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CRESCER EM FAMÍLIA
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Para uma Vida Familiar
sadia, harmoniosa e feliz
D. Eusébio Oscar Scheid
Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro
04/ 01 /2005 |
O Planeamento Natural da
Família é um dos maiores desafios que se coloca à família
moderna. Como é frequentemente mal-entendido permito-me
abordar algunss princípios para a Vida Familiar, nomeadamente,
os da paternidade e maternidade responsável, de acordo com as
orientações sábias e seguras da Confederação Nacional de
Planeamento Natural da Família.
Permiti-me de pespontá-lo, cá e lá, para um aproveitamento,
ainda maior, dos leitores. Assumo, com responsabilidade todos
esses conteúdos.
“O sentido de gerar um filho, uma filha, de chamar alguém para
a existência é uma das missões mais nobres e sublimes.
O filho é sempre um dom, uma bênção, uma lembrança do Criador,
uma certeza de que o Criador ainda não abandonou a sua obra,
mas acredita no homem e o chama a cooperar no gesto criador.
Gerar com generosidade: é Deus presente em forma de vida nova.
Ainda que as circunstâncias obriguem o casal a limitar o
número de seus filhos, que o façam com responsabilidade,
assumindo uma Paternidade e Maternidade Responsáveis, sabendo
que a maior dignidade do casal é gerar, pelo menos, um filho
ou filha, se mais não puderem.
A procriação deve estar subordinada a uma vivência
profundamente amorosa do casal. Todo ser tem o direito a ser
gerado como fruto do amor profundamente vivido entre um homem
e uma mulher. A criança é o amor que se faz carne e vida. Onde
não existe amor verdadeiro, nunca deveria ser gerado um novo
ser. É o amor, perpetuado como pessoa humana.
Jamais, na vida conjugal, haveremos de por o acento exclusivo
no relacionamento que tenha apenas como objectivo a
procriação, mas tampouco podemos excluí-la da conjugalidade. A
vida do casal é união de amor, de ternura, de carinho, de
geração de novas vidas, de união e harmonia de vida, de doação
total e, também, da aceitação recíproca da Cruz.
É necessário, resgatar o valor e o sentido da relação sexual
no contexto da vida de um casal. A relação está como fonte de
unidade e crescimento do amor e como busca de entendimento e
equilíbrio. No exagero sexual não se encontra o verdadeiro
sentido da sexualidade. Ao contrário, seus descaminhos
introduzem a escuridão, que é a repressão e o abuso da
sexualidade.
A sexualidade deve ser encarada como dom, dádiva e
oportunidade de encontro pessoal consigo mesmo e com o outro,
numa profunda comunicação. No contexto de uma sexualidade
conjugal profunda e bem vivida se situa a paternidade
responsável. A relação do casal é sempre positiva, desejável,
enriquecedora e fonte de graça, quando bem enquadrada no plano
de Deus.
Quando a escolha é pelo planeamento familiar através do método
natural, a “abstinência” da relação no período fértil da
mulher é entendida de modo positivo, como ganho e não como
perda. Se o silêncio faz parte do diálogo, o silêncio na
relação do casal é encarado como pausa, como preparação para
viver melhor e mais intensamente a relação, quando possível no
contexto do método natural para evitar uma gravidez.
Os Métodos Naturais são técnicas com rigoroso fundamento
científico, que apresentam, do ponto de vista teórico,
eficácia comparável à dos mais eficazes métodos artificiais.
Planeamento Natural da Família se constitui na melhor proposta
de vida conjugal com bases sólidas para um relacionamento
sadio, crescente e espontâneo. Trabalhar este relacionamento é
preparar as bases seguras para a aplicação dos métodos
naturais. Uma nova maneira de entender o vínculo conjugal; não
mais como carga inexorável sem sentido e sem qualidade, mas
como expressão agradável de um encontro verdadeiro entre duas
pessoas que se mantêm unidas pela qualidade da relação, pelo
desafio de construí-la cada dia e sempre melhor a dois.
No contexto de uma relação tão expressiva se inserem os
métodos naturais. Estes, por sua vez, contribuem de modo
progressivo para alimentar a busca de um relacionamento sempre
mais intenso.
Os métodos naturais serão sempre propostos na perspectiva de
construir aquela relação conjugal cada vez mais desejada e
procurada. Tantos casais reconhecem o vazio de tantos modelos
que desconhecem e violentam a dignidade da pessoa humana,
destruindo o sonho de vida e realização plantados no coração
de todos.
Os métodos naturais nem precisam ser confrontados com outros
métodos. Eles se impõem pela própria qualidade que trazem para
a vida do casal. A saúde é um forte argumento. Saúde integral
do corpo e da relação. A eficácia do planeamento familiar
adequado vai além dos números e percentagens.
O principio básico é o de ser a favor da vida.
Reconhecer a dignidade da pessoa acima de qualquer acto.
Podemos reflectir sobre um acto, nunca poderemos julgar uma
pessoa.
O aborto em si será sempre um acto condenável por ser contra o
princípio da vida. Mas a pessoa que pensa nele ou o pratica,
precisará sempre da nossa compreensão, ajuda e apoio para a
superação total.
Uma boa proposta merece um bom trabalho de comunicação.
Comunicar para conquistar, sem abrir mão das convicções e dos
princípios: eis uma proposta que merece ser anunciada a todos,
sem distinção.
A luta pela justiça social está intrinsecamente ligada ao
trabalho em favor da paternidade e maternidade responsáveis.
Condições dignas de vida são direitos intrínsecos e
inalienáveis de qualquer família. Muitos processos de controle
da natalidade estão num contexto de violência contra os
direitos humanos fundamentais. Nega-se o direito do exercício
de consciência na opção de definir o número de filhos, quando
interesses outros buscam negar o direito de cidadania, de
participação consciente na construção da sociedade humana.
Seres humanos são transformados em objecto de interesses
económicos desumanos e diabólicos.
Uma espiritualidade sadia, forte e encarnada completará o
quadro de uma Boa-Nova para os casais no relacionamento e
geração dos filhos. Fecundos no Amor, os casais exercitarão a
sua fecundidade biológica ao programar a família, e buscarão,
na fonte do Amor, energia e inspiração para viverem. E na
fecundidade do amor crescem como casal; nela seus filhos e a
comunidade podem descobrir o testemunho de que o Amor é
realmente possível.
Ser testemunha e sinal do Amor: eis o desafiador caminho de
todos os envolvidos no Planeamento Natural da Família”.
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