Homilia da Missa de Bênção dos Bombeiros - Sé Nova - 18 de junho 2016

BÊNÇÃO DOS CAPACETES DOS BOMBEIROS DO DISTRITO DE COIMBRA
SÉ NOVA – COIMBRA – 2016.06.18

 

Caríssimos irmãos e irmãs!
Esta celebração da Eucaristia com os Bombeiros do Distrito de Coimbra constitui um grande momento de louvor a Deus por todos os seus benefícios e de gratidão por tudo o que mos tem ajudado a fazer e favor dos homens e mulheres nossos irmãos.
Se ficamos felizes quando passamos pelas vilas e cidades da nossa região e encontramos monumentos aos bombeiros, erigidos para manifestar e perpetuar o respeito das instituições e dos cidadãos por todos aqueles que põem a sua generosidade ao serviço dos outros, mais felizes havemos de ficar por podermos levantar, aqui, todos juntos, este monumento maior e mais significativo, porque nasce dos nossos corações agradecidos e honrados pelo serviço prestado a toda a pessoa que precisa de auxílio nas suas tribulações.
Este é um monumento que não morre e se perpetua por todos os séculos na vida e na memória daqueles que se sentem eternamente agradecidos a Deus que os amparou e salvou por meio dos seus enviados, homens e mulheres que, mais do que guardar a sua vida, procuram dá-la para que os outros, seus irmãos, tenham mais vida.
Os mais significativos monumentos não são os que se constroem e degradam com o tempo, mas aqueles que nascem do coração sensível, amoroso, caridoso e misericordioso de cada pessoa; os monumentos mais significativos são as próprias pessoas que dia a pós dia testemunham a alegria e a felicidade de estar agradecidas aos outros que lhe deram novas oportunidades de continuar a viver; os monumentos mais significativos não são aqueles que os outros elevam para honrar os que os ajudaram e amaram, mas são os próprios atos de fraternidade e caridade, que valem por si mesmos.
Ouvimos dois textos da Sagrada Escritura. O primeiro falava-nos de transgressões dos mandamentos do Senhor, do abandono do Deus vivo, salvador e criador, e da injustiças, divisões e morte que se instalam na comunidade humana fechada sobre si mesma. O segundo falava-nos de uma nova atitude de vida, marcada pela abertura do coração humano a Deus e aos outros. É caminho de amor, de solidariedade, de justiça e de paz. São vias diferentes pelas quais pode passar o percurso de cada pessoa, das comunidades e da humanidade inteira, com consequências igualmente diferentes para o seu presente e o seu futuro.
“Ninguém pode servir a dois senhores”, era a frase do Evangelho que sintetizava o modo de estar na vida proposto por Jesus. “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Estas frases do Evangelho, tão conhecidas e comentadas, pretendem apenas ensinar-nos a distinguir duas formas tão diferentes de encarar a nossa vida: ou a vivemos centrados em nós mesmos, na busca do nosso exclusivo bem pessoal, obcecados por ter sempre mais, ou a vivemos centrados nos outros, na sua dignidade, oferecendo-nos para colaborarmos com eles na tarefa de serem felizes. Cada um pode fixar-se em ser para si mesmo ou em ser para os outros, sabendo que a primeira forma leva à solidão que mata e a segunda conduz à comunhão na amizade e no amor, que é fonte de vida.
Servir a Deus e servir a humanidade não significa servir a dois senhores, mas a um só, segundo o mandamento novo do amor a Deus e ao próximo que, afinal são apenas um único mandamento. Não se pode amar a Deus desprezando a humanidade, nem amar o próximo sem que se ame também a Deus que o criou.
O Papa Francisco, na Encíclica sobre a ecologia, intitulada Louvado Sejas, oferece-nos o resumo do que é o ideal de vida: “uma maravilhosa harmonia com Deus, com os outros, com a natureza e consigo mesmo” (10). Ao apresentar S. Francisco de Assis como modelo de pessoa que, a partir da sua fé, vive uma ecologia integral, diz: “Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior” (10).
Ao reler estas frases parece-nos ouvir o eco das palavras do Evangelho, que despertam em nós sentimentos e valores fundamentais, que tornam grande a vida, porque nos levam a uma ecologia integral: “olhai como crescem os lírios do campo”, convida-nos a contemplar a bondade e a beleza da criação; “não vos preocupeis com a vossa vida, com o que haveis de comer ou com o que haveis de vestir”, conduz-nos a pensar nos outros e no trabalho em favor da justiça para com os pobres; “não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário”, leva-nos a impregnar a sociedade de valores verdadeiramente humanos, que privilegiam o que somos em vez do que temos; “não vos inquieteis com o dia de amanhã”, liberta-nos do medo do futuro e traz-nos uma imensa paz do coração.

Caríssimos irmãos bombeiros, esta celebração da bênção dos capacetes constitui um grande apelo para que exerçais a vossa missão com entusiasmo e com alegria, marcados interiormente pela fé em Deus.
Deus quer chegar a muitas pessoas que estão em situações de debilidade, de doença ou de aflição por meio de vós. Quando socorreis alguém necessitado, que frequentemente vê em vós a possibilidade da sua sobrevivência, procurai sentir que aquela pessoa e aquela vida têm um valor infinito, tratai-a como se fosse a única pessoa existente no mundo. Foi assim que Jesus tratou o homem caído à beira do caminho e é assim que Deus, rico de misericórdia, trata cada um de nós sempre que estamos derrotados ou destruídos nas valas da vida. Quando chegar o cansaço ou faltarem as forças, podeis pensar que Jesus, na sua caminhada para salvar cada um de nós, deu a mão a todos, espalhou um sorriso de alegria, pronunciou palavras de conforto e esperança, nunca desistiu, foi até à morte de cruz, como sinal do seu amor e da sua misericórdia.
Ao cuidado com os homens juntais também o cuidado com a natureza, grande e bela, casa comum que temos para habitar e nela sermos felizes. A preservação da natureza, o combate à poluição, aos incêndios florestais, à destruição do ambiente saudável, não é simplesmente uma questão de economia ou de paisagem; trata-se de guardar a criação de Deus, sinal da seu poder criador e de dar ao homem as condições necessárias para que viva nela em comunhão e amizade com Deus e com os outros.
Procurai sempre ter um coração grande para com todos, sem exceção, para o qual não pode haver rico nem pobre, culto ou ignorante, homem ou mulher, criança ou idoso, porque todos participam da mesma dignidade humana, independentemente da sua condição ou das circunstâncias da sua vida. Ao fim do dia, porventura exaustos e cansados, sentireis a consciência em paz, o coração cheio, porque não é coisa pequena estar disponível para fazer tudo o que for possível para salvar aquele que está às portas da morte.
Agradecei a Deus todos os dias por vos ter dado essa vocação e essa missão. E que Ele, por intercessão de Nossa Senhora, a quem rezais confiadamente, vos abençoe e acompanhe sempre.

Coimbra, 18 de junho de 2016

 

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