III Domingo da Páscoa - Homilia de Dom Virgílio

III DOMINGO DA PÁSCOA
NOMEAÇÃO E RENOVAÇÃO DOS MINISTÉRIOS LAICAIS

 

Caríssimos irmãos e irmãs!

Este tempo pascal aviva em nós a alegria da fé em Cristo Ressuscitado e leva-nos a caminhar confiantes no serviço à Igreja a que fomos chamados. Ao trazer-nos à memória a experiência dos apóstolos e discípulos do Senhor, a Palavra de Deus fortalece-nos e ajuda-nos a passar das situações de desânimo em que, por vezes, nos encontramos, para a fé em Cristo que vence todas as barreiras.

A paixão de Jesus foi para os apóstolos uma experiência trágica, pois Aquele em quem tinham depositado todas as suas esperanças, tinha de passar pela morte. O túmulo vazio e as aparições do Ressuscitado são grandes sinais da Páscoa e da vitória de Jesus sobre a morte, mas exigem adesão de fé, decisão pessoal, acolhimento do dom. Quando temos a graça de exclamar como o discípulo predileto «É o Senhor», sentimo-nos interiormente revigorados e abrem-se-nos as portas de um percurso de vida mais seguro e mais feliz.

O Evangelho que hoje escutámos oferece-nos a possibilidade de uma reflexão acerca do nosso percurso de vida enquanto cristãos chamados à fé e convidados para a missão de edificar a Igreja de Cristo de acordo com a vocação que recebemos. Hoje, pensamos sobretudo na vossa vocação e missão de leigos convocados para os serviços e ministérios, que manifestam a riqueza dos dons de Deus e se destinam ao crescimento das comunidades na comunhão e na santidade.

Tomemos como fio condutor as palavras do Evangelho de João.

Simão Pedro disse aos outros discípulos: “Vou pescar”. E eles responderam imediata e decididamente: “Nós vamos contigo”. Esta decisão sem hesitações encontra-se noutros lugares dos Evangelhos aquando do chamamento dos discípulos e manifesta o encanto de cada um deles por Jesus, cujas palavras e gestos manifestam o rosto de Deus.

Podemos também pensar na figura de Pedro que se desenha como a rocha sobre a qual assentará a Igreja e na comunhão com ele manifestada pelos outros discípulos. Todos desejam participar na mesma missão eclesial que se está a delinear fundada na fé pascal e no envio em missão feito por Jesus Ressuscitado.

Nós estamos aqui, hoje, para manifestar, mais uma vez e de forma decidida, o nosso desejo de corresponder à vocação a que fomos chamados, a nossa disponibilidade em hesitação para o serviço às comunidades que nos é entregue pela Igreja Diocesana. Queremos estar com Pedro, queremos fazer caminho com os outros discípulos, queremos oferecer a nossa vida, com as nossas capacidades e apesar de todas as nossas limitações, para bem do Povo de Deus e edificação da Igreja na santidade.

O insucesso na pesca durante toda a noite e o facto de não terem nada para comer ao romper da manhã, conduz os discípulos a confiar na palavra de Jesus - «lançai a rede para a direita do barco e encontrareis» - e a uma forte profissão de fé - «É o Senhor».

Esta experiência dos discípulos evoca em nós todas as situações e insucesso na realização da missão que nos foi confiada e ajuda-nos a compreender que, no entanto, não tem a última palavra. Sentimo-nos servos e abrimo-nos às propostas de Jesus, na certeza de que a obra é Sua e que Ele nunca nos falta com a graça necessária. Cabe-nos, com humildade, pormo-nos ao serviço com confiança e esperança, e aceitar com a mesma fé o sucesso e o insucesso.

Os discípulos sentiram-se felizes pelo facto de partilharem com Jesus a alegria da pesca milagrosa, que se deveu somente a Ele, sentem-se felizes por estarem com o Senhor que se curva para lhes preparar a mesa, sentem-se revigorados com aquela refeição, que significa muito mais do que comer para alimentar a fome do corpo, pois sacia a sede do espírito.

«Tu amas-me?» foi a pergunta dirigida a Pedro e continua a ser a pergunta dirigida cada um de nós por Jesus. A resposta é, porventura, difícil, mas somente num “sim” completo, construído dia após dia e que inclui a oferta da própria vida, oferece sentido a toda a nossa vocação e missão.

O serviço concreto à Igreja que nos é pedido pelo Senhor é um grande sinal desse amor que nos move em resposta ao dom recebido. Nesse serviço Jesus indica-nos o “género de morte” com que havemos de dar glória a Deus, ou seja, o modo como havemos de dar testemunho do amor a Deus e à Igreja, com sacrifício de nós mesmos, mas felizes por estarmos com o Senhor e participarmos da sua vida e missão.

O texto do Evangelho escutado conclui com o imperativo de Jesus dirigido a Pedro: «Segue-me”. A prova do amor tem um nome para Pedro, para os outros discípulos e para nós aqui presentes: chama-se seguimento de Jesus. É preciso dar continuidade à obra de Deus iniciada em nós, caminhar sem desânimo, pois Ele permanece sempre ao nosso lado, Ele vai á nossa frente a indicar o caminho, partilha connosco a sua Palavra e o Pão da Vida, revela-nos o seu amor que salva.

Irmãos e irmãs!

Esta celebração que anualmente fazemos na nossa Diocese já há algumas décadas, juntamente com o dia das ordenações de diáconos e presbíteros enche-nos de júbilo. Homens e mulheres de fé provada e de amor consolidado, respondem “sim” à sua vocação para servir a Igreja e oferecem a sua vida em favor da salvação dos irmãos.

A Igreja precisa de todos como nos recorda o caminho sinodal que estamos a realizar, e precisa de cada um, de acordo com a graça que recebeu. Os tempos são difíceis como o eram os tempos apostólicos, mas o amor de Deus mantém-se de geração em geração. Agora somos nós os que têm a missão de falar e testemunhar a feliz notícia da salvação realizada por Jesus Cristo e havemos de sentir-nos felizes como os apóstolos que “saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria por terem merecido ser ultrajados por causa do nome de Jesus”, tal como concluía a Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos.

Rezemos uns pelos outros a fim de que ninguém desanime diante das dificuldades sentidas nas comunidades paroquiais ou na Igreja diocesana. Aproximemo-nos do banquete da Eucaristia em que o Senhor se continua a oferecer e partilhemos a Palavra que salva. Mesmo as funções consideradas mais humildes que desempenhamos sejam um sinal do amor provado a Deus e ao próximo, pois somos servos de Deus e da humanidade no seguimento de Jesus morto e ressuscitado.

Coimbra, 01 de maio de 2022
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

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