis podem apoiar-se no seu Senhor. Ele sabe o que é o
sofrimento. Podem pedir-Lhe ajuda. Podem unir o seu próprio
sofrimento ao de Jesus - pela vida do mundo.
|
Porque nenhum de nós vive para si mesmo, e ninguém morre
para si mesmo. Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se
morremos, é para o Senhor que morremos. Quer vivamos, quer
morramos, pertencemos ao Senhor.
EPÍSTOLA AOS
ROMANOS 14,7-8
|
O sacramento da Unção dos doentes pode ser
administrado no hospital ou numa igreja, e várias pessoas
podem recebê-lo ao mesmo tempo. Se a doença perdura ou piora,
o doente pode receber o sacramento várias vezes.
15.7 O sacramento da Ordem
A Igreja de
Jesus Cristo é uma comunidade de louvor e de acção de graças,
de vida e de partilha. A comunidade dos que estão
reconciliados com Deus pelo seu Senhor Jesus Cristo. Toda a
pessoa baptizada e confirmada participa do sacerdócio de Jesus
Cristo. Por isso falamos de "sacerdócio comum" dos crentes.
Isto significa que cada um, segundo a sua própria vocação,
participa na missão de Jesus Cristo. Cada cristão e cada
cristã é testemunha de Jesus Cristo.
-
A primeira epístola de São Pedro (2,9) recorda a uma
comunidade perseguida a sua dignidade:
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação
santa, povo adquirido por Deus, para proclamar as obras
maravilhosas d'Aquele que vos chamou das trevas para a Sua
luz admirável".
A Igreja, povo de Deus no mundo, vive entre as
nações. Como comunidade de fiéis, tem necessidade de
mensageiros, pessoas chamadas por vocação, que em nome de
Cristo e com o seu amor, mantenham a unidade e velem pela
fidelidade comum à fé.
O ministério eclesial sacramental tem três
níveis: os bispos, os presbíteros e os diáconos. Todos
participam no sacerdócio de Jesus Cristo: o seu ministério
funda-se n'Ele; são representantes da Igreja.
São escolhidos dentre a comunidade dos santos e
destinados a servir esta comunidade. Por isso, são ordenados
para o seu ministério.
-
O
bispo
dirige um distrito eclesiástico chamado "diocese". Na
diocese, o bispo é responsável pela proclamação do
Evangelho, do culto divino e da solicitude para com os
pobres. Como sucessores dos apóstolos, os bispos decidem a
quem vão confiar um ministério na Igreja; ordenam diáconos e
presbíteros. O primeiro dentre eles é o bispo de Roma, o
Papa. Ele é o sucessor de São Pedro, ao qual o Ressuscitado
confiou o seu rebanho (Jo 21,15-17).
Assim como São Pedro - ao qual o Senhor concedeu o primado
dos apóstolos -permaneceu unido aos outros apóstolos, também
o Papa - sucessor de São Pedro - e os bispos - sucessores
dos apóstolos - permanecem unidos entre si. Como vigário de
Cristo e pastor de toda a Igreja, o Papa é o garante e o
fundamento da unidade da Igreja. A comunidade dos bispos não
pode exercer a sua autoridade senão em comunhão com o Papa,
bispo de Roma. Os bispos que fazem parte do círculo restrito
de conselheiros do Papa são designados "cardeais"; são
nomeados pelo Papa, tal como os bispos. Estes recebem a
ordenação e a autoridade através da unção, da oração e da
imposição das mãos efectuadas por outros bispos.
Quando há que resolver conflitos que afectam a
Igreja no seu conjunto, o Papa convoca todos os bispos numa
assembleia geral. Esta assembleia geral de todos os bispos -
ao longo da história da Igreja foram 21 - designa-se por
"concílio". As suas decisões são válidas em toda a Igreja. O
último concílio teve lugar no Vaticano, de 1962 a 1965.
Chama-se "Concílio Vaticano II".
-
Os
presbíteros
(chamados vulgarmente sacerdotes ou padres) são ordenados
pelo bispo. Investidos do pleno poder de Jesus, guardam e
dirigem a comunidade cristã. Proclamam e explicam o
Evangelho, presidem à celebração da Eucaristia e administram
os sacramentos. No rito da ordenação, o bispo unge-os e
impõe-lhes as mãos, antes que o façam todos os outros
presbíteros presentes na cerimónia. Os presbíteros recém
ordenados prometem, solenemente, obediência ao seu bispo.
-
Os
diáconos,
auxiliares dos bispos e dos presbíteros, são também
ordenados pelo bispo e destinados ao serviço da diocese e da
paróquia.
Os três ministérios fundamentais da Igreja (o
ministério do bispo, do presbítero e do diácono) têm uma longa
história que remonta à época dos apóstolos. Jesus escolheu
doze homens dentre todos os Seus discípulos e destinou-os a
serem testemunhas. Ele próprio os envia a proclamar o
Evangelho, a realizar sinais que tornem visíveis a proximidade
do Reino de Deus, a baptizar e a reunir o novo povo de Deus
dentre todas as nações da terra. Depois do Pentecostes,
inspirados pelo Espírito Santo, ensinam primeiro em Jerusalém,
depois nas proximidades e, por fim, em todos os países até aos
confins da terra. Baptizam todos os que abraçam a fé,
impondo-lhes as mãos a fim de receberem o Espírito Santo e
fundam comunidades. Constituem "Anciãos" à frente dessas
comunidades, transmitindo-lhes o seu ministério pela oração e
imposição das mãos. Deste modo estes homens ficam dedicados ao
serviço de Deus.
Como surgissem conflitos na comunidade de
Jerusalém por causa de um grupo, as viúvas de judeu-cristãos
de língua grega, que se sentiam pouco atendidas, os apóstolos
decidiram instituir auxiliares para esse serviço. São Lucas
conta, no capítulo 6 dos Actos dos Apóstolos, como os
apóstolos escolheram sete diáconos aos quais impuseram as
mãos.
Os homens a quem é confiado um ministério na
Igreja são submetidos a critérios particulares. Não são a
erudição nem a origem que contam. Só conta a fé em Deus, a
ligação a Jesus Cristo e o amor pelos homens, em particular
pelos pobres. Só aquele que faz sua a palavra de Jesus:
"Aquele que quiser ser grande entre vós, faça-se vosso
servidor, e aquele que quiser ser o primeiro entre vós, que
seja escravo de todos" (Mc 10,43-44), só esse pode
converter-se no intermediário que torna sensível, de modo
humano o amor de Deus.
|
Rezamos assim:
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa Igreja,
dispersa por toda a terra,
e tornai-a perfeita na caridade em comunhão com o Papa N.,
o nosso Bispo N.
e todos aqueles que estão ao serviço do vosso povo.
EXTRACTO DA
ORAÇÃO EUCARÍSTICA II
|
Bispo: (em grego: epískopos
= "vigilante"). Em união com o Papa, os bispos guardam e
dirigem a Igreja e velam por que o Evangelho de Jesus Cristo
seja proclamado na sua plenitude. O episcopado - tal como o
presbiterado - é reservado a homens celibatários (= não
casados).
Presbítero: (em grego:
presbyteros = "ancião"). A Igreja católica e a igreja
ortodoxa crêem que só a ordenação de homens corresponde à
vontade de Cristo. Na Igreja latina, os padres são submetidos
ao celibato. "Pela virtude do sacramento da Ordem... [os
padres] são consagrados para pregar o Evangelho para serem os
pastores dos fiéis e para celebrar o culto divino..."
(Concílio Vaticano li, Lumen Gentium 28).
Diácono: (em grego: diákonos
= "servidor"). Os diáconos podem ser homens casados. Não têm
poder para celebrar a Eucaristia, nem para perdoar os pecados
pelo sacramento da Penitência. Servem os pobres e são os
auxiliares do bispo e do padre, nomeadamente na celebração dos
divinos mistérios.
15.8 O Matrimónio
Cada criança
nasce no seio duma família. O rosto do pai e da mãe
representam o que a criança vê em primeiro lugar. No sorriso
dos pais, a criança descobre os primeiros traços de
humanidade. É pela mão dos pais que ela aprende a andar. Deles
aprende a confiar no amor. Um ser humano que é privado desta
experiência no início da sua vida, terá dificuldade em confiar
nos outros, a acreditar que, no amor, é possível dar e
receber.
É amando que o
homem se torna plenamente o que ele é. Pois Deus - que é amor
- criou-o à sua imagem: homem e mulher (Gn 1,27). Quando um
homem e uma mulher se encontram, se amam, já não querem viver
um sem o outro; então, prometem fidelidade para toda a vida.
Ambos administram mutuamente o
sacramento do Matrimónio.
E porque não se trata somente do amor destas duas pessoas, mas
também do amor de Deus, fazem esta promessa em público, diante
do padre que representa a Igreja e das testemunhas. A sua
união é selada por um dom mútuo entre ambos: tornam-se "um só
corpo e uma só alma" encontrando assim a sua plenitude e a
felicidade. Do seu amor pode nascer uma nova vida: o homem e a
mulher tornam-se pai e mãe. A sua vida dilata-se. Cada criança
é um dom de Deus, mas também uma responsabilidade. Por isso é
bom que os esposos projectem a sua vida diante de Deus e da
sua consciência.
O Matrimónio é
uma aliança para toda a vida. Jesus disse: "O que Deus uniu
não o separe o homem." (Mc 10,9). Para muitos esta palavra
é dura, pois não há garantia de êxito numa relação: as pessoas
podem enganar-se, o amor pode acabar perante a doença ou em
situações de sofrimento. Pode acontecer que duas pessoas que
se amavam, não se compreendam mais. Já não são capazes de
dialogar entre si, tornam-se estranhas uma para a outra. Há
casamentos que fracassam.
Mas os cristãos
devem confiar que, mesmo neste caso, não os abandona o amor de
Deus nem da Igreja de Cristo.
|
O compromisso matrimonial:
Eu te recebo por minha esposa (meu esposo)
e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.
|
O sacramento do Matrimónio:
"A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade,
são essenciais ao Matrimónio. A poligamia é incompatível com a
unidade do Matrimónio; o divórcio separa o que Deus uniu; a
recusa da fecundidade desvia a vida conjugal do seu 'dom mais
excelente', o filho (Gaudium et Spes 50,1)" (Catecismo da
Igreja Católica 1964).
16. Procurai-Me, e vivereis
-
Já te
foi explicado, ó homem, o que é bom,
e o que Senhor exige de ti:
Praticar a justiça,
amar a misericórdia
e caminhar humildemente com o teu Deus!
MIQUEIAS 6,8
-
Escuta,
Israel. O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração,
com toda a tua alma e com todas as tuas forças.
DEUTERONÓMIO 6,4-5
-
Pois
todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está nos
Céus,
esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 12,50
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 13,34
16.1 O que é justo, o que é
importante?
Toda a pessoa nasce num mundo onde estão
em vigor normas bem precisas. As crianças aprendem dos pais
e dos mestres - mas também da sua própria experiência - o
que é bom e o que é mau, o que é útil ou prejudicial.
Aceitam os seus conselhos. Os jovens já não podem nem querem
aceitar os princípios formulados previamente por outros. Têm
questões próprias e necessitam de respostas próprias.
O baptizado não tem menos questões do que
as pessoas que o rodeiam, do que aqueles que nada sabem
sobre a Igreja e comunidades de fiéis. Também os cristãos
questionam e procuram. Também eles cometem erros e têm de se
arrepender deles. Aprendemos, com a vida, não apenas a ser
homens, mas também a tornar-nos cristãos.
Os cristãos têm uma vantagem sobre os
demais: Jesus Cristo não é só um modelo que viveu em tempos
passados. Ele é aqui e agora, um guia seguro em quem podemos
confiar. Não Se limita a ensinar só com palavras. Jesus
Cristo encarnou, viveu e amou, rezou e confiou. Teve a
experiência da infidelidade dos seus amigos: Judas, um dos
doze apóstolos, traiu-O, e, quando Jesus foi condenado, os
seus companheiros deixaram-n'O só. Mas Ele permanece-lhes
fiel, para lá da morte. O Baptismo une-nos a Cristo. Mas
esta amizade diminui se cada um de nós não cumpre, com a sua
própria vida, o que para Jesus é justo e importante.
-
Que
Deus está próximo,
que Ele ama,
que Ele olha também os mais pequenos e insignificantes,
que Ele nos conhece pelo nosso nome,
que Ele ouve as nossas súplicas,
que Ele não quer que soframos,
que Ele Se alegra com aquele que se converte,
- isto no-lo ensinou Ele.
-
Como
podemos viver juntos,
como partilhar uns com os outros,
como proteger a vida,
como perdoar,
como preservar a paz,
como amar-nos uns aos outros,
- isto no-lo ensinou Ele.
-
Que
temos uma razão para a esperança,
que temos razão para dar graças,
que podemos confiar em Deus,
que Ele não nos deixa cair,
nem na vida nem na morte,
- isto no-lo disse Ele.
|
Quem aceita os meus mandamentos e lhes obedece, esse é
que Me ama.
E quem Me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e
manifestar-Me-ei a ele.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 14,21
|
16.2 O único mandamento
Nos livros do Antigo Testamento,
encontramos muitos mandamentos e preceitos. Neles se diz o
que é válido aos olhos de Deus e como podemos viver
agradando-Lhe.
Os mestres e os homens piedosos de Israel
perguntam: Existirá um mandamento mais importante do que
todos os outros, capaz de os conter e no qual todos se
baseiam? Podemos dizer duma maneira simples como deve ser o
homem e o que deve fazer para obter a vida em Deus, a vida
eterna? Os mestres judeus procuram nos livros e encontram
tais princípios. A questão é importante para todos. Por
isso, não é de estranhar que os mestres judeus queiram saber
o que pensa Jesus, o mestre de Nazaré. Jesus reuniu duas
frases do Antigo Testamento num só mandamento.
|
Jesus disse:
Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração,
com toda a tua alma
e com toda a tua mente.
Este é o primeiro mandamento e o mais importante.
O segundo é semelhante a este:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 22,37-40
|
O mandamento que Jesus definiu como o
fundamento de todos os outros é um programa de vida. Jesus
disse: Aquele que, por amor, se compromete contra o ódio e a
desconfiança, contra o medo e o desespero, esse é quem serve
a Deus e assume a condição humana e suas relações. Trata-se
de um amor que abrange todos: Deus, o próximo e nós mesmos.
Aquele que ama não receia o Deus
todo-poderoso e justo. É capaz de confiar n'Ele e
permanecer-Lhe fiel, mesmo nas situações mais difíceis
quando, tal como Job, não compreende os planos de Deus. Pode
contar com o amor de Deus mesmo se se extravia como o filho
pródigo. O homem que ama a Deus com todo o seu coração, com
toda a sua alma e o seu pensamento, alcança a vida.
-
Deus
amou-nos primeiro:
Se pecamos,
Tu não nos deixas cair.
Se sucumbimos,
Tu ajudas-nos a levantar-nos.
Se nos convertemos,
Tu vens ao nosso encontro.
Se duvidamos,
Tu dás-nos a Tua palavra.
Se a culpa nos esmaga,
Tu acolhes-nos nos Teus braços.
Se acreditamos,
Tu deixas-nos sem julgamento.
Se morremos,
Tu chamas-nos à vida.
Por isso, podemos amar-nos uns aos outros.
16.3 Eu sou o Senhor, teu Deus
Os Anciãos de Israel fazem as sua
primeiras experiências de vida comunitária - e de vida com
Deus - no caminho que os conduz da escravidão do Egipto à
liberdade na Terra Prometida.
Sabem que não teriam conseguido empreender
este caminho sozinhos. Por isso confessam a sua fé em Deus,
que disse de Si mesmo: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te
fez sair da terra do Egipto, da casa da escravidão" (Ex
20,2).
Deus caminha com o Seu povo. Vai à sua
frente, mostra-lhe o caminho, protege-o e cuida das suas
necessidades. A fé dos antepassados de Israel cresce segundo
as experiências feitas: quando o caminho termina nas margens
dum mar e todos se desencorajam, Deus fá-los passar o mar
sem molhar os pés. Quando sonham, no deserto, com comidas
suculentas ao ponto de preferirem o regresso à escravidão,
Deus dá-lhes pão e carne - o necessário para cada dia. Faz
jorrar, para eles, água fresca do rochedo. Procura a sua
confiança. Eles conhecem Aquele que lhes propõe a Aliança e
lhes promete um futuro:
|
Vistes o que fiz aos egípcios, e como vos transportei
sobre asas de águia e vos trouxe até Mim. Portanto, se
Me obedecerdes e observardes a Minha aliança, sereis
Minha propriedade especial entre todos os povos, porque
a terra toda Me pertence. Vós sereis para Mim um reino
de sacerdotes e uma nação santa.
ÊXODO 19,4-6
|
16.4 Viver para amar a Deus
A lembrança que Israel conserva da aliança
de Deus com o Seu povo no deserto no Monte Sinai, é uma
tradição santa. As condições desta aliança - os dez
mandamentos - escritos sobre duas tábuas de pedra,
conservadas na arca da aliança, comprometem Israel para
sempre. Com efeito, o povo de Israel compreendeu bem que os
mandamentos que Deus lhes deu são fundados no amor. Ele quer
que sejamos semelhantes a Ele - a Ele que é amor.
O primeiro mandamento:
Não adorarás outro Deus além de Mim.
Isto significa: nada nem ninguém será para ti mais
importante que Deus. Não confiarás em nada nem em ninguém
mais do que n'Ele.
Esperarás tudo d'Ele.
Acreditarás n'Ele, esperarás n'Ele, ama-l'O-ás e
servi-l'O-ás.
Só a Ele adorarás.
O segundo mandamento:
Não pronunciarás o nome de Deus em vão.
Isto significa: respeitar o nome de Deus. Confessá-lo, dar
testemunho dele. Não blasfemar. Não invocar a Deus para
reforçar a autenticidade dos seus juramentos.
O terceiro mandamento:
Recorda-te do sétimo dia para o santificar.
No sétimo dia da criação, Deus descansou e retomou alento (Ex
31,17).
No sétimo dia também o homem deve descansar: todos os homens
- também os subordinados e os estrangeiros - e mesmo os
animais. O mandamento do sétimo dia é particularmente
importante para os judeus. Protegem o descanso sabático com
numerosas prescrições. Jesus disse-lhes: "O Sábado foi feito
para o homem e não o homem para o Sábado" (Mc 2,27). Os
cristãos festejam este sétimo dia ao Domingo - dia da
ressurreição de Jesus. Um dos
mandamentos da Igreja
obriga os crentes a participar na celebração eucarística
dominical e também nas grandes solenidades anuais. O repouso
sabático significa ainda: conceder a si mesmo um descanso.
Disponibilizar-se também para os outros. Usar o tempo livre
de modo razoável. Não idolatrar o trabalho nem o dinheiro.
O quarto mandamento:
Honra teu pai e tua mãe.
Isto significa: Amar os pais, reconciliar-se com eles. Não
esquecer que lhes devemos a vida e a fé. Respeitar os seus
conselhos, ainda que tenhamos opinião diferente. Ser
solidário com a sua família. Ajudar quando a ajuda é
necessária. Não deixar sós os pais idosos; deixá-los viver a
sua própria vida. Ser bom pai e boa mãe para os seus
próprios filhos. Ajudar as crianças órfãs e privadas de
família.
O quinto mandamento:
Não matarás.
Isto significa: combater a cólera e a inveja. Não se tornar
inimigo do seu próximo. Cuidar da sua própria saúde. Não
cair dependente do álcool ou de drogas. Comprometer-se pelo
direito fundamental à vida de todas as pessoas - mesmo dos
embriões. Protestar quando este direito não é reconhecido.
Auxiliar os que estão ameaçados pela fome, por catástrofes,
pela doença, pela miséria. Protestar contra a guerra e
comprometer-se com a paz.
Os sexto e nono
mandamentos:
Não cometerás adultério.
Não desejarás a mulher do teu próximo.
Isto significa: saber que o amor entre um homem e uma mulher
se realiza numa união que dura toda a vida. Não é possível
amar "à experiência". Exercitar-se na fidelidade, não se
ligar irreflectidamente. Agir mutuamente com ternura. Não
dominar, submeter nem abusar um do outro. Não seduzir
ninguém nem se deixar seduzir. Aceitar-se como rapaz ou
rapariga, homem ou mulher. Assumir a sua sexualidade com
responsabilidade.
O sétimo e décimo
mandamentos:
Não roubarás.
Não desejarás os bens do teu próximo
Isto significa: reconhecer o direito à propriedade.
Guardar-se da avidez, da cobiça, da insatisfação e da
inveja. Não roubar, não enganar, não emprestar com usura,
não ficar com o que encontramos, devolver o que nos foi
emprestado, não causar danos nos bens alheios. Não privar
uma pessoa do seu salário justo. Não se alegrar com a
infelicidade dos outros. Partilhar, ajudar os pobres. Não
pôr a sua esperança nos bens materiais. Contribuir para que
todos possam viver juntos sem receios.
O oitavo mandamento:
Não darás falsos testemunhos contra o teu próximo.
Isto significa: Procurar sempre a verdade. Ser digno de
confiança nos seus propósitos. Guardar-se da vaidade e do
desejo de fazer-se valer. Não distorcer a verdade. Não ferir
a honra do seu irmão, não prejudicar a sua reputação com
calúnias. Guardar para si os segredos profissionais e as
confidências. Não inventar falsos testemunhos no tribunal.
Dar testemunho d'Aquele que é a verdade.
|
São Paulo escreve aos cristãos de Roma:
Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser o amor
mútuo. Pois
quem ama o próximo cumpre plenamente a Lei. De fato, os
mandamentos: Não cometerás adultério, não matarás, não
roubarás, não cobiçarás, e todos os outros resumem-se
nesta sentença: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O
amor não pratica o mal contra o próximo. Pois o amor é o
pleno cumprimento da Lei.
EPÍSTOLA AOS ROMANOS 13,8-10
|
Os cinco mandamentos
da Igreja: Por meio de cinco preceitos, a Igreja quer
ajudar os cristãos a permanecerem na comunidade:
1) "Ouvir missa inteira e abster-se de
trabalhos servis nos domingos e festas de guarda".
Exige aos fiéis que participem na celebração eucarística, em
que a comunidade cristã se reúne, e se abstenham dos
trabalhos e negócios que impeçam o culto, a alegria e o
devido repouso do espírito e o do corpo, no dia em que se
comemora a Ressurreição do Senhor, e nos principais dias de
festa em honra dos mistérios do Senhor, da Virgem Maria e
dos Santos, que a Igreja declara como sendo de preceito.
2) "Confessar-se ao menos uma vez em
cada ano".
Recorda ao fiel a obrigação de confessar os pecados graves e
de assegurar a preparação para a Eucaristia, mediante a
recepção do sacramento da Reconciliação, que continua a obra
de conversão e perdão do Baptismo.
3) "Comungar ao menos pela Páscoa da
Ressurreição".
Garante um mínimo na recepção do Corpo e Sangue do Senhor,
em ligação com as festas pascais, origem e centro da
Liturgia cristã.
4) "Guardar a abstinência e jejuar nos
dias marcados pela Igreja".
Assegura os dias de ascese e de penitência que nos preparam
para as festas litúrgicas; o jejum e a abstinência
contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre os nossos
instintos e a liberdade do coração.
5) "Contribuir para as despesas do
culto e para a sustentação do clero, segundo os legítimos
usos e costumes e as determinações da Igreja".
Aponta aos fiéis a obrigação de, conforme as suas
possibilidades, "prover às necessidades da Igreja, de
forma que ela possa dispor do necessário para o culto
divino, para as obras apostólicas e de caridade e para a
honesta sustentação dos seus ministros" (cf. Catecismo
da Igreja Católica 2042-2043).
16.5 Escutar e agir
Os mandamentos divinos são igualmente
válidos para todas as pessoas. Unem-nos a Deus, protegem o
direito do indivíduo e asseguram a paz na comunidade. Toda a
pessoa deve orientar-se por eles. Porque os mandamentos de
Deus não são um catálogo de regras e de leis impostas do
exterior, aos homens, mas antes se ajustam à sua natureza.
|
Este mandamento que hoje te ordeno não é muito difícil
para ti, nem está fora do teu alcance. Ele não está no
céu, para que perguntes: "Quem subirá por nós ao céu,
para no-lo trazer, a fim de que possamos ouvi-lo e pô-lo
em prática?" Também não está no além mar, para que
perguntes: "Quem atravessará por nós o mar, para nos
trazer este mandamento, a fim de que possamos ouvi-lo e
pô-lo em prática?" Sim, esta Palavra está ao teu
alcance: está na tua boca e no teu coração, para que a
ponhas em prática.
DEUTERONÓMIO 30,11-14
|
Todas as pessoas sabem, no fundo, o que
devem fazer e o que não devem fazer; basta-lhes escutar a
voz do seu próprio coração, à qual chamamos consciência. A
consciência capacita-nos a todos - adultos e crianças - a
distinguir entre o que é bom e o que é mau. É por isso que
podemos dizer: tenho a consciência tranquila, agi bem. Ou
então: a minha consciência não está tranquila, agi mal. Pela
sua consciência, o homem reconhece o que Deus espera dele.
Assim, todos estão obrigados a escutar a voz da sua
consciência e a segui-la. Quem abafar a voz da consciência,
que nos informa sobre o que Deus quer, não tomando a sério
os seus mandamentos ou por medo se retrai antes de adoptar
uma decisão, não compreendeu a Deus: Deus concede aos homens
a liberdade para que eles a utilizem bem.
|
Tu és Deus:
Tu podias
impor a Tua vontade,
estabelecer a Tua ordem,
fazer robôs dos homens
que Te servem.
Tu és Deus:
Tu podes escutar
como soletramos balbuciantes
os Teus mandamentos
e não compreendemos
senão com dificuldade
o que queres de nós.
Tu podes aguardar até que
descubramos a liberdade
e no coração da liberdade
te descubramos a Ti.
|
16.6 ...como
a ti mesmo
Muitos dizem: Reconhecem-se os cristãos
pelo modo como amam o próximo. É em relação ao próximo que
Jesus mede o amor dos seus. Ele disse: "Ama o teu próximo",
mas acrescenta: "Como a ti mesmo". Podemos igualmente dizer:
Conhecemos os cristãos porque eles amam os irmãos como a si
mesmos. Não se contentam em dar esmola ao pobre para se
afastar em seguida, conscientes de terem feito uma "boa
acção" e de terem assim "observado o mandamento". Não fazem
diferença: o próximo tem, a seus olhos, tanto valor como
eles próprios. Fala-se mais frequentemente do amor ao
próximo do que do amor a si mesmo, se bem que o último seja,
depois de Jesus, a condição e a medida do primeiro.
Amar-se a si mesmo é, antes de mais,
reconhecer que somos dignos de ser amados. Eu, com todas as
minhas qualidades e defeitos, com todos os meus sucessos e
fracassos. Eu, homem ou mulher entre muitos outros. Porque é
verdade que: os meus pais queriam um filho, Deus quis-me a
mim. Com tudo o que faz a minha originalidade e a minha
unicidade. E porque Deus me ama tal como eu sou, que eu
posso viver com os outros sem sentir inveja e louvando a
Deus.
Posso aceitar-me, descobrir os meus
talentos e as minhas capacidades, tentar ultrapassar as
minhas fraquezas. Posso alegrar-me quando outros me admiram,
e também adoptar a atitude correcta perante as repreensões:
desenvolver a consciência do meu próprio valor.
-
Um
sábio de Israel exorta os seus contemporâneos: Quem se
priva para acumular, junta para os outros. Serão outros
que se regalarão com os seus bens. Quem é mau para si
mesmo, com quem será bom? Nem sequer aproveita os seus
próprios bens. Ninguém é pior do que aquele que se
maltrata a si mesmo. Essa é a recompensa da sua própria
maldade.
ECLESIÁSTICO 14,4-6
Aquele que se
encontrou a si próprio, pode abrir-se ao seu próximo, não
necessita ter medo de que o outro se possa aproveitar dele.
Quem se conhece e se estima a si mesmo, pode também conhecer
e estimar os outros como seus próximos.
|
Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser: sabeis quando
me sento e quando me levanto. De longe penetrais o meu
pensamento: Vós me vedes quando caminho e quando
descanso, Vós observais todos os meus passos.
SALMO 139,1-3 |
16.7 Fazer o que o próximo
necessita
O evangelista São Lucas relata, de modo
diferente de São Mateus (22,34-40), o diálogo entre Jesus e
um mestre judeu. Em São Lucas é o mestre judeu quem responde
à questão de Jesus sobre o duplo mandamento do amor. Jesus
concorda: "Respondeste bem. Faz isso e viverás" (Lc
10,28). Mas o doutor da Lei não se sente satisfeito com a
resposta. Quer saber tudo mais exactamente e pergunta a
Jesus: "E quem é o meu próximo?" Então Jesus conta a
história do bom samaritano (Lc 10,30-37).
Certo homem descia de Jerusalém para
Jericó e caiu em poder dos salteadores. Estes, depois de o
despojarem e maltratarem, desapareceram deixando-o meio
morto. Um sacerdote - um homem que conhecia os mandamentos
de Deus - descia pelo mesmo caminho, viu-o e passou adiante.
Do mesmo modo, também um levita que, pela sua profissão
conhecia os mandamentos de Deus, vinha por aquele lugar,
viu-o mas passou adiante. Contudo, um Samaritano - um
daqueles com quem os judeus piedosos não queriam nada porque
pensavam que eles não veneravam a Deus de modo conveniente
-, tendo chegado perto dele e vendo-o assim, encheu-se de
compaixão, tratou-lhe as feridas, montou-o sobre a sua
jumenta, levou-o para uma estalagem e pagou para que fosse
cuidado.
No fim, Jesus perguntou ao seu
interlocutor; "Qual dos três te parece ter sido o próximo
daquele que caíra nas mãos dos salteadores?"
O doutor da Lei compreendeu e ficou
perturbado. Porque o que Jesus dá por pressuposto e de forma
tão evidente, representa bem mais do que aquilo que até
então ele tinha pensado. Compreende: eu posso e devo
tornar-me o próximo de qualquer pessoa. Não só daqueles que
me estimam, familiares e amigos, mas também dos que não
conheço. E mesmo dos que não partilham da minha fé. Todos os
que encontro pelo caminho podem ser meus próximos - e eu
devo tornar-me o próximo de todos os que necessitam de mim.
A necessidade do próximo diz-me como agir. E no caso de
alguém perguntar: "Até onde deve ir a minha ajuda?", existe
uma regra
simples: a medida daquele que presta ajuda. Essa pessoa
cumpre o mandamento de Jesus, quando auxilia alguém que se
encontra em necessidade, como ele próprio gostaria de ser
ajudado em circunstâncias semelhantes.
-
Não
enganar o outro,
Não lhe mentir,
Nem menosprezá-lo,
Nem condená-lo,
Nem invejá-lo,
Nem ignorá-lo: Simplesmente amá-lo.
-
Considerar o outro,
Reconhecê-lo,
Aceitá-lo,
Admiti-lo na nossa companhia,
Respeitá-lo:
Simplesmente amá-lo.
"Ama o teu
próximo", diz Jesus. E este amor não significa apenas uma
ajuda material. Implica também que digamos a alguém, que
está sem esperança e sem confiança em si, que não se ama e
está sem forças. Estou certo de que Deus te ama. E porque,
para Deus, tu és digno de ser amado, tu tens todas as razões
para te amar a ti mesmo.
|
Quanto a nós, amemos, porque Ele nos amou primeiro. Se
alguém diz: "Eu amo a Deus" e, no entanto, odeia o seu
irmão, é um mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a
quem vê, como pode amar a Deus, a que não vê? É este
precisamente o mandamento que d'Ele recebemos: quem ama
Deus, ame também o seu irmão.
PRIMEIRA EPÍSTOLA DE SÃO JOÃO 4,19-21
|
Regra: No livro
de Tobias (4,15), encontramos esta frase que designamos por
"Regra de ouro": "Não faças a ninguém o que não queres
que te façam a ti". De modo afirmativo, São Mateus
junta-lhe este princípio - como palavra de Jesus - no Sermão
da Montanha: "Tudo aquilo que quereis que os homens vos
façam a vós, fazei-o também a eles" (Mt 7,12).
OS CRISTÃOS REZAM: "PAI
NOSSO"
17. A oração do Senhor
Jesus conhece as orações da comunidade
judaica. Ele louva, dá graças e reza no seio da assembleia
dos fiéis. Ao Sábado, assiste com os Seus discípulos ao
culto divino, na sinagoga. Às refeições, canta com eles os
salmos de David. Por vezes, afasta-Se para rezar sozinho. Um
dia, de manhã cedo, os discípulos encontram-n'O em oração,
num lugar deserto (Mc 1,35). Noutra ocasião, Jesus envia os
discípulos numa barca para a outra margem do lago enquanto
fica a rezar na montanha (Mc 6,46).
Um dos discípulos pergunta a Jesus:
"Senhor, ensina-nos a rezar" (Lc 11,1). E Jesus
ensina-lhes a oração de todos os cristãos, o
Pai Nosso.
O Pai Nosso é
exposto no Evangelho de São Lucas (Lc 11,2-4) numa versão
abreviada; no de São Mateus (6,9-13) numa versão mais longa.
É este texto mais longo que se tornou a oração de todos os
cristãos.
17.1 Pai Nosso que estais nos Céus
Jesus, o Filho de Deus, leva consigo até
junto de Seu Pai, todos aqueles que, cheios de confiança, se
tornaram Seus irmãos e irmãs. Como filhos e filhas de Deus,
têm o direito de O invocar através de um nome que exprime a
sua pertença e intimidade: Abba, Papá (Paizinho).
Quando dizemos: "Pai Nosso que estais nos
Céus", queremos dizer que, por Ele e junto d'Ele, tudo o que
significa a palavra "céu" torna-se para nós realidade:
felicidade, segurança, paz, vida em plenitude.
A paternidade de Deus estende-se também
aos filhos e filhas que vivem experiências desagradáveis com
os pais biológicos: que não são amados, mas rejeitados; que
não são aprovados, mas censurados; que não são encorajados,
mas condenados; que não são libertados, mas oprimidos. Na
comunidade dos crentes, estas pessoas descobrem irmãos e
irmãs que lhes permitem experimentar aquilo que lhes tinha
sido negado.
-
Ter um
Pai no Céu:
Ter Alguém em Quem poder apoiar-se,
mesmo quando os pais falhem;
Alguém a Quem poder perguntar,
mesmo quando as mães não dão resposta;
ter Alguém que nos dá irmãos e irmãs,
ter Alguém a Quem podemos amar.
|
Ainda que meu pai e minha mãe me abandonem, o Senhor me
acolherá.
SALMO 27,10
|
17.2 Santificado seja o vosso Nome
Santificar o Nome de Deus não significa
que O glorifiquemos só dentro dos muros das igrejas nas
orações comuns, que O silenciemos e afastemos de tudo o que
tem a ver com o mundo.
-
Santificar o Nome de Deus significa que O pronunciamos,
que Lhe cantamos cânticos e O damos a conhecer.
-
Que
contamos com Ele, quando se trata de assuntos do mundo.
-
Que
manifestamos que o Nome de Deus é mais importante, para
nós, do que todos os nomes dos poderosos por quem sentimos
muito respeito.
-
Que O
damos a conhecer entre as nações, pois quando o Nome de
Deus é santificado, também o nosso é santificado com Ele.
Santificar o
Nome de Deus significa: chamar os outros pelo seu nome,
tanto os que estão perto como os que estão longe; não
precisamos de humilhar o nome do outro receando que o nosso
seja esquecido: "Não tenhas medo... chamei-te pelo teu
nome: tu és Meu" (Is 43,1).
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Nós Te damos graças, Pai santo,
pelo teu santo Nome
que fizeste habitar em nossos corações,
para o conhecimento, a fé e a imortalidade
que Tu nos concedeste
por meio de Jesus, Teu servo.
DIDAQUÊ (DOUTRINA DOS DOZE APÓSTOLOS,
SÉCULOS IIII)
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17.3 Venha a nós o vosso Reino
Os crentes aguardam que o Reino de Deus se
faça realidade. Escutam atentamente quando Jesus diz:
"Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo:
arrependei-vos e acreditai no
Evangelho"
(Mc 1,15).
No povo judeu muitos esperam o começo do
Reino de Deus, o Seu Reino. Acreditam que Deus virá, na
pessoa do Messias, completar o que eles não podem fazer por
si próprios: vencer os inimigos do seu povo, expulsar os
romanos do país, e reinar, desde Jerusalém - o centro do
mundo - sobre todas as nações, ser um rei poderoso sobre o
trono de David. Mas Jesus fala duma outra maneira do Reino
de Deus e do Seu Reino: conta histórias através de imagens,
parábolas. Ele diz: O Reino de Deus é semelhante a uma
semente que o semeador lançou à terra (Mt 13,1-9). É
semelhante a um grão de mostarda que se tornou uma árvore (Mt
13,31-32), ao fermento que uma mulher toma e amassa com três
medidas de farinha (Mt 13,33), a um tesouro escondido no
campo (Mt 13,44).
Jesus diz aos Seus discípulos: vivam de
tal maneira que os outros vejam através da vossa fé, da
vossa esperança e da vossa caridade, que o Reino de Deus
está a crescer. Deixai os vossos cálculos. Só Deus conhece o
dia e a hora. Quanto a vós, sede vigilantes a fim de não
faltardes à festa de Deus. E suplicai: Venha a nós o vosso
Reino!
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Jesus diz:
Alegrem-se todos os que se sabem pobres diante de Deus:
é a eles que pertence o Reino dos Céus. Alegrem-se todos
os aflitos: Deus os consolará. Alegrem-se todos os que
não recorrem à violência: Deus lhes dará a posse da
terra. Alegrem-se todos os que esperam com ardor que a
vontade de Deus se faça: Deus realizará os seus sonhos.
Alegrem-se todos os misericordiosos: Deus lhes fará
misericórdia. Alegrem-se todos os que têm um coração
puro: eles verão a Deus. Alegrem-se todos os que
trabalham pela paz: Deus aceita-os como seus filhos.
Alegrem-se todos os que são perseguidos porque esperam a
vontade de Deus: a eles pertence o Reino dos Céus.
CF. EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 5,1-10
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Boa Nova (Evangelho): Esta
palavra grega aplica-se ao anúncio da vitória depois duma
batalha ou ainda ao anúncio do nascimento duma criança de
família real. Em relação a Jesus, significa a mensagem que
Ele entrega e os sinais que realiza.
17.4 Seja feita a vossa vontade
Porque Deus é Rei e Senhor, porque o seu
Reino é uma realidade para todos os homens, perguntamos: Que
quer Deus? Que quer Deus de mim? Porque no mundo onde
vivemos, nas nossas sociedades, é a vontade do homem que
conta: a vontade do pai e da mãe, dos professores e dos
superiores, dos legisladores e dos que exercem repressão
para que as leis se imponham. Mas ninguém pergunta se o que
eles fazem seguindo a sua vontade é também a vontade de
Deus.
-
Porque
a nossa vontade se opõe à de Deus,
porque queremos fazer valer o nosso nome,
porque queremos construir o nosso próprio reino,
porque não queremos partilhar o nosso pão,
porque não queremos aceitar-nos a nós mesmos, porque
vivemos em oposição uns aos outros,
porque não queremos confiarem Deus
- é esta a razão por que somos culpados.
Ergamos os
olhos a Maria, que disse "Fiat" (sim) quando o anjo a
visitou. E para Jesus, que disse de Si próprio: "O meu
alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou e realizar
a sua obra" (Jo 4,34). Sabemos também que Jesus rezou no
jardim de Getsémani, na noite antes da sua morte: "Pai,
se é da Tua vontade, afasta de Mim este cálice! Contudo, que
não se faça a Minha vontade, mas a Tua!" (Lc 22,42). No
dia seguinte, Jesus é crucificado. Os homens fizeram d'Ele o
que quiseram. Mas Deus não O abandonou. Ressuscitou dos
mortos o seu Filho. Jesus é o penhor da nossa esperança.
Podemos apoiar-nos n'Ele quando a desgraça nos bate à porta.
-
Deus
não quer
que uma criança nasça sem mãos,
que os jovens se tornem tóxicodependentes
que se viva à custa de outro,
que os doentes estejam sós
que as pessoas idosas não contem para nada na sociedade
que as doenças sejam incuráveis...
-
Onde
quer que
uma pessoa estende a mão a outra,
partilha as suas vestes,
assiste os doentes,
protesta contra a injustiça,
a vontade de Deus é feita.
A vontade de
Deus está na nossa confiança na Sua presença em nós mesmos
no meio do sofrimento, no seu auxílio mesmo quando não o
compreendemos. A sua vontade é que haja paz na terra e vida
para todos os homens. Sentimos a vontade de Deus na
nostalgia que nos dá alento, no amor aos nossos semelhantes
e na esperança que não nos permite duvidar. Sentimos também
a vontade de Deus nas perguntas para as quais não temos
respostas.
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Fazer:
a sua própria vontade,
a vontade do pai,
a vontade da mãe,
a vontade dos legisladores,
a vontade dos poderosos...
Faz crescer a Tua vontade em nós
a fim de que encontremos o nosso próprio caminho.
Impõe-nos a Tua vontade
para que todos encontremos o caminho nos leva a Ti.
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17.5 O pão nosso de cada dia nos
dai hoje
Na segunda parte do Pai Nosso, pedimos ao
Pai que Ele nos dê o necessário para o nosso sustento: o pão
nosso de cada dia nos dai hoje.
-
Outrora, no deserto, os antepassados fizeram a experiência
do pão dado por Deus e do modo como o dá. Tal como o
orvalho da manhã, assim caiu do céu o maná cobrindo a
terra. O suficiente para saciar o homem. Cada um podia
apanhar o que necessitava: uns mais, outros menos. Mas
aqueles que faziam reservas porque não confiavam em Deus,
esses viam o seu pão estragar-se.
Deus dá-nos a
sua palavra. Dá-nos o seu pão. Dá-nos Jesus, seu Filho. Na
Eucaristia, Ele próprio Se torna nosso pão quotidiano.
Quando pedimos
a Deus o nosso pão de cada dia, referimo-nos a tudo o que
necessitamos para viver: o pão e a água, o calor e o lar, o
trabalho e a comunidade, a sua bênção.
Deus dá-nos a
terra sobre a qual cresce o trigo e o arroz, a mandioca e o
milho: o "fruto da terra e do trabalho dos homens" a fim de
que partilhemos com os que têm fome.
-
Hoje,
dá-nos o pão
do qual temos necessidade:
alguém,
uma palavra,
um sinal,
uma canção,
a fim de chegarmos a ser
aquilo que os outros necessitam, hoje.
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Rezamos assim:
Bendito sejais, Senhor, Deus do universo,
pelo pão que recebemos da Vossa bondade,
fruto da terra e do trabalho do homem,
que hoje Vos apresentamos
e que para nós se vai tornar Pão da vida.
Bendito seja Deus para sempre.
ORAÇÃO PARA A PREPARAÇÃO DOS DONS
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17.6 Perdoai-nos as nossas ofensas
A quinta petição do Pai Nosso consta de
duas partes: uma súplica e uma promessa.
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A
súplica "Perdoai-nos as nossas ofensas" é uma oração comum
a todos os homens pois não existe um só que não tenha
cometido faltas. Ofendemos a Deus quando não respeitamos a
sua Palavra, quando não nos preocupamos com a sua vontade.
Quando pensamos que poderíamos viver sem Ele e contra Ele.
Quando construímos o nosso próprio reino.
Tornamo-nos culpados quando não confiamos n'Aquele que nos
dá o seu Filho amado, Jesus Cristo, que Se fez homem, a
fim de chegarmos a Deus. Jesus é para todos e para sempre
o penhor do amor e da ternura do Pai pelos homens. Ele,
que conhece o Pai como ninguém, diz-nos como Deus perdoa.
Tornamo-nos culpados com o nosso próximo quando não
partilhamos o nosso pão, quando não vivemos uns para os
outros, mas uns contra os outros. Quando nos ofendemos
mutuamente, nos rebaixamos uns aos outros, quando
mentimos.
-
A
promessa "assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido", está em consonância com a petição e vai ao
encontro do nosso ser natural. Saber sofrer a injustiça é
bem mais difícil do que cometê-la. Aquele que é ultrajado,
traído, enganado ou explorado, pensa na vingança: Vais me
pagar! Hei de pagar-te com a mesma moeda! Hás de saber
quem eu sou! Não te perdoarei nunca! Já não te conheço...
Nesse momento, os amigos passam a inimigos, os íntimos a
estranhos.
Todos nós
ficamos presos numa engrenagem de injustiça e de
culpabilidade, se pensarmos que a vingança é a única reacção
possível à injustiça recebida. Jesus mostra-nos que é
possível romper essa engrenagem: podemos fazer com que o
amor seja mais forte que a ofensa e a ira; podemos dialogar
com aquele que cometeu uma injustiça connosco, podemos
dar-lhe uma oportunidade e também a nós próprios.
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Jesus diz-nos como o perdão é importante: Portanto, se
ao levares a tua oferenda ao altar, aí te lembrares que
o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa aí a tua
oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te
com o teu irmão; depois volta para apresentar então a
tua oferenda.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 5,23-24
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Perdoa
as nossas ofensas,
como nós perdoamos a quem nos ofende.
Vem ao nosso encontro
como nós vamos ao encontro dos outros.
Dá-nos a mão,
como nós damos a mão uns aos outros.
Não contes as nossas faltas
como nós não contamos as dos outros.
Tem paciência connosco
como nós a temos também com os outros.
Dá-nos ainda uma oportunidade
como nós a damos também aos outros.
Não nos deixes cair em tentação
como nós nos apoiamos uns aos outros.
Livra-nos do mal
para que todos juntos possamos louvar-Te.
Não podemos
dizer sinceramente a oração que Jesus nos ensinou, enquanto
cada um de nós não perdoar ao outro, de todo o coração.
17.7 Não nos deixeis cair em
tentação
Deus concede aos homens a liberdade - e
com ela, a capacidade de assumir as decisões pessoais - para
uma vida feita de confiança em Deus, na sua Palavra e nos
seus mandamentos, ou então, para uma vida sem Deus.
A dúvida pode surgir no nosso coração:
Deus não me ama, não me vê, não Se preocupa comigo. O
tentador trata de nos seduzir: Porque te agarras a Deus? Ele
não te dá nada. Sem Ele irás muito mais longe, terás uma
vida mais fácil, à vontade...
A história da sedução, do amor traído,
começa com o primeiro homem.
A tentação significa: ser posto à prova,
fazer uma experiência que ameaça o meu equilíbrio, que exige
a minha decisão. "Caímos" em tentação. Na tentação é a minha
liberdade que está em jogo. Trata-se de mim e do meu Deus.
Quem quiser vencer na tentação, terá de
apoiar-se em Jesus. Ele permaneceu fiel ao Pai - e não em
vão. Podemos estar seguros de que o Deus fiel nos concederá,
na tentação, o modo para sair dela e a força para a suportar
(1Cor 10,13).
Quando pedimos a Deus que nos preserve e
fortaleça na tentação, devemos estar próximos uns dos
outros, apoiar-nos e assistir-nos mutuamente. E devemos
velar para que ninguém tente o outro, não o faça tropeçar.
Quando alguém está só e débil, facilmente pode cair. Quando
muitos estão juntos na fé, são capazes - com a ajuda de Deus
- de resistir, com firmeza, aos poderes do mal.
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Não dirijas os meus passos para o poder do pecado
e não me leves ao poder da culpa
nem da tentação
nem do caduco.
EXTRACTO DA ORAÇÃO JUDAICA DA TARDE
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17.8 Mas livrai-nos do mal
O mal está presente em toda a parte - não
é preciso procurá-lo. As catástrofes naturais, os tremores
de terra, as inundações, os acidentes de vária ordem
destroem a vida de muitas pessoas. As vítimas perguntam:
"Porquê? Que fiz eu para merecer isto?" Com frequência os
homens fazem mal uns aos outros. Não podemos confiar uns nos
outros.
Quando suplicamos "Livrai-nos do mal",
apresentamos toda a miséria do mundo ao Pai celeste.
Pensamos nas catástrofes que nos ameaçam, mas também no mal
em que nos vemos implicados - sem que nos tenham consultado
- ou no qual implicamos outros. Pensamos nos regulamentos e
leis feitos de modo a que as guerras não acabem, que os
poderosos o sejam cada vez mais, os ricos cada vez mais
ricos, os pobres cada vez mais pobres e os que dependem,
cada vez mais dependentes.
Como cristãos, nós não acreditamos
unicamente no "Mal", mas também no "Maligno". A tradição da
fé cristã afirma: isto é obra do maligno, o inimigo de Deus,
o Diabo. Ele é também inimigo do homem. Ele quer separar-nos
de Deus. Seduz-nos e engana-nos para nos pôr do seu lado.
Quer afastar-nos da vontade de Deus e conquistar-nos com o
seu plano de ódio e inveja; afastar-nos do caminho que
conduz à vida, ao seguimento de Jesus para nos levar por um
caminho que nos leva à perdição. O mistério obscuro das
forças do Mal faz-nos sofrer. Mas nós acreditamos que o Deus
de Jesus Cristo é mais forte que todos os poderes do Mal no
mundo. Quem se apoia em Deus pode viver sem medo, confiando
n'Aquele que venceu o Mal. No último dia, o Senhor voltará -
e com Ele, o novo mundo de Deus, no qual Deus será tudo em
todos.
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Rezamos assim em cada celebração eucarística:
"Livrai-nos de todo o mal, Senhor,
e dai ao mundo a paz em nossos dias,
para que, ajudados pela Vossa misericórdia,
sejamos livres do pecado e de toda a perturbação,
enquanto esperamos a vinda gloriosa
de Jesus Cristo nosso Salvador.
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17.9 Nós Vos louvamos,
nós Vos bendizemos,
nós Vos damos graças!
É legítimo dirigir súplicas a Deus porque
Ele nos atende com amor. Podemos pedir porque Ele tem o
poder de dar o que nós necessitamos. Ele é senhor da sua
criação e toda a vida é criada para O louvar. Quem acredita
que Deus é amigo dos homens, que Ele está próximo das suas
criaturas em tudo o que lhes acontece, sente que é bom
pertencer a Deus, dar-Lhe graças e cantar seus louvores.
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E ouvi todas as criaturas do Céu, da terra, de debaixo
da terra, e do mar, e todos os seres vivos, proclamarem:
"O louvor, a honra, a glória e o poder pertencem
Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro pelos
séculos dos séculos!"
APOCALIPSE DE SÃO JOÃO 5,13
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Desde os primeiros tempos da Igreja, o Pai
Nosso termina com o louvor da assembleia:
VOSSO É O REINO E O PODER E A
GLÓRIA PARA SEMPRE
AMEN!
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