Peregrinação Diocesana a Fátima 2019 - Homilia de Dom Virgílio

PEREGRINAÇÃO DIOCESANA A FÁTIMA 2019
MISSA VOTIVA DOS SANTOS FRANCISCO E JACINTA MARTO

 

Caríssimos irmãos e irmãs!

Deus conduziu-nos de novo até ao Santuário de Fátima para honrarmos a Virgem Maria, a Mãe que nos foi dada por Jesus e que acompanha todos os momentos da nossa vida.

A sua mensagem dirigida aqui a toda a humanidade convida-nos a acolher Jesus e o seu Evangelho numa caminhada de conversão que renove a nossa vida de fé, a nossa pertença à Igreja e a nossa missão evangelizadora do mundo. Maria centra-se em Jesus Cristo, seu Filho, e leva-nos a proclamar com a Igreja que Ele é o Senhor do Céu e da Terra, o Senhor das nossas vidas.

O tempo das aparições, um dos períodos mais conturbados da história de Portugal e da história do mundo, caraterizado pela indiferença, pelo afastamento e até pela negação de Deus de Deus, tem continuidade nos dias que vivemos. Tem, por isso, pleno sentido continuarmos a dar ouvidos ao seu apelo de conversão, o que significa acolhermos com entusiasmo a proposta de renovação da nossa fé, de integração concreta na vida da Igreja e de testemunho fiel diante de uma humanidade centrada noutras realidades e conduzida por outras motivações.

A nossa peregrinação anual manifesta a abertura que procuramos alimentar no sentido de não esmorecer diante das muitas tentações de desistir ou de nos acomodarmos às perspetivas de vida mais comuns. A mensagem de Nossa Senhora de Fátima, na fidelidade ao Evangelho de Jesus, foi um grito de alerta para o mundo que, sem Deus, caminha para a ruína e se perde porque ancorado em valores efémeros, que não podem salvar-nos.

Na mensagem de Fátima sentimo-nos confirmados na palavra do Apóstolo que nos tem mobilizado ao longo destes anos: “Aproximai-vos do Senhor!”. Como Rainha dos Apóstolos e primeira entre os discípulos de Jesus, Maria aponta-nos sempre para Cristo como Único Salvador, mas está especialmente atenta a todos os homens que estão longe de d’Ele e a todos os tempos da história que procuram construir o seu presente sem horizontes de eternidade.

Em Maria, vemos aquela mulher que não só se aproximou do Senhor como Único Salvador, mas que permaneceu com Ele nos dias mais belos da sua peregrinação terrena, mas também nos momentos mais duros, junto à cruz da sua morte redentora. Com os Apóstolos e com toda a Igreja, de que é imagem e figura, ela continua ainda a apontar-nos para Cristo e a convidar-nos: “Aproximai-vos do Senhor!” Este é o conselho e a exortação da Mãe que, conhecendo os perigos em que se encontram os seus filhos, aponta com o coração apertado o caminho da verdade e da vida.

Que esta peregrinação nos faça ouvir de novo o apelo de Maria, nossa Mãe, nos desperte do comodismo em que nos instalamos e nos ajude a pormo-nos decididamente ao encontro do Senhor. Tal como ela fez, não avancemos sozinhos, mas procuremos levar connosco os outros, que são os nossos familiares, os membros da nossa paróquia, os jovens, as famílias, aqueles a quem temos possibilidade de dizer com palavras e com o testemunho: “aproximai-vos do Senhor”.

A vida das nossas comunidades cristãs, paróquias, não pode ser simplesmente o lugar do consumo de bens religiosos, por vezes celebrados de maneira ritualista e com fraca referencia a Jesus Cristo, o Filho de Deus e Salvador do Mundo. De Fátima levamos a decisão de trabalhar para que tudo o que fazemos na comunidade cristã tenha como meta a vida em Cristo por meio da fé. Havemos mesmo de ter a coragem de transformar as práticas religiosas, costumes e tradições que não aproximam do Senhor e de propor outras que podem ter menos participantes ou menos impacto mediático, mas claramente estão vocacionadas para ajudar a encontrar a fé, a crescer na fé, a testemunhar a fé.

 

Celebramos hoje a Missa votiva dos Santos Francisco e Jacinta Marto, Pastorinhos de Fátima. Parece-nos ver neles a continuação da narração do Primeiro Livro de Samuel, que escutámos. “Aqui estou”, “Falai, Senhor, que o vosso ser escuta”, foram a resposta de Samuel à voz de Deus. O mesmo repetiu a Virgem Maria quando escutou a voz do Arcanjo Gabriel e o mesmo disseram os Pastorinhos quando a voz doce de Nossa Senhora os surpreendeu na Cova da Iria.

Samuel estava no templo do Senhor, isto é, estava com o Senhor, e tornou-se um homem de Deus diante de todo o povo; Maria esteve sempre com o Senhor e acolheu o convite para ser a Mãe do mesmo Senhor; os Pastorinhos aprenderam na escola de Maria a permanecer no Senhor e são, hoje, para nós, modelo do cristão que contempla e trabalha movido pela fé no Deus que liberta e que salva.

Estas vocações, juntamente com todas as vocações bíblicas e dos santos da Igreja, lembram-nos a vocação ou chamamento que o Senhor nos faz pelo nosso próprio nome. De facto, o primeiro passo no momento de responder tem de ser de cada pessoa já inserida na comunidade ou, porventura, ainda numa situação de procura, de interrogação ou mesmo de dúvida e indecisão. O segundo passo, caraterístico daqueles que já estão com o Senhor ou já se decidiram a aproximar-se d’Ele, consiste em se tornarem intermediários do chamamento ou da vocação.

Aqui em Fátima, contemplando Maria, que respondeu sim à voz de Deus e o testemunho dos Pastorinhos que se decidiram a fazer sempre a sua vontade, mesmo que isso lhes custasse muitos sacrifícios ou até a morte, estamos na escola da vocação cristã. Aprendamos aqui a acolher a voz de Deus, mesmo que nos custe muitos sacrifícios, mas sempre na certeza de que o gozo de viver em Deus é maior do que a cruz de cada dia.

Aqui em Fátima, na escola de Maria, encontramos a grande estratégia da comunicação da fé: a pessoa que se aproxima do Senhor e está com Ele tem ao alcance a possibilidade de comunicar aos outros a fé; a família que vive no Senhor recebeu a graça de ajudar os seus membros a conhecer Jesus como um dom e uma presença; a comunidade cristã que caminha no Senhor por meio de uma fé viva, de um culto espiritual, da incarnação do Evangelho, sente-se realizada quando propõe adequadamente a muitos a experiência reconfortante do encontro com Cristo.

Queremos neste dia de peregrinação comprometer-nos a responder sim à voz de Deus que nos chama e a ajudar muitos outros a escutá-l’O. Sacerdotes, diáconos, consagrados ou leigos comprometemo-nos, especialmente, a criar as condições para que as crianças, os jovens e as famílias se aproximem do Senhor e se deixem conduzir por Ele.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima pedimos que continue a repetir ao nosso ouvido as palavras do Evangelho de Jesus e que, com o seu Coração Imaculado o Apóstolo, nos guarde junto do Senhor!

Fátima, 20 de julho de 2019
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

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