MENSAGEM QUARESMA DE 2012

A fé cristã centra-se na páscoa de Jesus Cristo, na sua paixão, morte e ressurreição, que polarizam o ritmo de cada ano que passa. Temos de novo a oportunidade de entrar no mistério desses acontecimentos da vida do Senhor, sinal de amor e salvação. A quaresma, enquanto tempo de aprofundamento da fé, da renovação interior e da caridade para com o próximo, põe-nos numa comunhão mais profunda com Deus e com os irmãos.

Nenhuma quaresma pode ser igual às outras. Precisamos de um novo ardor na fé e de um novo empenho na caridade.

 

Vemos em nós, enquanto pessoas, famílias e comunidades uma grande necessidade de enraizar a fé que professamos. Percebemos que Jesus Cristo e o Seu evangelho estão a ser relegados para segundo plano nalguns casos, e ignorados noutros. Por falta de fé, estamos a perder o dinamismo da presença de Deus em nós e no mundo em que nos encontramos.

Esta deve ser a quaresma da renovação da fé em cada cristão e em cada família da nossa grande comunidade paroquial e diocesana. Queremos que seja o Senhor, que por nós morreu e ressuscitou, a conduzir a nossa vida; queremos uma comunhão íntima com Ele, capaz de alimentar os anseios do nosso coração; queremos ainda que Ele renove em nós a alegria de evangelizar o mundo, a começar pela nossa casa.

Como faremos o aprofundamento da fé cristã? A Igreja oferece-nos os caminhos adequados, que vos sugiro de novo nesta quaresma. Procure cada um fazer o seu programa de vida e o seu compromisso sincero, aos quais será fiel a todo o custo.

Comprometer-se a participar na celebração da missa cada um dos domingos, sem exceção, é o melhor meio de encontro com Deus na fé; fazer cada dia um momento mais longo de oração silenciosa ou de meditação, cria a disponibilidade interior para o diálogo com Deus; fazer a leitura orante da Bíblia, particularmente do Evangelho, leva a ouvir a voz amiga de Deus; combinar com a família rezarem juntos uma vez por dia, fortalece a união familiar e estabelece a sintonia com Deus; celebrar o sacramento da reconciliação para o perdão dos pecados, conduz ao progresso na santidade de vida.

 

Não há fé cristã sem compromisso com os outros e que não se manifeste em ações de amor. Por isso, nesta quaresma, havemos de procurar enraizar em nós o fogo da caridade, que terá expressões concretas na nossa vida individual e comunitária.

Comprometa-se cada um de nós num programa de renúncia ao supérfluo em favor dos pobres. Individualmente ou em família, temos junto a nós tantos casos de necessidades pontuais aos quais deveremos atender, sobretudo os idosos, os doentes, os pobres e os que vivem na solidão. Comunitariamente, participaremos nas iniciativas paroquiais e diocesanas de auxílio, com o nosso trabalho e donativo.

Este ano, parte do resultado da renúncia quaresmal que os cristãos entregam à diocese de Coimbra será, mais uma vez, para o Fundo Social Solidário, que tem estado a ajudar muitas pessoas e famílias em situação de necessidade extrema e urgente; a outra parte será para ajudar alguns sectores deficitários da vida da Igreja.

 

Bem enraizados na fé e abertos à caridade, entraremos na páscoa do Senhor, realização e anúncio jubiloso da salvação definitiva que nos espera, mas que já agora vivemos.

Peço ao Senhor que esta quaresma seja um tempo forte de graça e imploro para todos a bênção de Deus.

 

+ Virgílio do Nascimento Antunes

Bispo de Coimbra

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